Barcelona, cidade para todos: pelas ruas
Meu povo, agora já se passaram as férias, a paraolimpíada e tudo mais, então, bora voltar a por gás neste blog para ver se venço este finalzinho de ano… 😉
Nos próximos dias, pretendo dar um panorama para “ceitudo” a respeito de minha última aventura turística sobre rodas (puxando malas, sacolas e a mulher kkkkk): fui à cidade espanhola de Barcelona, seguramente, uma das mais inclusivas e acessíveis do mundo.
Embora já tenham se passado 24 anos dos Jogos Olímpicos da cidade catalã, por lá, eles atribuem o avanço da qualidade de vida para o povo malacabado como consequência do legado deixado pelo evento. Chama a atenção que Barcelona não tem cuidado apenas de questões estruturais que atendam as diferenças, mas também de atitude, de relacionamento.
Para chegar até a cidade espanhola, escolhi a companhia francesa Air France, num voo com escala em Paris. Todos os conceitos de um bom embarque para uma pessoa com deficiência foram adotados e a viagem foi muito “de boa”.
Como sempre faço (e aconselho os amigos quebrados a fazerem), escolhi um hotel próximo ao metrô (raras são as estações sem acesso), próximo a algum ponto de interesse turístico (porque vai ser atendido por restaurantes, bares e tudo mais) e confortável. Investir numa acomodação bacana é dar caminho para uma viagem prazerosa.
Aconselho sempre fazer a reserva do quarto acessível com muita antecedência. Se fizer por agência de turismo ou por serviço telefônico, é fundamental, posteriormente, entrar em contato direto com o hotel (por e-mail) para reforçar a necessidade do quarto com adaptações, pedindo, inclusive, detalhes.
Escolhemos o Ibis Sagrada Família, que fica ao lado do monumento de Gaudí (e não Galdi, como eu havia grafado erroneamente antes!) , tem um quarto de tamanho razoável (dá para circular bem com qualquer tipo de cadeira) e com banheiro acessível curioso!
A estrutura parece ter sido acoplada posteriormente ao quarto, como se houvesse um espaço reservado e ele tenha sido colocado ali, já pré-fabricado. O interessante neste modelo é que não tem erro: uma empresa especializada produz (o que diminui a chance de erros grosseiros como falta de barras de apoio).
Mas esta postagem é para falar sobre a rua, preocupação de todo malacabado. “Tio, e aí? Rola zanzar de boa com nosso cavalo de rodas?”
Eu e minha deuza Thais Naldoni circulamos MUUUITO pela cidade, andávamos mais do que o homem do saco em véspera de Natal. Não encontramos nenhuma calçada ruim, íngreme ou sem padrão. Tudo era tranquilo, liso, bem-feito e seguro.
As rampas, presentes sempre, tinham excelente inclinação, tinham antiderrapante e amplas. As calçadas de Barcelona privilegiam demais os pedestres, mesmo que em várias delas hajam ciclovias. Cada um tem seu direito de ir e vir respeitado.
Apenas quando se deixa o circuito tradicional da cidade (ruas mais paralelas e menos turísticas), os passeios ficam ligeiramente mais estreitos, mas, assim mesmo, de qualidade.
Como a cidade é plana, o convite para circular com a cadeira de rodas por todos os cantos é frequente. Em locais mais históricos, como a região do porto, surgem calçadas de pedra, mas, a solução de acessibilidade é uma aula para os que dizem que patrimônio é intocável: no meio de blocos centenários e que precisam ser conservados, cria-se um caminho paralelo, lisinho, que garante o trânsito tranquilo de toooodos. Saquem só a fotografia!
O que me chamou muito a atenção pelas ruas de Barcelona é que o planejamento urbano com olhar para pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência sensorial (há diversos trechos com sinalização tátil no chão e semáforos com indicações sonoras) é evidente.
Nos próximos dias, falarei sobre atrações turísticas, transportes públicos, praia e tudibão!
Moro na cidade do Rio de Janeiro e as condiçôes das calçadas vias e transportes é de pécimas qualidades .Sou portador de deficiência tenho uma cadeira elétrica , a locomoçao é muito difício en todos os sentidos .Gostaria muito de poder uma cidade mais adequada para pessoas com deficiência .
Antonio, sei exatamente do que você está falando. Acho que o Rio, inclusive, é uma cidade agressiva com as diferenças… Barcelona é um grande sonho de dignidade, viu?! Abraço
Reportagem interessante e retrata bem o que a capital da Catalunha tem a oferecer aos que a visitam, mobilidade urbana planejada e respeito aos cidadãos. Faltou dizer que, as faixas de pedestre são respeitadas pelos veiculos, mesmo que não haja um semáforo para pedestre.
Outra coisa… o nome do arquiteto catalão que projetou e começou a construir a sagrada família e outras obras igualmente emblemáticas é Antoni Gaudí.
Atenciosamente,
Mario Vendrell
Associação Cultural Catalonia
Presidente
Mario, você tem toda a razão… falha minha. Já corrigi! Muito obrigado