Invista em você
Qualquer pessoa “malacabada”, independentemente do grau em que seja quebrada, precisa criar em si a consciência de que é fundamental construir pontes que o levem a conquistas, realizações.
Sim, todo mundo tem de planejar um caminho para o futuro. Normalmente, é o conhecimento que vai ajudar nesse processo de realizações.
Hoje, com o mundo interligado, com as conexões em rede, é tudo muito mais tranquilo do “no meu tempo”…. 8)
Para estudar inglês, por exemplo, eu tinha de dar uma boa camelada pela cidade tocando minha cadeira. Chegava na escola mais suado que garrafa de cerveja em mesa de boteco durante o verão … 😆
Fico muito empolgado quando vejo mais e mais pessoas com deficiência não abrindo mão de seus desejos de formação, de sonhos e não se intimidando com tudo que representa “dificuldade”.
Tenho recebido, ultimamente, vários relatos de cadeirantes, cegos, surdos e demais estropiados que estão encarando o mundo para aprender novas línguas, para estudar ou mesmo em viagens culturais.
Fazer isso sobre rodas, com bengala, com cão guia ou com qualquer outro aparelho de compensação do físico ou do sentido não é bolinho, exige coragem, planejamento e disposição para passar perrengues que vão acontecer, com certeza.
Mas investir em si é um caminho seguro para abrir novas fronteiras de possibilidades e, no caso de pessoas com deficiência, de engrossar a batalha por igualdade.
Hoje, trago um relato muito bacanudo de uma garota cadeirante que resolveu fazer um intercâmbio nos EUA. A Michele Simões conta um bocadinho de como tomou essa atitude, como está virando por lá e tudibão!
Boa leitura!
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A ideia veio desde cedo, e apesar de muito nova, sempre sonhei em morar no exterior. Comecei devagar e o primeiro destino foi definido pela faculdade de Design de Moda, em Londrina (PR), onde estudei por quatro maravilhosos anos.
Em 2006 após me formar, o próximo passo era trabalhar em São Paulo, onde poderia juntar dinheiro e ganhar um pouco de experiência na área para então alçar novos voos.
A vida resolveu me mostrar novos ângulos antes de mudar de ares, e após um acidente de carro, acabei ficando paraplégica.
O mais difícil de tudo foi voltar a depender das pessoas, logo eu que amava a liberdade que minhas pernas me davam. Por um bom tempo, acreditei que minha felicidade só voltaria quando eu pudesse ficar em pé novamente.
Minha teimosia e otimismo nunca deixaram o desanimo chegar e o sonho que ficava ali num cantinho todos os dias me chamava de várias formas; assistindo programas sobre viagens (adoooro :D), vendo fotos de amigos ou ouvindo histórias que eu sonhava em viver também.
Após quase quatro anos brigando com um grave problema de pressão, eu finalmente consegui voltar a sentar e começar a tocar minha cadeira.
Era o que eu precisava. Minha sede de independência crescia a ponto de despertar meu interesse por tudo, me arrisquei na cozinha, aprendi a nadar e velejar, descobri que minha cadeira me levaria onde eu quisesse (quase vai…rs), enfim, descobri que eu não precisa esperar para ser feliz e que mesmo cadeirante eu tinha sonhos a serem realizados.
Primeiro passo foi a escolha de uma agência que abraçasse essa ideia e principalmente entendesse minhas necessidades.
Após planejar tudo, dia 3 de agosto parti para Boston (EUA) onde estudarei inglês por dois meses.
Apesar de estar acompanhada do meu maior parceiro, meu namorado há sete anos (sim, começamos a namorar no hospital), combinamos que eu teria essa experiência como se estivesse sozinha, ou seja, classes separadas, alguns programas separados, inclusive no embarque e na conexão, ou seja, estou bem tensa, mas amando cada desafio.
Meu maior receio são as ruas. Como será andar sozinha em uma rua outra vez? E se eu cair, quem vai me ajudar? E se errar o percurso, não tenho fluência na língua, como farei? E no aeroporto, quem vai me ajudar? São mil perguntas que faço para mim todos os dias.
A vida é correr riscos, e sou movida a desafios, por isso resolvi ser feliz; se cair, eu levanto, se me perder, vou me achar e, na real, ninguém nunca estará 100% seguro, andando ou não.
Levo a coragem e a vontade de viver na bagagem e por pensar que não sou a única cadeirante insegura no mundo, resolvi compartilhar esses medos e descobertas em um blog que escreverei durante a viagem, e convido a todos a me acompanhar nessa descoberta!
E aí, vem comigo?
Para conhecer mais sobre a aventura da Michele, é só clicar no bozo!
Que fofa. Que guerreira. Se para nós que somos “malacabados”de nascença a coisa já é complicada, imagina pra quem tem que se adaptar, se reinventar e se aceitar como cadeirante, ou seja lá qual for a dificuldade. E ela ainda foi mais além.
É, Paula… vc tem razão… bjo
Vivi dois anos em Frankfurt sozinha, pra estudar, nunca tive problemas. Temos que arriscar senão ficamos estagnados.
Lá fora, é tudo mais acessível pra nós, metrô, trens, ônibus, restaurantes. Como praticamente todos os lugares são adaptados, facilita demais nossa vida. Tá certo, tem o frio de congelar ossinhos, o idioma, mas a gente aprende a conviver com essas coisinhas.
Vc fala alemão, Lúcia?! Que phiiiiina!!!
Português e japonês eu me garanto.
Inglês e alemão dá pra me virar, rsrs…
Phiiiiina!
Mi, que linda! Amei ler sua história, com certeza darão forças a quem precisar seja ela com ou sem def., show de bola! Parabéns por ter essa garra de sempre superar seus medos, esse é o desafio de todas as pessoas!! Penso como vc! Caiu, levanta! Se não enfrentarmos os medos nunca saberemos se daria certo, né não!? Um super beijo, felicidades!!!!
Óia quem apareceeeeu!!! bjos
Bjoooo!!! =)
Oi Jairo, adoro seu trabalho e gostaria que vc lesse um texto que publiquei sobre o começo de minha trajetória http://umbigodascoisas.com/2011/12/29/dos-pes-a-cabeca/ [eis o link] um beijo e sucesso.
Neto, vc tem um talento incrível com a palavra… vamos trocar ideias pelo email?! Abração!
Obrigado, querido. Seguindo sempre pelas possibilidades. Estou cursando 8º semestre de psicologia e é sempre bom trocar experiencias e impressões. Força pra gente. Abraço.
Sempre quis estudar ingles no exterior mas nunca encontrei nenhuma agencia que atendesse por exemplo,pessoas com deficiencia de maneira geral ou que atenda pessoas com baixa visão..ha anos parei de estudar ( estudava Direito mas nao curtia) e nao havia possibilidade de estudar em outra cidade..estao pra abrir 2 facus de Psicologia ( o que eu quero!) aqui na minha cidade..aí pode chover,nevar, ter perrengues e preconceitos me esperando que eu VOU!! Abraço!
Thiagão, talvez demore mais “cem” anos para que essa agência venha a existir. O lance é nós mesmos irmos criando condições, exigindo, construindo… O mundo do jeitinho que a gente precisa ainda vai demorar muuuuito… abrasss
Oi tio, passando para dizer que estou sumida dos comentários, mas presente nos textos.
24 horas de cuidados com o Fefë que cresce a cada dia! O molequinho já está com 8 meses! Af como passa rápido!
Beijinhos e saudadess.
Eu sempre vejo as fotos sua com ele… uma lindeza! Bjosss
A cada dia mais eu me convenço que o impossível “não existe” . Eu já provei para mim mesma que eu podia fazer o que eu achava impossível. Nem a não fluencia da lingua me deixou de conquistar a Europa e me divertir horrores!!
Acho que ta cada dia mais dificil achar o que a gente ñ pode fazer!!! Alias, qual foi mesmo a ultima coisa que vc quis fazer e desistiu de fazer por ser impossivel?? rs Eu nem lembro se isso já existiu para mim! rs
Um beijo e sucesso para a Michele que está conquistando um pouquinho mais de vida!
Esse “impossível”, atualmente, está muito mais na cabeça dos outros!!! bjos
Acho que mais nem na cabeça dos outros… ” Ando” feliz com as conquistas da galera pela dominação da vida!
“(…) se cair, eu levanto, se me perder, vou me achar e, na real, ninguém nunca estará 100% seguro, andando ou não.” Menina corajosa, a Michele. Encarar uma terra estranha sem dominar a língua (questão de tempo) ou conhecer a cidade será um desafio a mais para quem já se aventurou na cozinha (morro de medo!), velejou, nadou… já pensou em asa delta? É uma delícia.
Vou acompanhar seu diário, e desconfio que vou me divertir um bocado. Grande beijo!
♥
Vai nessa força que Deus é contigo!! Parabéns e sucesso sempre.