Vamos de bumba!

Jairo Marques

 “Zente”, imagino que todo cadeirante e pessoas com alguma dificuldade de mobilidade deste país já comeram o pão que o diabo não quis para tentar usar um ônibus intermunicipal ou interestadual.

Como vencer os degraus e aquela portinha estreita desses bumbas? Bem, no tempo que eu era virgem 🙂 , o jeito era abraçar o motorista ou o cobrador para ir no colinho.

E foram vários os transportes dessa maneira, igual a um saco de batata sendo conduzido daqui para acolá. Ou era assim ou não tinha como embarcar.

Só mesmo por “gzuis” que nunca sofri nada grave nesses deslocamentos. Claro que minha cabeça bateu mil vezes pelos cantos, mas nada que me deixasse mais tchube do que já sou… 😉

Bem, mas o tempo passou e, agora, é determinação federal (da Agência Nacional de Transportes Terrestres) que as empresas de “bumba” criem condições de acesso e de uso para todas as pessoas. Caso não façam, estão expostas ao pagamento de multas.

Diante disso, algumas companhias estão se mexendo para tentar resolver a questão, que nem é tão “complicosa” assim, caso se busque tecnologia, treinamento e que haja boa vontade de fazer.

A Nacional Expresso, que atua em sete Estados (Goias, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Parana, Rondônia e Acre) com 350 “buzões”, investiu na compra de cadeiras especiais que sobem escadas e podem transportar o “malacabado” com segurança para dentro dos veículos.

Para isso, a empresa treinando motoristas, cobradores e auxiliares de plataforma para fazer um atendimento bacana a quem precise. Ao todo, 640 funcionários vão passar pelo processo.

O plano da companhia é ter 200 cadeiras, o que vai exigir aplicar cerca de R$ 250 mil, o que, cá pra nós, é “dinheiro de pinga”…. 🙂

A Nacional não pede que o viajante agende a necessidade do serviço, que é de graça, evidentemente, e coloca quem precisa nos primeiros bancos do “bumba”, para garantir maior comodidade.

Usei essas cadeirinhas de transporte nos EUA. Apesar de não serem assim um oásis de conforto, resolvem bem a situação e, quando usadas corretamente, são seguras.

#Ficadica para outras empresas que ainda estão dormindo sobre a incompetência e não conseguem resolver uma questão de dignidade humana. Vários ônibus hoje em dia estão estampando o símbolo universal do acesso, mas só servem de ilustração, mesmo, porque quem é quebrado não consegue usar.

Importantíssimo que as pessoas com deficiência saibam que as possibilidades existem para que soluções sejam cobradas, né, não?! 😉

Comentários

  1. Jairinho, as fotos são na rodóvis aqui de Uberlândia, mas na pratica não tá fufando não, viu!?! Vira um jogo de empurra empurra e acabam descendo na força mesmo… um carregando na frente… o outro atrás.. e ainda falam que é mais fácil… ¬¬

    1. Brunninha, eles admitem que ainda estão em treinamento… sua crítica é muuuito importante… mas será que não vale um voto de confiança?! Bjosss

  2. Tio, tu lembras que teve uma época que necessitava de bastante viagens intermunicipais né? Minha grande dificuldade era achar um busão desse que me levasse a Sampa. Não preciso mais para esse sentido, mas paras meus “caminhos” mais recorrentes as reclamações de falta de acesso, principalmente para ir ver as sereias no litoral… Espero que um serviço desse apareça em breve em bem mais lugares. Abração.

  3. Oi Jairex! Sobre essa cadeira…Ok, ela pode ser usada e a lei permite. Mas eu já testei e garanto: segurança pra quem ñ tem equilíbrio de tronco é zero!! E ñ precisa ser tetrão pra sentir isso, basta ter uma lesão medular ñ mto baixa. O espaço no ônibus é pequeno demais pra transferência, o que tb complica a vida do aleijado… Antes de sentar nessa cadeira, fique atento: ela pode cair pro lado a qqer momento, ou seja, para ñ cair é preciso no mínimo 3 pessoas em volta pra dar aquela força! E aguenta o frio na barriga que vai sentir, é sério, senti mto medo! Resumo da história: no Brasil as leis chegam dps que o circo tá montado. Para as empresas essa cadeira quebrou um baita galho, afinal de contas, o preço dela é infinitamente inferior a uma plataforma para subir no buss, por exemplo. Mas deixo meu recado: a cadeira de transbordo pode parecer prática, fácil de usar… mas infelizmente, na hora do vamo que vamo ñ funciona bem assim e merece cuidados redobrados, pois um tombo é fácil. Me perdoa o desabafo tio, mas me senti na obrigação de relatar minha experiência. Beijocas!!!!

    1. Nada melhor do que a diversidade para falar de um serviço… ficam ai as importantes dicas da Carlena.. bjosss

  4. Todos os ônibus urbanos da cidade de Atibaia, já tem esse acesso, é realmente muito importante para o cadeirante, pois assim é transportado com td dignidade que merece. Agora, falta colocar nas linhas intermunicipais e interestaduais tb. Tomara que isso ocorra logo!

  5. Tiooooo bacanuda a intenção, a realização e a cadeira com o sistema todo; espero que arrumem uma cadeira pra um cabra anssim, como diria, qui nem eu….mais passado pra lá da balança…essa qui aparesse nas fotu ção pro negão que é magro de ruindade….kkk bjundas

  6. Sofre o cadeirante, sofre o deficiente que depende de algo ou alguém para se locomover, mas, por outro lado, os que pequenas deficiências ocupam os lugares dos acima mencionado tomando também seus direitos na Lei. Ora uma pessoa sem um dedo, sem uma das mãos, sem o antebraço, que puxa de uma perna, ou seja, com pequenas limitações, não pode ser tratada como deficiente no que diz respeito a Lei. Mas a politica faz isso prevalecer, por isso os realmente necessitados sofrem. Revejam a aplicação da Lei, para que os espaços cedidos por ela sejam ocupados por quem realmente de direitos.

    1. Agenor, vc levanta um ponto de discussão que gera um grande debate…. vou pensar em um texto sobre isso…. abraço

  7. Deus queira que a 1001 adote algo parecido… Rs…

    Jairo, vc saberia informar a partir de quando e com base em qual ato normativo os ônibus intermunicipais e interestaduais devem ser obrigatoriamente acessíveis para os cadeirantes?

    Um abraço.

  8. Amei a matéria Jairo Marques…
    Muito interessante, e serve de alerta para cobrar-mos nossos direitos.

  9. Muito bom!!! Temos que penar até nos aeroportos, pagando-se fortunas nas passagens, é hora de se ter opções e escolhas , caso queiramos usar o transporte terrestre, mas com toda dignidade, sem precisarmos ficar expostos ao ridículo, muitas vezes as soluções para nosso embarque demanda tanta estratégia, por falta de planejamento , que quando vc olha para os demais passageiros, ou estão morrendo de pena ou de ódio, porque atrasamos a viagem!!! Bjos

  10. Já cansei de ver bumbas com o símbolo da acessibilidade, mas que não permitem a entrada de cadeirantes, porque a rampa móvel simplesmente não funciona. Pra inglês ver.
    Achei legal você ter citado o nome da empresa (não é comum na imprensa, por configurar, indiretamente, propaganda gratuita), e depois vou mandar um e-mail para eles. Sei que é obrigação, mas no Brasil quem acha dinheiro e devolve ao dono vira manchete. Só quero agradecer a eles por terem tomado a iniciativa e, espero, com isso inspirar as outras empresas a fazer o mesmo.´
    Os dois últimos posts estão recheados de bons presságios. O mundo está mudando, ou é você que anda zen?

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