2017: o ano da diversidade
Empresas modernas do mundo todo, conectadas com o anseio de novas gerações e com o barulho estridente das antecessoras e das redes sociais, começaram um forte movimento de aplicar em seus valores internos e em suas atitudes de mercado o poder que múltiplas representações humanas têm no ambiente produtivo e na capacidade de construir inovações, tendências.
A publicidade deve ser a vitrine mais evidente deste movimento que gestou em 2016 para nascer a plenos pulmões, causando, em 2017. Saem as gostosas e perfeitas, os sarados e de cabelo impecavelmente arrumado para dar lugar a gente que de fato está nos bares, nas lojas de roupas, nas filas ou por trás do universo cibernético dos bancos.
Mais do que uma ação puramente mercadológica para arrecadar mais fortunas, marcas estão investindo em mudança de mentalidade. Gestores hostis a pessoas que não exibem padrões físicos, sensoriais ou de gênero vão ter de ceder a vaga justamente para aqueles abertos a qualquer tipo de amor. Porque qualquer maneira de amor vale a pena, já dizia Bituca, desde os anos 1970.
No Brasil, é fácil detectar essas manifestações. É o enorme agente financeiro que colocou duas velhas para sorrir deliberadamente em seus anúncios, é a gigante de cosméticos que colocou uma transexual para usar seus aromas e mandar na turma toda, a cervejaria que botou um cadeirante num bar divertindo-se, a poderosa do varejo que pareou mulheres e homens em cargo de gerência e alavancou a contratação de negros e de pessoas com deficiência.
Importante destacar que não se trata mais de ações sociais bondosas ou de medidas para cumprir leis e evitar o apetite do Ministério Público por justiça –as companhias que agirem assim estarão fadadas ao ostracismo–, mas, sim, de abertura de um tempo em que a pluralidade é chave para a elevação de conceitos relativos ao caráter, à representação da coletividade, à credibilidade para apontar ao outro um caminho a trilhar.
É factível que quanto mais relevante for essa manifestação do mercado, outros setores se sintam enfadonhos e emburrecidos em agir sem novidades e passem também a atuar em busca de ambientes que contemplem o multicolorido, o emaranhado de gêneros, o universo das incompletudes do corpo.
Nesse contexto, para o “serumano” comum, vale a observação atenta de seu cotidiano: algo de muito errado pode rondar seu ambiente de trabalho, sua predileção artística, sua escola, seu clube de lazer ou sua família se neles só houver quem toque a mesma música, só quem dance da mesma maneira e só quem faça tudo sempre igual.
A harmonia da orquestra vem de vários instrumentos e da costura de diversas notas. A genialidade vive seus momentos de incompreensão e de isolamento. A grandiosidade de um ato vem de suas dores passadas, de seus sabores experimentados ao longo da trajetória.
Para que o ano da diversidade se configure e se imponha, é preciso um pouco mais que o desejo de ele se realizar e de jogadas de estrategistas mundiais a seu favor, é preciso que se desligue o comodismo, que se enfrente com flores a intolerância e que se abra a janela do aprendizado e da oportunidade de abraçar o que é diferente.
Não poderia sair deste ano lúgubre (se Deus me permite) sem ter lido vc, Jairo.
Neste momento de santas celebrações, em que Deus fala por tantas bocas, vc estava realmente iluminado ao escrever esta coluna. Sabe aquela sensação de completude? É a minha. Não há nada a acrescentar.
O Senhor o abençoe e converta o último parágrafo em agenda para 2017.
Abraço fraternal da Maria Shirley
Que elogio lindo! Que gostoso, Maria! Muito obrigado
Ler esse texto nos enche de mil vontades.Resistência tb é isso, provocar novos olhares,ocupar novos espaços.Esse finalzinho de ano mesmo com muitas situações da minha profissão para resolver e participar,preparar aulas, participar de bancas de graduação, finalizar tb minha especialização,ainda assim, provoquei uma empresa que promove eventos para noivas , madrinhas e debutantes, e assim outras empresas tb foram provocadas com a minha presença vestida e desfilando de noiva. Teve uma repercussão bacana com olhares interessantes.No final,algumas empresas vieram falar comigo sobre a ideia. É ” minino bão” vamos ocupar mais em 2017. Bora…. Quem sabe consigo trazer você em Juiz de Fora para lançar o livro aqui tb. Feliz 2017 para todos nós. Beijos mineiros nas lindezas da Elis e Thais.
Eu acompanhei toda sua ação. Foi maravilhoso!
Gostei da conversa. O livro que acabo de publicar, intitulado A RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO: PAIXÃO, ÉTICA E AMIZADE NA SALA DE AULA, pela Editora Aprris, trata desse assunto. Na Introdução eu escrevo: “Se pudesse sintetizar em uma palavra o fio condutor deste livro escolheria pluralidade, entendendo-a como uma experiência que devemos tomar em consideração se quisermos evitar mais frustrações e agonias no ambiente escolar e até na existência humana”(p. 23). O livro pode ser encontrado em: http://www.editoraappris.com.br/produto/a-relacao-professor-e-aluno-paixao-etica-e-amizade-na-sala-de-aula
“Abrir a janela do aprendizado e da oportunidade de abraçar o que é diferente”. Simples assim…
Tão simples, mas por que é tão difícil?
Gratidão por esse seu sopro de esperança num momento, no minimo, confuso.
Abraço.
😉
Uma das poucas coisas boas de 2016! Artigo digno de se compartilhar nas redes, uma pena que ao fazer isso, ao invés de aparecer a imagem linda acima, colocam a panicat da escrota marca de cerveja.
kkkkkkkk verdade, Fabiana.. peço desculpas por isso.
Como diria Shonda Rhimes: não é inclusão é “normalização” apenas.
Boa!
Jairo, ao fim de um ano tão intenso (não necessariamente bom ou ruim), é uma alegria ler estas palavras.
Sim, vamos marcar 2017 com mais diversidade e sempre. Que o “normal” seja aceitar q “de perto ninguém é normal” e, ainda com o Caetano, que “gente é pra brilhar”.
Feliz 2017, Jairo! Obrigada por ter podido te conhecer, obrigada por ter comprado a ideia de um bando de mineiros malucos que acreditam na força da diversidade e ter vindo aqui nos prestigiar. Obrigada, obrigada, obrigada…
Minas está cravada em meu coração! Beijos e um ano novo dos melhores!!!!