Jairo Marques https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br Assim como você Tue, 07 Dec 2021 19:25:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ao falar que vai à ONU ‘nem que seja numa cadeira de rodas’, Bolsonaro desvirtua condição de pessoa com deficiência https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/09/04/ao-dizer-que-vai-a-onu-nem-que-seja-em-uma-cadeira-de-rodas-presidente-bolsonaro-desvirtua-condicao-de-pessoa-com-deficiencia/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/09/04/ao-dizer-que-vai-a-onu-nem-que-seja-em-uma-cadeira-de-rodas-presidente-bolsonaro-desvirtua-condicao-de-pessoa-com-deficiencia/#respond Wed, 04 Sep 2019 05:30:56 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2014/03/luciano5-150x150.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3695 O presidente Jair Bolsonaro e sua groselha discursiva já ocupam parte importante do noticiário e reluto em reservar espaço também nesta coluna a ele, mas desta vez, eu e minha trupe “malacabada” fomos os chamados para repercutir sua prosódia cacarejante.

Disse o mandatário, no começo da semana: “Eu vou comparecer à ONU nem que seja de cadeira de rodas, de maca. Vou comparecer porque eu quero falar sobre a Amazônia, mostrar para o mundo com bastante conhecimento, com patriotismo, falar sobre essa área ignorada por tantos governos que me antecederam”.

O contexto é que a próxima reunião das Nações Unidas está marcada para 20 de setembro, em Nova York, nos EUA, e Bolsonaro irá passar, nos próximos dias, por mais uma cirurgia reparadora em consequência da facada que levou no bucho no ano passado.

Possivelmente, até a segunda dezena do mês, época do evento, o presidente ainda estará em recuperação, mas não pretende perder, sob nenhuma hipótese, a oportunidade de falar “ao mundo”, ainda que isso seja feito em situação que ele entende penosa.

Ainda falta um queijo e uma rapadura para que a sociedade consiga entender adequadamente a dimensão do caminhão de abacate podre despejado sobre um cadeirante, uma pessoa com restrições motoras, quando a autoridade máxima de um país iguala um instrumento de acessibilidade e inclusão, determinante para a liberdade de milhares de indivíduos, a um martírio ou um castigo imposto a desgraçados em desordem com o bem-estar.

Reconheço que as deficiências guardam relações com aspectos de fragilidade médico-ambulatoriais, que o povo quebrado passe parte de suas vidas em uma jornada por reformar o esqueleto, os sentidos e a cachola, mas nada disso pode suprimir o entendimento da adversidade física, dos sentidos, do intelecto como uma condição humana digna, legítima e de direito.

Enquanto se vê o avanço, mesmo que deveras tardio, da compreensão das liberdades de gênero, do reconhecimento das posições machistas nos mais diferentes campos, e das posições racistas entranhadas em todas as esferas sociais, a pessoa com deficiência tem sido ligeiramente deixada de lado no debate de um novo mundo.

Aceitam-se com pouco protesto o desvirtuar da real condição dos autistas para uma suposta condição de anjos indefesos com potenciais de gênios dignos de séries na TV ou o aparecimento de pessoas com deficiência na mídia em situações que guardem relação apenas com a assistência social.

Também é preciso acionar os alertas contemporâneos das injustiças sociais sobre o modo de representar, apresentar, retratar e se portar diante um ser atípico em suas formas de andar, falar, ver, sentir e estar presente.

Em uma cadeira de rodas fui à escola, caí na rua, levei fora, fumei maconha, fui tragado pela discriminação, fui beijado de amor, empurrado por qualquer um, deixado para trás por vários, passei no vestibular, escrevi textos lido por milhares, fui carregado e rasgado por centenas, levei compras no colo, levei namorada no colo, levo minha filha no colo, levo a vida, a vida me leva. Tudo em paz, tudo certo.

Também seria tranquilo ir à ONU, ser presidente ou botar fogo na Amazônia.

Qualquer vulnerabilidade minha —e de uma porção de outras gentes— não é necessariamente fruto de um acessório, mas, sim, de meu caráter e do confronto de minha imagem, de meu jeito com o ambiente, com o outro, com o meio que exclui ou inclui.

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Intocáveis https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/10/08/intocaveis/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/10/08/intocaveis/#comments Mon, 08 Oct 2012 03:03:32 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=741 Dá pra lotar um apartamento de 28 metros quadrados de gente que me perguntou se assisti e se gostei do mega sucesso “Intocáveis”, que ainda está rolando em várias salas de cinema do país. 🙄

Para quem não sabe naaaada do filme, abaixo eu coloco um trailer. O resumo é o seguinte: um negão muito do maluco que vira o cuidador de um tetrão muito do lascado.

A dupla vive uma história muito engraçada e, ao mesmo tempo, carregada de emoção e de descobertas. O povo pira com a mistura de sensações ao longo da trama.

Mas vida de “malacabado” é mesmo assim: uma hora a gente tá de calundu por causa dessa estrutura porca que temos de enfrentar todos os dias, na outra a gente se acaba no riso com aquele cidadão que sai nos empurrando na rua da forma mais abestalhada possível. 

O pulo do gato de “Intocáveis” é justamente o avesso de seu título. O filme toca em tudo o que muitos ainda tem dedos (menos os amputados, evidentemente 🙂 ) para debater, para compreender e para falar sobre a vida de uma pessoa com deficiência.

O negão (Driss), que vem de uma realidade duuuuura, brilha no filme justamente com a pegada que eu e dois ou três leitores estamos sempre batalhando para que aconteça: naturalidade no trato com o povo sem perna, sem braço, cegão, surdão e detonados em geral..

 Para Driss, o tetrão Philippe é só um sujeito que não anda e que tem umas necessidades, umas peculiaridades “esquisitas”, tipo não ter sensibilidade nas pernas e precisar de receber comida na boca.

Como conheço lá uma meeeia dúzia de pessoas quebradas dos sentidos e das partes 😯 , muitas das piadas exibidas ali eu já conhecia, já tinha feito e rido um bocado delas. Talvez, por isso, eu não tenha colocado o filme na minha galeria dos “sensacionais”.

O fato de o protagonista do filme (o tetrão) ser milionário, ajuda a ampliar as possibilidades e as fantasias em torno da trama, o que é muito legal, mas distante demais da realidade. Se bem que cinema é para isso mesmo, para viajar!

“Intocáveis” deve ser o representante francês no Oscar e está bombando no mundo todo, mais especialmente no Brasil, o que é formidável, uma vez o filme traz consigo uma reflexão embutida sobre a maneira viciada de se ver as pessoas com deficiência, ver a inclusão e ver as relações humanas.

Quem não viu, indico fortemente. Valem as gargalhadas, os momentos bem bonitos e a reação do público, que, em muitos momentos, parece que não acredita no tipo de abordagem dada pelo diretor!

Ah, e #ficadica para que “ceitudo”, após verem a película, criam suas teorias de o porque do título do filme. Quem já viu, deixe sua opinião nos coments para debatermos! Já escutei diversas razões para o nome “Intocáveis”… uma melhor que a outra! 

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Ahummmmm…. https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/14/ahummmmm/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/14/ahummmmm/#comments Thu, 14 Jun 2012 03:01:03 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=489 Se tem um “trem” que eu adoro botar aqui no blog são situações, tarefas e desafios consideradas inimagináveis, impossíveis ou ‘complicosas’ para serem feitas, realizadas pelos ‘zimininos’ que são assim como eu, ou seja, prejudicados das partes… 😎

Cada vez mais, porém, o povão ‘malacabado’ está conseguindo mostrar que, com adaptação, com acessibilidade, com paciência de encontrar um caminho do possível, dá para fazer quaaaaase tudo.

A Silvia Lopes Barbosa, que é instrutora de yoga, fez uma incrível gentileza para o blog: mostrar movimentos beeeem básicos da prática que podem ser feitas tranquilamente pelos ‘quebradinhos’, inclusive na cadeira de rodas!

O vídeo abaixo mostra um movimento chamado Surya Namaskar, que é bem basicão e deve ser realizado dentro dos limites físicos de cada estropiado… 😉

“É importante dizer que a yoga não é feita apenas de práticas físicas. Então, há alternativas de inclusão na prática para todo tipo de limitação”, me falou a Silvia, que tem dado cursos de formação para professores auxiliarem os ‘dificientes’ a dar aquela meditadinha… 🙄

Para quem for tentar fazer o movimento (eu fiz e achei ‘maraviwonderful’), é importante ler atentamente as instruções ao longo do vídeo, que tá beeeem explicadinho.

No próximo encontro do blog, quero todo mundo fazendo “AHUMMMMMMMMM” 😉

Para saber mais sobre o trabalho da Silvia: http://silvia-omyoga.blogspot.com.br/

Em tempo: Zeeente, saíram os ganhadores da promoção da “borsinha” do dia dos Namoradoooss!!! Quem ganhou?! Os sorteados foram os tuites @jessicadordal e @RCGGarcia…  Entro em contato com vocês para acertar a entrega dos prêmios. Parabééénssss

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