Karnal considera ‘mimimi’ demandas de quem só quer representação
Um dos mais novos sábios do conhecimento pop nacional, o historiador Leandro Karnal, colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, que tem suas falas e ideias coladas em milhares de janelas de redes sociais falando “verdades” sobre comportamentos da humanidade, fez uma recente crítica bem-humorada a respeito do que chamou de “geração mimimi” ou hipersensibilizada.
O calundu do professor veio diante da insatisfação de alguns grupos organizados ante o uso de termos que, vez ou outra, ele lança mão ao falar com multidões, sempre elevando e parafraseando grandes filósofos e pensadores para refrescar o conhecimento dos plebeus.
Karnal usa em suas concorridas palestras expressões como “corrupção é como herpes”, “liquidez esquizofrênica” ou “sair do autismo tradicional”, entre outras, que, na literalidade, ligam condições de vida diversas e já bastante estigmatizadas a desgraceiras as mais espantosas.
Não é só o respeitado intelectual da moda quem propaga e enraíza, por exemplo, que o termo “anão” é algo ligado ao inexpressivo –Brasil, o anão econômico–, assim como não é apenas ele quem traz à luz definições históricas e de dicionário em defesa do uso das palavras que são questionadas, e é aí que se agrava a coisa.
Há em curso uma batalha árdua e contínua para que gente tratada como “mimimi” ou chata do “politicamente correto” seja vista com dignidade, respeito e como cidadão pleno e isso passa por uma representação adequada de suas demandas, suas especificidades e suas denominações sociais.
Organizados, os grupos reclamam, pedem retratação (até a ministra Cármen Lúcia chegou a pedir desculpas por um uso atravessado) e tentam explicar que a língua tem dinâmica própria, mais veloz que os glossários, e que, quanto mais a sociedade dá sentido torto à palavra “travesti”, por exemplo, como sinônimo de algo mentiroso, falso, mais podem ser hostilizadas e marginalizadas as legítimas travestis.
“Ah, olha quem tá falando! O sujeito ‘malacabado’, prejudicado das pernas, desbocado!”
Como sempre defendi, “pé de galinha não mata pinto”. Faço parte da trupe, sinto-me legitimado e empoderado para avançar na piada para chegar a uma finalidade supostamente séria; guardo o valor da liberdade de expressão e do estilo; invoco a tolerância e procuro provocar a crítica de quem quer que seja.
Óbvio que a flagrante não intenção de ofender, o desconhecimento e as características de uma fala ou de um escrito devem ser amplamente considerados e debatidos. Do mesmo modo que não dá para espernear e desqualificar “causas sociais” a bel-prazer.
Causas são ações políticas que detêm em seu bojo razões para o uso de termos que consideram mais representativos e acolhedores –procure usar pessoa com deficiência, em vez de portador– e não somente desejos organizados por mais acesso, por inclusão, por remédios e por tratamentos.
A ampliação do conhecimento requer humildade. Requer ouvir clamores e lamúrias que podem ser vistos apressadamente como bobajada, mas que podem fazer sentido, podem ser demandas honestas. O antigo tem de dialogar com o novo para conclusões modernas e representativas. Sócrates não foi “maraviwonderful” à toa ao propagar ao universo: “Só sei que nada sei”.
Tempestade em copo d’água. Se eu disser que este mundo está ficando louco, será preconceito tb?
O subproduto da liberdade de expressão é a possibilidade de se dizer besteiras impunemente. Francamente, o articulista precisa descobrir o que não sabe.
Uma desculpa outra ali e assim vão usando a palavra AUTISMO, sempre de forma errônea, eu Pai de uma linda menina autista, penso até quando o nosso país irá chegar os olhos para as pessoas com deficiência, todas as deficiências, não fornecem nada, tudo é uma luta, saber que é gasto dinheiro a rodo com despesas de deputados, senadores, juízes, é difícil para muitas famílias conseguirem terapias para seus filhos, pois os melhores só atendem particular, muitos pedem uma pensão para muitas vezes ajudar no sustento dos filhos, pois em muitos casos, falo do autismo, muitos pais abandonam os filhos com as mães, como ouvi de um advogado uma vez, quando fui atrás para ajudar a custeio das terapias, este benefício eles dão para quem está na pobreza absoluta, fica fácil assim arrumar dinheiro para regalias dos nobres que estão no poder, quando se criarem leis e as mesmas foram cumpridas talvez um dia seremos um país.
Como menos deboches, com mais amor ao próximo, mas dignidade com as pessoas portadoras de deficiência.
Tem uma foto de minha filha EDUARDA que diz assim.
Podem até achar que é impossível, mas o único peso que carrego é o da esperança num país melhor para meu futuro.
Mas foto ela está com a bandeira do Brasil, nas suas costas, é uma das mais belas fotos que tirei dela.
Eduarda fala apenas algumas palavras ainda, mas como falo enquanto ela não usar sua voz para se defender eu o farei.
Ela é meu coração e eu sua voz.
No país das desculpas, eu peço desculpas, pois é fácil falar desculpa, fácil.
Concordo com a crítica, todavia nesse momento quando endereçada exclusivamente a Karnal perde sentido e se torna caso de incompetência, pois Karnal já há alguns dias fez autocrítica, se desculpou e até pediu que o alertasse quando usasse expressão ofensiva.
O Karnal foi um gancho. Disse textualmente que ele não é o único a usar o expediente. Um abraço
Estou cansado dessa idiotice do marxismo cultural do politicamente correto do beiçola do Habermas, Adorno e outros.
O marxismo perdeu o bonde da história, agora esses idiotas criaram o marxismo culutural para protegerem setores escolhidos, negros, mulheres, homossexuais, islamismos etc., como se essa parcela da sociedade fosse incapaz de se defender e se sentem Ofendidos pó tudo.
Entendo a necessidade de respeito às minorias, bem com das ações afirmativas. Mas eu mesmo, portador de deficiência física, muitas vezes refiro a mim mesmo, em situações em que queira fortalecer o erro cometido, pela expressão “cada dois passos uma mancada.
Deixemos de ser hipocritas. Ao Invés de ficarmos extremamente sensíveis com colocações que temos consciência que não são maliciosas, procuremos fortalecer programas de ações afirmativas inclusivas.
Entretanto, não se pode esquecer que a injustiça faz parte da humanidade. Ou então, em respeito ao politicamente correto, teríamos que solicitar aos governos africanos que impecam os leões de matarem e se alimentarem das zebras, zebras, e inclusive dos elefantes, visto que esta havendo uma conduta abusiva de um ser mais forte em desfavor de um mais fraco.
O politicamente correto, ao invés de fortalecer o indivíduo, o torna um eterno incapaz, que deverá ser guiado a vida inteira pelo estado mãe. Era esse o projeto lulopetista. Querer transformar em uma anta(!) todo cidadão brasileiro para que ele tornasse um ser burro(!) incapaz de raciocinar.
As metáforas sempre existiram. Abaixo o marxismo cultural. E a opinião deste perneta que enquanto quis ser vítima da sociedade e das circunstâncias não buscou seu lugar ao sol.
Ademais, não nos esqueçamos da injustica da vida, pois o sol nasceu para todos e a sombra para poucos.
A inteligência de um ser não pode levá-lo a querer expor da maneira que lhe convier… É preciso reavaliar suas colocações. Verificar se envolve seres humanos que lutam dia após dia por algo que boa parte da sociedade já discrimina, sem realmente conhecer… Karnal e muitos outros prestam um desserviço quando envolvem em seus discursos palavras que levam a uma interpretação inadequada, principalmente quando já é da natureza humana achar graça de tudo. Isto faz com que pessoas sejam envolvidas cada vez mais em um mundo preconceituoso. Se podemos evitar este tipo de desconforto que pode trazer muitas consequências para quem vive assim, devemos constantemente nos avaliar. As palavras são o que são e quando alguém começa a tirar delas a capacidade de serem conhecidas de forma consciente e produtiva, cria-se um círculo vicioso onde outros tirarão proveitos para menosprezar cada vez mais aqueles que devem ser tratados com dignidade e respeito.
O Politicamente Correto tem limites. Acho ótimo e muito importante a luz lançada sobre questões raciais e de gênero.
Mas a retratação que o Karnal fez em sua página do FB no último dia 14, achei uma concessão aos excessos do PC. Lepra, autismo, esquizofrenia, herpes… Se nossa sociedade passar a necessitar de um manual de ‘novilingua’ para nos movermos em meio a tantos vasos frágeis, o convívio social ficará muito dificil.
Marcos, entendo o que vc diz como necessidade de um “manual”. Concordo que chegar a este ponto seria absurdo, mas será que não estamos avançando demais para embaralhar as coisas? Será que as demandas são tão grandes assim? Abraço
O equívoco primordial do senhor Jairo Marques é a atribuição do termo “geração mimimi” ao professor Leandro Karnal: ele está relacionado, na verdade, ao filosófo Luiz Felipe Pondé (colunista desta Folha).
http://folha.com/no1757087
Complementado o apontado pela cara Ellen anteriormente, associar termos isolados não traz à tona as circunstâncias a que foram atribuídos, tão pouco contribuí para a percepção desejada das ideias em sua totalidade.
Ele se apropriou do terno. Não escrevi que ele o criou. Abraço
Karnal já fez um texto se retratando por ter usado esses termos “ofensivos”. Está na fanpage dele. O autor do artigo precisa se informar um pouquinho. Ah, e quem mais usa o termo geração mimimi é o Pondé. Tá chato demais esse povo mimimi…
Karnal está coberto de razão. É mimimi e o texto do colunista, bem como sua autoritária postura de retirar meu comentário anterior, que nada tinha de ofensivo, corroboram isso. Mimimi.
oi?
Não li, nem ouvi, esse comentário de Karnal, mas não acredito que ele tenha assim se expressado com o intuito de desrespeitar as pessoas com deficiência. Não me parece do feitio dele. Talvez o colunista não tenha captado bem a forma de Karnal se comunicar com os leitores e ouvintes.
Um artigo prolixo e “pro lixo”!
Sugestão para troca do título:
Um monte de palavras que se resumem em 3 sílabas: mimimi
Prezado colunista, apesar de perceber que dificilmente vsa terá condições intelectuais e psicológicas de compreender o alcance desta assertiva, é imprescindível registrar aqui que LIBERDADE DE EXPRESSÃO (COM A RESPECTIVA RESPONSABILIDADE) É FUNDAMENTAL . Metáforas e analogias fazem parte da comunicação. Por exemplo, eu sou obeso. Quando alguém me diz que o Estado brasileiro é um elefante branco, uma máquina administrativa inchada e ineficiente, entre outras razões pela obesidade e gordura burocráticas, eu não me ofendo, mas concordo com a constatação e trabalho, como contribuinte e cidadão, para a redução deste hipopótamo público. Lamento que vsa. se veja no “direito” de matar os recursos da língua, em nome dos seus melindres que, nota-se, não são pouco nem pequenos. Boa sorte com seus desafios. Carrego os meus e vou em frente.
A sua liberdade de revelar que você não leu o texto está dada. Abraço
Na rotina de enfrentar uma deficiência visual, geralmente até relativizo os termos pelos quais as pessoas se referem a mim, dando uma colher de chá pelo desconhecimento geral do assunto. Mas o certo é que, se por um lado devemos estar atentos aos “exageros” de manifestações de minorias, por outro lado essa atual insurgência contra o politicamente correto, seja lá o que isso signifique, também é um notório artifício de quem não se quer subordinar ante um processo civilizatório, onde o preconceito já não pode ser mais eclipsado por uma pseudo liberdade de expressão.
Excelente!
Muito claro seu ponto de vista Jairo Marques, concordo com ele. Por outro lado, pôr “freios” em pensadores como o Karnal poderia comprometer a sua retórica, como consequência diminuir a potência de suas mensagens. Equilíbrio difícil…a propósito, que belo livro (Malacabado) aquele que você escreveu. Meus sinceros parabéns! Um abraço…
Renato, concordo contigo. E jamais vou apoiar censura prévia. O direto de falar ele e qualquer um devem ter sempre. Assim como é garantido o direito ao revés, à crítica.. Abraço
Vou deixar de usar expressoes com: deu branco; a coisa ficou preta, filho de peixe, carne de burro nao e transparente, etc…
Olá, Jairo! Tudo bem? Gostaria de saber se você tem algum link, da palestra completa do Professor Leandro Karnal? Como historiadora e malacabada quero entender em que contexto ele falou isso.
Claudia, a palestra inteira eu não encontrei tb! Há uma passagem específica sobre a geração mimimi que vc encontra numa busca! Abraço
Acho que temos que perder tempo e começar logo a nós mexer!
Conscientização tem urgência, inclusão mais ainda!
Mas tratar as famílias com conhecimento e aceitação é gritante!
Meu filho tem autismo e agora?
Bota na Fono, na psicóloga….na APAE…..na ecoterapia, na TO…..
Os pais estão sabendo o que é tudo isso?
Ou só querem resultado?
Tenho uma mãe aqui que o menino não para mais que um mês em uma especialidade.
Ela não vê resultado!
Ela quer a cura!
E isso não posso dar a ela !
Os pais estão realmente envolvidos com seus filhos?
Sabem que tudo que eles precisam é de amor, de colo,de abraço de serem aceitos? Os profissionais vão fazer os 50% deles mais os outros 50% é nosso, pais!
Todo esse pessoal, família, autista e especialistas tem que estarem afinados para que possamos ter força!
Temos que começar de casa para enfrentar cidadoes como esses que com palavras bonitas querendo se explicar,mas que com a cara de pau vai querer reverter a história a seu favor!
Sei que muitos pais está lado a lado com toda a questão, mas é os que não estão conectados?
Temos que unir todo mundo para que pare o preconceito!
Estou em Santa Catarina. Aqui temos a ASCA- Associação Catarinense de Autismo que tem como associados todas as AMAS de Santa Catarina
Além das caminhadas em abril, temos palestras para pais e professores seminários nas cidades das AMAS.
Desculpa se sai do assunto!
Mas temos que falar muito ainda de autismo para que as pessoas saibam das nossas insatisfações!
Uma coisa maravilhosa é a liberdade de expressão,como o autor desse post mesmo disse a língua em sua essência é dinâmica e as colocações feitas pelo historiador citado não pode-se dizer que são neologismos.Ademais, acredito que em todo o momento ele esteja plenamente consciente de suas comparações que não são novas formas de aglutinação de termos,mas que apenas provocam um reflexão momentânea do ouvinte devido a singularidade das palavras empregadas e do seu sentido.Portanto,não desrespeitando quaisquer forma de por assim dizer ,corretas das língua.Além disso,o seu trabalho por varios momentos ,consiste em trazer explanações acerca de temas com um certo grau de complexidade para muitos ouvintes e colocações diferenciadas auxiliam as pessoas a entenderem p a seriedade do tema discutido.Talvez ,antes de se direcionar alguma observação, é necessário observar qual seria a intenção do agente,o que acredito de longe trazer novas palavras ao vocabulário do brasileiro,e muito menos uma forma de desrespeito para aqueles que defendem a norma padrão ,afinal a língua ela integra e como efeito, nos traz várias dimensões de sentindo conforme o contexto a qual é empregada.
Bela reflexão!
Tá, e qual o ponto? É uma crítica ao que escreve Karnal ou à forma como escreve? Ele é politicamente incorreto, é isso? O artigo carece de conclusão clara. O apego ao politicamente correto leva a essas coisas, a incapacidade de concluir, pois toda conclusão pode ofender alguém. PC > liberdade de expressão. Só lamento.
Tbm não entendi a conclusão.
Como mãe de dois autistas , todas as vezes que personalidades falaram do autismo de forma pejorativa ou usando de forma errada, no contexto errado,bati de frente e sempre fiquei satisfeita com as retratações, acho toda ação positiva. Mas dessa vez com o Karnal, achei algo estranho, não consegui digerir, tinha uma prepotência no ar , me pareceu um uso simplesmente por se achar intelectual, realmente a retratação dele de copia e cola do Google com a definição não me convenceu.
Tamo junto.
Assino sem lê o que o karnal, escrever, muito inteligente o comentário.
Justamente o q está acontecendo, as pessoas, enebriadas com a tal “celebridade” intelectual do momento, assinam sem ler, pq, se lessem e prestassem um pouco de atenção aplicariam um pouco de empatia e descobririam sobre o q fala o artigo…
Sou cadeirante há 54 anos e, o termo q me perseguiu a vida inteira foi “aleijada” usado pra definir pessoas preguiçosas, folgadas, etc…o da vez agora é “autismo”.