O namorado da miss bumbum

Jairo Marques

Tem causando algum reboliço nas redes sociais uma abordagem de uma revista de fofoca sobre o namorado da mais nova miss bunda do Brasil, Dai Macedo.

A danada, que nasceu com uma jaca no lugar do ‘bumbum’, namora um caboclo que é todo lascado, cadeirante. O rapaz é boa pinta e apareceu em fotos ao lado da modelo.

A revista fez uma rápida entrevista com a moça e publicou fotos dos dois. Ela, evidentemente, toda gostosona com uma saia bem pequena, ele sentado no cavalo.

Na conversa, a repórter não faz nenhuma pergunta objetiva sobre o fato de o namorado, Rafael Magalhães, ser quebrado, apenas na fotografia evidenciava-se o fato de ele ser ‘malacabado’.

Reprodução de página na internet da revista "Quem", que mostra o casal
Reprodução de página na internet da revista “Quem”, que mostra o casal

Algumas pessoas questionaram o fato de a revista ter, de alguma maneira, explorado o fato de o rapaz ser cadeirante. Haveria necessidade de citar essa condição?

Bem, jornalisticamente, não tenho a menor dúvida de que, sim, é muito interessante e tem apelo público falar que o cara que namora a toda poderosa e gostosona das bundas é um cabra ‘cadeirante’.

Isso não é um fato tão comum, a sociedade não está acostumada a ver um casal tão diferente pelas ruas e o assunto gera discussões.

O mesmo aconteceria, por exemplo, se a moça chegasse com um namorado “gordão”, se namorasse uma mulher ou chegasse à festa montada em um elefante. São situações não corriqueiras e que também gerariam interesse.

Penso que, simplesmente fingir que nada de diferente havia no casal, seria pouco informativo. Eu, inclusive, teria perguntado a ela algo objetivo sobre o romance com o ‘malacabado’, por que não?!?!?!

Isso, para mim, nada tem a ver de não respeitar a diversidade ou tratar a deficiência como um bicho de sete cabeças. É, sim, dar sentido ao que se considera notícia.

Não acho que seja simplesmente a exploração do fato do camarada ser quebrado. Ele é quebrado e conseguiu se integrar de uma maneira tão bacana que ‘cata’ a mulher que deseja, que gosta e tudibão…

Mas o que mais me chama atenção são os comentários expostos ao final da entrevista de Dai e das fotos dela com o Rafael.

Aí, sim, essa história ganha um baita fôlego. A ‘homarada’ que deixou suas impressões, deixou também as marcas de suas patas de quadrúpedes. Deixou um rastro de preconceito, de desconhecimento e de inveja de fazer cair o queixo.

O fato de o cara ser cadeirante e namorar uma gostosa não caiu bem para alguns marmanjos e também moças. O que revela ignorância profunda. Saquem só alguns:

“Coitado do cara, só fica no desejo, ela é muito sacana”

“Quando vi a primeira foto não contestei nada é  até compatível… mais na segunda foto cadeirante kkkk tem treta isso… esse cara tem grana e chifre de rosca kkkkkk ….

“Primeira vez que vejo um boi na cadeira de rodas!!”

Pois é, a mídia tem muuuito que abordar, mostrar e discutir sobre deficiência, sobre a realidade das pessoas com deficiência e sobre diferenças entre as pessoas.

Pelo que se lê nesses “comentários”, a idiotice das pessoas sobre capacidades de conquistas de cadeirantes ou pessoas ‘malacabadas’ em geral é imensa.

Uma situação incomum não pode abrir caminho para ignorância nem ser repelida de abordagens. Curiosidade é do ser humano e ter elegância para explicar situações ajuda a formar melhores mentalidades e uma sociedade verdadeiramente mais plural.

Comentários

  1. Que ridículo, tudo bem ser cadeirante e tratar isso com naturalidade, mas partir para o lado do desrespeito parece uma forma desesperada de se aceitar.

    Você é um pobre coitado Jairo, acho que tem sérios problemas com depressão e precisa de um psiquiatra.

  2. Interessante a matéria.

    É a velha história brasileira…todo mundo da palpite sem conhecimento de causa.

    Interpretação é tudo!

    Na minha opinião, não há nada estranho no destaque do relacionamento, afinal, vivemos num mundo cheio de adversidade.

    Achei hilário o comentário que li acima: “Bachofem comentou: E eu que imaginei que o preconceito era em relação a uma criatura que participa de um concurso de bunda…”

    Não seria essa a maior adversidade? Um pais dar mais valor a bunda de um ser humano do que qualquer outro comentário???

    Enfim, vivemos no pais do futebol e do carnaval, onde bilhões estão destinados à futilidade e a ignorância rege os rumos da educação e cultura desse país.

    Agora, o que mais impressiona é tanta gente julgar o jornalista sendo irônico de forma proposital, num texto onde tenta mostrar a adversidade da forma como muitas pessoas neste pais a interpretam. Será que toda essa gente também se indigna dessa foram quando somos tratados como ignorantes pelos governantes do pais, ou quando somos todos reduzidos a meros “palhaços”, mas não fantasiados, em um pais que realmente funciona após o carnaval? Quando bilhões são roubados diariamente dos cofres públicos? Quando o governo investe bilhões e bilhões na Copa? Quando não há hospitais nem educação?
    Acho que não!
    Então meu povo, além de melhorar a interpretação, o conhecimento (pesquise sobre o jornalista antes), vamos nos preocupar e “protestar” ao que realmente poderá mudar a nossa historia!

  3. é muito estranho esse tipo de comentário, ele pode ser sim cadeirante, mas deve ter seus diplomas, ser estudado, ter seu carater etc… e ela participar de um concurso de bumbum, kkk, se é tão importante assim, vai prestar um concurso de uma grande empresa, ser alguém, qro ver se quando estiver velha, como sera sua aposentadoria? será q tera do bumbum? esse povo brasileiro é uma comédia viu.

  4. Não sou de fazer comentários em artigos, mas este poderia ter explorado mais as dificuldades que os cadeirantes enfrentam no dia a dia, já que possui knowhow para isto, mas preferiu um texto pesado e apelativo. Foi uma pena.

  5. Hahahaha ESSES COMENTÁRIOS DE OFÉLIA SÃO ÓTIMOS… E o melhor de tudo é que AS PESSOAS TE OFENDEM PORQUE VOCÊ “OFENDEU” ALGUÉM…

    É meus amigos, enquanto você aponta pra alguém, existem outros três dedos apontando pra você…

    Ótimo texto Jairo…

  6. Se todos vcs que leram o texto analisarem realmente o contexto ele foi ofensivo sim mais contra o preconceito que assola nosso país !

  7. Quem acompanha o Jairo desde a época do UOL sabe que ele sempre se referiu aos deficientes dessa maneira e como acho que no portal era um público mais direcionado que lia, entre eles muitos deficientes, ninguém reclamava. Mas como aqui a maioria é do povão BBB que clicou na matéria por causa da miss bumbum, provavelmente não tem capacidade para entender certas ironias e nem saber que o Jairo também é cadeirante. Acredito que entre os deficientes deve ser normal brincarem com a situação “lascada” em que se encontram, porém deve-se respeitar quem se sente ofendido com as ironias.

  8. Caramba meeu, que tipo de texto é esse??

    Ridiculo, achei que o texto fosse falando de como é o relacionamento deles dois, pelo problema dele e ela agora ser a ”MISS BUMBUM” a relação entre eles dois, pelo fato dela ser famosa agr e tals.

    Mas não ISSO , puro PRECONCEITO, falta de respeito com as pessoas portadoras !
    Estou perplexa !! Acho que o Senhor Jairo pode começar a ter mais respeito com as pessoas, assim quem sabe voce ganha mais respeito.

    Ah fora a concordância do texto, que não sei quem leu, mas muitas coisas eu fiquei sem entender… Acho que até eu escrevo algo melhor …

  9. “A danada, que nasceu com uma jaca no lugar do ‘bumbum’, namora um caboclo que é todo lascado, cadeirante.”

    Por se tratar de um “Jornalista”, Pós-graduado em “Jornalismo Social”, tratar o cadeirante como um lascado! Tenho pena de você, sua vida deve ser realmente um tédio…
    A inveja que você trata em seu texto nos dá uma noção de onde vêm.

  10. “Um caboclo que é todo lascado, cadeirante”, “Quebrado”, “Malacabado” ???? Poxa faltou um pouco de respeito nesses comentários.

  11. Meu velho pai dizia uma coisa que acho muito certo” Todo Chico é Francisco, mas nem todo Francisco é Chico! ”
    Pode ser quem todo mundo aceite ser tratado desta forma que vc escreveu em sua reportagem. Cabe conhecer bem as pessoas para trata-las assim. to achando que vc não conhece o cara tão bem assim pra ter esta intimidade toda com ele!
    Fica a Dica!!!

  12. Prezado Jairo.
    Acho que vc exagerou em suas colocações sobre o casal. Afinal todos nós temos o direito de escolha, não importa a quem.
    Seria interessante que vc refletir um pouco sobre o que escreveu.
    Um abraço

  13. Nunca havia lido, nem ouvido falar, das palavras “malacabado” e “quebrado” em referência a cadeirantes.. realmente, esse Sr. Jairo foi grosseiro demais. Um pouco de psicologia e bom senso não faz mal a ninguém..

  14. Jairo ,
    todo lascado,sentado no cavalo,ser quebrado e ser malacabado,são palavras chulas demais para quem se graduou para ser um jornalista.
    Seu texto é uma ofensa a todos os cadeirantes.

  15. Se isso é realmente um jornalista , ele deveria usar o diploma p limpar a bunda , extremamente ridícula sua palavras, jornalistas verdadeiros devem morrer ao ler uma reportagem como essa

  16. Como pode um redator chefe permitir algo ofensivo e de tamanha baixaria, isso não é reportagem, nem fofoca e sim uma baita ignorancia deste que se diz jornalista, deve rever seus conceitos e o redator tirar isso do ar imediatamente

  17. Você é jornalista mesmo? Tem certeza? Deve ter faltado a todas as aulas sobre ética na sua faculdade. Deveria ser você no lugar dele para ouvir outro jornalista babaca escrever uma reportagem ridicula dessas…

  18. EU namoraria com ele! 😉 Quem escreveu isso na revista certamente deveria ser processado pelo rapaz e sair da Empresa! Maravilhoso namorado da moça. Parabéns! 😉

  19. Jairo, pelo fato de você também ser cadeirante, isso não tira a sua responsabilidade sobre seus apontamentos, que foram visivelmente ignorantes, assim como o comentários dos homens que falaram do marido dessa mulher, você está seguindo os mesmos passos dentro desta matéria. Vejo como desnecessário suas informações e sua matéria como algo sem intelecto algum, aliás vi o contrário disso! Procure ler mais livros, e tente se identificar com jornalistas mais experientes, e não nesses que cuidam de revista de fofoca! Abraços

  20. De péssimo gosto e tom! Me admira a Folha dar ibope a isto e ao uol dar oportunidade deste reportagem estar nas principais notícias.

  21. Jairo perdeu uma grade oportunidade de falar de um tema pouco discutido e bastante sentido, o exagero na conotação e ironia, ficou pior que qualquer outro preconceito nos comentarios .. lamentável

Comments are closed.