A esmola do ministro

Jairo Marques

O jornal “O Globo” conseguiu na tarde desta quarta-feira (13) um flagrante histórico: o ministro da saúde, Marcelo Castro, ao ser abordado por um cadeirante pouco antes de entrar na “viatura oficial”, dá a ele uma “caixinha” de 40 Dilmas.

A cena, para mim, representa a legitimação ardida de uma imagem que tanto as pessoas com deficiência que trabalham, que batalham por inclusão no Brasil, refutam: a de que são pobres coitadas em busca de migalhas da sociedade.

Entendo a situação do “malacabado” Marcílio Pereira da Silva, que pedia dinheiro para comprar uma cadeira motorizada, mas a postura do ministro me faz ter náuseas.

Não é o Ministério da Saúde, por meio do SUS, que resolveu há cerca de dois anos que o povo quebrado deste país teria direito a veículos de locomoção bacanas, dignos e adequados?

Por que raios o ministro não deu o exemplo, ali, diante dos jornalistas?

ministro

“Opa, vem aqui, brasileiro, vamos fazer sua inscrição de imediato para que você receba a cadeira de rodas de que tanto precisa! Você já procurou um emprego? Vem aqui que vamos te orientar”.

Ao contrário disso, joga-se o pedacinho de pão velho, um dinheirinho para que aquele cidadão saísse do caminho da autoridade e evitasse que aquela situação de constrangimento levasse mais tempo para ser eliminada.

Posso concordar que seja mais compreensível, devido às condições sociais do país, que um cadeirante peça esmolas, mesmo assim, é arrasador o prejuízo dessa imagem para a construção de uma identidade mais apoderada, mais cidadã e mais autônoma da pessoa com deficiência.

A questão não é esconder o sol com a peneira, não é dourar a pílula da situação de inclusão do país, mas é de ampliar ranços e esteriótipos que tanto se quer combater.

Comentários

  1. Só demonstra a incompetência de nossos governantes, o desconhecimento e pouco caso com os problemas da populaçāo. É uma Vergonha!!!!!!!

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