Viver com fé
Fiquei desolado quando o escapulário dado pela minha mãe havia dois anos escorreu do mármore da pia diretamente para o ralo. Não que eu o considerasse um instrumento poderoso de sorte ou de proteção, mas ali residia um pensamento constante de fé.
Tentei recuperar o símbolo de todas as formas. Dava para ver um pedacinho de Nossa Senhora, com o Menino Jesus no colo, no meio daquela escuridão do cano que sabe Deus onde descambaria. Em vão. Foi para o além de meus olhos, dedos e pescoço.
Fiquei triste. Mamãe calou-se após conhecer detalhes do ocorrido, mas antes soltou aquele “Ahhhhh, filho” que me deixou com o sagrado coração apertadíssimo. O detalhe é que, naquele dia, eu iria visitar o Vaticano. Estava em viagem à Itália.
Por onde olho, atualmente, noto que faltam escapulários, fitinhas do Bonfim, guias. Faltam pensamentos e atitudes que remetam ao ambiente, às pessoas, às atitudes, a elementos ligados ao amor ao próximo, à paixão pela construção de virtudes e de uma sociedade mais fraterna.
Como me disse um motorista aqui do jornal, o Benê: ªNão importa se seja pelo candomblé, pela Seicho-No-Ie, pela Igreja Católica, pelo espiritismo, as pessoas precisam agir mais, pensar mais positivo para melhorar o lugar onde vivem. Não dá para ser cada um por si em torno da sua religiãoº.
O foco está direcionado demais aos resultados, ao melhor desempenho no trabalho, ao que fazer com o 13º salário. Junte-se a isso o trânsito do cão das grandes cidades, as dívidas do cartão de crédito e a violência. Pronto, acabou o espaço para pensar na fé.
Não quero provocar a fúria daqueles que não botam fé em valores imateriais como crer em uma força intangível, mas, para mim, muitas e muitas dores, dissabores, injustiças, desigualdades, preconceitos e outras desgraceiras só sucumbem a partir do momento em que se acredita.
Não é à toa que tenho devotado um pouco do meu tempo de descanso para apreciar o “Viver com Fé”, um programa de TV que, estrelado pela atriz Cissa Guimarães, vai entrar em sua segunda temporada pelo canal pago GNT. Um bálsamo.
Com uma fórmula bem simples, gente desabrochando seus testemunhos do poder da fé, independentemente da sigla que se professa, o programa é inspirador para motivar reflexão em torno do espaço exaustivo que se costuma doar ultimamente para demandas que nem é preciso ir muito a fundo para caracterizar como pífias.
Enquanto uns agem com brutalidade com quem erra, há outros pacientemente agradecendo pela oportunidade de voltar a jogar; ao passo que enquanto uns se enervam pelo negócio perdido, pessoas sorriem grande por ganhar novas oportunidades.
Viver com fé ajuda a incentivar as crianças a gostar mais do arco-íris e a ter menos medo de tempestades. E crianças são as construtoras do sonhado e tão surrado ªmundo melhorº.
*
Na semana passada, chegou lá em casa um pacote embrulhado em papel pardo cuja remetente era “minha santa”. Dentro, afora muitos papéis amassados, um novo escapulário. Mamãe não mandou nenhum recado, nem colocou cartão. Mas é certo que não precisava. Ela botou ali a fé de que eu entenderia sua mensagem.
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Nossa…hoje tá delicioso ler o artigo e os comentários! Adorei geral! bjs
Uia!
Bom dia jairo,
Respeito suas convicções e achei muito interessante as suas palavras. O admiro.
Gostaria de dividir as minhas com você. Tenho uma convicção muito forte dentro de mim, a saber: Independente do nosso passado e o que acontece na nossa vida à revelia das nossas escolhas tenho em Cristo a esperança de viver com plenitude. Ele foi o único que venceu o mundo e por Ele conseguimos superar tudo aquilo que passa por nós.
Como disse John Lennon: “A vida é o que acontece, enquanto faço planos”. É por isso que tenho fé em Deus, por intermédio de Cristo, o único capaz de nos salvar de nós mesmos e daquilo que não podemos controlar. Ótimo dia!
Débora, um grande abraço e obrigado pelo comentário!
Comentei com meu marido sobre o programa mencionado na reportagem VIVER COM FÉ, eu assisti e me emocionei com as matérias, independente da faz muito bem.
Que bom, Daniela!!! Um abraço
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Meu rei, não sigo nenhuma religião mas considero a decência sagrada. Também considero que o momento em que comecei a curtir minha ainda recente aposentadoria constituiu uma dádiva, porque há algum tempo vinha me incomodando a imposição de algumas ‘verdades’ corporativas que têm o condão de desumanizar as pessoas, destruir o coleguismo e a camaradagem por obra e graça de uma competição insana e uma busca por metas que alucinam e adoecem. Jamais me permiti sucumbir ao ‘cada um por si’; isto é o começo do fim, é o pontapé inicial para a perda da sensibilidade, da solidariedade e do sentido de grupo, é a perda da beleza de olhar o outro e se ver nele. Não vou à missa nem ao culto, e só bato um tambor numa roda de samba. Não acho importante ter uma comunhão efêmera com Deus, assim como não acredito no Dia das Mães e não gosto de lança perfume; prefiro aquilo que se pratica no dia-a-dia e não se desfaz com o vento. Gostei da sabedoria do Benê, acho que é mais ou menos por aí. Gosto também da Cissa, e confesso que não conhecia o programa dela, vou procurar assistir. O que chamam de fé, palavra por si só eivada de religiosidade, eu talvez pratique por meio de meu otimismo, minha maneira espiritualizada de teimar em acreditar no ser humano. O grande barato nessa discussão é que, ao que tudo indica, estamos falando da mesma coisa, mas com outras palavras. Tamujunto. De novo.
Negão, eu adoro qdo vc busca em um texto (meu o de quem a gente acompanha em conjunto) algo que foge ligeiramente da ideia central, mas, igualmente, está na mesa para a discussão. Isso me dá um orgulho danado pq me convence que vc degusta e desmonta os parágrafos… legal demais… grande abraço
O assunto em si já é muito rico e controverso. Seu texto delicioso (Eliana, aliás, adorou, mas moooorre de vergonha de comentar) deixou tantas entrelinhas que tornou fácil minha tarefa. Quem aprecia uma boa leitura só tem a agradecer pela sua capacidade de transformar em palavras a riqueza que lhe vai na alma. Havendo essa amizade fraterna que nos une, então, aí vira covardia.
Gostei ! Mesmo sendo um cara de pouca religiosidade. Precisamos de muita fé para enfrentar as dificuldades do dia a dia.Precisamos acreditar muito em nossa capacidade de ter fé. Valeu cara!
Um abração, Sérgio!
Oi Jairo! Como sou nissei, não sei, tenho a minha formação tanto embasado no Budismo Xintoista (meus pais, tios e avós) quanto no catolicismo (minha formação acadêmica se deu inteiramente no catolicismo, desde o pré primário até o doutorado). Com isto, questionei muito sobre religião e agora sou religiosa, mas não tenho nenhuma religião. Respeito a todas as religiões, mas não me encaixo em nenhuma. Mas é bom ter fé em algo. Eu acredito em Deus, em alguns seres humanos e que algum dia seremos uma só sociedade, sem matrixianos. Bjs Suely
Beijos, Su!
e u acredito no poder da fe creio no Todo Poderoso e acho que nao esta em religioes esta dentro de cada um de nos
Um abraço, Ivete
Qual é o conceito de fé? Já vem embutido no DNA, ou tem que buscar?
Marcos, acho que fé tem um pouco das duas coisas. E tem um elemento a mais: as experiências de vida. Grande abraço
Não tenho religião e acredito que mesmo sem qualquer tipo de misticismo pode haver humanidade, no sentido de compaixão. Boto fé no ser humano, em pessoas como você 🙂
bjs
Que saudaaaaade!!!! No final de semana, falei muito sobre vc… beijosss
Jairo, fiquei encantado com seu artigo. Você escreve com a linguagem de Jesus de Nazaré. Cubra sempre o que você diz, com o espírito de amor dele. A fé é apenas o portal de entrada de sua mensagem. Mas é com o amor que vivemos já a plenitude de seu Reino. Um Reino de amor, onde não importa ser grego ou gentio, judeu ou samaritano, publicano, gay ou ateu.
Um abraço, Francisco
Olá Jairo!
Gostaria de agradecer pelo fato de tomar um pouco de cuidado com os ateus…se bem que “aqueles que não botam fé em valores imateriais como crer em uma força intangível força intangível” não são necessariamente ateus, então não sei se vc estava se referindo a ateus (estava?).
Só gostaria de deixar bem explícito que o fato de não se acreditar em um deus não faz de ninguém um ser não se preocupa com o outro ou qualquer coisa ruim (não que vc tenha dito isso, pois de fato não disse).
Eu, por exemplo sou ateia e acredito “em uma força intangível “..uma só não, várias, como a empatia, a compaixão, compreensão, e tantos outros sentimentos humanos que são verdadeiras forças intangíveis para melhorar esse nosso mundão!
Parabéns pelo blog!
Marina, não quis falar de ateístas, quis falar daqueles que não acreditam, dentro do propósito do texto! Muito obrigado por seu comentário, que é super agregador! Beijoss
Fé é o meu combustível,que muitas vezes não me deixa sucumbir.
Belo post,como sempre!!
Abraços Jairão!!
Em meio a tanta violencia, tanta falta de valores, ler um texto tão bem redigico e com conteúdo forte, faz muito bem…A impressão é que está na moda não crer, ser apens material..o nome da empresa tornou-se o sobrenome, e quando não a tem mais, vc é um indigente social….Belíssimo texto, leva a reflexão com suavidade e melhor, saber que alguém ainda crê, sem afetação e com muita razão…Obrigada.
Quem agradece sou eu, Sonia… um abraço
Sabe que eu penso muito nesse assunto? Por vezes penso ” pra que acreditar num Deus que fez isso comigo, que me deixou nascer assim sem me perguntar se eu queria “servir de exemplo””? Mas por outras, como fui educado pela religiao católica, fica difícil não crer em Jesus, Maria, os santos.. mas embora eu também tenha meu escapulário, prefiro crer que construir uma rampa na sua loja, doar um pouco do seu tempo pra fazer sopão pros pobres e ouvir barulho de chuva também são orações potentes e que não se precisa de religião, mas de espiritualidade e humanismo.Aí, até o mais generoso dos ateus vai pro Céu, caso ele exista. Abraço!
Thiago, eu admiro demais sua coragem e sua sobriedade…. sensacional.
A fé é o firme fundamento das coisas que se e speram e a prova das coisas que se não vêem. Porque por ela ,os antigos alcançaram testemunho. Pela fé entendemos que os mundos,pela palavra de DEus,foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.
Eu sempre vejo ese programa na GNT,e sempre penso,a fé que nos motiva,acreditar em um ser supremo,faz com que tenhamos força,pra manter a esperança de toda na vida!Sempre queremos alguma coisa,e se temos nossa fé, conseguimos realizar muitas coisas.Se a gente tomar um copo de água,e acreditar que vai te trazer paz,com certeza vai…Eu sempre agradeço a tudo que tenho,mas sempre peço força pra continuar a viver bem,sem me machucar com tanta coisa ruim que existe!Se não fosse a fé…Tenho tbm um escapulário ao lado de minha cama,sempre ao meu lado…bjs querido
Que boniiiiito 😉
Jairo…
Como é que pode????
Você consegue sempre, dizer de forma tão simples, aquilo tudo que a gente sente e acredita!
Emocionei… De novo!!!!
É isso!!!!
Um beijo!
Ahhhhhhhh 😉
marivilhoso post
ter fé pra mim é acreditar no poder da espera que é esperança
Que lindo, tio!
Hoje o blog esta bem espiritualizado, permite-nos a uma boa reflexão. Muito bom isso.