Jairo Marques https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br Assim como você Tue, 07 Dec 2021 19:25:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A volta às aulas e as cores de setembro https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2020/09/15/a-volta-as-aulas-e-as-cores-de-setembro/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2020/09/15/a-volta-as-aulas-e-as-cores-de-setembro/#respond Wed, 16 Sep 2020 02:15:51 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/aulas-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3919 “Os professores estão instruídos para, delicadamente, evitarem que as crianças se abracem ou fiquem muito próximas umas das outras. As turmas, que serão menores, não se encontrarão, e cada um trará o lanche de casa. Mas o que é preciso que todos tenham consciência é que tudo isso é para diminuir riscos e não para eliminá-los. Caso haja suspeita de contaminação, todos serão alertados.”

Setembro é o mês da passarinhada tomar conta da escolinha da minha filha biscoita. É quando os jardins ficam mais bonitos e brincar de pega-pega é mais gostoso porque dá aquela quentura que, depois, é amainada com um belo banho de mangueira com água bailando para todo lado enquanto faz gargalhar a criançada.

Agora, é preciso decidir se ela —e tantos outros milhares de crianças— deve ir lá para fora, deve se apresentar a esse novo mundo adornado com máscaras e lambuzado em álcool em gel ou se permanece em casa, supostamente mais protegida, emocionalmente mais vulnerável pela mesmice das cores das paredes e dos vídeos da TV.

É muito estranho, confuso e incômodo ter de pensar em “assumir riscos” quando se trata da saúde dos filhos e, em consequência, a da família toda e da própria comunidade escolar.

A gente é pai com a missão primeira de tentar proteger a cria até que ela seja relativamente apta a enfrentar o mundão, a decidir as próprias cores que pretende dar à vida.

Pelas “internets” e nas palavras de “especialistas”, não há dúvida de que voltar às salas de aula é urgente e “de boa”, ainda mais porque já podemos ir à praia, ao samba e ao boteco do Zé.

O problema dessa constatação é que, na escola, a responsabilidade pelo cuidado com a salubridade dos pequenos é repassada a outras mãos, que os olhos para tentar evitar a festa com o ranho dos amiguinhos não serão os dos pais, que, por horas, será o anjo da guarda quem assoprará no ouvido dos pequenos que precisam ter muito cuidado com esse danado de coronavírus

Em outros países, tudo também parece estar rolando bem na retomada das aulas, embora 4,3 milhões de infectados e 132 mil mortes sejam índices muito peculiares a nós, assim como serão os seus impactos, os seus desdobramentos e suas consequências.

Setembro é amarelo como alerta do valor da existência humana e do apoio que é preciso dar àqueles em sofrimento de viver. Setembro é verde pela ampliação da consciência de que podemos salvar pessoas doando órgãos. Setembro é azul pela visibilidade das pessoas surdas.

É certo, que, estando em casa, essa aquarela não pinte como deveria a formação e o coração de crianças, de adolescentes e de jovens. É na escola que matizes da diversidade, das demandas humanas, podem ser mais explorados, entendidos, pesquisados e discutidos.

Nessa encruzilhada multicolorida, vai ser necessário espírito de coletividade, mais do que nunca, pele segurança e pela integridade da gente.

Diferentemente de tempos “normais”, mandar o menino catarrento para a aula poderá implicar prejuízos sérios e ate mesmo devastadores na realidade de dezenas, talvez, centenas, de pessoas.

A escola é o melhor lugar em que imaginamos que nossos filhos possam estar quando não estão sob a guarda da própria família. Essa expectativa, neste momento tenso e de tantas cores a serem assimiladas, redescobertas e entendidas, só vai aumentar.

Professor, feliz primavera, e toda sorte na mais nova missão: a de membro de honra da chamada “linha de frente” de combate à pandemia.

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Escola de idiomas cria cartilha inédita com dicas para receber aluno com deficiência; material é gratuito https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/05/30/escola-de-idiomas-cria-cartilha-inedita-com-dicas-para-receber-aluno-com-deficiencia-acesso-e-gratuito/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/05/30/escola-de-idiomas-cria-cartilha-inedita-com-dicas-para-receber-aluno-com-deficiencia-acesso-e-gratuito/#respond Thu, 30 May 2019 14:22:30 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/guia2-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3622 Tenho com frequência chamado a atenção do povo de que está em curso uma grande mudança/mobilização social em torno das pessoas com deficiência e a vida fora dos muros de suas casas, de suas áreas comuns.

Com mais gritos de inclusão e acessibilidade com mais informação relativa a direitos e possibilidades, um “caminhão” de gente está indo às ruas, à escola, à praça pública e, agora, também para cursos de formação técnica, como centros de idiomas.

Devido a um aumento significativo da procura de suas unidades por pessoas com as mais diversas “malacabações”: físicas, sensoriais, intelectuais, o CNA uma das maiores redes de idiomas do país, com cerca de 400 mil alunos, resolveu agir para melhor atender esse público.

Guia pode ser baixado gratuitamente e tem dicas práticas para professores Crédito: Reprodução

O comando do grupo reuniu as principais dúvidas levantadas por professores e diretores em relação à didática, comportamento, e interação com os alunos com deficiência em sala, chamou especialistas que conhecem demandas específicas desse público, e desenvolveu o guia “Entender para Incluir”.

“Nosso propósito é educar para o desenvolvimento das pessoas e a construção de uma sociedade melhor. É essencial para o futuro do país que todos os alunos consigam percorrer a jornada de aprendizagem até a realização plena de seu potencial”, afirma Marcelo Barros, diretor de Educação do CNA.

É a primeira vez que uma grande rede de educação de idiomas promove uma ação inclusiva deste vulto no Brasil. A cartilha pode ser baixada gratuitamente a partir do site oficial da rede. Clique aqui e levo lá!

Outras edições do guia devem ser elaboradas. A rede também está promovendo uma série de discussões em torno do tema inclusão e diversidade para fortalecer em seus colaboradores.

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Isolar crianças em escolas especiais é retrocesso humano e social https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2018/05/16/isolar-criancas-em-escolas-especiais-e-retrocesso-humano-e-social/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2018/05/16/isolar-criancas-em-escolas-especiais-e-retrocesso-humano-e-social/#respond Wed, 16 May 2018 05:30:34 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/inclusiva4-320x213.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3285 Ressurgem no Congresso Nacional e no âmbito do governo federal discussões para que o Brasil volte a adotar o modelo de escolas especiais exclusivas para crianças com deficiência, sobretudo para aquelas com comprometimentos cognitivos severos ou com comportamento que foge muito ao que se tem de padrão: um aluno calado, sentado na carteira escolar e que não dá trabalho.

Depois de décadas de discussão, o país passou a adotar a escola do “todos juntos”, em que, independentemente das características físicas, sensoriais ou intelectuais de um pequeno, ele estará na sala de aula ao lado das demais crianças, aprendendo a seu modo, com apoio dos instrumentos pedagógicos e da tecnologia possível para lhe dar o suporte necessário a compreender conteúdos.

Neste modelo, que é moderno e que conversa com a realidade das nações com os melhores desempenhos educacionais do planeta, a preocupação maior recai sobre a criança e a construção de suas experiências humanas, de relacionamento, de criação de estratégias para o convívio social e todos os seus desafios, majorados obviamente pela deficiência.

Na escola inclusiva, a menina down tem visibilidade em seu modo de atuar, o menino com autismo mostra que há outras maneiras de interação e o garoto surdo pode expandir a cultura de usar os sinais durante a comunicação. Criança não precisa de gueto, criança precisa mergulhar por mares de pluralidades para encontrar-se como indivíduo.

Aluno com deficiência motora e visual acompanha aula ao lado de professora assistente, que usa instrumentos pedagógicos para melhor compreensão do garoto Foto: Alexandre Rezende/Folhapress

Porém, aspectos que guardam relação com a proteção, com a conteudismo educacional, com um suposto abandono da criança com deficiência na escola têm apelo fortíssimo em corações que, até hoje, veem a diferença com piedade, com assistencialismo, não como característica humana.

Um pequeno com nanismo precisa de uma escola só de anões para não sofrer bullying. Mas a lógica não seria ensinar aos alunos sem nanismo o respeito ao próximo, os valores do diverso, os efeitos da violência emocional tanto para o agressor como para o agredido?

Outro argumento flácido e repetitivo contra o todos juntos na educação é que aquela menina com paralisia cerebral não entende matemática, é mais lenta para escrever e não acompanha a turma.

Por trás desse raciocínio, está a punição pelo não enquadramento em modelos, o desrespeito à capacidade de cada um de absorver conhecimento de maneira distinta e a necessidade de uniformizar o que é potencialmente mais vantajoso para todos sendo multiforme.

Instrumentos educacionais inclusivos, que podem auxiliar no aumento do entendimento do conteúdo para crianças com tipos específicos de deficiência Foto: Alexandre Rezende/Folhapress

O que vejo como mais brutal nesse pensamento de apartamento escolar é não enxergar os ranços, o atraso e os prejuízos que a escola especial trouxe para diversas gerações de pessoas com deficiência –guardados os devidos méritos pela assistência oferecida no passado.

O isolamento faz perpetuar o pensamento da inviabilidade da vida em sociedade, cria estigmas, cria medos, cria asco de reações desconhecidas, cria subumanos.

Legitimar que a diversidade tenha o direito à educação exercido em campos de exclusividade às avessas –ou alguém vai colocar seu filho todo fofinho para estudar onde só há crianças tachadas de superagitadas?– é permitir que da infância sejam tragados seus poderes de adaptação, de germinar vínculos múltiplos, de fomento à criatividade.

Na escola em que a invisibilidade dos alunos impera, é mais simples controlar cobranças, de criar métricas qualitativas e de não chamar a atenção. É mais simples de apaziguar pais preocupados com a assistência a seus filhos, porque, em último grau, sempre poderá ser dito: ali é o lugar dele. Mas o lugar da diversidade é onde ela bem entender. De preferência, em todos os lugares.

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Alunos “especiais” https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2018/01/24/alunos-especiais/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2018/01/24/alunos-especiais/#comments Wed, 24 Jan 2018 04:30:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3113
Aula de literatura em uma escola da zona norte de SP

Cada vez mais, as crianças têm chegado às salas de aula com recomendações de diagnósticos médicos debaixo do braço. São hiperativas, possuem algum grau de autismo, possuem transtornos que afetam a concentração ou parte do aprendizado ou mesmo são pequenos que possuem algum nível de deficiência física ou sensorial.

Na Europa e nos EUA já se trabalha até com detecção de casos de estudantes que são considerados muito “sensíveis”: indivíduos com os sentidos bastante aguçados em relação aos estímulos sonoros, táteis, olfativos ou mesmo que possuem grande retração para interagir ou para participar de atividades coletivas, por exemplo.

De um lado, um diagnóstico pode facilitar a criação de estratégias pelo professor e pela escola para melhor atender o aluno, por outro, ele pode criar subgrupos escolares que caminham rapidamente rumo ao estigma. Há escolas que os tratam como alunos “especiais” e outras como “alunos de inclusão”.

É sem dúvidas um avanço a molecada ter precocemente a chance de ser inserida no ambiente escolar já se levando em consideração suas peculiaridades. Isso ajuda a ela ser melhor observada e entendida naquilo que a difere.

O que pode desvirtuar-se muito facilmente diante disso é o papel da criança como aluno. Ter uma característica diferente não pode ser, de maneira nenhuma, razão que a isole, que a torne um bibelô intocável e ou um ser problemático para o ambiente de ensino.

Uma coisa é dar mais tempo de prova para um pequeno que tenha paralisia cerebral e vai escrever devagarinho ou que se evite expor uma criança com autismo a um ambiente com diversos estímulos desconhecidos por ele. Outra coisa é excluir o estudante de participar de uma atividade ou “poupá-lo” de uma situação corriqueira em sala de aula porque ele é “especial” e alguém julga à revelia que seria melhor evitar sua exposição.

Importante pontuar também que ter uma deficiência ou diagnóstico de alguma particularidade não pode ser jamais um escudo para que o aluno se afugente de ser cobrado, de ser atuante em classe ou extraclasse. Cabe ao professor desconsiderar essa desculpa como instrumento para aliviar pressões naturais que todo estudante precisa ter.

Aos pais é fundamental saber dividir bem o que é ter cuidado com o filho e com suas demandas específicas, cobrando um bom programa educacional, com preceitos inclusivos de verdade, e o que é superproteção que o fará menos apto não só durante a vida escolar, mas por todo o seu futuro.

Quando se mistura a necessidade pontual de adotar novas táticas metodológicas ou de interação para que um aluno tenha um aprendizado digno e pleno com o medo de dialogar com essa criança, com uma barreira imaginária que a difere das outras pelo simples fato de não seguir um padrão, o princípio da inclusão não se estabelece.

Todos ganham com a exploração daquilo que é diverso e é esse um caminho seguro chamar à participação os tais “alunos especiais”. Educar é permanente processo de reaprender, de rever e de buscar maneiras de compreensão e colaboração.

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