“Rolezinhos malacabados”

Jairo Marques

É natural. Pessoas com gostos semelhantes, características semelhantes, ideais semelhantes costumam se unir.

Atualmente, com as famigeradas redes de gente, essas uniões costumam ser ainda mais comuns e mais fortes. Há grupo de gente que tem pinta na cara, grupo de quem gosta de melancia com leite, grupo de quem penteia a cabeleira uma vez por semana…  🙂

A reunião de pessoas que entoam a mesma canção, digamos assim, é para trocar ideias, para ver se arranjam um rabo de saia 😉 , para criarem formas de ficarem ainda mais unidos ou só para gastar tempo, mesmo.

“Beleza, tio, mas e daí? Onde cê quer chegar com esse verbo todo?”

Bem, penso que é preciso ter algum cuidado na defesa dessas reuniões exclusivíssimas, fechadíssimas e ‘malacabadíssimas”, em que SÓ PODEM entrar o povão quebrado, de toda natureza, e nada de quem se acha inteirão.

O problema em uma situação assim é que o discurso da inclusão fica de ponta cabeça. Como assim, as pessoas com deficiência, que cobram diuturnamente o “todo mundo junto”, está promovendo, cada vez mais, encontrinhos ‘excrusivos’?

Volto a dizer, é natural que grupos se reúnam e não é diferente com o galerê que vive nesse mundo paralelo de quem tem uma deficiência, mas a partir do momento que esses movimentos vão ficando cada vez mais fechados, começam a querer proibir que outros grupos de juntem e acham que vão ganhar o jogo sem pluralidade, o bicho fica estranho.

Um dos grandes desafios que me ponho no blog é que ele seja, de alguma maneira, interessante pros ‘zimininos’ sem deficiência. É claro!!!!

Como é possível construir uma sociedade que entenda, que interaja e que respeita o diverso se eu só falasse com gente que, de alguma forma, já conhece o meu ‘xororô’?

Meu amigo Dudé, que é músico e é do time dos “sem braço e sem perna” 😉 escreveu um texto com mais reflexões sobre essa questão a convite meu.

Não quero aqui dizer que não se pode fazer ‘rolezinhos de malacabados’, mas penso que é preciso pensar nas dimensões que esses eventos têm ganhado…

Claro que os coments são livre para discutirmos isso! O texto é formidável!!! Boa leitura!!

 ***

No último fim de semana, recebi uma interessante mensagem de um grupo formado por umas quatro pessoas, se eu não estiver enganado, sugerindo que eu não só fechasse shows em lugares com a devida acessibilidade (algo que acho super válido) como também eu deveria organizar esses shows visando única e exclusivamente a entrada de apenas pessoas com deficiência.

Dudé em estúdio
Dudé em estúdio

 A minha resposta, via mural do meu Facebook, pra esse pessoal foi:

Tem uma turminha que vem me perguntando sobre os shows em locais com acessibilidade, pra gente fazer uma festa só pra galera com deficiência. Pessoal, eu e a Garra Produções Artísticas estamos mapeando as casas com acessibilidade e já adianto que não tem sido uma tarefa fácil, por causa das pouquíssimas casas com música ao vivo que realmente tiveram a preocupação de adaptar suas dependências de acordo com o que precisamos. De qualquer forma, faremos shows nesses poucos lugares com acessibilidade sempre que for possível. Porém, gostaria de fazer uma proposta pra galera que me sugeriu uma festa, digamos, “exclusiva“.

Ao invés de fazermos um show só pras pessoas com deficiência, porque não uma baita festa em que TODOS, SEM EXCEÇÃO, PARTICIPEM? Vamos começar a sair dos nossos confortáveis e impenetráveis casulos, pessoal. Vamos viver todos juntos e não apenas à margem da sociedade. NUNCA SE ESQUEÇAM, SOB HIPÓTESE ALGUMA, QUE AMO VOCÊS DE PAIXÃO.”

Apesar da minha resposta, fiquei intrigado com tal proposta e comecei a pensar com meus botões: seria esse um pequeno grupo isolado de ‘malacabados’, ou essa ideia, digamos isolacionista, ainda encontra um último suspiro nos dias hoje?

Aproveitando as altas doses de tédio que aquela tarde de domingo me propiciou, resolvi fuçar os muitos grupos e páginas relacionados a nós ‘chumbados’, além de alguns blogs também, pra saber se mais pessoas compartilham desse mesmo ideal.

busca

Infelizmente, pelo menos pra mim, o resultado que apareceu na tela do meu computador foi bem desagradável. A galera que me pediu um show exclusivo não estava sozinha. Na verdade, as sugestões que encontrei no Facebook e em blogs eram das mais variadas. Entre elas, destaco um pessoal discutindo a viabilidade de um BBB onde apenas pessoas com deficiência participassem, além de outra turma reivindicando um canal de TV em os âncoras dos telejornais, apresentadores, atores de novela, etc fossem todos com deficiência.

A primeira coisa que pensei foi: “isso é sério?”. Prestando maior atenção aos comentários dos respectivos posts, percebi que sim.

E não parava só aí. Se eu fosse listar todas as “ideias brilhantes” sugeridas por esse pessoal internet afora, teríamos uma verdadeira Alice ‘Malacabada’ no País Da Segregação!

alice2

A coisa toda era bem vasta: parques, praças, boates, ônibus, vagões de metro. Tudo reservado para exclusivo uso ‘malacabado’, aos olhos vistos do restante dos reles mortais. A sensação de raiva que veio subindo a minha espinha, ao ler tamanha distribuição de bobagem, foi grande. Foi então que escrevi mais um post no meu perfil no Facebook criticando essa auto-segregação.

Esse segundo post, apesar do seu conteúdo sério, gerou as mais divertidas respostas dos meus amigos, muitos deles com deficiência. Alguns deficientes pregavam com fervor o isolamento. Isso acabou gerando algumas conclusões da minha parte:

1 – JUSTIÇA OU REVANCHISMO?

Sim, a vida de uma pessoa com deficiência no Brasil não é fácil. Tivemos algumas melhorias no decorrer de algumas décadas, mas como eu costumo a dizer, estamos ainda longe do ideal. Casos e mais casos de injustiça são relatados quase todos os dias, assim como a já clássica omissão do poder público.

Talvez isso seja o combustível perigoso que alimente tanta mágoa contida por anos. Imagina o prazer de um cadeirante ao olhar um cara sem deficiência nos olhos e dizer: “você não pode entrar aqui”? Sim, o olho por olho é sempre tentador. Porém, ele é justificado?

proibido

Alguns ‘malacabados’ precisam entender que o caminho não é esse. Justiça social deve ser conquistada com muita luta, sem dúvida. Mas a justiça não se conquista devolvendo a cusparada. Cuspir de volta implica sectarismo que não tem nada a ver com inclusão. Aquele que confunde isso está mal informado, ou então não alcançou a maturidade suficiente pra distinguir um do outro.

A justiça implica defesa do nosso direito de fazer parte da sociedade em que vivemos e não em criar um “universo paralelo” onde supostamente viveríamos felizes, alimentando nossos medos, através do que me parece ser um crônico problema de auto-afirmação.

2 – A CONCORRÊNCIA

É de conhecimento de todos, pelo menos de boa parte de nós, que algumas pessoas com deficiência possuem uma visibilidade na mídia quase obsessiva. Sim, quantos exemplos de superação pra nos espelharmos. Oh, fico até emocionado! 😉

Fico imaginando essa galera vivendo num meio social, onde todos são vistos como iguais. Pode parecer radicalismo da minha parte, mas acho que seria, comparando grosso modo, a mesma coisa que o grupo Hamas tentando sobreviver numa Palestina que conseguiu a independência.

Imaginem a tão sonhada busca pela nossa inclusão como uma savana. Nessa savana, existem apenas os leopardos. Os leopardos são vigorosos, atléticos, com sua pelagem que os destacam no ambiente. Nossa, como o leopardo é bonito, é ágil. Todos amam e reverenciam os leopardos.

Um belo dia, os portões da reserva, onde se encontram a savana, são abertos. Então, os leões e tigres começam a aparecer pra festa. É lógico que ninguém vai deixar de prestar atenção no leopardo, ele é bonito pra caramba. Só que a atenção será dividida com o leão e o tigre. Nessa savana, de agora em diante, todos terão seu espaço.

leoes

Eu sei, eu sei, esse exemplo ainda foi pior do que o da Palestina independente. Mas convenhamos, alguém já parou pra prestar atenção com mais cautela nos nossos “leopardos”? Temos muitos ‘malacabados’ hoje que se destacam fazendo o óbvio. Trabalham, estudam, namoram.

É o que todo mundo faz, certo? Sem exceção. Eles se destacam apenas porque são… ‘malacabados’! Sendo assim, seu destaque num universo exclusivamente malacabado estaria ameaçado pois é chato a gente ganhar tanto destaque nessa vida com o óbvio, pra depois nos tornarmos só mais um.

Opa, pera aí! Mas não é esse objetivo? A tão idolatrada Causa da pessoa com deficiência não é a defesa do nosso direito de sermos vistos de igual pra igual perante a sociedade? De sermos mais um?

Eu comecei a cantar na noite em 1989, aos 17 anos. Fui seguindo minha carreira como músico na velha e boa estrada que tantos outros percorreram, e percorrem, depois de mim.

Tive a tremenda felicidade de ter um professor de canto que me disse na época: “você tem uma diferença, você sabe disso. Mas vamos trabalhar seu lado musical e profissional de tal forma, que essa diferença passará como mero detalhe”.

cantor

Meu ex-professor, Nando Fernandes, muito provavelmente seria criticado hoje, sob a absurda alegação de que ele negligenciou o lado da deficiência do seu aluno. Como é gratificante saber que o Nando escolheu ressaltar meu talento como músico. Aliás, diga-se de passagem, como ele faz com todo e qualquer aluno há anos, desde o início da sua brilhante carreira.

Hoje, temos duas lideranças bem distintas: aqueles que trabalham por uma inclusão ampla e responsável e o sujeito que se preocupa demais com sua exposição de imagem de super-herói de araque. A preocupação maior é em ser o primeiro deficiente a escalar o Everest, o primeiro deficiente a caçar uma baleia azul, o primeiro deficiente no espaço. O bem comum, a gente vê depois que a minha matéria for pra TV.

É um mundo de fantasia que não agrega nada e que apenas reforça estereótipos, com um objetivo fútil de ser o herói de uma minoria.  É uma ideia rançosa que só ajuda a agirmos como avestruzes que enfiam a cabeça na terra, em vez de encarar o desafio à frente.

Ser aceito num meio exclusivo apenas pra nós deficientes, é a mesma coisa que se contentar em ser aceito apenas num boteco, ou num bingo, ou na guarita de um prédio. Por mais que seja poderoso e intocável, um dia, você vai ter que encarar a rua lá fora.

Tá na hora de se pensar a inclusão da pessoa com deficiência de dentro pra fora, com a maturidade que ela merece.

*Imagens do Google Imagens

Comentários

  1. Caro Jairo e Caro Dudé, infelizmente o que foi constatado por vocês, nada mais é o reflexo de uma sociedade doente, o rico não aceita o novo rico, a Classe D, não aceita a E e assim vai, é triste mas o que vejo é que as pessoas não querem a diversidade, não querem pluralidade querem o sectarismo o exclusivismo somos uma sociedade de VIPs. Tente ir a qualquer gueto de qualquer grupo em SP se você não estiver de acordo com as regras, roupas, ou seja lá que código for você dificilmente será aceito, isso se dá porque nossa gênese vem perpetuando isso, privilégios de poucos para poucos…um exemplo é o que a pesquisa a respeito dos rolezinhos constatou (que não é novidade) as marcas não querem esse publico que tem dinheiro mas não tem “berço”, status, “gramur”. Volte para o seu lugar…

  2. Parabéns Dudé, seu texto é brilhante!!!
    Do Jairo, nem vou falar nada, rsrs…

    Os PCDs vivem em uma tribo dividida em vários outros grupos, cada um no seu mundinho particular. Vivem reclamando de tudo, mas na hora de lutar por uma causa, não são capazes de se unirem pra juntar forças.

    A algum tempo atrás você me perguntou o que eu faria pra diminuir o preconceito, lembra? Continuo achando que a única solução ainda é educar as crianças para que nos vejam como iguais, elas são isentas de qualquer tipo de maldade, precisam conviver mais conosco.

    Quanto mais interagirmos com outras pessoas, cada uma com suas diferenças, as chances de sermos aceitos e respeitados pelo que somos serão maiores.

    Infelizmente muitos ainda pensam que viver em pequenas tribos e terem uma certa segurança resolve tudo.

    1. Lúcia, eu não estou certa dessa sua convicção, de que educando crianças as coisas melhorem. Sou pc. e portanto sou-o desde criança. Desde criança brinquei com crianças comuns e agora, depois de adultas, elas tem preconceito contra deficientes. Cheguei a ouvir coisas como “a gente não sabia que você chegaria onde está.”, de uma colega de primário até o colegial. Ou de um outro que duvidou que eu me formei mesmo no doutorado pela PUC-SP em Psicologia social (1994) e outros tantos descréditos. É difícil, mas penso que precisamos trabalhar os adultos, junto com as crianças, porque aqueles contaminam as crianças com seus preconceitos.
      Quanto a deficiente formarem grupelhos, eu concordo plenamente. É que nós não estamos suficiente maduros para não olharmos somente nos nossos próprios umbigos, ainda. Desculpe-me por alguma coisa, mas é isto que eu penso e é isto que eu passei e ainda passo na “carne” e nos meus estudos e observações.

      1. Oi Sueli, também sou PC desde que nasci, sempre convivi com as pessoas ditas “normais”. Até entrar no Orkut a uns 6 anos atrás, não tinha a mínima ideia de que existissem tantos PCs como eu e de todas as dificuldades por que elas passavam durante a vida.

        Passei a conhecer melhor pessoas com todos os tipos de deficiências e pude ver que adultos como eu, que sempre conviveram desde crianças numa turma de familiares e amigos legais sofrem muito menos com a discriminação.

        Dos meus amigos nunca sofri com dúvidas a respeito da minha capacidade. Quem não me conhece, se assusta um pouco quando descobrem o que faço e o fato de ter um diploma de PHD em química. Mas não creio que seja só por ser PC, mas por ser mulher num ambiente bastante masculino.

        Não tenho o seu conhecimento a respeito desse assunto, mas admiro seu trabalho desde que o Alex Garcia me falou de você.

        Tudo o que escrevo aqui é o que eu penso e vivo, minhas experiências, rsrs…

        Beijinhos.

        1. Acho que sou mais velha que você. Tenho 60 anos nas costas, mas todos me dão uns 30, 35 anos Às vezes tenho a impressão de que precisarei mostrar o meu Rg. Acho que sou descendente de orientais (japoneses), e sou também uma burguesa assumida, muito embora os meus amigos não o são como eu sou. E embora seja descendente de japoneses, meus amigos, a maioria, são brasileiros mesmo. Sou bocuda e tenho um apelido à altura que é “Emília” do Sítio do Picapau Amarelo. O meu outro apelido é de japonesa paraguaia, porque eu não sou tão “recatada” e não ando com nisseis exclusivamente., pois os japoneses também tem a mania de fazer guetos. O que estou escrevendo aqui são frutos de minha experiência. Outra coisa é que eu espanto os que não me conhecem e sabem que sou phd em Psicologia social, o que não é exclusividade dos homens, muito pelo contrário, e me transformam em super mulher, o que, na verdade é um preconceito também.
          ah, você já participou de um dos encontros do Jairo? É ótimo!
          bjs.

          1. Sou filha de japas também, mas convivo muito pouco com eles, só familiares mesmo. Mas confesso que sou mais quietinha, introvertida e calminha do que a maioria dos meus amigos ocidentais, rsrs…

            Ainda não tive o prazer de participar dos encontros do Jairo, mas já participei de alguns e gostei muito.

            Quem sabe na próxima eu possa participar, seria muito bom.

            Beijinhos.

  3. Clubes exclusivos? O cúmulo da exclusão! “Nem tanto, nem tão pouco” diz a sabedoria popular.
    “O que é demais, demasia” Diz João Guimarães Rosa em Grande Sertão, Veredas.

  4. Lendo os textos de Jairo e de Dudé lembrei-me dos negros. Tem negro, ou melhor Afro descendentes, que não querem se misturar também. Eu sempre fui do contra. Explico: desde criança (ia escrever pequena, mas até agora o sou – 1;50m) vivi ´somente entre criaturas comuns. Somente em 1980 entrei em contato com mal-acabados. E vi e senti que, mesmo entre os quebrados existe preconceitos entre eles mesmos. CA-RA-CA!!!!! E um deles é o que o Jairo e o Dudé escreveram aqui neste texto. Se bem que, confesso, participei de umas reuniões de comuns que me senti mal. Hoje em dia, ando com gente deficiente e não deficiente aparente e sinto-me muito bem!
    Ah, o Roge escreveu sobre o super humano, coisa que também sofro e agora tiro de letra, assim como a minha identidade de paralisada cerebral. Enquanto as pessoas rotularem nos de super, o sub irá sempre estar presente subliminarmente nesta sociedade hipócrita, porque preconceituosa.
    Ser exclusivista é ser também preconceituoso. É por isso que me lembrei imediatamente dos guetos dos afro descontentes. Acho que eles tem medo de sofrer mais, mas digo uma coisa: gente é gente em todo lugar. Bjs a vocês Jairo e Dudé. Vocês levantaram um tema muito legal!

  5. Grande Jairo,

    Primeiramente quero parabenizar você e o Dudé pelo excelente texto e em segundo lugar quero te alertar para tomar cuidado, se continuar escrevendo e publicando textos assim, os grandes moralistas/ativistas da causa da “pessoa com deficiência”, que tanto esbravejaram contra você no texto sobre a Miss Bumbum e seu namorado “malacabado”, vão mandar te prender e vão levar o Dudé junto rsrsrs.
    Falando sobre o texto, me sinto bem tranquilo sobre o tema, pois vivo esse tipo de coisa quase que diariamente.
    Tenho uma vida comum trabalho, estudo e me divirto como qualquer outro homem de 34 anos, porém o fato de eu ser “malacabado” faz as pessoas me verem como “Super-Homem”, “exemplo de vida” entre outras coisas, e por isso já fui tema de programas de TV (se quiser, depois te mando o link).
    Nunca busquei ser herói ou me autopromover com isso e apesar de concordar com o Dudé no sentido de que esses programas reforçam um esteriótipo ruim para nós “quebrados”, acho que essa exposição tem um lado bom, explico: Diversas pessoas após verem meu “exemplo de vida” buscam reagir diante da vida ou incentivam alguém a fazer isso, e se eu conseguir atingir uma só pessoa que seja eu já me dou por satisfeito, mesmo que eu tenha que quebrar algum esteriótipo depois.
    No mais concordo com as colocações do Dudé. Grande abraço aos dois.

    1. Roger, concordo suuuuuper com vc… sem dúvida, há esse aspecto que vc citou, sim! Sobre os esbravejantes, eles ainda rondam.. faz parte… e é positivo para “arrancarmos”, definitivamente, o discurso da mão de gente que não entendeu que o mundo mudou. Ah, manda o link… todo mundo quer ver agora, né? Abrasss

    2. Ei Roger… É encantador ver alguém fazendo algo que nós não fazemos… Isso nos traz força. A correria do dia a dia e os problemas que chegam diante de nós como tsunamis nos faz cegos a grande imensidão de pontos positivos diante da situação que julgamos estar nos deixando cabisbaixos, tristes, sem forças… então vemos vocês se virarem da forma que podem e realizarem, nos faz enxergar muitas vezes a luz no fim do túnel… e nesse momento, ao meu ver, vocês trazem um conteúdo muito forte para nossas vidas. Acho que deve ser normal ver vocês como “super heróis”… fica marcado na vida da gente. Mas tenho certeza que se a vida se encarregar de apresentar as pessoas e começarem a conhecer o dia a dia, os pensamentos, essa deficiência meio que desaparece e vocês viram pessoas iguais a nós…
      Eu sou andante, e mesmo com todos os membros inteiros tenho limitações que talvez você “malacabado”, possa fazer o que eu não faço…
      E quando alguém resolve assumir um relacionamento com um “malacabado”, todos começam a enxergar essa pessoa também como um “herói”…
      Faca de dois gumes…
      Deixa o povo te achar um “SUPER CADEIRANTE”, mas continue a usar os pontos positivos para alcanças as pessoas, pois te digo, são milhares e milhares de pessoas que precisam ser salvas por um Super Cadeirante.!

    3. Roger, vai ser ótimo ir preso com o Jairo porque andar de camburão sozinho é muito chato…kkkkkkkkkkkkkkkkkk.
      Mas falando sério, hoje eu postei um outro texto no meu perfil do Facebook dizendo que , levando em consideração todas mensagens de apoio sobre o que escrevemos aqui, e o apoio que Jairo teve da rapaziada a respeito dos infelizes comentários feitos no texto do namorado da Miss Bumbum, sinalizam que a era do ”Coitadismo” e dos ditos ”heróis acima do Bem e do Mal” estão com seus dias contatos.
      Ainda vai levar um tempo pra nos livrarmos disso por completo, mas acredito que dentro em breve, esse raciocínio carrancudo e rançoso desaparecerá por completo.
      Adorei o seu post e assino embaixo.

      Grande abraço

      1. Jairo, Dudé, Cléia

        Obrigado pelas palavras! Dudé estou indo lá no facebook dar uma olhada no seu texto e dar uns pitacos é claro kkkkkkkk
        Abraço a todos.

        P.s Jairo, o nome do Programa é Caminhos da Reportagem e o link está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=r0RKo8VCrC4 . Minha parte começa em 39m e 30s, mas vale muito a pena assistir todo o programa que está ótimo.

        Em abril estarei ai em SP para a Reatech e espero poder encontra-los

  6. Ai sim…
    TUDO JUNTO E MISTURADO…
    Jairo você não tem ideia do quanto pessoas com deficiência são desconfiados. Quando nós andantes queremos nos achegar, fazer amizade, conhecer um pouco mais esse mundo que é encantador sim, começam a desconfiar que estamos com dó, com pena, e nos excluem, não querem papo com a gente… Ei… acordem… tem muito andante com sensibilidade para admirar “A” pessoa com deficiência sem deficiência, se é que me expressei corretamente , o ser humano, deixando a deficiência em ultimo plano.
    Amei a matéria… Eu também sonho com um mundo menos preconceituoso, e quero nem saber o que pensam de mim.
    Tá faltando um pedaço…?, mas tá sobrando qualidade… Tá tortinho fisicamente…? mas tem foco. Não consegue enxergar como eu…? Mas vê além da minha visão… Tá com câncer? mas está me ensinando a ter força, amor pela vida… Somos todos iguais e diferentes ao mesmo tempo… E dou graças a Deus por isso todos os dias, pois a cada amanhecer posso encontrar pessoas diferentes e aprender com elas… Sei que você sabe de tudo isso que escrevi, mas essa é minha visão, e um desabafo, pois tenho sentido essa exclusão na pele…
    Quando um andante bater na porta desse mundo fascinante que é o dos malacabados… Recebam-nos com alegria, pois quem bate quer entrar e aprender e crescer. Bjs e fique com Deus!

  7. Dudé é o cara, falou tudo. Eu me lembro de ter lido em seu perfil no Facebook o comentário acerca do tal show exclusivo.
    Observo em algumas PcD um coitadismo arraigado, que leva à autossegregação, abordada com tanta felicidade no comentário do André Luís de Assis.
    A exemplo da provável maioria, sou da opinião de que a tal ‘exclusividade’ redundará em exclusão, o que torna absurdamente contraditória nossa luta.

  8. É mesmo importante pararmos para pensar até que ponto estamos nos incluindo ou excluindo da sociedade com nossas atitudes…Ótimo texto do Dudé, adorei!

  9. Pessoas com deficiência segregando? Querendo que o mundo inteiro se adapte a ele, sem que ele tenha que fazer qualquer esforço? Grupo exclusivo e isolado?
    Nunca ouvi falar disso não! O Dudé é louco, não dê ouvidos a ele!
    Dentre os surdos, isso nunca rola! Oralizados, implantados, usuários da libras, todo mundo só anda juntinho e junto com ouvintes. Mó paz e amor, todo mundo se adora em várias línguas!
    Não vou dizer que assino embaixo de cada palavra do Dudé, porque seria redundância demais! Só digo: graças aos deuses vcs existem!
    Beijos

  10. Oi Jairo!

    Estou aqui mais uma vez para dar meu pitaco.

    A contradição entre grande parte dos malacabados é essa.

    Reclamam da exclusão, quando na verdade tentam, a todo custo, promover a segregação.

    No gueto dos cegos, funciona assim.

    Sempre as mesmas pessoas, frequentando os mesmos lugares.

    Tem horas que comparo a situação àquele vídeo institucional muito divulgado, chamado “Quem mexeu no meu queijo”.

    Nunca se pensa em mudar, em frequentar outros lugares.

    Somos poucos que fazemos isso. Estar em lugares desde uma balada, a um show da virada cultural, sem saber quem iremos encontrar e se iremos encontrar.

    Se as pessoas soubessem como é boa a experiência. Interagir com pessoas, conversar e, até mesmo, fazer amizades nesses locais. Desde que, logicamente, haja a abertura para que outras pessoas se aproximem.

    Certa vez fiz um cursinho seguido de estágio e no hospital onde estava estagiando trabalhavam alguns cegos.

    Percebi que todos almoçavam no mesmo lugar.

    A comida, não era das melhores.

    Um, dizia o absurdo de que como só comia lá nesse local duas vezes por semana, dava pra aguentar.

    Não satisfeito com a situação, fui eu procurar outro lugar.

    Acabei achando.

    Quando contei a novidade, houve uma reação de que ir lá onde iam tinha a vantagem, pois o pessoal já sabia lidar com cego.

    Só não chegaram a entender que isso se tornou possível porque um dia algum cego teve a coragem de entrar lá, possibilitando o aprendizado.

    Certamente, o pessoal do local onde eu passei a almoçar, também aprendeu, embora tenho certeza absoluta de que eu acabei sendo o primeiro cego atendido por aquelas pessoas.

    Mas, é mais cômodo permanecer na zona de conforto, em vez de desbravar.

    No entanto, assim como no vídeo, um dia o queijo acaba.

  11. A-mei! Tudo o que eu sempre digo, comento e meio que sou apedrejada por isso…
    Como comentei no face, é perigoso isso. Ou, como diria Paulo Freire, “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”.
    Promover a “exclusão ao contrário” não vai criar uma sociedade em que todos se respeitem.
    Parabéns!

  12. GRANDE JAIRÃO

    Obrigado pelo convite pra colaborar com seu blog, ainda mais sobre um assunto que considero muito pertinente e pouco discutido entre os PCDs.

    Abração

  13. Muito bom e ainda digo que estamos muito longe de sermos maduros, porque não nos deixam ser maduros por ainda conter em todo discurso um paternalismo velado. Mesmo no nosso meio, o reflexo de um mundo projetado diante de uma carência que não existe, nunca talvez entenderemos que a inclusão é todos nós e não meia duzia de lideranças lutando por 5 minutos de fama.

    parabéns pelo texto e parabéns pela escolha do Dude que é um grande lutador da causa.

    1. Amauri, a única parte que não sei se concordo é que a “carência” não existe mais… talvez eu não tenha entendido corretamente, mas penso que, infelizmente, a carência extrema ainda está muito ligada à deficiência… abraço

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