Reabilitar criança ou adolescente infrator é dar nova oportunidade à família e à sociedade
– Seu Jairo, nem te conto! Minha filha foi liberada lá da fundação. Tá vindo para casa e trazendo meu neto. Coisa boa demais, seu Jairo.
O deságue do sorriso de meu amigo Raul não caberia em qualquer mar, tal sua dimensão de felicidade e entusiasmo.
Não era para menos, nos últimos dois anos, o pai e avô viveu de remoer a ausência de sua menina e de lamentar a falta de convívio com o neto, que nasceu, ganhou peso e as primeiras lições de existir dentro da Fundação Casa de São Paulo.
A garota, por uma dessas circunstâncias encardidas da adolescência, acabou por se envolver em uma situação criminosa grave. Foi apreendida, recebeu da Justiça uma medida socioeducativa, e viu-se grávida, longe da liberdade. Passou entre os muros da fundação um dos momentos mais deliciosos de ser passarinho durante a vida.
Andrew, o pequeno, não foi apartado da mãe, mas viveu, durante 24 meses, com as experiências de “lá fora” reduzidas. Só saia para visitas rápidas ao pediatra. Embora muito bem tratado, não viu patinhos no lago, não brincou pelas ruas em bloquinhos de Carnaval, não recebeu elogios de estranhos no shopping por causa de sua fofura.
Durante o período todo, e só me dei conta por agora, emprestei ao Raul as aventuras, traquinagens e mudanças físicas e emocionais de minha própria filha para que ele tentasse imaginar um pouco mais o desenvolvimento de seu neto guardado.
– Tem fotografia nova dela aí, seu Jairo? Ela melhorou da gripe? Vai curtir a Elis durante o final de semana todo? Fico imaginando a delícia de chegar em casa e receber um abração dela, seu Jairo.
Mas o entusiasmo maior de meu amigo era por sua filha ter uma segunda chance, por sua família ter uma nova oportunidade de construir momentos memoráveis. Aos “serumanos” a natureza permitiu o remodelar, o reaprender, o recomeçar.
– Ela foi muito bem tratada lá, seu Jairo. Está mais madura, mais consciente, repensou seus atos. Eles reconstruíram minha filha. Ela mesma fala isso!
De fato, graças a muita pressão pública e ao apoio de diversas entidades de proteção à criança e ao adolescente, dão sinais de franca melhora o tratamento de reinserção à cidadania de adolescentes infratores que, por muito tempo, foram considerados estorvos sociais, problema insolúvel.
São psicólogos engajados em aparar arestas de personalidade e ajudar a remendar sentimentos partidos, ONGs que auxiliam meninas e seus bebês a enxergar mais longe ou a meninos e seus ímpetos a desbravarem outras trilhas em busca de realizações.
Provavelmente, quase nada do tempo em que morou abrigado irá ficar na memória do pequeno Andrew, mas quiça a drástica experiência tenha valido para que ele impactasse para sempre o olhar de sua mãe, a união de sua família em torno da renovação de esperanças.
Raul quer o mais rápido possível que o neto conheça as luzes da cidade, o aroma das flores no parque e que brinque com os cachorros da vizinhança, numa espécie de renascimento sensorial. A todos nós, cabe pensar e criar, cada vez mais, formas dignas, inteligentes e humanas para que a rapaziada volte a ter fé para fazer acontecer a manhã desejada.
“Essa menina se envolveu em um situação criminosa grave”
Qual crime ela cometeu?
Pra ficar “presa” todo esse tempo deve ter sido algo terrivel, talvez assassinato, latrocinio, etc.
O que é de lamentar é a mídia dar espaço pra essa gente e o pior, fazer esses criminosos de vítimas
Vítimas somos nós a mercê da violencia desses bandidos menores de 18 anos.
E quanto a segunda chance das vítimas dessas “probres crianças que estão na fundação casa”, vítimas que foram assassinadas, que sofreram lesão corporal grave e muitas outras coisas??
Enquanto nos Estados Unidos se aplicam penas proporcionais aos crimes dos “menores” aqui no Brasil, graças a jornalistas como você que defende criminoso, os vagabundos menores são retratados como vítimas, recebendo penas que são um deboche para a sociedade, ficam no máximo 3 anos presos, isso é absurdo! Um criminoso que cometeu homicido, latrocinio, causou lesao corporal grave, ficar apenas tres anos preso.
Não vejo jornalistas, a mídia como um todo, ONGs, etc, se mobilizando para apoiar as vítimas desses bandidos menores de idade.
A mídia, TVs, jornais e, claro, jornalistas como você, manipulam a opinião pública, fazendo a população considerar como vítimas os criminosos menores de 18 anos, isso é um ABSURDO!!
Retratando uma bandida como coitadinha, que deu a luz dentro da fundação CASA, tentando sensibilizar a opinião pública, fazendo da criminosa uma pobre vítima e do Estado um vilão que a privou da liberdade.
Isso é nojento!!
Não se esqueça que mais de 90% da população é favoravel a diminuição da maioridade penal, se tem idade para roubar, matar, fazer filho, tem idade para ser punido.
Quanto a segunda chance dos criminosos, eu te pergunto:
As vítimas dos homicidios, latrocionios e lesão corporal grave têm uma segunda chance??
Pense nisso e pare de defender bandido
Sempre admirei seu trabalho escrevendo e apoiando os deficientes, mas ver você defendendo vagabundo, eu não gostei, fico revoltado, pois é graças a mídia que esses bandidos menores de 18 são tratados como crianças e não receben punição por seus crimes
Parabéns pelo texto, é um bálsamo de empatia e sensatez na rede. Quase perco a fé na humanidade quando vejo cidadãos defendendo abrir fogo contra menino de dez anos que furta carro, tratar morador de rua como lixo e etc. Boa sorte pra essa família sua amiga.
Texto de encher os olhos! E, quem sabe, faça adormecer as crianças e despertar os homens, como na poesia de Drummond.