Jairo Marques https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br Assim como você Tue, 07 Dec 2021 19:25:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Até quando o Brasil vai se arrastar e se humilhar pelas escadas da exclusão da pessoa com deficiência? https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/07/17/ate-quando-o-brasil-vai-se-arrastar-e-se-humilhar-pelas-escadas-da-exclusao-da-pessoa-com-deficiencia/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/07/17/ate-quando-o-brasil-vai-se-arrastar-e-se-humilhar-pelas-escadas-da-exclusao-da-pessoa-com-deficiencia/#respond Wed, 17 Jul 2019 15:52:01 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/arrasto1-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3677 Um professor de 62 anos, do Rio, é o novo expoente da tragédia brasileira do descuidado com a pessoa com deficiência. Na semana passada, ele se arrastou por dois lances de escadas em uma agência do INSS onde ia requerer sua aposentadoria. O caso foi exposto pela TV Globo.

Embora a parte que provoque mais desgosto nesta história seja a crueza do ato do professor Jorge Crim, o contexto mostra uma sequência de ilegalidades, de falta de consciência social e de pouco avanço em cidadania.

As leis que obrigam prédios públicos a fornecerem ampla acessibilidade remontam à década de 1990 e foram sendo reafirmadas com outras medidas legais ao longo dos anos 2000, ou seja, é um descuidado, um desleixo, que dura mais de uma década.

“O elevador estava quebrado. É do jogo haver problemas pontuais, deixem de mimimi!” A realidade conhecida é que elevadores em prédios públicos estarem em perfeito estado de conservação e funcionado é a exceção. A regra é estarem imundos e com defeitos.

Sendo assim, por que raios uma agência do INSS, onde centenas de pessoas com problemas de mobilidade os mais diversos passam todos os dias, não tem um plano de contingência para esses casos?

A perícia é no segundo andar? Desce o perito. O gabinete do gerente é no piso superior? Que ele trabalhe na portaria, mas que dê condições de acesso dignas às pessoas, não as exponha, as acolha!

Há alguns anos, relatei na Folha quando uma executiva com deficiência se arrastou pelas escadas de um avião porque não havia condições de embarque ideal para ela naquele momento. Foi um escândalo nacional, o caso se tornou emblemático, algumas mudanças ocorreram.

O que não muda é a exposição perigosa das pessoas com deficiência à inabilidade do país em promover condições de ir e vir razoáveis para todos.

O Rio de Janeiro, em especial, por ter prédios públicos que remontam à própria história do país, enfrenta questões de acessibilidade ardidas e dispendiosas. Mas em nenhum ponto histórico de relevância no mundo se desrespeita tanto a diversidade de ser com lá.

O governo Bolsonaro fez diversos compromissos informais com a inclusão, o presidente do INSS, Renato Rodrigues Vieira, se indignou com o escárnio vivido pelo professor Jorge, mas nada indica que o episódio tenha despertado as autoridades da gravidade do problema.

Talvez se todos os que se deparassem com escadas e obstáculos arquitetônicos, atitudinais e sensoriais em seu dia a dia se arrastassem e povoassem as redes sociais com seus sacrifícios pessoais face à inoperância do poder público fosse possível conseguir um despertar para esse descaso que persiste, humilha e envergonha.

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Com Turma da Mônica, shopping de SP inova com programação de férias inclusiva e acessível https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/07/12/com-apoio-da-turma-da-monica-shopping-de-sp-promove-atividade-de-ferias-inclusiva-e-acessivel/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/07/12/com-apoio-da-turma-da-monica-shopping-de-sp-promove-atividade-de-ferias-inclusiva-e-acessivel/#respond Fri, 12 Jul 2019 11:00:35 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/shop2-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3671 “Brincar é para todas as crianças”. Levando em conta esta máxima, um shopping da zona sul de São Paulo adotou, de maneira inédita, uma programação de férias que conta com atividades que podem ser desfrutada por crianças típicas e também aquelas com algum tipo de deficiência física ou sensorial.

Durante todo o mês de julho, férias escolares, a praça de eventos do Shopping Metrô Santa Cruz vai oferecer uma série de brincadeiras na Sala de Arte da Justiça, onde a molecada vai poder pintar, pular, participar de eventos lúdicos e também se divertir em um brinquedão de aventuras.

O tom da diversão será dado pelos personagens da Turma da Mônica, que, aos sábados, das 15h às 18h, vão estar pessoalmente nas instalações! A criançada vai poder tirar fotos e brincar com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali.

Outra atração que deve conquistar meninos e meninas é o “morcegomóvel”, que é guiado por meio de jogos de videogame e também poderá ser experimentado por adultos. Os monitores estão preparados para auxiliar na transferência da criança cadeirante para os bancos da atração. Os pais poderão acopmpanhá-los.

Aos que amam leitura, haverá quadrinhos da turminha disponíveis, inclusive unidades em formato Braile, para pequenos com deficiência visual, e um educador especializado em Libras que poderá ensinar um pouco da língua de sinais para quem quiser!

De acordo com o shopping, os recreadores envolvidos nas atividades de férias –uma delas com síndrome de down– estão aptos a incluir crianças com as mais diversas demandas e incluí-las nas brincadeiras.

“A proximidade do shopping Metrô Santa Cruz com algumas instituições, somada a nossa preocupação em receber pessoas com deficiência da melhor forma possível, nos tornou um ponto de referência para estes clientes”, afirma Mayra Rodrigues, gerente de marketing do centro de compras.

Ainda segundo ela, “Queremos, em todas as interações possíveis, atuar junto a este público [com deficiência]. Levar atividades inclusivas para os eventos infantis é uma dessas oportunidades.”

Mais uma iniciativa pela diversidade é que o filme “Turma da Mônica – Laços” terá sessões, dentro do cinema do shopping, com apoio de legendas e libras.

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Breve discurso sobre autonomia https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/breve-discurso-sobre-autonomia/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/breve-discurso-sobre-autonomia/#respond Wed, 26 Jun 2019 05:30:54 +0000 https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/escadaria-320x213.jpg https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=3658 Meus sogros decidiram mudar de casa, depois de quase dez anos na mesma morada. A principal razão foi este genro que vive sobre rodas e que exigia uma operação contra catástrofe, com direito a chamar o Samu, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, a cada vez que algum acontecimento muito especial me fazia encarar os 36 degraus para me achegar à parentada.

Agora está tudo mais fácil. O apartamento novo exige subir “apenas” seis degraus, pelos quais meu sogro sozinho consegue fazer meu içamento. Tudo bem que durante o feriado o velho teve um piriri e não sabia se segurava a mim ou a sua dignidade durante uma das subidas. Mas deu tudo certo!

A casa nova tem um degrauzinho na cozinha —que evita que eu pegue cervejinha gelada, de cueca, durante a madrugada— e um banheiro onde caibo para fazer uso básico.

Tomar banho é luxo que exige que minha guerreira mulher se engalfinhe comigo, de maneira pouco romântica, até que eu seja depositado em uma cadeirinha de plástico vagabundo dentro do box.

Mas a encrenca maior, não pensem que sou um ingrato, foi de fato resolvida: a escadaria do pânico. Os outros detalhes vão se ajustando com o tempo e são mais simples de enfrentar. Uma atitude inclusiva importante foi realizada e a família ficou mais unida.

É muito difícil entender exatamente as consequências da falta de autonomia quando todos os eixos da carcaça de levar a vida funcionam corretamente. Mesmo nos casos em que alguém perde provisoriamente alguma funcionalidade do corpo em decorrência de algum acidente, por exemplo, resiste de forma muito transitória a lembrança de como era “ruim” a sensação de dependência, de não poder fazer o que se quer, o que se tem vontade, na hora que quer.

O pensamento comum é que não tem “nada de mais” em dar uma ajudinha empurrando, carregando, conduzindo, apoiando, abrindo portas, dando uma licencinha, abrindo uma lata de sardinha.

De fato, toda solidariedade e gentileza são dignas e necessárias, mas o exercício aqui é outro.

É o de tentar imaginar uma certa sensação de angústia ao não se poder ter autonomia, de não poder ter um prazerzinho quase pueril de agir de maneira independente, no momento em que se deseja, de usufruir do sagrado direito de passar despercebido numa situação.

Algo que se aproxima dessa sensação é imaginar-se permanentemente em uma estrada no ermo do mundo com o tanque de combustível da charanga na reserva.

Não se sabe se vai chegar, não se sabe se ficará parado no caminho, não se sabe se alguma boa alma irá prestar socorro, não se sabe se é melhor estacionar ou continuar a jornada.

Cabe lembrar ainda que a população do Brasil está em franco envelhecimento e o país vive um fenômeno desalentador: velhos que não conseguem mais morar em suas próprias casas porque construíram quartos no segundo andar e não conseguem mais subir escadas, porque o piso elegante é muito escorregadio, porque as portas são estreitas demais para a passagem de um andador ou cadeira de rodas.

Quanto mais um ambiente for pensado na perspectiva da pluralidade de seu uso, nos recursos de acessibilidade de que irá dispor (olha aí a maravilha das torneiras e portas com abrimento automático!), mais naturalizadas ficam as relações, mais próximas da igualdade ficam as oportunidades, menos angustiadas ficarão as pessoas que necessitam desses diferenciais hoje e no futuro.

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“Achados” da inclusão https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2014/08/04/achados-da-inclusao/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2014/08/04/achados-da-inclusao/#comments Mon, 04 Aug 2014 12:30:53 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=1885 Meu poooovo, como diria o rei Roberto Carlos, “eu volteeeei… voltei para ficar” kkkkkk… Depois de “uma semaninha” de férias, retomo as atividades aqui no blog. Peço um pouco de paciência para quem me mandou email com pedido ou sugestões por esses dias. Logo colocarei tudo em dia.

Nesta semana, farei um apanhado sobre os “achados” da inclusão que me deparei durante esse período de descanso! Aêêêê

Fui passear pela Serra Gaúcha. Percorremos de charanga milhares de quilômetros para curtir o friozinho e desbravar essa região tão bonita do país.

Um ponto bastante positivo e que falarei mais sobre isso no futuro são as condições de acessibilidade de postos de beira de estrada. Parei em diversos para usar a casinha 😯 e em sempre encontrei acessibilidade básica: banheiro ok, pessoas preparadas para dar atenção, abrir portas quando necessário…

Neste posto de uma rede paranaense, bem pertinho de Curitiba (PR), fiquei surpreso com o nível de inclusão: no WC, não se esqueceram de botar a adaptação da válvula de descarga para facilitar o acionamento para quem tem os braços ‘mamolengos’ e também na torneira da pia.

Na válvula de descarga, uma adaptação simples ajuda a vida de pessoas com menor força nos braços e mãos!
Na válvula de descarga, uma adaptação simples ajuda a vida de pessoas com menor força nos braços e mãos!

Isso sem falar no tamanho do local, onde é possível dançar um arrasta pé dos bons! O local estava limpo, não era utilizado de depósito e estava muito bem localizado. 😎

Na torneira da pia, uma pequena alavanca resolve muito!
Na torneira da pia, uma pequena alavanca resolve muito!

A primeira parada para descanso mais longo e passeio na minha viagem foi em Blumenau (SC). “Sem querer”, rolava por lá uma festa para comemorar os 12 anos de uma cervejaria local… fiz o favor de dar uma passadinha lá para ‘celebrar’ de leve, como podem ver na fota abaixo… :mrgreen:

Tio Jairo com cara de menino que fez arte degustando dois choppinhos de uma só vez...
Tio Jairo com cara de menino que fez arte degustando dois choppinhos de uma só vez…

Blumenau não tem grandes destaques inclusivos. Há rampas em regiões mais movimentas e turísticas, mas as calçadas padecem do desleixo geral dos passeios de todo o país.

Mas o que me chamou mesmo a atenção foi essa “obra” arquitetônica que me deparei no quarto acessível do hotel, o Íbis Blumenau. Geralmente, escolho hotéis da rede porque são padronizados e o perigo de errar é pequeno… massssss…

O banheiro do quarto foi desenhado de uma maneira absurda, que foge a qualquer lógica. Gravei um videozinho rápido para que “ceitudo” tenham uma noção maior do que rola por lá!

Impossível, neste caso, que um cadeirante consiga entrar no box de banho, que tem uma rampa e cuja cadeira está do lado de fora, sozinho…

Aliás, uma coisa que não tem nada a ver com a acessibilidade, mas que também é bizarra: a pia e, consequentemente, o espelho do banheiro ficam bem frente ao… vaso sanitário… dá para você se apreciar enquanto… pensa na vida!!!! 🙂

Ahhhh, fafavor! Ou o brasileiro toma banho de canequinha na pia ou fica sujão. (No meu caso, pedi uma ajudinha pra minha deusa, mesmo  😳 )

Uma rampa para entrar no box? Invenção das mais malucas... e como entrar no local com uma cadeira de rodas?
Uma rampa para entrar no box? Invenção das mais malucas… e como entrar no local com uma cadeira de rodas?

Fiz uma reclamação formal à rede Accor sobre as condições do banheiro, que impede a autonomia de uma pessoa com deficiência. Ainda não me deram nenhuma resposta.

Banco de banho do lado de fora de box.. me digam, para quê?
Banco de banho do lado de fora de box.. me digam, para quê?

Em Caxias do Sul, já no Rio Grande do Sul, no hotel da mesma rede, a arquitetura da casinha seguiu a mesma arquitetura desarranjada… Aí não pode… não é possível fazer “o que dá”… é preciso planejar para fazer o ideal, o usual e o cômodo para as pessoas!

Ao longo da semana, conto mais sobre as férias! Tem surpresas beeeem legais!

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Emergências e ‘malacabados’ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2013/02/04/emergencias-e-malacabados/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2013/02/04/emergencias-e-malacabados/#comments Mon, 04 Feb 2013 11:00:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=924 Como sou mais destemido que filhote de tartaruga quando sai do ovo, quando estive em Londres, no ano passado, quis dar um ‘devorteio’ naquela danada de roda gigante, a maior do mundo inteiro.

Fiquei na fila para comprar o tíquete, mas, em instantes, um inglês veio até mim e disse que eu só poderia ‘brincar’ na roda depois de duas horas. Só quando cheguei ao guichê, foi que me explicaram a razão da demora.

Por razões de segurança, só podem circular no barato sete ‘malacabados’ em cada giro. Como eram Paraolimpíadas, o que mais havia em Londres naqueles dias eram pessoas sem braço, sem perna, prejudicadas das pernas…. logo, eu só teria espaço dali a duas horas.

“Uai, tio, mas qualé a razão de só sete ‘dificientes’ por vez”

É que o esquema de segurança montado no local consegue garantir, em caso de pane, o resgate seguro de sete pessoas com restrições de movimentos, mais que isso, é arriscado.

Com a tragédia em Santa Maria (RS), muita gente me perguntou sobre regras de seguranças específicas para o povão com deficiência. A resposta é: não existem!

O que rola é que nas normas de acessibilidade existem recomendações que visam garantir condições específicas para que haja condições de fuga mais bacanas caso a casa caia e tenha dentro dela gente com dificuldade de locomoção.

Mas qual é a realidade do nosso país? Que muitas casas de show, cinemas, bares e demais pontos de concentração de pessoas nem se dão ao trabalho de garantir o básico, acessibilidade.

Ontem, em um shopping aqui de São Paulo, notei algo ‘novo’ e mega ultra importante para ajudar deficientes em um momento de emergência: pontos de refúgio específicos.

“Como assim cê fala, Zairo?”

Isso na Europa e nos EUA é bem comum: são espécies de salas blindadas com portas corta-fogo e paredes reforçadas capazes de resistir mais ao fogo, por exemplo. Aí, botam os cadeirantes, os cegões e demais pessoas que não consigam sair correndo dentro do local até que o socorro chegue.

É bem comum também que próximo aos equipamentos de segurança, como extintores e mangueiras, tenham cadeiras de evacuação capazes de descer o ‘estropiado’ rapidão e tranquilo por escadarias.

O Brasil vai passar e está passando por uma revolução em torno das medidas de segurança em locais de concentração de segurança. É hora de bater bumbo para que o público com deficiência não seja esquecido.

Lugares reservados precisam estar próximos às saídas e em locais em que, caso seja necessário, o deslocamento seja rápido. É preciso haver sinais sonoros para os cegões e luzes piscando, por exemplo, para orientar os surdos. Claro que isso não pode comprometer o direito das pessoas de terem boa visão do espetáculo, do filme, do show…

Enquanto as coisas não acontecem, é importante que o próprio ‘malacabado’ seja precavido. Em baladas ‘fortes’, é preciso ter controle total dos riscos. No mínimo movimento de muvuca como brigas ou provocações, é preciso sair de perto imediatamente.

Ter plena noção de como sair rápido de um local, mesmo que seja em um ambiente mega “sussu”, e ter por perto alguém que possa auxiliar se o bicho pegar ajuda um bocado também.

É preciso ter em mente que em um cenário de emergência as pessoas ficam desesperadas e perdem a noção de civilidade. Todo mundo sai louco em busca da própria sobrevivência e os mais ‘frágeis’ vão estar muito vulneráveis. Então, bacana é se precaver e cobrar que condições que nos igualem, também em emergências, sejam tomadas.

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Para o Rio não amarelar https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/09/12/para-o-rio-nao-amarelar/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/09/12/para-o-rio-nao-amarelar/#comments Wed, 12 Sep 2012 03:01:08 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=683 “Zente”, tô vivo e tô de volta ao blog… aêêê!!! Sei que ninguém mais “guenta” falar em Paraolimpíada, mas tenho de fazer um fechamento para essa festa que, agora passou sua serpentina, seus confetes e sua imensa responsabilidade para o Brasil.

Londres fez os maiores, mais envolventes e mais inclusivos jogos de todos os tempos e o Rio não poderá de se furtar da obrigação de manter essa conquista.

E como começamos? Sorry por dizer, mas nosso primeiro passo foi ruim. A participação brasileira na festa de encerramento, no último domingo, no Estádio Olímpico, para cerca de 80 mil pessoas, foi confusa, não deixou uma mensagem de nada e não impressionou.

 

Vi uma reportagem da “Grobo” em que diziam que houve muitos aplausos… olha, meu povo, não houve, não. Os ingleses estão pirando era com o Coldplay e Rihanna, que chegou na arena pelo ar, num espetáculo digno de fechar a história paraolímpica londrina de uma maneira inesquecível.

Ontem, na chegada de parte da delegação de ouro do Brasil, a confusão típica para dar conta de desembarcar pessoas com deficiência, mais conhecidas como malacabadas, no aeroporto de Guarulhos….

Mas, enfim, bola para a frente. É preciso ter atitude para que nos quatro anos que restam até a Rio 2016 muita coisa mude nessa terra onde tudo dá (ui)…

A Cidade Maravilhosa precisa incentivar agora a diversidade total em toda sua força de trabalho, taxistas, motoristas de ônibus, atendentes de hotéis, funcionários públicos e todo mundo que dê atendimento precisa passar por reciclagem, precisa entender demandas e características de quem é estropiado física ou sensorialmente.

Uma total repaginação da realidade urbana do Rio, é obrigação. Não cabe pensar que aquelas calçadas pobre de Copacabana, do centro da cidade não seja refeitas e ganhem rampas, piso tátil e tudomais…

E aqui vai ser pressão. Eu quero ser um anfitrião digno para o mundo. Quero que as arenas estejam lotadas e que haja a tal festa brasileira em cada uma das modalidades. Então, temos de fiscalizar, cobrar, opinar, pressionar…

Não quero que o Rio amarele na hora H e faça feio para o mundo… Então, vai abaixo um pouquinho de “Yellow”, que o Coldplay tocou lá em Londres e deixou milhares de pessoas eletrizadas… (vamos ver até quando o youtube deixa kkkkkkkk)

Beijo nas crianças

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Normas técnicas https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/28/normas-tecnicas/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/28/normas-tecnicas/#comments Thu, 28 Jun 2012 15:22:35 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=527 Tudo o que existe de equipamento reconhecido de acessibilidade (elevadores, plataformas elevatórias, barras de apoio, pisos etc) é regulado por um “diaxo” chamado “norma técnica”.

Essas normas foram criadas por engenheiros, arquitetos e demais especialistas que “acham” que sabem como facilitar a vida de um ‘malacabado’. 😎

Na real, meu povo, parte do que é aprovado nessa convenção de deveres para tornar um local plenamente acessível é puro LOBBY! Sabem o que isso quer dizer?

Que empresas conseguem colocar entre as regras seus próprios produtos que não necessariamente vão ser aqueles que, realmente, vão facilitar a vida de um tetrão, de um cegão ou de um surdão.

Imaginem vocês a montanha de dinheiro que ganha uma indústria de um tipo “x” de barra de apoio que consta na norma técnica. Toda construção de uso público, que será amplamente fiscalizada, irá fazer uso desse equipamento e alguém irá encher o bolso de $.

Claro que não há nenhum problema em ficar rico às custas dos “dificientes” 👿 , o problema mora na questão da utilidade ou não que um equipamento de acessibilidade vai ter.

“Tio, por que raios você tá falando disso?”

É que na sexta-feira, vulgo amanhã (29/6) vai rolar aqui em São Paulo uma “revisão” das normas, algo que acontece de tempos em tempos no sentido de aprimorar as regras.

Seria importantíssimo que quem pudesse ir desse as caras por lá para mostrar a visão de quem, de fato, usa esses equipamentos de acessibilidade. Será que o que os técnicos estão palpitando é mesmo aquilo que facilita a vida da gente?

Um dos pontos que sei que será discutido é a ampliação do uso das “plataformas elevatórias”. Sabem o que é isso? Aquela espécie de elevadorzinho que vai devagarrrrrrr quase parando, usada para vencer poucos degraus.

Acontece que expandir o uso daquilo me parece totalmente equivocado. A plataforma, muitas vezes, exige um operador (tira total a autonomia), só pode ser usada por um cadeirante por vez e não é nada usual para prédios, por exemplo.

O que está sendo analisado, neste caso, me parece muito mais um interesse comercial do que algo prático para a acessibilidade.

Bem, então, #ficadica para quem puder dar as caras, a partir das 9h30 da manhã até às 16h, no Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal), para palpitar sobre as normas.

O endereço é Avenida Professor Lineu Prestes, 913, Butantã. Fone (11) 3811-0300

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Tecnologia é tudo https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/18/tecnologia-e-tudo/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/18/tecnologia-e-tudo/#comments Mon, 18 Jun 2012 03:01:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=494 “Alô, tio? Olha, tô mais feliz que piolho na cabeça de roqueiro! A ‘firma’ acabou de comprar um equipamento ‘maraviwonderful’ para mim. Você não faz ideia”.

A ligação era da minha amiga cegona Ju Braga, a mãe do cão-guia Charlie boy. De princípio, confesso que não entendi aquele entusiasmo todo em torno de um trequinho tecnológico qualquer.

Imagem do aparelho dentro da bolsinha sobre a mesa

“Tio, esse scanner vai me dar muito mais agilidade e independência aqui no trabalho. Ele lê as superfícies de quase tudo, joga rapidinho no computador e já transforma em som pra eu saber direitinho do que se trata”.

Caraca, aos pouquinhos, minha ligação DDD foi sendo completada 😀 e fui entendendo a magnitude daquele equipamento para a Juju.

Imagem do aparelho sobre uma revista

No Brasil, a sociedade, de forma geral, ainda dá pouca importância (ou sabe a real dimensão) à tecnologia assistiva, aquela que é produzida para auxiliar o povo ‘malacabado’.

A nossa cultura ainda é de incentivar, esperar, torcer e vibrar com as promessas para reverter a condição sensorial ou física do povo. Em países como os EUA, por exemplo, há fortes investimentos naquilo que pode ajudar a vida do povão “estropiado” HOJE.

Juju Braga em sua mesa de trabalho usando o scanner

São cadeiras de rodas mais ninjas, mais leves, mais potentes, com mais autonomia. São aparelhos auditivos ultra pequenos e com muita capacidade de rastrear sons, são softwares que facilitam a vida dos prejudicados das vistas…

Calma, calma, ‘zimininos’, sou mega ultra blaster favorável aos investimentos em ciência que busca a cura para cegueira, surdez, ‘doençaiada’ que tira os movimentos do povo, só acho que é preciso, também, olhar com mais atenção para aquilo que pode ajudar AGORA.

Imagem do aparelho sobre a mesa

O equipamento que a Ju conquistou foi impactante para o dia a dia dela. Pensem vocês que ela pode, muito rapidamente, agora, ler uma bula de remédio ;), uma revista, um texto impresso qualquer.

Os scanners tradicionais são muito demorados e não fazem a leitura do objeto que foi jogado para o computador. E tem um detalhe a mais nessa história. Foi a empresa que a minha amiga trabalha que resolveu comprar o equipamento.

Juju Braga em sua mesa de trabalho usando o equipamento

É demais de legal quando o empresariado entende que, com mais equipamentos, a produtividade dos funcionários com deficiência pode aumentar, a inclusão pode se dar de maneira mais completa.

O scanner que a Juju está usando é super prático (ela pode transportá-lo com facilidade) e leve. Como no comecinho dessa conversa, em princípio, a gente demora a sacar em totalidade a dimensão disso na vida dela, mas é só pensar em algo que é básico para nossa própria vida para entender melhor!

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O “incluchato” https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/04/o-incluchato/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/06/04/o-incluchato/#comments Mon, 04 Jun 2012 03:01:51 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=466 Como os temas da inclusão e do acesso para todos caíram na boca do povo, é natural que alguns combatentes nessa batalha pela dominação do mundo para ele ser igual para ‘nóistudo’ encham o copo um bocadinho acima do limite…. 😯

E todo mundo que é cascudo demais na defesa de seus princípios, tá na beiradinha, beiradinha mesmo, para virar xarope, para virar chatonildo… 🙄

É “di certeza” que eu mesmo, em alguns ou vários momentos, já dei uma despirocada básica na tentativa de querer jogar luz nos direitos do povão que não vê, não ouve, não anda e nem nada…

Bem, mas eu e minha imensa equipe de apoio logístico, formada por UMA pessoa, minha deusa 😉  , criamos as…

“Dez dicas para saber se você é um ‘incluchato’”

“Tio, mas que diacho é isso de ‘incluchato’ que cê tá falando?”

O ‘incluchato’ é o chato da inclusão…. aquele cidadão que não relaxa nunca, que é mais brabo do que cachorro de japonês na vigilância da inclusão…

É preciso ter cuidado porque o excesso pode acabar espantando as pessoas em vez de atraí-las para a causa!

Abaixo, dez características que indicam a ‘incluchatice’… Se você se identificar com quatro ou mais delas, o caldo tá entornando, heim? 😳

1)      O único assunto do cidadão, seja no velório, no boteco ou na casa da sogra, é sobre gente sem perna, sem braço, que tem o escutador de novela prejudicado, que anda montado em cadeira de rodas, que é ‘malacabado’ geral.

2)      O brasileiro não relaxa jamais e tá sempre reclamando de falta de rampas, de carro parado em vaga reservada, de buraco na calçada. Mobilização é fundamental, mas tem momento que a gente tem de olhar pra namorada. Toda guerra tem trégua, né?

3)      Seus posts nas redes sociais só mostram cadeira de rodas, gente meio tortinha, malfeitos da inclusão, vídeos da dita “superação”.

4)      O ‘incluchato’ cobra sem parar seus amigos para participarem de jogos de basquete de cadeirante, de feiras de produtos de tecnologia assistiva, de grupos de suposto apoio à qualidade de vida dos ‘malacabados’.

5)      Deficiente se relacionar com deficiente é apenas uma casualidade do amor. Não é uma união ‘linda’ e um casal ‘perfeito’ que vai ser símbolo da inclusão… “Menas”, zente, “menas”…. 😛

6)      O ‘incluchato’ acha que tudo é lindo: uma empinadinha da cadeira de rodas, um cão-guia que abana o rabo, um aparelho auditivo pequenininho.

7)       Quando você deixa de fazer algo porque o lugar não é totalmente acessível, pode acreditar, você não está ajudando o mundo a ser mais acessível, está deixando de aproveitar a vida! É muito melhor ir ao motelzinho, se divertir da maneira possível e, no final, cobrar acesso do que deixar de brincar.

8)      As pessoas com deficiência não pertencem todas a uma mesma família, a uma irmandade. O ‘incluchato’ tá sempre falando que “conhece” um cegão maravilhoso que outro cegão precisa conhecer urgentemente!

9)      Tem muita coisa específica no mundo dos ‘malacabados’. Nem todo mundo sabe que existem próteses ultra modernas, que um lesadinho pode perder a sensibilidade, que um ‘paralisado cerebral’ pode atuar perfeitamente em sociedade. O ‘incluchato’ costuma ficar tiririca da vida com o desconhecimento dos outros em relação ao mundo paralelo dos ‘malacabados’, a Matrix!

10)  O ‘incluchato’ pensa que os ‘esgualepados’ são sempre o must e jamais podem estar expostos a críticas. Ora, bolas, algo que é feito por um deficiente não é necessariamente bom, bonito ou ‘maraviwonderful’.

Tem mais alguma ‘chatice’ que vocês se lembram? Botem nos coments!!!!

 

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Rampas para cadeirantes? https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/05/28/calcadas-para-cadeirantes/ https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2012/05/28/calcadas-para-cadeirantes/#comments Mon, 28 May 2012 03:01:49 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/?p=453 O IBGE revelou na última sexta-feira um retrato detalhado sobre condições urbanas brasileiras e houve um item que chamou, a meu ver erroneamente, de “calçadas para cadeirantes”.

Bem, o termo não ajuda em nada na inclusão. Talvez, para fins de pesquisas, era preciso ser bem específico, mas rampa é um aparelho urbano que serve a todos, não só a cadeirantes.

A rampa facilita o acesso do carrinho de bebê, auxilia os mais velhos e mais desequilibradinho na travessia, facilita para quem está puxando carrinhos de compras, evita com que crianças tropecem ao atravessar a rua. Então, como uma rampa é para “cadeirantes”?

Quando se qualifica uma rampa dessa maneira, a meu ver, reforça-se em parte da sociedade que o povo “malacabado” é um peso na lomba do poder público que precisa gastar para fazer o mundo mais fácil para “nóistudo” podermos ser mais cidadãos.

Símbolo de um cadeirante em uma rampa

Não é a primeira vez que o órgão de pesquisa mais importante do país comete uma impropriedade com as pessoas com deficiência. É hora dessa gente ter mais preocupação com seus métodos de abordagem, pois a reprodução das informações é gigantesca e os dados ficam para a história, né, não?

Bem, agora o mérito da pesquisa, mais propriamente. O resultado é que apenas 4,7%, repito SOMENTE 4,7% das ruas do país possuem rampas.

Gente, isso é praticamente uma miséria humana em relação à inclusão. Quer dizer que 95% dos passeios dessa nação não têm mínimas condições de garantir um ir e vir seguro às pessoas. É a massacrante maioria de um país que não cumpre um princípio constitucional.

A ausência de uma rampa humilha as pessoas. Expõe as pessoas ao risco de quedas, de acidentes. Impede as pessoas a chegarem na escola, no hospital, na casa da namorada.

Pelo levantamento, a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre as com mais de 1 milhão de habitantes, é a que está mais avançada em relação a esse aparelho urbano. Fortaleza, vergonhosamente, é a pior.

Charge de Jean Galvão mostrando cadeirante olhando rampa e depois uma enorme escadaria

Conheço as duas capitais. Realmente, em Poa, se vê um esforço importante para tornar a cidade mais amigável no seu ir e vir para TODOS, mas não se compara minimamente, infelizmente, às cidades européias ou mesmo americanas. Se estamos nos tornando um país rico, esse relaxo tinha de ser uma preocupação primordial.

Fortaleza, como uma cidade turística e que vai ser sede da fatídica Copa, era preciso que a administração municipal sentisse dor de cabeça durante uns seis meses e que tomassem uma atitude corajosa para reverter uma situação tão deplorável…

Como sabem, sou um tiozão otimista. Acho, de verdade, que essa realidade está mudando em velocidade importante.

Mas isso vai continuar caso a gente siga mobilizado, siga escolhendo administradores engajados, siga exigindo cumprimento de leis, siga enfrentando, a medida do possível, a rua, do jeito que ela é, até que a pressão a torne do jeito que precisa ser: útil, segura e acessível para todos.

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