A mãe e o presente ideal
Faz sete anos que consegui vencer “difinitivamente”, como diria minha tia Filinha, o perrengue que todo filho passa nesta época do ano: escolher o presente perfeito, fofo, “maraviwonderful”, surpreendente e inesquecível para a mãe.
Tinha de ser algo que compensasse, de alguma forma, a minha ausência dolorosa dos últimos tempos e que fosse capaz de fazer festas particulares para ela como eu sempre fazia, na esquina de casa, ao vê-la chegando do trabalho, no finalzinho da tarde: “Tô com foooome! Trouxe surpresa para mim? Posso ficar na rua só mais uns minutinhos?”.
Não poderia ser uma flor, muito menos um liquidificador. Não serviria um sapato baixinho, uma blusa de linho ou mais um disco do rei dizendo que o amor é ªtão lindoº. Todas essas coisas não me representariam a contento aos sábados, quando ela se dedica a um bolo de cenoura ou ao biscoito de polvilho.
Escolher presente para mãe é complicado porque ele tem de carregar uma série de sentimentos, de agradecimentos, de desculpas. Tem de representar um pouco do filho porque servirá, seja lá o que for, de eterno porta-retrato. Tem de ser algo que não vá levá-la a pensar que foi tão caro que a fará compensar o “prejuízo” na primeira oportunidade, botando uns trocados escondidos na carteira.
Diante de todas as considerações, criei a convicção de que o presente ideal teria, então, de incendiar o cotidiano da minha “santa”. Para isso, nada melhor do que Nero, um labrador preto, mimado e que foi muito bem mal escolhido! Certamente, o mais atentado da ninhada, o mais trabalhoso, preguiçoso!
O cachorro, que chegou dentro de uma caixa de papelão, em pouco tempo tomou conta da casa e se transformou na “sombra” de mamãe. Agora, é ele quem a espera ao entardecer, quem pede comida sem parar, quem faz manha por um carinho e até dorme na rede, com direito a empurrões que embalam o sono.
Em sete anos, Nero comeu a roupa do varal, conseguiu um lugar no sofá da sala para ver TV, escondeu o jornal em que o filho de São Paulo escrevia sobre uma infância feliz.
Desorganizou o que estava certinho, babou com vontade quando se pedia para não lamber, amenizou a véspera de uma realidade septuagenária meio amarga e um tanto azeda para a mamãe. Deu bastante trabalho ao veterinário, brincou solto na lagoa, compartilhou com ela dias de solidão.
Certa vez, o danado se engraçou com uma cadela poodle da vizinhança. Sumiu no mundo por uma semana, atrás da paixão juvenil, deixando uma mãe em desespero.
Até aqueles cartazes que fazem cortar o coração o povo lá de casa teve de espalhar pela cidade: “Cachorro desaparecido, presente do filho, está deixando uma senhora desconsolada”.
O bicho é tão querido que tem o privilégio de ser chamado de “amado”, de receber abraços apertados gostooosos, de ganhar risadas compridas de uma mãe sempre tão séria, tão preocupada e tão aborrecida por eu ter voado para longe e não mais contemplá-la da varanda.
Por ter eu uma vida desregrada, no próximo domingo, Dia das Mães, mais uma vez, será Nero, o incendiário, a fazer minha vez no colo de minha velha. Só me resta a alegria de pensar que, tempos atrás, escolhi o presente ideal.
Emocionante Jairo! As mães são mesmo algo divino, é mto amor! Acertou em cheio dando de presente um 4 patas cheio de personalidade recheado de afeto. Há pouco mais de 1 ano fiz algo parecido, “doei” Bórys para minha mami (mesmo contra a vontade dela,rs). Hj ela reclama do pobre basset cor de ferrugem, mas sei que ela resmungaria bem mais lá no fundo, caso ele deixasse de ser a sua sombra pelos cômodos da casa. Linda crônica tio, abraços!
Adorei esse coments… ahahhahaha ♥
que lindo texto Jairim. Cachorro ‘e bom demais. Tambem ” ganhei” uma pastora australiana de minha filha. No inicio fiquei chateada porque da trabalho e ‘e mais uma responsabilidade, mas em 10 minutos ja estava perdidamente apaixonada por ela. Daqui uns anos voce de um neto pra sua m~ae, ela vai adorar ainda mais que o amado Nero. Beijos
Beijos, tia queriiiida
Oijairo! Sua crônica está muito legal! Fez me lembrar do Marley, aquele cachorro do filme “Marley e eu” que aprontava todas e mais um pouco. Lembrou-me ainda, de um cachorro que tivemos em casa por 11 anos. Ele era um vira latas, mas era inteligente e danado. Ele tinha o sofá dele ( a gente precisava pedir licença para poder sentar no sofá que ele se apossou), tinha cobertor que, ao sujar, pedia para a minha mãe dar outro para ele elavar o que estava sujo, tinha orgulho, vaidade, vergonha, era honesto pra dedéu, não gostava que rasgassem os panos que ele pegava para brincar, sabia quando era dia das crianças e o Natal, tanto é que eu tinha de comprar um bichinho, aqueles de plástico que apitam,. É, sua crônica despertou saudades do Chang, esse era sewu nome, o cachorro que era muito especial para a minha família.. De resto, acho que o dia das mães é todo os dias. Bjs em sua mãe.
Minha mãe aaaaaama esse filme, Su!
Tão linda a crônica… fiquei emocionada! Sua mãe é uma sortuda por ter um filho maravilhoso e você um felizardo pela grande mãe que tem!
Concordo com Inês. Um presente careca, banguela e com cara de joelho, seria o ideal! 😉
Muitas vezes falei com minha mãezinha que vou dar um cãozinho para ela. Ela sempre diz que não! Eu vejo, com clareza, o bem que faria…
Beijocas
Monikiiiiiita… 😉
Querido amigo, adivinhar este presente foi muito fácil !!! E claro que me lembrei deste presente, adorava todos!! Kkk! Principalmente o Pluto!! Lembrando da sua querida mae, acho que o Nero foi preenchendo todo os lugares das casas e amaciando o coração de mae que aguardo sempre o retorno de seu filho!! Abraços pra ela!!
O pluuuuuuto!!! ahahhahahha… nosssa, darling, vc foi looooooonge ahaahha.. bom te ler.. bjosss
Ah Tio! Que presente “acertado” como se diz! rss E que linda crônica!
Parabéns a você e sua mamis! Beijão!
Ah, faltou uma foto do Nero com a mamãe… 😉
Oie Jairo…
Sua história me fez lembrar a minha, eu jamais poderei fazer da minha mãe vovó por tanto ter um gato e trata-lo com todo carinho e mimação, fez com que ela o tivesse por neto, até o chama de neto, sei que estou dentro de casa e no dia das mães poderei dar a ela um presente passar o dia com ela.
Mas o fato desse animalzinho que ela ama tanto por saber que o tenho como filho, fez eu me sentir menos impotente ja que nunca poderei dar a ela a realização de ser uma avó como tantas. Por isso acho que temos sempre uma adaptação a fazer em tudo na nossa vida e sempre ha uma saida para tudo, pena que nem muitos enxerguem isso.
Abraços e parabéns matéria lindissima.
Adorei!
Gde,Jairo!!!Belíssimo texto.
Eu,já septuagenária,lhe dou uma idéia de presente para sua mãe:vá até lá…Vc.será o maior presenteado.
Gde Abraço e Feliz Dia das Mães!!!
😉
Ah que lindo texto Jairo, deu pra imaginar toda a farra que esse bonachão deve fazer. Sem dúvidas um ótimo presente, mas se vc pensar bem, tem um presente ainda maior, que baba tb, é careca e banguelo rsrs…já pensou todos juntos nessa varanda ? Mas tudo na sua hora, deixa o Nero curtir o reinado dele….bjs
rsrsrsrsrsrs…ri demais aqui, imaginando que você foi bem original, mas, não se esqueçam de saber antes se a mamãe realmente quer esse presente ou prefere curtir as saudades sozinha do filhão.Parabéns Jairão……
É só uma crônica, querida… só uma crônica… 😉
Eu sei…foi só uma piadinha…rsrsrsrsrs
Ahhh que lindo, nem preciso falar neh, amo demais esses peludosa!!! Da um bjão na mamys por mim!!!!!
Li, sorri, ri e acabei com lágrimas nos olhos… Me fez lembrar de minha mãe, dos meus filhos do meu tempo…. Também temos uma labradora adorável, Rebecca, linda companheira, vive de dieta …..etc..etc..etc…Bom dia!
Obrigado, Jairo Marques
Beijos, Marisa!