Para comer com os dedos
“Zimininos”, meio estropiado (mais ainda 🙁 ) com a tempestade que passou, mas tô vivo e animado. Mais animado que franga solta no quintal.. Ai, me aguenta!
Fazia tempo que eu não trazia aqui para o cafofo um videozinho daqueles porretas, que deixam a gente levinho de tanto achar bom, né, não?
Mas a minha amiga Carol Ignarra, empresária, bem sucedida e … “malacabada” mandou a sugestão abaixo que achei brilhante!
Uma rede fast-food (daquela que vendem comida gostooooosa que vai direto pra nossa cintura, formando o bucho 🙂 ), criou um tipo de hambúrguer específico pros “pessoais” cegões.
O que achei interessante, na lógica de um vidente que acho sou, é que a medida diminui ligeiramente, para os puxadores de cachorro, o lance comum de achar que ver uma comida abre o apetite.
Mas, será que o fato de tocar e entender bem do que se trata o rango ajuda a dar up na fome? Particularmente, acho que sim!!!
Sem falar que a medida é um ponto de inclusão inusitado e que auxilia um bocado naquele lance de defender que TUDO É POSSÍVEL, desde que haja criatividade, boa vontade e ação.
O post tem dois momentos:
– O vídeo, com escrita em inglês, e a audiodescrição, com legendas, mais abaixo! Uhrúúúú!!
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAS
Em um fundo vermelho, aparece a frase: “Wimpy, um dos fast food mais adorados da África do Sul, quer que os deficientes visuais saibam que há cardápios em braile para eles em todos os seus restaurantes!
Aparecem imagens de váááárias folhas em braile empilhadas
Novamente aparece o fundo vermelho e a frase: “Assim, nós resolvemos dar essa notícia para os três maiores institutos de cegos do país de uma maneira muito especial”
Aparecem imagens dos três institutos: Braile Service, Louis Braile House e Blind S/A.
E volta o fundo vermelho: “Com a ajuda de nossos chefes de cozinha, nós usamos sementes de gergelim como braile e escrevemos sobre o pão dos sanduíches”
Entram imagens dos pãezinhos sendo feitos (gostooooso), a imagem de uma colher de pau cheia de grãos de gergelim e imagens de folhas em braile
Aparece uma mão que pega uma pinça metálica grande e colhe um grãozinho de cada vez e bota em cima da massa pão, ainda cru.
Uma forma cheia de pãezinhos com as escritas em braile segue para o forno.
Imagem mostrando os pães quentinhos saindo do forno e com os grãos de gergelim bastante saltitados sobre eles.
Surgem tomates sendo cortados, o pão fatiado ao meio e, em seguida, alface sendo picada e mãos montando um hambúrguer.
No fundo vermelho, a frase: “Cada mensagem tinha a descrição do tipo de hambúrguer que eles estavam prestes a experimentar”
Imagem de um hamburgão em um prato branco, escrito sobre ele, em branco: Hambúrguer 100% de carne feito para você
Em seguida, uma mão tateia o pão com as sementes em gergelim formando a frase em braile.
Muda a cena, uma senhora cega sentada à mesa é servida de um hambúrguer. Ela tateia o pão e sorri com satisfação.
Uma mulher agora é servida. Também tateia o pão e se diverte. Na sequência, um senhor é servido. Ele tateia o lanche e sorri. Em seguida, uma mão com as unhas pintadas de rosa tateia o sanduíche. A imagem abre e uma senhora sorri. Um outro senhor tateia o lanche e ri.
No fundo vermelho, a frase: “Claro que este é um pequeno gesto”. A tela se abre em mão tateando o hambúrguer. Novamente, no fundo vermelho, a frase: “mas para as pessoas que usam as mãos como olhos, esta foi a primeira que eles puderam mais que apenas provar sua comida”.
Mãos tiram o sanduíche de um prato sobre a mesa. Imagem de uma mulher sorrindo após degustar um pedaço do hambúrguer. No fundo vermelho, a frase: “Eles puderam vê-lo”.
Três imagens seguidas de pessoas comendo o sanduíche sorrindo.
No fundo vermelho, a frase: “Eles gostaram tanto dos hambúrgueres em braille que falaram sobre isso em seus boletins em Braille”.
Imagem de uma impressora Braille e uma mulher separando as folhas.
No fundo vermelho, a frase: “Publicações e e-mail em leitores de tela como este”.
Imagem de uma pessoa olhando para tela do seu notebook, ouvindo o teor de um e-mail.
No fundo vermelho, a frase: “Para a construção de apenas 15 hambúrgueres em Braille, nossa mensagem foi transmitida para mais de 800 mil deficientes visuais, para que as pessoas saibam que Wimpy é um lugar onde as pessoas se sentem em casa”.
Logo da empresa em um fundo vermelho.
Certamente se trata de um golpe publicitário de mestre, que conseguiu aplicar uma idéia ótima e atingir um número considerável de consumidores. Lembro-me de ter assistido a um evento no auditório da empresa onde trabalhava, em que o palestrante contou que, quando criança, enchia suas meias de carrapichos ao voltar do colégio para casa, e que achava muito ruim todo dia ter que arrancá-los. Até que um dia, já adulto, ficou sabendo que o velcro foi inventado por um suiço, que morava numa região onde predominava a neve. Soube, também, que a invenção partiu da curiosidade do suiço, que estudou a estrutura de carrapichos que por acaso grudaram em suas roupas durante um passeio na França. O palestrante disse, então, que pensou em suicídio, porque o inventor do velcro estava milionário e ele dando palestras para viver.
A idéia de dispor sementes de gergelim sobre a massa crua do pão, seguindo a estrutura do braille, é simplesmente genial. Como diz meu velho pai, as idéias só são simples depois que alguém as teve.
Os sorrisos e gargalhadas que a iniciativa arrancou daquelas pessoas se sobrepôs a qualquer proposta mercantilista que obviamente a peça publicitária encerra, porque fica evidente (pelo menos eu achei assim) que foram motivados mais pela satisfação de se sentirem respeitados em sua deficiência do que pela surpresa e delicadeza causadas pela mensagem contida no pão.
Essa história do velcro é ótema, heim?!
Admiro seu trabalho há muitos anos. Nunca precisei comentar, até pq acho isso um tanto inútil. Não uso redes sociais, não me importam as opiniões leigas de quem quem que seja. Sou misantropo e lendo os comentários do post anterior esse meu lado aflora veementemente. Não consigo entender pq se dar ao trabalho que vc se dá sabendo que a imensa maioria das pessoas é incapaz de entender o que vc diz e, pior ainda, além de não entender atacam a sua persona profissional ?
Os habitues do seu blog, o seu nicho, entende sempre, estabelece as conexões e repercute em ordenadas ondas de choque. Foi só o texto cair em alguma dessas latrinas (Facebook, Twitter, sei lá o que) que a turba de estrume que é a sociedade “cai de pau” em algo que não entende.
Bloqueie os comentários, institua vestibular para comentar ou qualquer coisa assim …
Pessoam, em latu sensu, são lixo e não merecem o que é produzido aqui. Restrinja a quem faz bom proveito.
Parabéns.
Abraço.
Grande abraço!
Uma jogada de marketing muito bem colocada, parabéns a iniciativa da rede de fast-food. Que o mesmo venham de outras.
Jairo, muito interessante a proposta do fast food, pois dá a oportunidade às pessoas que não enxergam de saber o que estão comendo. No mundo do marketing, acho que o pessoal tenta alcançar outra coisa, né? Talvez mais consumidores, será? Bjs. da eterna leitora de seus artigos.
Agrega valor à marca, né, Mary?! E, é claro, cativa novos consumidores! Bjosss
Adorei a postagem! Louvo a iniciativa do fast-food, e mais ainda a sua, por nos descrever as imagens. Passou no teste! Ótimo descritor! (rs) Precisamos de atitudes como a sua. Obrigada!
Oba!!! Obrigado, Silvia! Bjosss
Tudo o q as pessoas comentaram, eu concordo. Legal demais!!
Sensacional!!! Com tanta simplicidade mostraram tamanha criatividade e sensibilidade!!! Achei o máximo!!!! Beijos
Jairo,
Até o meu cachorrinho, que não é guia, ficou lambendo os beiços.
E você está ficando craque em audiodescrição, hein!
Ahhh, Pãulão… eu sou apenas um mirim ahahahahha… abrasss
Muito legal.
Tb achei!
Acho que se fosse eu, ficava com dó de comer hahaha
Demais!! O sorriso do povo é a coisa mais deliciosa do mundo!
Beijinhos
Eu tbbbbb ahahahahahah.. bjo
Uau, achei sensacional !! Li a autodescrição antes de ver o video, achei legal depois ver tudo que havia imaginado…. Na autodescrição o sorriso é mais contido, eles abrem um sorrisão…rsrs bjs.
ahahahahah… verdaaaade, Inês… tô aprendendo!
Para o cegão aqui de casa não dá muito certo…teria como colocar um audio no hanburger….rsrsrs
kkkkkkkkkkk
O sorriso deles alegrou o meu dia!!!
Lembrou o sorriso de crianças quando colocam as mãos nos seus burguers.
Adorei!!!
A mim tb lembrou… bacana demais!
Jairo, fui lá e te pedi desculpas, mas acho que tu nem vistes! Estou inquieta porque agora entendi tudo e me senti muuuuuuuuuuito mal comigo mesma! Mas de tudo isto ganhastes mais uma fã, pois voltei pra te ler melhor. Vai demorar um pouco pra passar este sentimento ruim de ter sido injusta. Eu entendi tudo. Até lembrei que quando meu pai sofria do mal de Alzheimer, nós brincávamos dizendo carinhosamente que ele parecia um “carro sem ninguém na direção”! E já brinquei com minha filha autista dizendo que ela é um “BMW com motorista com sono”! Ela tem 13 anos e é uma linda adolescente! Jairo, tudo nesta vida é um aprendizado e para mim, esta situação foi uma dura lição! Adorei este texto sobre “ver com os dedos” é o que tento fazer com que minha mãe que ficou cega recentemente, entenda! O tato são os olhos dela agora! Mas não está sendo fácil! Bom, um beijo carinhoso e vamos que vamos! Tentando não machucar ninguém à toa!
Os comentários são moderados e mesmo assim consentistes todos…
Lubia, paciência é virtude difícil de a gente cuidar, não é mesmo? Mas eu procuro tê-la porque escrever é jogar palavras ao vento no intuito de uma mensagem ser bem compreendida e bem repercutida. Obrigado pelo carinho e um abraço
Lubia, paciência é virtude difícil de a gente cuidar, não é mesmo? Mas eu procuro tê-la porque escrever é jogar palavras ao vento no intuito de uma mensagem ser bem compreendida e bem repercutida. Obrigado pelo carinho e um grande abraço