Mesmo com crise, avança número de pessoas com deficiência empregadas

Jairo Marques

Acaba de ser divulgado um relatório do Ministério do Trabalho indicando que entre 2016 e 2017 houve um salto de 5,5% no número de trabalhadores “malacabados” que conseguiram um emprego formal. A notícia não poderia ser melhor diante de um quadro de desemprego crescente entre os brasileiros, que atinge a casa dos 13 milhões.

Duas razões principais podem ser apontadas nesta conquista, que atinge todas as classes de deficiência –física, auditiva, visual, intelectual, mental e múltipla–, a intensa fiscalização nas empresas para o cumprimento da Lei de Cotas e a ampliação das políticas de fomento à diversidade nas corporações.

Ainda cabe na análise o fortalecimento da consciência social de que esse público pode e trabalhar, a ação de consultorias específicas para o encaminhamento ao trabalho de pessoas com deficiência e o maior nível de escolarização desse grupo social.

O número geral de pessoas com deficiência empregadas passou de 418,5 mil, em 2016, para 441,3, em 2017. Em relação ao total de estoque de empregos formais no país, o percentual de trabalhadores com deficiência registrados em carteira é ainda muito pequeno, cerca de 1%.

O crescimento maior de pessoas com deficiência empregadas se deu entre o povo “ruim das vistas”, com salto de 16,3%, em seguida, o grupo das pessoas com deficiência intelectual, 7,5%.

Aqui vale outra consideração importante. Essas duas facetas das deficiências eram e ainda são as mais estigmatizadas no mercado de trabalho. “Como vou botar um cego para trabalhar aqui?”, com tecnologia de assistência, com informação e com acolhimento, ué.

A outra vertente mostra que a chamada “revolução Down”, processo que vem crescendo cada vez mais no país e que visa informar e quebrar estigmas sobre pessoas com síndrome de down, tem dado resultados concretos e ainda tem muito campo para crescer.

A região Sudeste é onde estão a maioria dos trabalhadores com deficiência –227,5 mil (mais da metade dos empregos formais para esse público em todo o país)– e o Estado de São Paulo é o campeão em contratações formais nesse grupo, com 131 mil pessoas.

Na outra ponta, a região Norte é a que menos registra empregos formais para pessoas com deficiência, cerca de 26 mil, e o Acre é o Estado que menos emprega o povo com comprometimento físico, intelectual ou sensorial, cerca de 1300 pessoas.

A tendência é que o número de 2018 continue registrando crescimento, pois foram diversas as iniciativas inclusivas registradas no ano e há também um número maior de pessoas com deficiência saindo dos bancos universitários.

De qualquer maneira, o contingente reprimido de pessoas com deficiência que têm total capacidade de contribuir para o crescimento do Brasil ainda é gigantesco.