Prótese de atleta se solta durante concurso de dança na Itália
Não sou de me comover quando vejo uma pessoa com deficiência fazendo algo óbvio, tipo um cadeirante chupando um picolé na praia, um cego dando banho no cachorro, um surdo assistindo a um espetáculo de ópera.
Para mim, tocar a vida diante nas adversidades não tem nada de superação nem envolve razões para choradinhas e aplausos. Trabalhar, namorar, estudar e praticar esportes são da realidade de todos e buscar maneiras de fazer tudo isso, embora não seja, em vários casos, simples, é sim natural.
Mas meu coração se desmancha quando vejo que, em decorrência das deficiências, acontecem transtornos, impedimentos, situações não concluídas, dores e incompreensões. Aí é complicado… é duro de não se compadecer.
Pois foi o que aconteceu comigo quando a leitora Regina Ruivo me chamou a atenção para o que se passou em um concurso de dança, na Itália, no ano passado, o Ballando com Le Stelle (um tipo de “Dança dos Famosos”).
Conta a Regina:
“Uma das competidoras era Giusy Versace, 37 anos, bonita, sorridente. Foi modelo e hoje é campeã nas pistas de atletismo de seu país. Desde 2005, quando sofreu um acidente de carro em uma estrada, perdeu as duas pernas, cortadas na altura dos joelhos pelo guardrail (guarda-corpo).
Topou o desafio do programa, aprendeu as técnicas próprias de uma série de modalidades de dança de salão e atravessou uma maratona de dez programas, apresentando-se como uma profissional semana após semana, desbancando outros fortes concorrentes.”
Até aí, tudo normal, né, não?! Mas quando se “desafia” uma “malacabação” é preciso estar preparado para situações inéditas ao grande público, para surpresas que se apresentam diante da adaptação. É preciso algum sangue frio, é preciso ter coragem de enfrentam reações…
“Foram mágicas as apresentações de Giusy no Ballando com Le Stelle, magnetizando o público do auditório e de casa com seu gingado, seu baita sorriso enquanto executava os passos de cada ritmo, e muitas vezes de salto alto!
Em um dos programas, dançou com uma saia acima dos joelhos e com as próteses de carbono que usa para correr. Será que quis provocar o sentimentalismo dos jurados e do público, convidado a votar por telefone e Internet?
Pode até ser, mas a ativista Giusy “malacabada” parece que deu as caras aí, para que a gente não se engane: sim, ela não tem as pernas, embora nossos olhos não queiram aceitar, tal a graça, a leveza e a alegria com que dança!
Ela dança com o coração, comandado pela mente… e parece querer transmitir, com muita energia, que se pode transcender as limitações pela confiança em si mesmo que apenas o esforço, dirigido pela constância e pela valentia, pode dar.
Giusy é ativista: criou e preside a ONG Disabili No Limits, cuja bandeira é tornar o esporte um direito e não um privilégio para pessoas com deficiência, dado o bem-estar físico e mental que propicia.”
Ahhhhhhhhh, Regina, assim você faz o tio véio chorar! Que bela interpretação de uma atitude corajosa da moça! E eu concordo plenamente contigo.
Nenhum “esgualepado” que se preze quer esconder sua deficiência, mas quer que se entenda que é possível viver muito bem com entendimento, respeito, oportunidade e inclusão às diferenças.
Mas a história de Giusy ainda teria um final marcante.. um final para entrar na história da batalha por um mundo que veja com mais amplidão os potenciais, demandas, necessidades e manifestações dos “fora da normalidade”.
Era a sexta de dez semanas de competição. Giusy dançaria uma salsa… foi quando… hummmm…. cliquem na imagem abaixo, que vai abrir a página com o vídeo (não foi possível colá-lo aqui, sorry!). Vale muito a pena ver!
Pois é, a prótese da perna direita da competidora se soltou e a desestabilizou completamente… O professor Raimondo Todaro a abraçou e a levantou do chão, continuando a carregá-la na dança. Bonito demais de ver… de se emocionar…show demais de sentir e de refletir.
Giusy sorria, mas estava claramente chateada, transtornada. Ela não foi desclassificada… chegou até o final da competição e sagrou-se campeã… Ahhhhhhhhhhhhhh . Quem quiser assistir ao momento do anúncio, é só clicar no bozo!
quando as próteses nos deixam na mão…estou sem os dois aparelhos auditivos por causa da umidade causada pela transpiração…isso acontece com frequência…a gente que é surda mas ouve bem com aparelhos auditivos de repebte fica na mão e volta a ser surdo é um transtorno. Mas enfim melhor ficar sem ouvir algumas semanas, enquanto duro o conserto do que ficar sem ouvir o resto da vida.
Caramba, Sô, eu num sabia dessa “peculiaridade” que causa tantos transtornos… E os fabricantes estão trabalhando nisso?