Vou me aposentar antes dos 50…?
Dona Dilma, mais conhecida com a presidente deste nosso país, sancionou nesta semana uma lei que muda as regras para a aposentadoria das pessoas “quebradas”, “malacabadas”, arruinadas das pernocas ou dos sentidos!
Daqui a seis meses, quando as regras passam a vigorar, o povão com deficiência terá que contribuir menos com a Previdência para pendurar a chuteira e ir para a praça jogar dominó… 😯
Como o Brasil é um país “solidário” e o assistencialismo impera em todas as esferas, os deputados das comissões aprovaram o projeto de mudança por unanimidade. Quer ferrar um político é causar encrenca com puxador de cachorros, gente em cadeira de rodas, gente lelé ou com o escutador de novela arruinado.
Pois bem, com as medidas, eu, um tiozão todo “esgualepado”, deverei me juntar ao time da biriba antes dos 50 anos, uma vez que tenho uma deficiência considerada (até onde sei) severa e poderia ter 100% do benefício contribuindo por 25 anos. Como já quebrei muita pedra, isso rolaria, em condições normais de temperatura e pressão, daqui a poucos anos.
Qual a justificativa da lei? Que as pessoas com deficiência têm um desgaste maior do que os mortais comuns durante o período laboral e que, por isso, tem uma necessidade física de parar antes.
De certa maneira, isso me parece fato. O desgaste de compensação que temos é muito grande. Quer dizer, quem não anda, compensa o esforço nos braços, que se arrebentam em algum momento, quem não vê, concentra-se na audição e pode ter problemas futuros com isso… e por aí vai.
O meu questionamento primeiro é se houve alguma base científica fechada sobre essa questão. Até onde sei, é mais o peso de relatos do que, de fato, uma comprovação. Conheço pessoas com deficiência velhinhas que passam perrengues semelhantes e apenas semelhantes que outros velhinhos convencionais.
A legislação vai abraçar também pessoas que tenham, comprovadamente, deficiências consideradas leves. O que isso quer dizer? O ex-presidente Lula, que tem uma deficiência na mão pela ausência de um dedo, seria beneficiado, por exemplo? E uma pessoa que usa óculos com grau elevado?
Temo por uma antipatia tremenda a esses casos. Temo pela população, de forma geral, ter ficado apartada do debate dessa lei e passar a considerar os quebrados como “usurpadores dos cofres públicos” por se aposentarem mais cedo.
E será que uma pessoa de meia idade conseguirá uma nova colocação no mercado caso perca o emprego? Será que os empresários não torceram a cara e pensar: “pô, mas o cara vai se aposentar daqui a um tiquinho…”
É louvável o espírito protetor da medida. Entendo que ela poderá beneficiar muito um grupo de pessoas, mas ainda tenho dúvidas se ela, da forma como está formatada, não vai estrangular conquistas.
Agora, em tese, somos protegidos para entrar no mercado de trabalho, com a lei de cotas, e também para sair dele, juntando as trouxas mais cedo. Mas será que não teríamos de fortalecer bem mais, primeiramente, os caminhos de entrada?
Reconheço a força que os deputados com deficiência que estão em Brasília estão fazendo para que leis de proteção à classe avancem, o que eu gostaria de ver é mais debate social sobre esses supostos ganhos.
A imagem de um tetraplégico, de um cego, de um paralisado cerebral ainda é extremamente estigmatizada neste país. Ainda somos vistos como força laboral lado B, força laboral para chão de fábrica, para produzir artesanato ou para apertar botão…
Agora, também temos uma “vantagem” para trabalhar menos (“mas como assim, menos, se eles só fazem coisas fácies?”). Tomara que tudo se encaixe bem e que haja compreensão da legitimidade da canteada, pois caso não haja, temos um risco grande de retrocesso, de ver reforçado o rótulo de “coitadinhos”, de dependentes profundos e de meio cidadão.
E “ceistudo”, o que acham da nova lei?! Bora debater nos coments?!
Para quem quiser conhecer os detalhes da lei, que ainda vai precisar de regulamentação (regras mais claras para ser aplicada), é só clicar no bozo…
Bom dia Jairo, cheguei tarde pra essa discussão, mas já ouvia falar desse projeto de lei há muito tempo atras. É evidente que quanto mais avançamos na idade mais limitações vamos adquirindo. Com exceção dos políticos, quem no Brasil consegue viver com dignidade dependendo exclusivamente da aposentadoria ? e mesmo que o seu valor fosse atraente não é bom o corpo (físico e mental) uma parada brusca nas atividades diárias. Eu acredito que ainda vai haver muita polemica quanto a classificação da deficiencia em Grave, Moderada ou Leve.
Abraço, Carlão!
No fim nao dei minha opiniao. Já machuquei o joelho feio 2x e precisei usar muletas por algumas semanas. Nao achei nada fácil, nas duas vezes nao conseguia cumprir as 8 horas diárias (doiam as costas e o joelho, ficava exausta) e entrei com atestado médico pra diminuir a carga horária.
Enfim, cada um sabe de si e até onde consegue ir sem se prejudicar, mas acho que toda opcao deveria ser bem vinda.
Quanto a uma possível crítica da sociedade eu nao acredito nisso. As mulheres entram na aposentadoria 5 anos antes dos homens e nunca vi ninguém reclamando.
Agora mudando de saco pra mala essa aposentadoria precoce das mulheres eu acho ruim, nao colabora pro feminismo nem pra luta pela divisao mais justa das tarefas do lar (afinal se a mulher é “poupada” no trabalho cria margem pra que ela se dedique mais ao lar).
Acho que esses 5 anos poderiam ser revertidos durante o tempo na ativa (tanto para as trabalhadoras como para os trabalhadores) de alguma forma em licencas para cuidar dos filhos (ou alguém acha bacana tercerizar o cuidado de um bebe de 4 ou 6 meses?) ou até dos pais velhos, isso sim ajudaria nao só às mulheres como toda a sociedade.
Bjs,
Elisa
Jairo, moro na Alemanha e aqui hoje em dia se aposenta aos 65 (!) anos. Um colega soldador me disse que ele poderia se aposentar com todos os benefícios já aos 60 anos devido a ser amputado de uma perna (mas apesar da profissao ser exigente fisicamente ele acabou se aposentando definitivamente aos 67 anos e só porque ele foi obrigado).
Nao sei se a regra se extende a todas as deficiências, mas sei que as deficiências (e tb doencas como AIDS e etc.) costumam ser acomodadas em graus na hora de calcular o quanto o empregador é “legal”.
Pessoas que tem/tiveram doencas crônicas (câncer, etc.) podem se aposentar mais cedo sem perder tanto dinheiro.
Pela minha faixa etária e nao tendo nenhuma deficiência só poderei me aposentar aos 67 anos. Coragem, porque é muito tempo! Se juntar meu tempo de estágio vou passar quase 50 anos da minha vida trabalhando.
Bjks,
Elisa
Caramba, Elisa! É muito tempo, mesmo! No brasil há regras especifícias de aposentadoria para pessoas com Aids. A lei aprovada agora é exclusiva para pessoas com deficiência física, sensorial ou intelectual… bjoss
Jairo, entrei no serviço público a mais de 27 anos, quando não existia lei de cotas. Quando comecei a trabalhar andava de muletas e aparelho e levei muitos tombos nas ruas esburacadas e molhadas. Naquela época as vagas especiais para estacionamento eram raríssimas. Todos os dias deixava meu carro numa dessas vagas no Fórum do RJ e pegava um táxi para ir até a Procuradoria que eu trabalhava. Em dias de chuva nem preciso te contar como era complicado. Com o tempo as coisas foram melhorando para nós (melhora lenta e pouca, mas melhoraram), porém a idade foi chegando e a deficiência aumentando, o que me fez ter de usar cadeira de rodas. Não sei nem se conseguirei me aposentar com a nova lei, pois ainda não votaram a que estende o “benefício” aos servidores públicos. Entretanto, acho que da mesma forma que temos que sermos respeitados em nossos direitos, temos que aceitar que nossas condições físicas são bem mais limitantes que de outros trabalhadores que tenham a mesma idade e que desempenhem a mesma atividade. Louvo a iniciativa da lei, acho que ela vai possibilitar muitas pessoas com deficiência a terem uma velhice mais digna e poderem aproveitá-la com mais qualidade. Forte abraço.
Maria, acho que não faz o menor sentido a lei não valer para o serviço público tb, não é?! Não haveria razão para essa diferenciação.. .um abração!
Sei que a aposentadoria precosse é uma luta que vários deficientes fazem a tempos, e coloca tempo nisso! Penso que cada caso deve ser analisado, antes de dar ou não a aposentadoria. Se o indivíduo tiver a falta de um dedo, só, é muito pra cabeça, né? Tenho um primo meu que não tem o dedo que o Lula não tem e trabalha construindo maquetes de prédios de aprtamentos e/ou comerciais, com carros, gente andando e tudo o mais. Mas se o deficiente é muito comprometido ou o desgaste dele é bem assentuado, ai…. é de se pensar. Penso que o pessoal comum irá pensar como quando a lei de cotas para negros foi implantado, que, cá pra nós, penso ser um absurdo! Essa lei deveria abranger a todos que estudaram no ensino público e não apenas aos negros. Assim, a coisa seria mais justa. Voltando aos deficientes, você tem carro para se locomover. E quem não tem e tem sequelas semelhantes e que tem de pegar ônibus todos os dias, andar em calçadas esburacadas todos os dias? E assim por diante? Será que seria assistencialismo? Até pq eu não sei se esta lei irá ser cumprida, como outras tantas que não o são. Ou será que irá ter tanto impecilio burocrático, que o def. que o pedir irá morrer antes? Não sei, não…. Bjs.
Boa, Su… bjos
Sinceramente não sei se sou contra ou a favor desta Lei, assim como não tenho posição definitiva sobre a Lei de Cotas. Quando entrei na Prefeitura, foi por concurso e nao tinha ainda essa Lei.
Mas um fato é nitido. Aposentadoria do INSS não permite a ninguem, normal ou mal acabado, viver com dignidade. Muitos que se aposentam continuam trabalhando para poder pagar Plano de Saude, aluguel, etc, etc. Agora entre o segmento existem aqueles que se acomodam com o BPC e nem tenta encontrar um emprego. Nesse caso eu condeno essa bolsa esmola do governo.
Quanto a sua questão do LULA, saiba que ele foi aposentado por invalidez quando perdeu o dedo. Agora quantos amigos com sindrome pos polio, com dores e fadiga nao conseguem nem prorrogar um afastamento? Esse crivo que o INSS fará para definir o que é deficiencia grave ou moderada vai render muita briga!
Eu estava mega curioso para saber o que vc pensava a respeito, Betinha ahahhahaah
Bete, quanto a lei também não tenho uma opinião formada. Só a título de informação, sem que seja uma defesa da aposentadoria que ele recebe ou do político, o Lula recebe aposentadoria por ter sido perseguido político enquanto era presidente do sindicato e não por invalidez.
Obrigado, Flávio!
Oi passo dizer uma coisa ainda não trabalho mas tenho um sonho de quando começar a trabalhar só me aposentar compulsoriamente aos 70 anos
abraços,
kkkkkkkk… 70 tb já é demais, num é?! bjo
so no brasilmesmo…..
e isso ai
Acho muito válido o debate, sei que a lei de cotas não funciona pra maioria dos mal-acabados, usados unicamente pra preencherem vagas e só com deficiências consideradas leves.
Mas não considero essa lei um privilégio, trabalho a mais de 22 anos, não precisei das cotas pra entrar no mercado de trabalho.
Sempre trabalhei de dia e estudei de noite. Enfim, me formei, cheguei ao pós doutorado e cresci muito profissionalmente.
Mas as sequelas da paralisia cerebral vem me tornando cada dia mais frágil fisicamente, com dores horríveis que às vezes me deixam completamente exausta.
Poderia me aposentar por invalidez, mas nesse caso o meu rendimento cairia consideravelmente.
Concordo que cada caso deve ser estudado e avaliado. Porque quando vejo alguém como o ex-presidente Lula se aposentando por falta de um dedinho, não acho justo.
Beijos.
Lúcia, muito obrigado por seu comentário! Bjoss
É uma lei “do inferno”.. cheia de boas intenções, mas que ao mesmo tempo reforça o estigma de que não podemos trabalhar, de que “ah eles vao trabalhar menos que eu, contribuir menos que eu que sou normal”, ao mesmo tempo em que,talvez não sei, abra vaga pra um trabalhador jovem “normal”,não?Como tu mesmo disseste,acho que o numero de beneficiados por essa lei vai ser menor do que de pessoas que querem e sabem que podem trabalhar.
Corajoso esse coments!
Na verdade, acho que essa lei é mais uma medida provisória até que as cidades tenham infra-estrutura para atender os deficientes pois os serviços que são oferecidos (transporte, educação, locomoção) ainda não atendem à toda demanda. Assim, ela transfere toda a responsabilidade aos cidadãos. Não acho isso ruim, contanto que o Estado ou Município cumpra com a sua parte de melhorar/facilitar os serviços oferecidos.
Interessante esse ponto de vista… abras
Olá, Jairão, tudo bem?
Então… realmente a questão rende aqueeele debate (rsrsrs!), já que traz benefícios de um lado, mas traz “efeitos colaterais” de outro. 😉
Mas, raciocinemos aqui:
De certa forma, a pessoa com deficiência acaba por ter, realmente, um “desgaste” maior que os “ditos normais” (rsrsrs) no que se refere ao trabalho… mesmo com o benefício da lei das cotas. Olha só por que:
-Mesmo com o ingresso no mercado de trabalho assegurado pela lei de cotas, a pessoa ainda tem de ficar “enfrentando a sociedade” que não a aceita, “enfrentando” as pessoas que a cercam no ambiente de trabalho para PROVAR que é competente e que ela é merecedora da vaga (e não “apenas uma coitadinha” que só foi aceita pela lei de cotas) – e, assim, ter seu reconhecimento profissional. Fica aquela história de que “não basta ser bom, tem é de provar”, ou que “esforço comove, mas é resultado concreto que convence”;
-Muitas vezes, a pessoa é qualificada profissionalmente, tem até curso superior e pós-graduação, e tem dificuldade para conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Tá, tem as cotas, mas tem muita empresa que contrata a pessoa com deficiência só para não ter conflito com a lei, e… na prática, “paga a pessoa para ficar em casa” – o que garante seu salário, seu sustento, sua carteira assinada e sua contribuição para a Previdência Social, mas… impede a verdadeira inclusão, que é dar oportunidades para a pessoa mostrar seus talentos profissionais e ter participação social e profissional como as pessoas “convencionais”;
– Isso tudo dá um desgaste psicológico imenso – além , claro, dos desgastes “normais” que todo ser humano tem no cotidiano, num ambiente de trabalho, ao lidar com pessoas e com situações desgastantes. Ou seja, chances de stress duplicadas.
-No caso de cegos, por exemplo: dependendo de sua profissão e de seu local de trabalho, eles têm de trabalhar com fone de ouvido o dia todo, já que usam software leitor de telas por não enxergarem a tela do PC. Já foi comprovado cientificamente que o uso excessivo desses fones de ouvido podem causar alguma perda auditiva… e,para quem tem deficiência visual, a audição é IMPORTANTÍSSIMA – pois não só cumpre seu papel convencional como também o papel compensatório pela falta de visão!!!
-Dificuldades e transtornos de locomoção, no trajeto casa-trabalho-casa, também têm sua parcela de contribuição no estresse do indivíduo. E, como todos sabem, estresse piora a qualidade de vida da pessoa e pode somatizar, gerando doenças – comprometendo ainda mais um organismo que já tem lá suas vulnerabilidades decorrentes da própria deficiência.
Assim sendo, eu acredito que a proposta parece ser interessante, levando em conta o atual contexto social, no qual teoricamente tem aquela história da Inclusão & Acessibilidade como direito, mas que na prática sabemos que frequentemente é um direito não cumprido e que temos de “matar um leão por dia” para fazê-lo valer! Ou seja, a nova lei, na minha opinião, é um “remédio”, um “paliativo”, uma “correção”, necessária numa sociedade excludente como a nossa.
Agora, cá pra nós, SE a questão da Inclusão e da Acessibilidade fosse plenamente cumprida, em todos os segmentos da vida da pessoa com deficiência (arquitetônico, no estudo, no trabalho, etc), aí sim: seria outra história; seria a hora de questionarmos se essa nova lei teria um caráter “meramente” assistencialista.
Bom, é o que penso. Será que tem mais leitores do seu blog que têm opinião semelhante? 😉 Abração!!!! 😀
Vamos problematizar as suas observações ahahahahahaa…
1 – Parte dessa realidade que vc relata não é sentida, também, por negros, por pessoas muito pobres, por pessoas muito feias, por pessoas muito gordas? Entendo tudo o que vc disse e é realmente verdade, fato, mas não penso que são exclusivos dos ‘quebrados’. E qual a razão, então, de somente esse grupo ter sido abraçado pela lei? Avalio que a diferenciação tem de ser mais explícita, mais marcante. Abrasssss
Mmmm… mas os grupos humanos a que você se referiu (os negros, os muito pobres, os que destoam do padrão tradicional de beleza, os gordos, etc) são discriminados por outros julgamentos errôneos acerca de aparência, poder aquisitivo, etc… Essas pessoas “sofrem” em suas relações interpessoais, claro, mas pelo menos têm condições de deslocar-se mais facilmente ao local de trabalho (e dentro dele, hehehe), bem como manusear máquinas, equipamentos e suprimentos necessários à execução das tarefas propriamente ditas – e receber sua remuneração em troca da atividade realizada durante 6 ou 8 h diárias, por exemplo…
Já no caso da turma dos ‘quebrados’ (como vc mesmo diz), tem uma questão ADICIONAL ao grupo de pessoas citado anteriormente: é o oferecimento ESCASSO ou NULO das condições adequadas de trabalho!!! Ou seja: pra galera com necessidades especiais, falta, além da acessibilidade atitudinal, a acessibilidade a recursos básicos para que ela realize seu trabalho!!! Falta rampa… falta transporte adequado e adaptado que o leve ao trabalho… falta o computador adaptado para quem tem deficiência visual ou motora… falta a sinalização do piso tátil… falta o manual de instruções em Braille ou em formato digital acessível a software leitor de tela… falta intérprete de LIBRAS para quem precisa… mesmo com a Lei da Inclusão & Acessibilidade vigorando há um bom tempo!!! 🙁
Então, Jairão, a diferença entre os “malacabados” (rsrsrs) e os outros grupos citados por vc é que quem tem deficiência frequentemente têm dificuldade de conseguir as condições e apetrechos mínimos para ir trabalhar… pra fazer o trabalho propriamente dito…! Ao passo que os outros grupos minoritários, “apenas” (?!?!) enfrentam o preconceito e passam por situações interpessoais bem chatas, mas conseguem ao menos as ferramentas necessárias para executarem seu trabalho, bem como o acesso físico de um local a outro… 😉 O que você acha? 🙂
P.S.: Tô gostando bastante dessa oportunidade que você está dando, neste espaço,para problematização, formulação e reformulação de ideias, e reflexão sobre o tema!!! Estou lendo os outros comentários aqui, e vejo que este debate virtual (rsrsrs) está sendo bem interessante e produtivo! 🙂
Acho que o que vc coloca são pontos para a entrada do mercado de trabalho e não para a saída ahahahha… Evidentemente que eu sei de cada ponto de obstáculo que vc coloca em relação ao povão ‘malacabado’ no mercado de trabalho. O que quero dizer é que apenas o argumento de que “foi duro” arrumar um trampo não me parece convencer de nada em relação à aposentadoria!
É que não só a “entrada” no mercado de trabalho é dura, mas a PERMANÊNCIA nele também! 😛
Conforme eu disse anteriormente, mesmo que a pessoa com deficiência já esteja lá, empregada e trabalhando, é bem frequente de essa pessoa ter barreiras (atitudinais, arquitetônicas, de equipamentos) no dia-a-dia, para frequentar e executar o trabalho todo dia! Daí o desgaste físico e psicológico maior do que as pessoas “convencionais”, no exercício de suas tarefas profissionais… ainda mais quando a deficiência é progressiva!
Por isso acho legal essa questão da aposentadoria, para abreviar o tempo que essa pessoa tem de encarar essa “maratona” de bater ponto diariamente no emprego e enfrentar dificuldades maiores que os “indivíduos comuns” para realizar essa tarefa, que pra galera com deficiência é mais árdua! 😉
Caro Jairo,
Pela primeira vez tenho a oportunidade de comentar um artigo seu, mas te acompanho já tem algum tempo e gosto muito do que você escreve e principalmente da forma leve e discontraída de abordar questões as vezes polêmicas. Você leva os assuntos das deficiências à população de uma forma natural e isso é fundamental para romper paradigmas. Parabéns!
Sobre a aposentadoria especial, me chamou atenção sua afirmação de que gostaria que houvesse mais discussões acerca dessa necessidade. Mas será que não houve mesmo?
Tenho deficiência visual e sei de diversas instituições de pessoas cegas/cadeirantes/surdas e outras deficiências que participaram não só de uma ferrenha articulação política, como ofereceram, sim, estudos científicos e muito bem embasados na defesa da aposentadoria especial.
Muitas vezes a informação nos chega truncada e incompleta, mas se pesquisarmos, certamente encontraremos companheiros com deficiência que participaram ativamente desse processo.
A redução do tempo para se aposentar, ao meu sentir, é necessária por conta das diversas necessidades individuais de cada deficiência e, principalmente, de cada pessoa. A grande chave dessa lei é que a aposentadoria especial não é compulsória. É facultativa. Se a pessoa quiser continuar trabalhando até quando julgar conveniente, poderá continuar sem qualquer restrição legal.
Grande abraço e obrigado por oferecer-nos um espaço tão salutar para discussões sobre a deficiência.
Que elegância de discurso… muito obrigado pelas considerações. O que quis dizer sobre mais discussões, foi no âmbito da sociedade como um todo e não apenas dentro da “nossa classe”. Tenho convicção que houve acalorada discussão dentro dos meios que nos ligam, mas penso que, talvez, teria sido interessante haver “quebra pau” também na mídia, em outros foruns. Em relação aos estudos, me entrego à ignorância. Nunca tive acesso a nenhum deles que fosse confiável, mesmo eu tendo muita ligação com informação, mas isso não quer dizer que sei de tudo, evidentemente. Enfim, suas observações foram muuuito pertinentes e contribuem demais para um clima de debate aqui no blog! Um grande abraço
Eu entendi sim, Jairo e sei quais seus propósitos ao levantar a discussão , porém a prova de que nao é puro assistencialismo , é o fato de que para se sancionar essa lei, foi uma luta de oito anos com muitas batalhas, indas e vindas em comissões e mais comissões, além de sair do congresso , ir ao Senado, sofrer modificações e retornar ao congresso e praticamente começar de novo !! Qdo eu comecei a trabalhar foi na “cara dura ” mesmo, pois nao tinha cotas e muito menos acessibilidade, nem precária, era inexistente !!! Bom fim de semana a todos! Bjos
Não vejo como assistencialismo e fui uma das que muito batalhei por essa aprovação junto a outras pessoas ! Sempre trabalhei muito e nem ao menos pensava na possibilidade de uma aposentadoria, até que os sintomas da síndrome Pos Polio começaram a se manifestar e as dores tomando conta de todo o meu corpo . O desgaste do deficiente é muito maior, sem duvida alguma e quem luta toda uma vida, quer se aposentar pelo seu mérito e nao por invalidez, pois o que sempre lutamos foi para provar nossa capacidade … Bjos
Márcia, eu respeito muitíssimo e sei de pessoas, como vc, que se engajaram demais para a aprovação da lei. Como eu disse, não sou contra, apenas abri um espaço para debates de possíveis incoerências… bjosss
Olá Jairo, realmente nosso segmento está bem dividido nessa questão. Infelizmente os deputados com deficiência, Mara e Rosinha principalmente, pensaram mais nos eleitores futuros do que exatamente nos efeitos que essa lei proporciona. Quem como nós Jairo, luta por inclusão, por equiparidade de direitos e outros valores essenciais por uma sociedade inclusiva, fica cético com essas leis que tratam a pessoa com deficiência de forma separada. É bem o que você disse, “se nem a entrada ainda está resolvida, já pensaram na saída”, quase isso, mas o sentido é este. Assistencialismo puro, não há mesmo o que falar. Muito bom levantar isso. Siga em frente.
Vamos dar capim para esse bode que está na sala ahahhha… abraço
Já fiz piada dizendo de espertinho querer se aposentar por ter unha encravada…
Gostei muito de você abrir essa discussão, porque temo que o espírito assistencialista mais prejudique que promova os direitos dos malacabados.
Cito um exemplo de pegar carona no direito alheio: surdos insistem em comprar carro com desconto quando não temos nenhum problema de locomoção. Eu como surda não tive problemas no trabalho e pude me aposentar por tempo de contribuição (regra antiga…por sorte). Há deficiências leves e graves, incapacitantes, debilitantes e outras nem tanto. Discutir isso vai ser um vespeiro furioso, os tais marimbondos de fogo daquele senador. PRINCIPALMENTE PORQUE A LEIO DO GERSON (pobre Gerson) atua nas cabeças de quem só gosta de levar vantagem. Vi no filme Mundo Cão dos anos 60 fábricas de pessoas deformadas de propósito para pedir esmola…Essa lei precisa ter regras claras, baseadas em critérios científicos e não no coitadismo. Beijo enorme, adoro você que não teme assuntos polêmicos!
Caro Jairo,não costumo comentar e tampouco vejo com bons olhos a assistencialismo oferecido pelo nosso governo federal,mas tenho que admitir que essa lei vai ajudar (e muito) meu irmão que em deficiência mental moderada e surdez profunda,pois ele trabalha a 27 anos e te garanto que n~çao é apertando botão e sim carregando e descarregando caminhão de lixo reciclável e prensando fardos,sai de casa as 5 e volta as 18:30 e sai novamente as 21 para coletar material hospitalar e retorna as 02,para acordar as 5, e já adquiriu todas as “ites” imagináveis, e toda vez que tentamos aposentá-lo,foi negado pelo INSS ,porque ele “infelizmente” tem carteira assinada e Ctps assinada é sinonimo de saúde plena,portanto ele perdeu a qualidade de deficiente..Quem sabe agora com essa nova medida ele consiga finalmente parar para tratar as “ites” adquiridas ao longo de 27 anos de efetivo trabalho braçal..Abçs
Kátia… seu irmão rende uma grandiosa história… Seu argumento é muito bom… obrigado por colaborar.. bjo
Essa é a minha opinião, espero que eu não tenha sido arrogante, mas é essa foma como penso. Um abraço
É claro que aprovo a lei,Só não a aprova,cidadãos deficientes: muito inteligentes ou muito ricos ou ,ou comuns desprovidos de qquer senso de solidariedade.
Meu amigo Jairo, sinceramente !!!
Eu sou defensora da causa autista na cidade onde eu moro, eu tenho 2 filhas especiais, e uma delas e mais severa ou quebradinha como voce diz, mas sabe de uma coisa ..Os especiais , sao mais sensiveis muitas vezes , do que os ai no mundo normais .como uns e outros, sobre o fato do desgaste, amigo conselho conviva com um especial uma semana pelo menos e veja na pratica há desgaste sim deles, a aposentadoria para eles , ja deveria sair quando a familia descobre sua deficiencia, ou seja eles tem limitaçoes reais, ao trabalho , eles podem trabalhar menos ,pois o nivel intelectual deles e menor , o cerebro tem partes que nao desenvolve como se quer a sociedade mediocre!!Então vejo que se há pessoas que não entedem ou não faz jus em aprender entender esse 2 mundo fica dificil. Para nós que lutamos contra O PRECONCEITO!!!!
É que vc fala de uma forma como se eu não tivesse uma deficiência… enfim… vamo que vamo
Jairo,
Bem?
A conversa é: “mais um privilégio.Já tem cotas.Pra que mais essa?”
É…vai demorar rs
Abraço!
Chico
Poi zé!!! E aí?!