“É todo mundo junto”
Meu sogro é daqueles que são apegados demais da conta com a família. Para ele, felicidade é quanto “tá todo mundo junto”.
Isso até virou motivo de graça entre o povo lá de casa. Para comer à mesa tem de ser “todo mundo junto”, para ir à padaria, só se for “todo mundo junto”, para tomar um rabo de galo no boteco….. “é todo mundo junto”.
Talvez por eu ter crescido em um núcleo familiar muito pequeno e já estar há um “par de anos” longe de irmãos, cachorros e pagagaios, não estou muito acostumado com a montoeira de gente. 😉
Mas tem também uma razão logística para mim e para demais “malacabados” não querermos estar em muvucas de primos, cunhados, agregados e demais “fila-bóias” de finais de semana…. Calma, eu explico! 🙂
Vou dar um exemplo concreto. Domingão foi batizado de meu sobrinho. Acorda cedo, toma um café, sai correndo mundo a fora para chegar no local da cerimônia. “Famiagem” toda reunida, coisa mais linda do mundo, do jeito que o sogro adora!
Eu, menino tímido, fiquei num canto da igreja, num lugar mais confortável para ver o padre dando sermão no povo, para que eu não fosse obstáculo para a passagem de pessoas e também para me deslocar, caso fosse necessário.
Pois acaba a danada da missa e começa o batizado! Digam aí pro tio, meus doooois ou três leitores, como o sogrão queria que os parentes ficassem durante o rito religioso com o moleque???? Isso mesmo, ele queria que o “galerê” se juntasse num banco, pra ficar “todo mundo junto”.
“Vem aqui, Jairo!!! Ficar todo mundo junto”
“Tô bem aqui, meu sogro. Tô feliz, onde estou!!!”.
Claro que não teve jeito. Ele me arrastou para o mais próximo possível de onde estavam os outros! Resultado??? Não vi o padre jogando água na cabeça do menino, nem untando de óleo, nem nada… 😉
Evidentemente que familiares e amigos que querem a gente por perto estão defendendo que não nos apartemos do todo, que fiquemos juntinhos ao amor da família e tals, mas é preciso analisar, algumas vezes, as condições logísticas para isso!
Só o cadeirante sabe onde é o melhor lugar para que ele acompanhe um evento. A logística do nosso ir e vir, às vezes, pode afetar um bocadinho o “todo mundo junto”. O surdo vai saber também onde se posicionar para sentir vibração, o cego vai querer ficar onde possa ouvir bem ou se sinta mais seguro.
Até ganho o rótulo de antissocial, algumas vezes. Admito que sou um “véio” doido e ranzinza em alguns momentos, mas procuro mesmo é garantir que eu consiga, da minha maneira, desfrutar tão bem das festas como os outros, mesmo que, em alguns momentos, não dê pra ficar que nem arroz de terceira: “todo mundo junto”.
Meio atrasadinha para os comentários, mas, estava longe e só vi hoje. Acho que nem precisa ser cadeirantes ou seja lá o que for, as vezes, queremos nosso cantinho. Eu, com os meus “pequenos” autistas, deixei de ir em vários lugares(para o autismo, isso é complicado), e dane-se quem quisesse achar ruim..
Que bom te ler por aqui! 😉
Lindezo, eu coleciono famíliares por afinidade, e isso inclui até sogras. É que estou no segundo casamento, mas não me separei da família da ex-primeira dama, só dela. Então, tenho toneladas de cunhados, primos, três sogras (a mãe e a madrasta da ex e a mãe da atual) e, infelizmente, nenhum sogro vivo. Pelo seu relato, me identifiquei muito com seu sogro, porque quando estou na casa da sogra os cunhados e a sobrinhada estão juntos, viajamos todo ano juntos, e quando visito a família da ex tem festa e ajuntamento de dúzias de pessoas. Eu gosto disso. Sei que para uma pessoa com deficiência fica complicado e compreendo sua observação, que nem chega a ser uma queixa porque há nas entrelinhas um carinho grande pelo sogrão, mas creio que com o tempo ele vai se ajustando e acabará percebendo que, mesmo alguns metros mais longe dele do que gostaria, você continua fazendo parte do ‘tudo junto’ que ele tanto aprecia.
Não tinha a menor dúvida de que vc era adepto ao “todo mundo junto” ahahahhahahha….. abrasss
Ri muito com o texto, cada perrengue não ! Certa vez estava em um churrasco, e o terreno era meio esburacado, achei um cantinho legal e ali fiquei, vi que as pessoas estavam preocupadas com a minha distancia, pois queria que eu ficasse mais pertinho delas, mas travei a cadeira, joguei âncora e fiquei plantada ali, meu marido já sabe, não mexe comigo que tô bem. A pior coisa é colocarem vc em um lugar onde a gente sabe que não vai poder sair sozinha, dá um aflição…
kkkkkkkkkkkkk…. adorei!!!
Até quem não tem problema logístico às vezes quer curtir na sua, a seu tempo e modo… Família tem dessas coisas, né? De qualquer modo, adorei seu sogro!!! bjs
Ele é um super figura, Erika!!! Saudaaaaade de vc!!! Saudaaaade da Itália ahahhahah
A Carlena está certa. Penso da mesma forma. É ótimo!!!!!
Beijos para os dois!!!!!
Beth, um beijãaaaao!!!!
Concordo com SÔRAMIRES as pessoas geralmente acham que sabem o que é melhor prá gente na melhor das intenções,mas a gente as vezes é tido como chato mesmo !
Ah, é “di certeza”!
Ah! Jairo, comigo aconteceu algo muito parecido, fui ao batizado de meu sobrinho-neto e escolhi um lugarzinho bem estratégico, que dava prá ver o altar todinho e não atrapalhava a passagem de ninguém, só não sabia que na igreja cantava um coral de militares e sabe onde eles ficavam? Bem do ladinho maravilhoso que eu encontrei!!!
Resumindo não vi patavina de nada, fiquei esprimida feito sardinha, minha filha e minha irmã se matavam de rir!!! … só escutava o padre falando!!!! Depois fui ver os rituais pelas fotos!!!! Paciência, mas valeu pela experiência… rsrsrsr
Só espero que segunda dia 19/11 quando será a formatura da minha filha eu veja tudo, tim tim por tim tim!!!! Depois te conto! Bjs
Ahhh, querida Marcia…. para a formatura, vc merece o melhor lugar!!! Felicidades e curta o momento!!!
As pessoas mais próximas a mim, que convivem mais, ou eu ensino ou elas vao aprendendo aos poucos “como eu funciono”.. por exemplo..se eu to num buffet prefiro que me sirvam ( o pessoal tem pressa e eu nao posso demorar nem derramar né?), me digam o que que tem pra eu escolher.. quando vou ao cinema só vejo filme dublado (nao enxergo as legendas e confesso que nem paciencia tenho) procuramos sentar sempre nas filas da frente,enfim.. com o tempo a gente aprende e vai ensinando..mas nao me levem a mal nem vc nem a patroa mas.. seu sogro ja nao deveria ter se acostumado com situações assim? Claro que ele nao fez por mal mas é algo que me veio a cabeça.Abraço!
kkkkkkk esse cara é uma figura!
Vou comentar no seu correio 🙂
😉
Tio, acho que vale a intenção e o carinho. Num caso como esse, mesmo se eu pudesse estar numa posição melhor, não abriria mão de ficar com todo mundo junto. : ) Mas é importante que as pessoas com ou sem deficiência façam o que mais lhes agrada.
Tomara que seu sogro nunca desista de manter a família unida.
Beijocas
Monikita, concordo que há uma avaliação pessoal nisso… como eu disse no textou, sou chaaato ahahahhahah.. bjosss
Falou e disse Tio, adorei , bom humor e muita informação como sempre!
Obrigado, querida!
Jairão, uma vez fui à uma festa onde havia várias tendas com diferentes tipos de som, escolhi uma que mais me deixava a vontade, estava numa boa curtindo a festa qdo. um amigo me quis levar para uma tenda onde o terreno era de terra e pedregulhos, eu expliquei para ele que preferia ficar onde estava, que o piso era cimentado, que tinha acesso aos bares e banheiros, mas ele insistiu tanto, mas tanto que lá fui eu para o meio das pedras e pedregulhos e não deu nem um minuto para que todos sumissem e me deixassem sozinho com cara de criança perdida num terreno que não dava para se movimentar, fiquei muito puto, depois de muito tempo, quase uma hora, chega esse meu amigo com a cara mais lavada desse mundo, passei-lhe um sabão tão grande, falei poucas e boas, isso foi bom porque que serviu de lição para todos, agora qdo. digo que estou bem em um certo lugar todos ficam na boa e respeitam minha decisão, e minha amizade com o “fulano” ficou mais sólida do que nunca. Abração meu amigo.
Zé, foi de chorar, mas eu ri taaaanto ahahahhahahaha… abrasss
É a velha mania de querer impor pontos de vista, de imaginar que sabem o que é melhor para todo mundo. E o pior é que não é feito por mal, muito pelo contrário. Mesmo assim acaba incomodando! Eu que não gosto de ajuntamento fico aflita!
Com certeza, a intenção é sempre a melhor…. eu entendo isso… escrevi o texto, porém, para mostrar esse lado também, né?! ahhahhha… bjoss
Oi Jairo!
Que situação… ir no batizado e não ver o batizado é no mínimo frustrante. Vou falar como um não cadeirante. Às vezes as pessoas querem aproximar ou facilitar a vida de pessoas com dificuldades de locomoçao para ter “todo mundo junto”, mas não temos noção que acaba atrapalhando. Há uns dois meses presenciei uma pessoa ajudando (ou atrapalhando) um deficiente visual atravessar a rua perto da Metô. Coitado, foi praticamente arrastado ao invés de ser conduzido.
Saudades meu caro.
Abraços!
Zé, claro que meu sogrão queria o melhor pra mim, não tenho dúvidas! É que as pessoas não estou muito acostumadas a tentar compreender a realidade do cadeirante, do cego e tals… mas é conversando e fazendo post que a gente chega lá, não é?! Grande abraço
A logística do lugar e do momento só nós sabemos. Na verdade, acredito que o tempo vai nos trazendo alguns critérios… Já me enfiei em mta indiada sem espaço, sem acesso achando que o importante é ñ ficar em casa. Hj penso muitas vezes antes de sair de casa, as vezes me acho velha e resmungona… será tio??
Vc é uma loira linda, isso sim! ahahhahahah.. bjosss