Jairo Marques https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br Assim como você Tue, 07 Dec 2021 19:25:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Uma régua pra medir os outros https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/10/02/uma-regua-pra-medir-os-outros/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/10/02/uma-regua-pra-medir-os-outros/#respond Wed, 02 Oct 2019 05:30:29 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/silvianick-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3722 Se agitar direito o governo amor à família do Bolsonaro, dá para incorporar a ideia já no material didático do ano que vem, sem custos efetivos, bastando algum esforço didático e revisão bibliográfica básica: é uma régua especial, que não mensura as pessoas e as coisas de acordo com uma só visão de mundo, uma só maneira de encarar o que é certo, o que é possível.

A carência de uma régua certa para medir os outros tem colocado o mundo em situações de muito embaraço, como xingar uma adolescente que quer defender o planeta do extermínio ou querer exterminar um povo índio que só quer viver em outro planeta.

Do mesmo modo que a régua geométrica auxilia a entender formas, a medir distâncias e a compreender ângulos fundamentais para a vida diária, para o progresso, a régua de medir os outros é indispensável para o convívio fraterno, para o entendimento das dimensões do pensamento, para o acolhimento que, em algum momento, todos precisam.

Mas onde seriam fabricadas tais réguas? Na casa de qualquer um é possível fazer, com alguma disposição ao diálogo, com um pouco de colírio que faça olhos reluzirem e com cada um usando o seu tutu. Isso eu já explico.

Elis, minha filha biscoita de quatro anos, quis demais fazer aulas de balé. Com alguma descrença de que aquilo daria certo, pois a menina é um escândalo de desequilíbrio, daquelas que você avisa —“cuidado com o elefante amarelo no caminho”, mas, assim mesmo, ela tromba no bicho sem querer— ela começou as aulas nesta semana.

Antes da sessão, reivindicou um coque —eu nem imaginava que ela já sabia o que era isso— “bem feitinho”, depois, quis um tutu que fosse igualzinho ao da Laurinha, no que mamãe explicou:

“O seu tutu já é bonito, filha! E cada um tem o seu, com sua beleza, com seu conforto, com seu tule. Na vida, nem sempre faz sentido e é legal a gente ter o mesmo tutu, a mesma boneca. Cada um é de um jeito, cada jeito forma um colorido e o colorido é lindo.”

Elis, seu coque “bem feitinho” e seu tutu, que não é igual ao da Laurinha Foto: Arquivo Pessoal

Na casa da Silvia Prin Grecco, que ganhou um prêmio da Fifa ao ter sido flagrada em um estádio narrando pacientemente os jogos do Palmeiras para o filho Nickollas, que tem deficiência visual e autismo, também há uma usina de réguas para medir os outros.

Em seu discurso de agradecimento, feito de improviso, ela mandou: “O maior prêmio hoje é a gente poder estar representando tanto os excluídos, as pessoas que vivem à margem, tantas pessoas que o vizinho do lado não enxerga. É a gente poder estar falando isso, mostrar que eles existem, buscar respeito, oportunidade para todos”.

Uma vez adquirida, incorporada ao caráter, o que vai exigir afinco e insistência nos ensinamentos, a régua de medir os outros não enverga, não é esquecida em um canto qualquer. Ela prospera sempre ao ponto de não deixar jamais que o dedo indicador fique em riste para ditar verdades sem amplos parâmetros, para que ele aponte sem antes analisar diversas direções.

Seria “maraviwonderful” ver nas escolas cada aluno tirando de seu material didático, de seu projeto de existir, a sua régua de medir os outros. Daria até para sonhar com um futuro cheio de tutus diferentões, uma hora do recreio ainda mais animada.

Aos alunos que já têm em meio a seus pertences esse instrumento, vale o estímulo para sacá-lo sempre que um preconceito surgir, que alguém for diminuído, que uma maneira de expressão for ceifada. O mundo é bão, Sebastião, mas quando ele é plural, é ainda mais legal, Sidney Magal.

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Boas práticas da educação inclusiva ganham plataforma de divulgação https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/03/12/boas-praticas-da-educacao-inclusiva-ganham-plataforma-de-divulgacao/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/03/12/boas-praticas-da-educacao-inclusiva-ganham-plataforma-de-divulgacao/#respond Tue, 12 Mar 2019 12:30:03 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/siteeduca1-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3539 Uma contribuição de peso e objetiva para a troca de experiências e disseminação de boas práticas em torno da escola para todas as pessoas acaba de “abrir as portas” no mundo digital.

A plataforma “Educação Inclusiva”, desenvolvida por pesquisadores do Centro de Referência em Formação e Educação a Distância do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), acaba de entrar no ar e tem como objetivo ser um instrumento de apoio pedagógico a professores de todo o país.

Uma das principais críticas em torno da escola inclusiva é justamente a carência de referências para passar conhecimento as criança com deficiência, sobretudo para aquelas com comprometimentos físicos ou sensoriais mais severos ou com possíveis entraves cognitivos ou intelectuais como autismo, síndrome de down, alguns tipos de doenças raras entre outros.

Exemplos de iniciativas catalogadas pela plataforma colaborativa Imagem: Reprodução

O momento atual da plataforma é o de receber bons exemplos espalhados pelo país. Um grupo de alunos também está fazendo uma busca ativa por iniciativas.

Há escolas e associações conseguindo promover educação de qualidade para as mais diversas condições de norte a sul do país e o site pretende ser uma ferramenta de compartilhamento dos resultados positivos.

O “Educação Inclusiva” permite buscas de experiências exitosas com ênfase nos mais diversos tipos de deficiência e também para crianças com altas habilidades.

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Muito pobres https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/07/02/muito-pobres/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/07/02/muito-pobres/#comments Mon, 02 Jul 2012 03:01:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=532 Meu povo, na última sexta-feira (28/06) foram divulgados novos dados do IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em relação aos ‘zimininos’ com deficiência deste país.

Os dados são históricos porque dão um panorama menos ‘chutato’ das características básicas do povão sem perna, sem braço, com o escutador de novela avariado, que puxa-cabelo ou que é meio trelelé de modo geral.

Pois bem, um ponto que me chamou muito a atenção (e me deixou meio bege também) foi em relação à renda dos ‘malacabados. Gravem o número:

46,4% dos deficientes brasileiro acima de dez anos recebem de nada até um, eu disse, um salário mínimo.

É muita gente na pobreza, zente. Na pobreza e tendo de arcar com despesas próprias da condição física ou sensorial: equipamentos, medicamentos, meios de transportes e por aí vai….

Para vocês terem ideia, entre a população convencional, digamos assim, o índice de gente na mesma condição financeira, ou seja, que vive com R$ 622 contos, é de 37,1%.

E qual a origem disso? O IBGE não futricou nisso, mas podemos levantar algumas possibilidades.

– Muuuuitos ‘dificientes’ vivem às custas de bolsas misérias, de ajudas assistenciais ou são aposentados por invalidez.

– As oportunidades de trabalho pros ‘malacabados’ são, em sua maioria, de chão de fábrica. Funções muito simples, de pouca qualificação e pouco salário.

E esse cenário tem a ver também com as condições precárias de acesso em nosso país. Se não conseguimos sair de casa, vamos nos preparar como para o mundo? Se não temos escolas acessíveis, vamos estudar como?

Mesmo com toda essa dureza, de acordo com o levantamento, 20 milhões (de 46 milhões de estropiados do país) estão quebrando pedra no mercado de trabalho. É muita gente ganhando uma merreca.

Os homens ‘malacabados’ conseguem mais vagas no mercado de trabalho que as mulheres: Enquanto 60,3% dos homens com deficiência conseguem um trampo, 41,7% da mulherada consegue.

Nesse caso, é o duplo preconceito a ser enfrentado para garantir dignidade…. é ou não é de chorar pelado no asfalto quente?!

Ao longo desta semana, discuto com ‘ceitudo’ outros números que precisamos discutir, disseminar e batalhar para que mudem… Aguardeeeeem!

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