A revolução sexual dos quebrados
Às vezes, penso que as pessoas com deficiência vivem um tempo de revolução sexual. Um momento semelhante ao vivido pelas mulheres na década de 1970 e pelos gays na década de 1990.
“Aff, tio, do que cê tá falando, heim, lokão?!”
Até pouquíssimo tempo, eu diria que menos de cinco anos, havia um silêncio sobre a possibilidade de o povo quebrado deitar e rolar nos prazeres da carne… ui… 😀
Diante disso, quando se começou a mostrar que cadeirante pode brincar de fazer cadeirantinho, que toda pessoa com deficiência tem suas maneiras de juntar o lé com crê 8) , o negócio virou uma festa.
Nas redes sociais, em alguns momentos, dá até constrangimento de tanta figurinha mostrando mulher enroscada em cadeira de rodas, homem empurrando por trás :P, cadeirinhas brincando de engatar pela rua…
Parece que todo o mundo dos quebrados criou a necessidade de mostrar que é potente, que é sexualmente ativo, que está disponível para fazer o colchão velho piar… 😳
De certa maneira, é “maraviwonderful” ter esse momento de afirmação, de quebra de paradigma e de falsos conceitos. É bacana que a sociedade tire de nós (ui ;)) uma impressão de que somos seres assexuados e só gostamos de jogar baralho e biriba com nossas parceiras e parceiros.
Por outro lado, quando se expõe demais a vida particular da gente, abrem-se diversas porteiras para que oportunistas tentem se aproveitar disso. A exploração sexual de pessoas com deficiência é um risco e uma realidade.
Atualmente, pelo que sei e me repassaram, existe até rede de relacionamento exclusiva para arrumar “esquemas” pros “malacabados”. Tudo bacana e prático na intenção de “facilitar” a conquista de um parceirão ou uma parceirona para ‘nhanhar’….
Essa porteira pode, se mal utilizada, além de facilitar a retirada de calcinhas e cuequinhas (uuuia), comprometer a vida de uma pessoa e trazer toneladas de problemas.
Entrar em uma dessas redes, grupos de discussão ou clubes pode ser muito gostoso, facilitar relacionamentos e tudibão, desde que não se seja tolo ou ingênuo de achar que um grande amor ou uma noite cheia de prazeres se conquista em poucos cliques.
Não sou um pudico e me orgulho muito de ter sido uma das primeiras pessoas a escrever e divulgar abertamente as condições de sexualidade das pessoas com deficiência (desculpai a falta de modéstia, mas isso é real!).
Acontece que essas exibições despudoradas acabam por vulgarizar uma discussão que é bacana, que é libertadora e que é importante para mudar uma realidade distorcida.
O sexo precisa ser uma descoberta, uma construção e uma troca de sensações para qualquer pessoa. Mas esse processo tem de ter intimidade, tem de ter cumplicidade e entendimento do casal.
Ótimo ter uma afirmação de uma identidade sexual (já publiquei vááários post com essa temática) e é até importante, mas vulgarizar isso com exaltação gratuita enfeia a batalha pela inclusão, pela mudança de olhar e pela conquista de maior entendimento da sociedade em geral a demandas de cama, mesa, banho…
Que mania que as pessoas tem de achar que somos assexuados, coisa que está muito longe de ser verdade, chatice!!!
Temos que conversar e trocar ideias sobre esse assunto sim, principalmente porque pais e familiares são os primeiros a nos verem como seres assexuados, principalmente se formos mulheres.
Se pensarmos em pagar pelo servicinho como diz o Robson Sifredi no post, corremos o risco de sermos internadas em um manicômio, rsrs…
Só não concordo em sair por aí expondo demais nossa intimidade, acho vulgar e atrai a atenção de pessoas não muito confiáveis. Não importa nossa opção sexual, temos que ser respeitados como pessoas, só isso.
É isso aí!
Se revolução sexual fosse algo útil ou bom, o mundo teria realmente melhorado nesse súltimos 50 anos. Veja a fraqueza e corrupção da lei em todos os cantos. Na hora de querer direitos todo mundo quer. Interessante não ?
Esse preconceito que acontece de achar que deficiente não gosta de sexo…. sei não viu!
Jogar Baralho? Eu gosto de jogar dados quando não sobra dinheiro para pagar as profissionais do sexo. “O cara tem uma limitação física, logo não deve gostar de ‘socar o pilão na paçoca'”. Quem pensa dessa maneira também tem deficiência. Eu só não faço mais coisas relacionadas ao sexo, por causa de minha limitação. Se não fosse isso… desculpa o termo. mas seria muita “putaria” – Eu penso que pelo fato de não termos tanta facilidade em atrair parceiros hetero, nossa libido é até mais “caliente” do que um cara que tem muitas mulheres atrás dele. Quando eu era adolescente, não tinha dinheiro para nada…. depois da fase adulta, que consegui ter acesso a alguns Reais (isso durou só alguns anos, hoje meu poder aquisitivo caiu bastante), eu faço o que posso para manter minha sexualidade e masculinidade ativas. Espero que não me falte dinheiro por que sejamos verdadeiros, Jairo! um homem deficiente que não tem grana – vai sofrer dobrado. Dinheiro para pagar umas boas putinhas é o que desejo a todos os malacabados como eu. Saúde e paudurescência física e espiritual pra todos nós da Matrix. Desculpe a linguagem vulgar, mas eu tenho um pouco de Nelson Rodrigues em minha pessoa.
Caraca…. ponto de vista corajoso ahhahahahahaa.. abrasss
“Assim ‘como’ você” nunca teve um sentido tão próximo ao post kkk
brincadeiras a parte, seria uma boa lançarem um livro explorando essa temática, ainda mais agora que está em voga esses livros calientes, né?
Desculpa o sumiço, mas minha vida anda uma zona e tanta coisa acontecendo… tanta mudança, eu me formei (\o/), mudei de cidade, estudo para concurso…
mas saiba que, mesmo que eu desapareça, vc sempre estará no meu coração e na minha memória. Minha vida mudou depois que descobri o blog, a forma como vejo o mundo, as cidades, a calçada e as ruas, a acessibilidade e tudo o mais, as informações, a sensibilidade, a maneira de enfrentar a vida, as inspirações, os exemplos, isso é presente em meu dia-a-dia, na forma como encaro as estruturas e a vida. Obrigada, Jairo :)!!!! Inclusive, penso que algo que quero fazer quando eu finalmente virar gente é dar um jeito de exigir que, ao menos aonde eu trabalhar, todo mundo possa entrar, se comunicar, livremente!!!
beijos e ao infinito e além 🙂
Que liiindo, darling!!! E vê se não demora tanto pra voltar!!! bjos
Jairo, tem que ter AMOR, o tal do sentimento. Depois, cada um sabe o que oferece de melhor!
Muito legal!
Conheci um surdo na década de 80 que disse que os surdos sofrem de muitos abusos sexuais pelos ditos “normais”. No Face tem um grupo que se chama “Deficientes devotes”. Mudando um pouco, há os pcs graves que não tem nem chances de desenvolver a sua sexualidade e nem muito menos de fazer sexo com alguém. Mas a dica que vc deu no blog de tomar cuidado com sites de relacionamento vale e muito para todos. Gostei. Bjs
😉
Maravilhoso texto. Vou compartilhar. Abraços e parabéns, Jairo.
Obrigado, querida!
Oi tio,sei que ando sumido,mas a Folha não me deixe ler os posts do fim do mês =b ahah Eu tava pensando nisso esses tempos..se um dia conseguir me formar em Psicologia gostaria de fazer um trabalho voltado nesssa área..não se fala muito sobre a sexualidade do deficiente ainda ( já começamos,com pessoas como tu,seu safadinho!),nem sobre os deficientes gays ( devem ser a minoria da minoria da minoria mas existem),nem sobre os devotees( pessoas que tem tesão em deficientes,amputados,etc).Abraço!
Thiagão, caso vc encampe esse trabalho, vai bombar… pode crer! Abrasss
maravilhoso artigo, e sim, precisamos falar sobre sexo e sexualidade. confesso que fiquei curioso com a rede social. abraço, jairo.
Netão, é fácil de encontrar pelos buscadores! Abrass
Adorei seu ponto de vista e concordo com ele! Não sou deficiente, mas sou professora, e isso me dá abertura pra conhecer um monte de gente que “sofre” com a “assexualidade”…
No fim, esquecemos que a sexualidade é mais do que sexo… ainda bem q tem gente como vc pra lembrar…
Ôoooh, professora, obrigado… e esse tema é realmente, muito pertinente!
Tio Bão, vou escrever aqui o que escrevi lá no Face:
Através de uma sala de bate-papo, conheci uma mineira… vim a saber que ela era cadeirante e que morava em Belo Horizonte.
Lá pelas tantas, o papo ficou caliente, sem perder nem um pingo da seriedade.
Fomos para o telefone… meu amigo, ela da um baile em Julio Verne, no quesito imaginação… um dia, irei a Belô para conhecê-la… abração
Acho super bacana e bate papo pode ser uma forma de as pessoas com deficiência conhecerem o mundo… basta ter um bocadinho de cuidado, né?! Abrasssss
como sempre um texto informativo, reflexivo que vai ajudar a muita gente, acender luzinhas de alerta porque infelizmente precisa sim…as redes são cheias de oportunistas. Beijão querido amigo.
Beijos, Sô!