Primeira youtuber com síndrome de Down do país muda conceitos da deficiência intelectual no Brasil
A revolução que as pessoas com síndrome de Down têm feito no país continua a descortinar um mundo cheio de possibilidades e de surpresas naqueles que muitos imaginavam como bocós sem chance de darem conta até de si mesmos. Aos poucos, o mantra do “ser diferente é normal”, emanado por gente que se nega a ser enterrado por preconceitos, vai colando no mundo moderno.
Pessoas com um cromossomo a mais já chamaram a atenção por ingressarem na faculdade, serem protagonistas de filmes e agitarem pistas de dança. Agora é a vez de Cacai Bauer, 22, ganhar o título de primeira down a manter um canal de vídeos na internet. Ela já conta quase 400 mil visualizações em suas produções.
“Difinitivamente”, como diria minha tia Filinha que completou 91 anos, não sou um ser bonzinho que bate palmas para menino que faz malabarismo tosco no sinal e se diz aprendiz do Cirque du Soleil, por isso, e por eu ser um “malacabado” ranzinza, achei vários dos episódios de Cacai chatos, colados de outros youtubers e com graça questionável.
“Você não entende que a menina tem problema?” É óbvio que os efeitos e impactos da deficiência intelectual da garota precisam ser entendidos, relevados e considerados na média ponderada. Mesmo assim, o meu gosto não se altera. Não subestimo, mas também não elevo ninguém apenas por características físicas, sensoriais ou intelectuais.
Deficiência não deve jamais abrir caminho para a valorização ou desvalorização de alguém. Ela pode e deve ser botada na balança para tomada de decisões, políticas públicas e dar acesso, mas não pode ser o fator que leva a um pensamento de aprovação, de “curtir”.
Paternalismo, dó, assistencialismo servem apenas para preservar um lugar de conforto, são afagos pontuais para quem precisa de um curso completo de como se firmar e ser valorizado como cidadão capaz, dentro de suas possibilidades, de ser engraçado, de ser profissional, de ser o que tem vontade.
Dito tudo isso, sem medo de ser contraditório, o canal de vídeos de Cacai é genial, faz história, rompe uma fronteira inclusiva —a da imagem estigmatizada— e contribui de maneira ímpar para o avanço do reconhecimento das pessoas com síndrome de Down no país.
A jovem baiana não só revela um talento artístico, de improvisação e de acuidade técnica incríveis, como resiste e se fortalece com críticas impiedosas de comentaristas de internet que faz questão de não apagar, mas de enfrentar e de observar para fazer melhor.
O mais importante nos vídeos protagonizados por Cacai (que vão de paródias musicais a listas de preferências e sátiras) é o conteúdo que ela não mostra ao público, mas que fica implícito em sua segura teatralidade, no seu desenvolto palavreado, em sua capacidade de driblar imposições severas impostas pela síndrome, como possível dificuldade de se expressar, falta de segurança para tomar atitudes, receio de enfrentar o desconhecido, memorização dos papéis.
O recado maior dado pelo ineditismo da ação da youtuber é que a fórmula da inclusão de fato está pronta e leva esperança a milhares de pessoas. Trata-se de estímulos frequentes, valorização e apoio familiar, enfrentamento de estereótipos e todos juntos para tudo.
Minha irmã é down e sinto por ela um amor incondicional. Ela me apresentou ao amor e hoje sinto isso por todos eles.
Parabéns a Cacai e a todos que, por amor, cuidam do próximo.
Que pessoas incríveis. Isso anima a gente a continuar a vida com mais alegria.
Jairo, sou sua admiradora!!! Gosto demais de seus textos, você escreve com leveza e bom humor! É sempre muito bom ler notícias como essa, e melhor ainda será quando casos como o de Cacai e tantos outros que nem chegamos a conhecer deixarem de ser vistos como algo surpreendente (como um deficiente pode fazer tal coisa!, por exemplo) , mas simplesmente algo notável da condição humana: superar limites. Como diz o Dr.Ian Malcom do filme Jurassic Park: “a vida sempre encontra um meio” e na música Beautiful Boy de John Lennon: ” a vida é o que te acontece enquanto está ocupado com outros planos”.
Seu comentário é brilhante!!!!!
Oi, sou a mãe da CACAI e agradeço ao Jairo pela matéria maravilhosa e a todos vcs pelos comentários, é por causa desse carinho todo que damos continuidades a esse trabalhão que só nos engrandece. Obrigada a todos vcs. Bjs
Jana, o fato de vc vir até aqui comentar aumenta demais a minha admiração pela família e pelo trabalho que está sendo desenvolvido! Um grande abraço
Concordo com o Jairo. Família admirável.
Parabéns, Jana!
Gosteu bastante de saber da Cacai, vou agora vê-la. Gostei também do seu ponto de vista e do texto muito bem concatenado. Abs.
Outro abraço!
Muito bom.
Não. Simplesmente não.
oi?
Ué! Também não entendi…
Parabéns pelo texto, excelente serviço para respeito e inclusão sem diferenciação de pessoas com necessidades especiais.
Abs
Outro abraço
Parabéns Cacai e família! É uma grande vitória chegar até aí!
Sabe-se que o portador de necessidades especiais físicas possui leis que podem melhorar o cotidiano: acessos em transportes coletivos e estabelecimentos, banheiros especiais, vagas de estacionamento nas ruas, nos estabelecimentos comerciais e nos públicos, compra de automóveis com isenções, passagens de transportes com isenções, etc.
Alguém já parou para pensar se isso também ocorre com o portador de déficit cognitivo? Até existe, mas, o portador de trissomia do 21, por exemplo, não tem direito a nenhum desses direitos se não se comprovar um retardo mental severo. Pois é. Os médicos não atestam que os portadores da síndrome de Down possuem retardo mental severo mas também não atestam que não possuem.
Conclusão: ficam num vácuo jurídico – pois que têm algum tipo de déficit cognitivo é notório e, simplesmente, é algo que invade o imaginário coletivo até dos mais leigos quando se toca no assunto da síndrome de Down. Entretanto, qual a lei que os protege efetivamente?
Na maior parte das vezes, noto que o deficiente físico não possui alterações cognitivas. Com isso, a autonomia tende a chegar mais cedo, mais dentro da normalidade, o que não ocorre com o portador da trissomia….
Não se trata de retirar direitos do portador de necessidades físicas nem de dizer que o síndrome de Down é um coitadinho, mas, de incluir algumas síndromes como a de Down, ao rol de acessibilidade descrito acima.
Aliás, criou-se cotas para portadores de necessidades especiais e etnias. Se o cerne da questão é acessibilidade, por que não se criam cotas para aquele que tem trissomia associada a déficit cognitivo ou somente déficit cognitivo? Por menor que seja esse déficit, pode-se ter certeza que vai influenciar no aprendizado, vai envolver mais tempo de estudo, mais presença de profissionais (fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, reforços, professores auxiliares etc). O que por si só, já justificaria as isenções citadas.
Friso a necessidade de se proteger o portador da trissomia do 21 porque é uma alteração genética detectável na gravidez. Com isso, muitos nem chegam a nascer, principalmente, nos países como Estados Unidos (palco de pesquisas de ponta na área da saúde) onde o aborto é legal em alguns Estados. Quem vai querer investir em pesquisas a respeito da trissomia do 21 se é algo detectável na gravidez, diferentemente do que ocorre com o autismo??? Para que falar de direitos, beta amilóide, funções neurais se é possível cortar o mal pela raiz como se está discutindo a respeito do aborto resultante de microcefalia causada pelo Zika vírus? Ninguém pensa nos que aqui estão lutando? Ninguém se sensibiliza com fato de que os planos de saúde tem o direito de limitar em 24 sessões de fonoaudiólogo por ano de contrato (item 104 da ANS – alguém já viu algum síndrome de Down que não precise quase que por toda a vida de acompanhamento de fono? Trissomia livre, atente-se)?
Em tempo, as APAEs, não são escolas para pessoas especiais, como muitos podem pensar. São instituições mantidas por doações e alguma verba pública. Lá, existe atendimento de psicopedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e outros que fornecem subsídios necessários para que os responsáveis pelo portador de déficit cognitivo sejam orientados para o estímulo ou tratamento imprescindíveis.
Portanto, mais uma vez, parabéns Cacai e família! Porque sei que a jornada de todos vocês foi marcado por muitos desafios que alguns não fazem ideia…..O que é uma passo de formiga para uns, trata-se de uma passo de elefante para outros…. Felicidades!
gostei sidrome de down do brasil
abração
Sr. Jairo Marques, gostei do seu artigo, mas gostei mais da foto da Cacai Bauer, que apenas pela sua expressão, já me incentivaram a acompanhar o seu desempenho noYoutuber. Parabéns para o senhor pelo artigo e congratulações à Cacai, a final debe ter muitos méritos para ter alcanção quase 400 mil visualizações nas produções que fez. E, inclusão é isso aí!!! Nada de ‘choramingos’. Ah! minha admiração para a família da ‘menina’.
estou super feliz com o desenvolvimento dessa jovem o crescimento desse pessoal
pois tive uma irma com sindrome de down e era o maior presente de nossas vidas
hoje ela e falecida e nos faz muita falta
fico muito feliz com desenvolvimento e crescimento dessas pessoas orgulhosa mesmo
muitos e muitos sucessos
Foi a matéria mais emocionante que li no dia de hoje. De fato, é uma esperança saber que existem pessoas como o Jairo (autor da matéria) e a Cacai (youtuber) que se colocam à frente de seu tempo. Conseguem dizer para o mundo quem são, o que fazem, o que sentem. Parabéns aos dois pela atitude ! Deus ilumine vocês =)