Essa criança tem manual?

Jairo Marques

Escuto com muita frequência e em todos os cantos que a maior dificuldade de incluir uma criança “malacabadinha” é a falta de preparo da escola, dos professores, das atividades de recreação…. Oi?

Fica-se eternamente correndo atrás do rabo enquanto um pequeno ceguinho, cadeirantinho ou surdinho está ausente de integração, tão necessária para ir montando sua caixa de ferramentas para o futuro.

Criança com deficiência precisa e merece ser tratada como criança, e pronto!

“Mas como assim cê fala, tio?”

Do que os pequenos precisam? De atenção, de algum cuidado mais próximo, de estímulos, de brincar, de sorrir, de aprender um bocadinho. O resto é mimimi.

É preciso deixar de lado um pouco o ímpeto de proteção absoluta e os melindres de casca de ovo para praticar o “TODO MUNDO JUNTO”.

Fico transtornado quando ouço vozes querendo casulos para os “quebradinhos” em uma tentativa de garantir a ele cuidados ditos especiais.

Tem-se é de batalhar, construir e cobrar os instrumentos fundamentais que permitam a interação e a permanência, mas nada de ficar da janelinha gritando esbaforido que esse país não presta e que não sabe zelar de suas diferenças. Isso já se sabe e nada vai contribuir para o avanço.

Na imagem, dois desenhos de crianças elaborados com traços infantis. O menino tem cabelos arrepiados, usa camisa azul, calça verde e sapato vermelho. A menina tem cabelos vermelhos, vestido azul e sapatos roxos.

Criança com deficiência precisa se experimentar, precisa testar o mundo a sua maneira, precisa se encorajar hoje para ter fôlego do preconceito “brabo” e diabólico do amanhã.

Não há exceções, podem me xingar os mais tradicionais e “centrados”. Toda criança quer dizer toda. E toca cobrar e mostrar para a sociedade que o mundo plural se começa com a infância integrada.

Educadores, pais, cuidadores, avós, parentes, terapeutas, professores, recreadores… o século é 21!  Estamos cercados de tecnologia, de Ongs de apoio, de literatura, de linhas de pensamento consolidadas.

Excluir pequenos, então, se faz por preguiça, por burrice ou por ranço de preconceito. Não há um manual pronto para “atender bem” um “malacabadinho”.

O que há são direitos humanos, são valores que habitam a intimidade de cada um –pelo menos daqueles que se dizem do bem- que empurram em prol da defesa da vida e de condições básicas de progresso para qualquer pessoa, sobretudo as pequenas.

Feliz Dia da Criança a todos

Comentários

  1. Sempre ‘soltei’ minha malacabadinha nas selvas da vida, mas jamais consegui deixar de ser um cão de guarda para pular nas jugulares das pessoas preconceituosas. Nunca admiti sua exclusão por ser deficiente, acho que eu era o tal cachorro de japonês de que você tanto fala. Mas não vejo isso como superproteção, já que minha baixinha não sabia se defender.

  2. Não vou xingar não..rsrsrs, não concordo com você, mas, enjoei desse assunto…..rsrsrsrs.Beijosssssssssssssssssssss

  3. Oi Jairo sempre leio seus artigos na internet
    além de sua Coluna na Folha às 4ªs. Acho seu estilo objetivamente com endereço certo. Concordo contigo quanto à
    acomodação de pais e a omissão das
    autoridades das áreas das pessoas c/ deficiência. Lindo, preciso falar contigo e vou
    te enviar email via Grupo Folha; o espaço
    vai terminar. Feliz Dia da Criança que mora dentro de você. bjs. Iracema

  4. Jairo Marques, perdoe-me, mas vou lhe fazer uma crítica: Apelidinhos delicados tipo “malacabadinhos”, etc, acabam estigmatizando mais ainda os já tão discriminados deficientes físicos…Em essência, somos todos iguais ( Não sou deficiente físico mas sou pai de um jovem com paralisia cerebral). Em maior ou menor grau todos somos defeituosos, quer queiramos ou não…É redundante!!!…O deficiente sente-se mais deficiente ainda com esses “apelidinhos delicados”que tentam amenizar a verdade…Sei que o blog é seu, mas não resisto quando vejo algo que pode ser melhorado. Desculpe, um abraço…

    1. Sérgio, os “apelidinhos” são a essência desse diário e esse ponto não vai ser mudado nunca. Já houve 500 ou mil discussões nesse sentido.. vou sempre respeitar seu ponto de vista, mas vou continuar com o meu.. grande abraço..

  5. Sempre falo isso, o cuidado excessivo, o diferenciar mesmo com um bom motivo, não deixa de ser uma segregação! Tratar igual representa pra mim a verdadeira inclusão, claro que há o respeito por alguma limitação, mas enxergar o deficiente como ser humano e não como deficiente já é um bom começo! Criança tem que ser tratada como criança, todas, independente de qualquer coisa, inclusive com broncas e limites quando necessário! Elas serão o futuro do mundo, e eu espero que seja um futuro muito mais inclusivo! Bjussss…como sempre, excelente texto!

  6. Jairo, estou com você em gênero, número e grau. Fala-se muito em “inclusão”, mas muitas e muitas crianças malacabadinhas estão a ver navios, ou, excluídas na inclusão. Melhor dizendo: elas estão indo nas escolas, mas estão separadas das outras. Também fico “verde” de raiva quando escuto estas coisas. Bjs Suely

  7. Estudava em um colégio católico em que tiveram a brilhante ideia de separar o meu “recreio”dos demais, porque os “maiores” iam me derrubar! Ainda bem que não pirei! Hahahaha
    E olha que não faz tanto tempo assim!
    Queria voltar lá e dizer que Gzuiz viu isso! Hahahaha

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