A sala dos bobos

Folha

Tia Dulce, a professora mais boazinha e paciente do colégio, era a escalada para cuidar da sala onde eram alojadas todas as crianças que alguém, por motivos torpes quaisquer, considerava “especiais”.

A sala dos bobos ficava bem próxima à da direção, caso algum dos malucões que lá brincavam de escola precisasse de mais disciplina. Mas isso raramente acontecia. No máximo, eles gritavam de desespero, como se dissessem “odiamos isso aqui”.

Passar por perto daquele local causava medo nos alunos arrumadinhos. As histórias que se propagavam durante o recreio do que acontecia com aquela gente eram terríveis.

“Eles babam tudinho nas carteiras”, “eles têm olhares esquisitos”, “eles brincam com insetos”, “eles gritam e são sujões”, “eles só veem figurinhas e comem o caderno”.

Tudo era feito para que os alunos limpinhos não trombassem com os “especiais”, pois poderia causar pânico ou um trauma. Era preciso separar, deixar aquele povo em
seu devido lugar, de preferência um lugar reservado, que protegesse os normais.

Só consegui escapar da sala dos bobos porque minha mãe trabalhava no colégio e fez um barraco dizendo que eu era bem próximo de ser gente, apenas era prejudicado das partes, e não merecia aquele castigo.

Eu não era down, não era “tchube das ideias”, não era autista, não tinha paralisia cerebral, não tinha, aparentemente, retardo intelectual que me fizesse receber a tatuagem de estranho.

Na sala dos bobos só bobices eram aceitas e pouco importava se, para eles, aquilo tinha valor de cidadania, valor de conhecimento. Era apenas uma forma de dar um sossego para os pais.

O sucesso das salas dos bobos foi tão grande que alguém teve a genial ideia de criar a escola dos bobos, um local inteirinho dedicado aos “especiais”! Acabaria ali, “difinitivamente”, como diria minha tia Filinha, o inconveniente de fazer um normal ter de interagir, a fórceps, com aqueles meninos e meninas diferentes.

O mais interessante é que idealizadores, apoiadores e depositante de pessoas nesses recintos propagam maravilhas do modelo que, tirando o paetê e a purpurina, poderia ser visto como sádico.

É ali que o “especial” aprende, é ali que o “especial” se sente bem, é ali que existem pessoas capazes de entendê-los e de respeitá-los, é ali que estão protegidos desse mundo cheio de pessoas perversas e sem defeitos.

Governos também curtem as escolas especiais. É uma excelente maneira de empurrar diferenças para debaixo do tapete e uma forma batuta de dar argumentos a diretores de ensino que não sabem o que fazer com um menino com alguma deficiência intelectual.

“Aqui não é lugar para ele, não temos como lidar com isso que ele tem e não há professores capacitados para tratar dele. Ele precisa de um canto especial.”

Até quando o “serumano” irá negar que apenas o todo mundo junto faz evoluir conceitos como igualdade, tolerância e humanidade e irá inventar formas de apartar pessoas?

Escola especial pode ser até complementar, ser mecanismo de apoio, nunca um rumo concreto para direcionar o futuro de pessoas. Simplesmente pessoas.

Comentários

  1. Recomendo a todos a leitura do livro da Cláudia Werneck: “Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva” lá ela compartilha a idéia de muitos educadores de que a escola não precisa, necessariamente, estar preparada e pronta para receber pessoas com deficiência mas ela pode, sim, ir se preparando conforme os alunos forem chegando. Acho que é um argumento muito fácil dizer que a escola não está preparada para receber as crianças com deficiência. E quando vai estar? Cabe aos pais, alunos, professores, educadores buscarem as melhorias, materiais, adaptações arquitetônicas, pessoal de apoio e tudo que for necessário para receber qualquer aluno com respeito e qualidade. Sejamos flexíveis e, ao invés de focarmos no que as pessoas com deficiência (ou não) não sabem, não conseguem, prestemos atenção nas possibilidades, nos interesses… Tenho certeza de que as surpresas serão muito boas.
    Jairo, obrigada pelo blog. Não sou assídua mas faço visitas e gosto muito do seu texto. Abraço!

  2. Amei o q escreveste, revi minha infância na escola… Vejo que a discussão aflorou, Brigo,luto e acredito na inclusão!! Sou educadora, e sei que não estamos preparados para recebê-los, também não qremos nos preparar!! É o começo dessa luta, e alguns serão sacrificados para q no futuro possamos colher os frutos!!! De outro lado sou mãe de um menino lindo, Tomás de 9 anos, portador de Esclerose Tuberosa e autista severo. Moro no interior do RS, cidade de um pouco mais de 20 mil hab.dificuldades muitas, pessoas acomodadas, insensíveis e preconceituosas! Cansei com a APAE, desisti, com a lei embaixo do braço, muita paciência, pitadas de ironia, e determinação, resolvemos incluir Tomás na rede pública. Não foi e continua não sendo fácil, mas conseguimos, uma turma de segundo ano com número reduzido de alunos, uma monitora só pra ele, como manda a lei. Em um ano, é visível e indiscutível a todos a grande guinada q ele deu, na socialização, no controle das crises de birra, na tolerância. É outra criança. tivemos sim, algumas situações embaraçosas com alguns pais, mas nunca com os coleguinhas, que adoram e demonstram muito carinho e cuidado com ele. Me questiono muito, se quando eu era aluna eu tivesse tido a oportunidade de conviver com estes seres”diferentes”,( q na minha escola eram escondidos na sala dos bobos, na qual eu nunca tive oportunidade de entrar), quando recebi o diagnóstico do meu filho, não teria sido tão assustador, já não seria algo tão novo pra mim. Acredito q as crianças de hj um dia agradecerão a oportunidade que hj estão tendo de conviver com as diferenças, graças a nós q sonhamos que a inclusão é possível sim. Saliento, por experiência, não há preconceito nas crianças, e sim nos pais!!! Há profissionais e professores sensíveis a causa!! Conheço muitos!! Um dia chegaremos a ser a maioria!!!! Grande abraço

  3. Fico indignada com a mania que as pessoas ainda tem de nos julgarem pela aparência e não pela ser humano que somos.

    Felizmente nunca estudei numa escola especial, na verdade nunca entrei numa nem pra dar uma olhadinha, mas meus amigos relatam passagens horríveis de suas vidas..

    Sempre estudei em escolas públicas, e nunca sofri bulling ou coisa parecida.

    Só nas primeiras semanas de aula tive problemas, mas foi com professores que queriam a todo custo me enviar pra uma escola especial por causa da Paralisia Cerebral Moderada. Alegando que eu jamais conseguiria aprender alguma coisa , já que não falava direito e não conseguia escrever mais que uma linha em cada página por causa da minha falta de coordenação motora [(\) escrevia dessa maneira, rsrs…].

    Meus pais disseram que eu aprenderia e que fizessem um teste. Fazia aulas de caligrafia todos os dias, compramos livros pra ler e em poucas semanas comecei a acompanhar meus colegas de classe até que me tornei a melhor aluna da sala, me vinguei, rsrs…

    Hoje, sou formada em Química Tecnológica, fiz doutorado e PHD em Espectrofotometria de Absorção Atômica na Alemanha.

    Trabalho, tenho um ótimo salário e consegui minha independência.

    Inclusão existe sim, mas temos que fazer a nossa parte também, sem esperar que o governo resolva tudo por nós.

    Alguns pais precisam deixar de lado o medo de verem seus filhos seguirem seus caminhos. Proteção demais não nos ajuda, prejudica e muito o desenvolvimento pessoal e psicológico.

  4. Meu amigo,esse seu post é a coisa mais preconceituosa que já li nos últimos tempos.Desde quando essa sala dos deficientes é vista dessa forma?.Desde quando os arrumadinhos olham essa sala dessa forma? E digo por experiência própria. Consigo enxergar esse texto como o mais alto grau de desespero para se mostrar” normal”,o mais alto grau de não aceitação do inevitável. Não Acho que seja esse seu pensamento.

    Confesso que fiquei assustada!Conheça um colégio regular com classes especiais,vá ao recreio deles,conheça o material pedagógico, conheça as festas,onde todos ficam juntos.

  5. Ótimas as discussões, a favor ou contra o fechamento das Escolas Especiais. Ainda não sei o que realmente meu neto de 2 anos e 6 meses, com Espectros de Autismo vai encontrar, mas de uma coisa tenho certeza: Que além de sua deficiência, é uma criança a ser descoberta, por nós, família e pela sociedade.

  6. Adorei (como sempre) o seu texto e acho muito interessante ler os comentários. Sou terapeuta ocupacional e trabalho há cerca de 20 anos com inclusão, particularmente de pessoas com deficiência intelectual. E sempre me defrontei com essas duas questões – a da escola que se declara “despreparada” e a das famílias que, no seu legítimo sentimento de proteger os filhos, têm medo que esses sofram nas escolas regulares.
    São sentimentos legítimos, que temos que compreender, mas que não podem ser utilizados como argumento para negar às pessoas com deficiência o direito inalienável à educação, à convivência social, ao acesso aos bens e oportunidades que existem (ou deveriam existir) para todos. Nunca haveria escola preparada se nela não chegassem os alunos com as mais diferentes necessidades e a obrigasse a estudar, se transformar, criar metodologias, garantir acessibilidade. Não existe formação PARA a inclusão, isso não funciona, existe formação NA inclusão, pois é apenas convivendo com as pessoas que deficiência que poderemos gerar as estratégias para ensiná-los. E tenho muitas e muitas histórias de sucesso que comprovam isso. Aos pais, sempre ofereci apoio, orientação, parceria no acompanhamento de seus filhos na escola, esclarecimento quanto aos seus direitos. Ah, e mais uma coisa – não acredito, de verdade, que a criança com deficiência seja necessariamente vitima de preconceito na escola. Tenho visto muitas histórias de parceria, de solidariedade. E se forem, que trabalhemos com isso, porque elas também tem o direito de se fortalecer para enfrentar um mundo que não é cor-de-rosa, mas é o mundo em que vivemos, e não há (nem deve jamais haver) um mundinho especial e protegido para que as pessoas com deficiência possam viver isoladas e “livres de todo o mal”. Abraços

  7. O texto é muito bom, mas na prática não vejo ser tão fácil a inclusão por falta de estrutura das escolas públicas. Os professores tem habilidades precárias para lidar com as diferenças e concordo com a Suely, ainda há sim muito preconceito na sociedade de pessoas adultas que contaminam os filhos! Ser diferente não é nada fácil! E incluir demanda muito trabalho, paciência e boa vontade.

  8. Excelente texto e infelizmente é nossa realidade. Às vezes me questiono:- Somos nós tão diferentes deles? Acredito que não.Nos diferenciamos no grau de maldade, pois eles não a possue. Trabalhar com eles e uma aprendizagem, conseguir entrar no mundo deles é ter uma vivência enorme. A falta de preparo de que tanto se fala nao justifica,pois através de nossas atitudes conseguimos trabalhar com eles””especiais”

  9. TENHO UM NETO COM 8 ANOS AUTISTA. AQUI NO RIO DE JANEIRO TEMOS A MAIOR DIFICULDADE EM ENCONTRAR ESCOLAS PREPARADAS PARA ATENDER E “ACEITAR” CRIANÇAS ESPECIAIS. NÃO EXISTE PESSOAL CAPACITADO PARA ATENDÊ-LOS. MEU NETO FOI RECUSADO NO COLÉGIO SALESIANO PORQUE O PADRE ACHOU QUE AS OUTRAS CRIANÇAS DITAS “NORMAIS” IAM SE ASSUSTAR QUANDO ELE DESSE ALGUM GRITO OU FIZESSE ALGUMA COISA TÍPICA DOS AUTISTAS.
    NAS ESCOLAS MUNICIPAIS OS PROFESSORES NÃO SE MOSTRAM INTERESSADOS E NEM PREPARADOS PARA INCLUSÃO. SÓ DEUS PARA NOS AJUDAR!

  10. Achei seu texto muito bom,pois tendo um filho portador de síndrome de down convivi com essa sala horripilante e nojenta que é vista exatamente como voce descreveu ainda hoje nas escolas regulares.
    Professores ainda dizem que não são preparados para ensinar essas pessoas.E não enxergam que pelo baixo nível da alfabetização que nosso país registra,é visível que não estão preparados para nada.
    Por isso mesmo é louvável que texto como o seu .”Que viveu na pele “.É tão importante pra esclarecer estas pessoas que querem tanto a escola Especial,que a única especialidade é discriminar se continuem a fazer o que sempre fizeram pelo menos em relação a alfabetização de pessoas .

  11. O texto é perfeito. Exatamente assim que acontece. Tanto se fala de inclusão, mas falta muita CAPACITAÇÃO da mente destes educadores, que enxergam estes alunos como “mais trabalho”. Quem fala é mãe de um tetra, de sete anos, aluno do primeiro ano numa escola pública, ensino regular.
    A luta é árdua.

  12. Sou educadora e há 10 anos trabalho com inclusão. Nesse tempo tenho conquistado alegrias indiscritíveis, pois aprendi a enxergar e não apenas olhar. Aprendi também que todos têm seu tempo e sua maneira peculiar de aprender e fazer. Portanto, sei que é preciso paciência e ações para que aqueles que não aceitam a inclusão percebam sua importância e simplicidade. Ah! O melhor de tudo é que aprendi a ver mais um pedaço da verdade: “As barreiras existem……. para serem transpostas.”

  13. Ser deficiente é só uma questão de tempo. O preconceito tem a ver com o medo do desconhecido e se todas as crianças tiverem oportunidade de conhecer as várias deficiências que existem o mundo se tornará menos preconceituoso. A escola é o lugar para que todos se conheçam. Tudo junto e misturado para acabar o medo e consequentemente o preconceito. Podemos ser seres humanos melhores. Eu acredito nisso.

  14. Jairo,

    sou a Rhea que mora nos Estados Unidos. Voce arrasou com esse material. Parabens. Adorei a parte Governo Curte escolas especiais. Pura verdade, se nao curtisse nao ficavao sustentando instituicoes especiais, mas seguia o exemplo de paises desenvolvidos que destinam a verba da educacao somente para escolas publicas regulares para prestarem o apoio necessarios a todos independente da deficiencia. O governo Americano nao sustenta instituicoes. Um Grandre abraco Jairo. Parabens

    1. Rhea, muito das nossas valiosas conversas aparece no texto! Muito obrigado pela troca de ideias.. um grande abraço

  15. Parabéns!
    Excelente artigo para todos nós educadores.
    Excelente material pedagógico para reflexão na escola.

    Abraço,
    Prof. Vanderley
    SEE / CGEB / DEGEB / CEFAF
    Equipe Curricular de Matemática
    Blog: http://www.vanderleyac.blogspot.com
    Facebook: http://www.facebook.com/vanderley.cornatione
    Materiais Pedagógicos – Sugestões de Sites – Curiosidades – Reportagens – Desafios e Jogos Matemáticos – Tangram – Frases – Textos – Poesias – Pinturas – Vídeos – Músicas – Filmes – Ponto de Vista – Informes
    “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina)

    1. Maravilhosa colocação, eu como tenho um filho com dificuldade de aprendizado que foi rotulado a vida inteira , ao ler esse artigo passou um filme em minha cabeça, tenho esperança ainda que os educadores acordarão e entenderão a importância e a capacidade que têm de mudar esses “prè conceitos”

  16. Vivemos em uma época que muito se fala sobre inclusão. E a diversidade existente nas escolas é imensa. Observo que os próprios alunos são os que mais aceitam a diversidade até se ajudam mutuamente. Porém, é necessário mais orientações, capacitações aos professores. Proporcionar aos alunos e professores turmas menores para que o trabalho desenvolvido e/ou oferecido ganhe mais qualidade e, de fato aqueles que precisam de tempo e ritmo diferenciado para aprender possa realmente aprender.

  17. Li todos os comentários, os dois últimos ( Suely Satow e Danielle) disseram tudo. E acrescento:
    A inclusão é fato. Ainda bem!!!
    Em todas as profissões existem desafios e os profissionais vão buscar respostas para estes desafios, estudando, se aperfeiçoando.
    Na educação não é diferente, o professor deve se preparar, capacitando-se especializando-se sim, para atender a todos os alunos.

  18. Em primeiro lugar gostaria de elogiar o excelente texto, independente de posições sobre a questão. Indo agora ao que acredito, minha experiência aponta que a geração atual (e as anteriores) de adultos é bastante preconceituosa em relação aos deficientes. Isso implica em professores de escolas públicas reclamando que não tem como atender alunos com ncessidades especiais e pais desses alunos reclamando que as escolas públicas não tem como atender seus filhos.

    Na prática é preciso mais investimento do governo nesse caminho. Pude presenciar em escolas públicas dos EUA a inclusão de alunos com necessidades especiais, sendo que lá não é o professor que deve se virar para fazer a inclusão. A escola acrescenta na sala outros profissionais que possam dedicar mais tempo a esses alunos, mantendo-os em contato com os demais.

    Isso dá resultado e, no fundo, não custa tanto assim.

    1. O ponto que vc coloca, para mim, é nevraugico: o reflexo que essas escolas provoca no futuro das gerações. Hoje, o que se vê? Estanhamento, falta de tato, falta de conhecimento de como interagir, preconceito. O Brasil tem sim condições de sobra para promover essa escola que vc bem desenhou. Abraço!

    2. Alardo,

      moro aqui nos Estados Unidos e trabalho dando informacoes sobre sistema de eduacao especial. Concordo que governo brasilireiro precisa investir, mas preferem dar parte para intituicoes, coisa que o governa Americano nao faz. No Brasil pai e mae pode escolher colocar em uma APAE como primeira opcao. Nos estados unidos, matricula e obrigatoria na rede regular de ensino e obrigatoria. Escola especial nao e primeira opcao

  19. Jairo, seu texto publicado é excepcionalmente bonito, mas singelo, como toda beleza pura e ingênua. Vou pensar mais a respeito. Todavia, fiquei curiosa para saber quem é você, além das palavras, e fui ver seu perfil. Que grande decepção, pois ele termina assim: “É cadeirante desde a infância.”
    E daí? De todas suas características, que certamente são muitas e boas, você selecionou essa.
    Minha questão é: por quê?
    Parabéns

    1. Claudia, não tenho problema nenhum em me dizer cadeirante. Isso mata metade das questões de alguns leitores que dizem: “você já sentiu na pele”? Com toda certeza, já senti. Um abraço

  20. Perfeito!!!! Ufa… como é bom ler uma matéria assim 🙂
    Quando defendo uma sociedade inclusiva dizem que sou utópica e que delegacias especias para PcD é uma ótima alternativa e que querer que as PcD sejam adequadamente atendidas em TODAS as delegacias é utopia, vai demorar muito para chegar neste padrão no Brasil,… etc etc…. abraço

    1. Luiza, o dia que eu considerar que ‘inclusão é ilusão’, terei de dar um jeito de mudar para marte… um abraço

      1. Nossa.. irei com você e começaremos do zero…. Jairo…vivemos experiências diferentes… você tem uma deficiência física, eu brigo por você em qualquer lugar que precisássemos derrubar barreiras arquitetônicas para que você usufrua comigo de tudo… mas brigo com você se tentar colocar uma criança com uma deficiência severa e com distúrbios de comportamentos severos, numa escola onde às vezes o professor, a equipe escolar, tem medo da criança… ou tentar colocá-lo numa escola regular com 30 crianças além dele numa sala…muitas vezes com um só professor que mal consegue conhecer a letra, ou saber o nome completo de cada aluno… eu defendo sim as escolas especiais…que não são para todas as deficiências, claro…. e essas escolas não ficam excluídas mais… elas se mostram, têm atividades extra-classes, jogos entre as cidades, competições, danças, exposições de trabalhos feitos…
        Acho que se essas crianças que precisam sim de um lugar mais tranquilo, com professores mais capacitados para entender as necessidades delas, puderem ter esse lugar “especial”, nunca em nenhuma escola existirá aquela “sala dos bobos” a que você se referiu… só isso que eu penso…

        1. Estou com você prezada Luiza

          .Quando fui pela primeira vez

          Estou com você, prezada Luiza. Quando fui, pela primeira vez, lecionar na “roça”, tinha uma sala com 45 alunos, de 3 séries distintas e alguns “bobos”, que babavam sim .Como fazer com que eles aprendessem pelo menos as vogais? Como contar aos pais, mais inocentes que eles ,que os filhos não iriam aprender nada? Ainda assim sempre os respeitei, dando-lhes cadernos e lápis para que ao menos rabiscassem algo. Isso no ano de 1964.SE existisse a APAE nesses lugares e tempos remotos, tudo teria sido diferente. Comparar Brasil com Estados Unidos? Conseguiremos sim, mas vai levar muito tempo ainda para a tão sonhada inclusão. Eu, humilde professora de “roça”, até tentei.

    2. Luiza voce esta engana Inclusao e uma realidade. Veja aqui nos Estados Unidos 95 porcento dos deficientes estao matriculados nas escolas publicas. Eu moro aqui e tenho uma deficiencia. O Brasil esta a caminho e muitas intituicoes no brasil vao comecar a fechar como fechou aqui nos estados unidos voce vai ver o tempo dira.

  21. Escolas Waldorf trabalham com crianças com algumas deficiências, nas mesmas salas de todos outros alunos. O progresso delas é ótimo.
    Não há como separar a realidade, os educadores devem ser treinados para lidar com todo e qualquer problema.
    E tudo tem um custo, óbvio.

  22. Muito pertinente e coerente o texto. Parabéns, Jairo! Como educadora posso afirmar que nunca estaremos preparados para lidar com várias situações, no entanto, isso não pode ser justificativa para o preconceito e a rejeição. Deve, isso sim, ser motivo para buscar mais conhecimento para promovermos a inclusão, o que pressupõe respeito ao outro, seja ele como for. Não é, de fato, uma tarefa fácil, sobretudo, se pensarmos na precariedade das escolas públicas, no entanto, enquanto ser humano, há muito que posso fazer, para além das questões materiais.

    1. Fabiola, duas palavras que vc coloca e que muito, para mim, refletem nessa discussão: preconceito e rejeição! Muito obrigado! Um abraço

  23. Na turma do meu filho seguem sua regra.Um menino com deficiência convivendo com normais.
    Não é poético nem agradável como seu texto deixa transparecer. O menino sofre bullyng (já vi na saída do colégio) meu filho disse que, na sala, as outras crianças ficam sem paciência com as (naturais)dificuldades e os professores muitas vezes tem dificuldade de controlar tudo isso.
    Só sei que quando defendemos algo, não basta nossa visão de criança (como o senhor citou a sua) sobre o tema.É bom ir ver “in loco” como funcionam algumas teses que defendemos.
    Se os pensadores no país assim agissem, talvez algumas teorias seriam descartadas, outras implementadas e nosso país – cheio de boas intenções mas sempre com pouco resultado prático – poderia trilhar o caminho do progresso, comumente distante da nossa realidade.
    De qualquer forma, parabenizo-o por trazer à tona um tema importante como este.

    1. Obrigado, Orlando. E só para deixar claro, sei muito bem a prática, pois tenho uma deficiência grave há quase 40 anos. Um abraço

    2. Isso depende muito da educação que essa criança tem na família. Sou cego desde que nasci e, nunca tive problemas apesar de sempre estudar em escolas ditas normais. O saber se colocar como normal, o que somos apesar de qualquer deficiência, faz a diferença.

  24. Jairo.
    As APAEs tem condições técnicas e humanas para dar um atendimento aos deficientes, porem coloca-los em uma escola sem estrutura para tal, acontece o que um professor falou ” Não temos pessoal capacitado para atender essas crianças então são “jogadas” em um canto e ali passam o tempo. Atendemos assim as determinações superiores.”
    Pergunto, Jairo, qual dos males é o melhor ?

    1. Francisco, essa escola “preparada” jamais vai existir diante da possibilidade de colocar as crianças em um “cantinho especial”. Esse debate se arrasta há anos e os governos vão se apoiando na história de que existem as “escolas para eles”…. e qual o prejudicado maior? Não tenho dúvidas de que pode haver locais modelos de ensino para crianças com deficiência intelecual, excelente! Mas tais espaços não podem ser o fim… apenas o meio de um processo de inclusão… Grande abraço.

    2. Francisco, esse comenatario com escolas nao tem estrutura ja caiu de moda. Aqui nos Estados Unidos, quando fechou as intituicoes que confinavao deficientes. Voce acha que alguma escola estava preparada e tinha estrutura? NAO. Mas com LEI isso fez que escolas americanas se preparasem. enquanto tiver deficiente do lado de for a da escola, as escolas vao se prepara? Duvido

  25. Jairo, aconselho-o a visitar uma das instalações da APAE para ver o que é necessário para proporcionar assistência e educação às crianças com deficiência. São necessários treinamentos especiais aos professores, salas e equipamentos especiais que nenhuma escola do Brasil possui. Ser politicamente correto com esse tipo de tema é pura crueldade.

    1. Obrigado, Cloves… não estou sendo nada politicamente correto… estou sendo coerente com pessoas com deficiência… um abraço

    2. Concordo!
      o tratamento diferenciado é o que faz com que as pessoas com necessidades especiais se tornem capazes de integração. Jogar uma criança com NE numa escola “pública de bairro” e esperar que os professores mal formados e mal pagos possam dar conta é crueldade (com ambos)! essas crianças vão ficar jogadas num canto pois nínguém está preparado para elas…

      1. Pensar assim como a Denise chega a me dar nojo! As pessoas vão continuar não se preparando e vamos ouvir sempre a mesma resposta de pessoas acomodadas e preconceituosas! A minha filha “especial” estuda em escola pública e de bairro e desenvolveu infinitamente melhor depois que saiu de escola especial! Óbvio que ela precisa de atendimentos complementares que por sinal tb são públicos e excelentes! Consegui tudo isso com muita luta e briga e passando por cima de pessoas acomodadas e preguiçosas!

      2. Desculpe-me Denise, mas crueldade é negar às crianças “normais” o direito de aprender a conviver com as diferenças, de perceberem as limitações e necessidades dos outros…
        Professores só são preparados frente a necessidade imediata. É utopia achar que qualquer pessoa pode estar preparada pra lidar com as inúmeras circunstâncias que surgem dentro de uma sala de aulas. O conteúdo é programado, mas o enriquecimento que o convívio, o respeito e a tolerância mútua acrescenta a todas as crianças envolvidas nesse processo vai muito além da alfabetização, PREPARA SERES HUMANOS melhores para a sociedade.
        É fácil para o professor? de forma alguma, e ainda mais quando nem a direção da escola e nem os pais dos alunos estão preparados para dar o respaldo, que que seria necessário, mas a vida é assim, cheia de imprevistos. O

      3. Desculpe-me Denise, mas crueldade é negar às crianças “normais” o direito de aprender a conviver com as diferenças, de perceberem as limitações e necessidades dos outros…
        Professores só são preparados frente a necessidade imediata. É utopia achar que qualquer pessoa pode estar preparada pra lidar com as inúmeras circunstâncias que surgem dentro de uma sala de aulas. O conteúdo é programado, mas o enriquecimento que o convívio, o respeito e a tolerância mútua acrescenta a todas as crianças envolvidas nesse processo vai muito além da alfabetização, PREPARA SERES HUMANOS melhores para a sociedade.
        É fácil para o professor? de forma alguma, e ainda mais quando nem a direção da escola e nem os pais dos alunos estão preparados para dar o respaldo, que seria necessário, mas a vida é assim, cheia de imprevistos. O que não podemos mais aceitar é que continuemos formando cidadão insensíveis, que são deficientes na alma, pois são incapazes de perceber, de respeitas o limite e a dor do próximo.

      4. Sua perspectiva está voltada para o lado errado, amiga. Não se trata de discutir a qualidade das escolas públicas ou dos professores (que, a despeito do que diz, não são mal formados; mas formados eram os professores do passado, com escolaridade muitas vezes menor do que alunos de nível médio de hoje). Trata-se de direitos: ninguém deve ser discriminado e segregado em função da sua deficiência, o único ser humano que deve ser enviado a um lugar especial é o que foi julgado e condenado por um crime. Sem tocar no ponto de que não existem escolas especiais, as que assim se autodenominam são, na verdade, espaços terapêuticos com pedagogas por perto.

      5. Denise, como a Danielle já falou, “escola pública e de bairro” não é sinônimo de preconceito, ao menos não da escola. É preconceito seu, com o bairro e com escolas públicas. Enquanto as pessoas continuarem a pensar assim, não adianta fazer a inclusão das pessoas com deficiência, terá que fazer a inclusão de uma sociedade com deficiência.
        Porque tudo precisa ser separado por:
        – quem mora em área nobre e quem mora na periferia/ quem tem dinheiro e quem não tem, / quem é “normal” e quem é “especial” / quem é bonito e quem é feio / quem é inteligente e quem é desprovido disso…?????
        Porque não podemos simplesmente ser amigo de quem é diferente de nós e respeitá-lo por isso?

        Sou mãe de uma menina com SD e ela estuda numa escola regular e tem tido ótimo desempenho. As crianças não fazem diferença e aprendem desde cedo a respeitar as diferenças. Elas mesmas se ajudam quando percebem alguma dificuldade.

        Só posso agradecer a Deus pela filha que ele me deu e pela escola que a recebeu com tanto carinho… pela dedicação que tem com ela… e tb é escola de bairro…

        JAIRO! ótimo texto!! obrigada!

  26. Eu discordo um pouco desse texto. Fazer alunos com deficiência conviver com “normais” vai gerar bullying. É ilusão, as pessoas são preconceituosas.

    1. Meu filho é uma pessoa com deficiência e sempre esteve em escola regular, com pessoas normais sem aspas (sempre achei que o uso de aspas denuncia preconceitos estruturais). A geração de crianças que estudam com ele não serão preconceituosas, pelo simples fato de que estudaram com ele e aprenderam que o normal é ser diferente. E serão cidadãos melhores: nenhum arquiteto que estudou com o Jairo construiria portas de 50cm; nenhuma criança que estuda com meu filho crescerá achando que diferentes têm que ser segregados. A menos que seus pais os obriguem a tal.

      1. Não é bem assim. Eu sempre estudei em colégios normais, universidade normal – PUC-SP – , e na minha infância sempre brinquei com crianças normais, mas os colegas de escola, mesmo aqueles que estudaram comigo quando criança até a adolescência tem, sim, preconceito contra deficientes, que, politicamente correto é Pessoas com Deficiências, segundo quer a ONU. Quando terminei o doutorado pela PUC-SP em psicologia social em 1994, um dos amiguinhos, que sempre foi meu vizinho e sempre brincamos juntos na infância, chegou em minha casa e fez um monte de perguntas imbecis, duvidando de que eu completei o doutorado. Ele ficou uma hora com as perguntas em cima de mim. Quando eu não aguentava ficar mais em pé, perguntei a ele se ele queria ver a ata de defesa e ele disse que sim e eu mostrei a a ele com 05 dez na frente de 5 nomes de doutores. Ele viu aquilo e saiu com o rabo entre as pernas, com a cabeça baixa e muito sem jeito. Outro fato que aconteceu foi que eu estava num velório e encontrei com uma ex-colega que estudou comigo da 1ª série até o último ano do 2º grau. Ela simplesmente se virou e disse para mim: “nós não sabíamos que você iria chegar tão longe!”. E eu me perguntando: ” onde é que elas queriam que eu estivesse?”
        O que eu quero dizer é que se a escola não trabalhar com os pais, professores e alunos conjuntamente, aqueles irão contaminar os filhos e alunos com seus preconceitos e assim, a coisa irá ser como um cachorro correndo atrás do rabo, ou seja, a sociedade não irá sair do lugar. O buraco do processo de inclusão é MUITO mais em baixo Em tempo: sou paralisada cerebral moderada e tenho 61 anos.
        Ps.: seu texto, como mostra geral da realidade está muito bom, Jairo.

        1. Parabéns, Suely!!! Sua História de vida é fantástica. Divulgue sempre, para inspirar a todos, pessoas com e sem deficiência. Jairo, a matéria tá ótima. Serviu ao propósito, levantar a discussão e fazer com que a gente se mexa, pois quem muda alguma coisa não é o governo, somos nós, a sociedade.

    2. E enquanto pessoas preconceituosas não acordarem que não existe nada de ruim em conviver com deficientes continuará a discussão! Lembre-se que hj podemos ser “normais” e ser rodeados de pessoas normais como nós, mas amanhã a Deus pertence e podemos ter filhos, irmãos e até mesmo podemos ser deficientes aí eu quero ver se mudam ou não de opinião!

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