Lá vem o Dia Down!
A organização mundial das pessoas com síndrome de Down e de suas famílias tem, a cada ano, provocado uma reviravolta em valores inclusivos. Para isso, muita mobilização, carão, parcerias e alguma briga por espaço de discussão foram necessários.
Não digo que estamos vivendo uma maravilha de momento para os tchubes (uso tchube como sinônimo para deficiência intelectual, o termo não tem juízo de valor nenhum, a não ser uma palavra gostosa de dizer, beleza? 😉 ), afinal, ainda se colhe diariamente preconceito, desinformação, barreiras de atitude e portas fechadas, mas dentro do universo das diferenças, a construção de uma nova imagem para pessoas com Down é exemplar.
No próximo sábado (21), é celebrado no mundo todo o Dia Internacional da Síndrome de Down, que serve para renovar o combustível das mobilizações em prol do reconhecimento humano, de capacidade, de abraço cidadão ao povo que convive com essa deficiência.
O Brasil é um dos países do mundo que mais consegue puxar mobilizações. Serão quase 100 eventos em 19 Estados! Uhruuu… Para conhecer tudo, basta clicar no bozo que levo ‘ceitudo’ à casa do “Movimento Down”, grupo pra lá de bom!
Alguns desafios traçados para que a inclusão avance ainda mais, nos próximos anos:
1 – Mais sensibilidade, profissionalismo, atenção e preparo para a notícia do nascimento de uma criança Down. Recebo com frequência relatos de mães dizendo que os próprios médicos parecem estar trazendo uma notícia de uma hecatombe, em vez da notícia de uma vida com diferenças.
A questão não é “dourar” a pílula, mas é dar um suporte inicial digno, falar de possibilidades, de cuidados necessários, de caminhos para uma vida como outra qualquer. Por incrível que pareça, ainda há profissionais que informam sobre o bebê down sem nenhuma propriedade com a causa.
Outro ponto relevante e no centro das discussões do universo Down é o avanço na descoberta precoce da síndrome. Atualmente, um teste genético caaaaaro, chamado Cariótipo (até o nome é caro kkkkk) detecta o cromossomo a mais. Ele ainda não é realidade em toda a rede pública e ajuda demais em um possível processo de preparo das famílias!
2 – Acesso à saúde: essa é uma demanda de toda pessoa com deficiência. Profissionais de saúde ainda precisam evoluir um bocado no trato às diferenças e no tipo de atendimento que dispensam a elas. Às vezes, falta conhecimento de causa, de possíveis direcionamentos
3 – Estimulação precoce: bebês Downs preciiiiisam ser bebês! Receberem atenção, estímulos, acesso a terapias de fala, sensoriais e físicas
4 – Educação inclusiva: Não dá mais para que o Brasil siga relatando, ano após anos, casos de escolas que negam matrículas de crianças com Down (negam também de PC, crianças com autismo e demais ‘malacabados’). O direito de um pequeno ao acesso à educação é incontestável, constitucional e universal. Menos mimimi e mais mão na massa para que o diverso seja acolhido no ambiente que lhe fará cidadão: a escola.
5 – Trabalho: Sim, a Lei de Cotas ampara pessoas “tchubes” e faz todo o sentido. Eles podem e devem desempenhar centenas de funções no ambiente laboral. Para isso, mais programas de treinamento, trabalho assistido e mentalidade do século 21 nas empresas são urgentes
6 – Residências inclusivas: já escrevi um bocado sobre essa demanda que é urgente para o Brasil. Os Downs estão vivendo mais e outras pessoas com deficiências severas ou deficiências que envolvem o intelecto precisam de mais autonomia que pode ser oferecida sem que isso seja despejado inteiramente na família. Em várias partes do mundo, há iniciativas de moradia pública, com apoio de profissionais, que possibilitam vida plena e com mais autonomia.
Ufa, para terminar, não deixe de exercitar sua personalidade, seu espírito de humanidade e de mente aberta para as múltiplas possibilidades de interagirar com a vida!
E pra terminar meeeesmo, dê uma choradinha!
Eita tio vc já sabia que eu ia chorar mesmo, né ?
Obrigada por mais um post lindo.
Vc não reúne mais seu povo, não ? Saudades.
Bjs
Fabi, vem aí, em breve, a reunião mais importante de todas.. me aguaaarde!!! 😉
Ameeei!! Essa agora é a minha causa também.
Pensei em vc qdo estava escrevendo, Vanessinha… beijos
Nas horas em que pessoas chegam na minha frente e dizem, ou pensam que sou uma d.i. (deficiente intelectual) e fica estampado na cara delas, jogo com o meu título e, parece, é um soco bem dado na cara delas e muitas vezes elas acordam e repensam a ideia que se tem dos pcs. Assim também, penso eu, irá acontecer com os downs. É só para complementar.
O vídeo é bonito porque todos aqueles que convivem com uma pessoa Down sabem como é importante para elas o sonho de independência (profissional, pessoal e afetiva).
Aqui no Brasil, depois da inclusão na escola, acho que o momento é de avançar no trabalho e, quem sabe, no futuro avançar no aspecto das moradias.
Estive há pouco tempo na Itália e fiquei muito bem impressionado com os Downs de lá, parece ser um país que soube unir o respeito adulto com o acolhimento afetivo na sociedade.
Rafael, com toda certeza, o passo do trabalho é mega importante e vai necessitar de energia para mostrar como é bem possível e como tem resultados. Grande abraço
Concordo que esse dia 20 é muito importante para os que tem a SD, mas , acredito eu, se forem estimulados desde cedo, como você mesmo coloca ” desde bebês, eles são capazes de chegar ao 3º grau, ou seja, em uma universidade. Há vários relatos de vários Downs que concluíram um curso de graduação. Se eles fossem intelectualmente inferiores, não conseguiriam este intento, concorda? Acho que chamar um down de tchub não é válido, por causa desses vários relatos. Desculme-me, mas chama-los disto ai também reforça os estigmas já existentes contra eles, não acha?
Fico indignada, porque os pcs também passam por estes estigmas que os downs passam, o de serem rebaixados intelectualmente. Acontece comigo. Faz um ano que fui parar no pronto socorro do Sírio e o 1º médico que me atendeu disse que ele achava que TODO pc era deficiente intelectual e eu rebati na hora, dizendo que sou doutora pela PUC-SP em psicologia social. Ele ficou me olhando com uma cara bem assustada e constrangida. Isto é só para dar um exemplo. Desculpe-me se fui rude ou grossa, mas é isto o que penso. Bjs.
Su, beijão procê… os meus termos são os meus termos…