Restaurantes e diversidade

Jairo Marques

Meu povo, sempre digo que não sou um repórter que escreve sobre deficiência. Prefiro que digam que sou um profissional que também está atento a questões que envolvam o mundo dos “malacabados”, que também é meu mundo.

Dentro disso, estou sempre atento para que as diversas editorias da Folha também incluam em suas abordagens assuntos que envolvam a diversidade e suas demandas, suas necessidades!

E não é que, desta vez, o debate emplacou no caderno “Comida”? Eles foram atrás de uma chef cega que ganhou um reality show de gastronomia nos EUA (que, por sinal, vários leitores me avisaram sobre o fato) e aproveitaram para fazer uma boa discussão sobre o valor dos “sentidos” dentro da cozinha.

Fiz um texto de apoio palpitando e rosnando, como sempre kkkkkkk…. Espero que curtam!

JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA

Apesar de ser a exploração de múltiplos sentidos caminho certeiro para preparar uma boa comida, restaurantes ainda têm dificuldade e alguma falta de vontade de tratar bem a diversidade. Cegos, surdos e cadeirantes também apreciam gastronomia, têm poder de compra e querem frequentar a boa mesa.

Muitas vezes, porém, o que surgem são barreiras tanto físicas como de atitudes que impedem ou causam desconforto a esses grupos para que desfrutem de seus sentidos.

E os problemas podem começar na entrada, com a falta de rampas. Uma boa recepção se inicia com a forma de dizer “bem-vindo”.

Oferecer ajuda a um deficiente visual para chegar à mesa é bacana, mas não é preciso insistir e muito menos tomar uma atitude por conta própria, como sair empurrando um cadeirante que não solicitou a “mãozinha”.

O espaço, por menor que seja, precisa ser pensado para a diversidade.

E nada é muito complexo: adaptar um banheiro, ter um cardápio em braile, uma mesa ligeiramente mais larga -para caber uma cadeira de rodas-, noções básicas de sinais para atender um surdo.

Chefs estão sempre aprimorando seu tato para atingir boas texturas, a visão para seduzir estômagos, o olfato para escolher os melhores vinhos e a audição para o controle exato das fervuras.

Quem entende tanto de sentidos sabe que um não se sobrepõe ao outro -por isso há cozinheiros que não veem, não ouvem…- e que é preciso garantir que as diferenças entre as pessoas sejam contempladas e respeitadas até na hora de comer.

Para quem quiser ler as outras reportagens, seguem os links

Americana cega lança livro de receitas e estimula debate sobre cozinhar sem enxergar
ONG ajuda cegos a desenvolver técnicas de cozinha

Comentários

  1. Wow that was unusual. I just wrote an incredibly long comment but after I clicked submit my comment didn’t appear. Grrrr… well I’m not writing all that over again. Anyway, just wanted to say fantastic blog!

  2. Jairo, já foi a algum restaurante com um PC (Paralisado Cerebral)?

    É uma experiência bastante desagradável, os garçons e atendentes, devem achar que não comemos e nem bebemos nada, rsrs…

    Sempre perguntam a nossos acompanhantes o que vamos comer, como se fossemos invisíveis.

    E ainda fazem comentários do tipo: Coitada, deve ser difícil cuidar de alguém assim, só rindo mesmo viu. kkkkkkkkkk

    1. Puxa, me esqueci do lance de perguntarem para o acompanhante…. vc tem toda a razão…. acontece a toda hora… beijos

  3. Taí uma coisa que queria aprender e minha mãe não deixa..tenho 30 anos e não sei nem ferver água..literalmente. E tenho uma amiga cega total que sabe fazer algumas comidas bem básicas..sobre a chef cega.. pode ser preconceito meu, mas a impressão que dá é que como temos que nos impor mais, ficar provando a competencia,fazemos tudo sem desleixo,com mais cuidado.

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