Rio paraolímpico: faltam 2 anos
Meu povo, daqui a dois anos, os Jogos Paraolímpicos (a Folha não adota o paralímpico) vão estar bombando no Brasil. Certamente, a organização irá conseguir dar conta das demandas logísticas para milhares de atletas com as mais diversas “malacabações”, mas deixo algumas reflexões para o futuro:
1 A competição, segundo seus próprios idealizadores, não é apenas um evento esportivo, ela tem um forte apelo social. O que está (ou será feito) para ampliar conceitos de inclusão, acessibilidade e respeito à diversidade?
Lembro que, em Londres 2014, foram quatro anos de trabalhos contínuos em escolas, organizações, instituições e empresas para ampliar conceitos e valores relacionados ao universo dos ‘zimininos’ com deficiência.
2 Os ganhos inclusivos do Rio, sede das competições, vão ser restringir aos locais de provas ou a cidade, uma das mais visitadas do mundo, vai dar condições para que todos curtam seus atrativos, que não é apenas uma questão de turismo e negócios, mas de direitos humanos?
Até nos aeroportos da “Cidade Maravilhosa” um cadeirante, um cego, um surdo terá dificuldades diversas: faltam tradutores de libras, faltam elevadores eficientes, faltam profissionais treinados para atuar com a diversidade. No centro e nos bairros mais badalados (só para exemplificar), as rampas que existem são péssimas. Em Copacabana, as famosas calçadas com mosaicos (tombadas) são assassinas.
3 O brasileiro sabe o que é esporte paraolímpico? Conhece a bocha, o futebol de cegos? Conhece algo sobre vôlei sentado? Já ouviu falar que somos uma potencia na natação dos ‘estropiados’?
Continua-se, aqui no país, analisando as modalidades envolvendo pessoas com deficiência como “gincanas” para botar “essas pessoas” para fazerem algo. O Brasil tem para-atletas de altíssimo rendimento, mas ainda não temos nenhum programa de TV, espaço em grandes mídias ou mesmo mídias especializadas com vulto e apoio para ensinar, incentivar e ampliar os espaços destes esportes.
Em volta de uma quadra com a inscrição ‘dois anos paraolimpíadas’, dezenas de pessoas concentradas
4 Como serão recebidos os turistas com deficiência que virão assistir aos jogos, fazer turismo e conhecer mais da realidade brasileira?
Embora haja um esforço para ampliação do conceito de ‘turismo acessível’, o país está ainda saindo do período das cavernas nesse quesito se comparado a nações que movimentam muitos visitantes. Falo da carência de serviços básicos como hotéis, transportes e atrativos principais que sejam “malacabados friendly”
5 Qual legado paraolímpico se quer? Faremos “os melhores jogos da história”? Já começou o salto rumo a um país mais plural?
Não adianta passar o mesmo melzinho na boca que foi passado na Copa do mundo de que tudo dá certo no final, vai ser bacana e ‘vamo que vamo’. Espera-se com os jogos uma aceleração da mentalidade de inclusão, mas os debates mais amplos no Brasil, envolvendo a pessoa com deficiência, ainda são primários: o respeito à vaga reservada, a escola inclusiva, o cumprimento da Lei de Cotas, condições de ir, vir e ficar.
E aí, vai dar ou o Rio será apenas mais um local que reuniu, por duas semanas, um montão de gente “diferente” numa festa bonita e feliz?
* Imagens de divulgação
Saudades dos seus textos que contavam histórias de superação, de amor, enfim de sentimentos!! Tá quase um blog politico agora e está muito técnico tambem!! Volte com aquelas histórias lindas que vc contava tão bem!!!
Tem razão, Verônica!
Eu também faço as mesmas perguntas que você, Jairo. E fico preocupada. Afinal, só o Sport TV fazia as transmissões dos jogos paraolímpicos das 2 últimas que aconteceram. Espero que as coisas estejam prontas até 2016, pelo menos no Rio, com as normas 9050 e não erradas, que a gente vê muito.
Bjs.
Suuu, eu tava com saudades!!! Tava sumiiida.. tudo bem?! Bjosss
Ufa! Um “paralímpico” a menos! Salve Pasquale Cipro Neto!