Mais do Censo (idade, tipo e educação dos deficientes)
“Zente”, conforme eu havia prometido, sigo divulgando e palpitando sobre os dados do último Censo, que, desta vez, tirou um retrato mais bacanudo do povão ‘malacabado’ em vez de apenas fazer uma estimativa ‘marromenos’.
Dos 46 milhões de ‘dificientes’ desse país (é gente que dá para encher umas quatro Kombis, di certeza, né? 😉 ), a maioria esmagadora é de…. tchanammmm….. pessoas entre 40 e 59 anos, ou seja, gente em plena capacidade de produção, com plena vivência…..
Da população em geral, porém (quando se junta todo mundo!), são os idosos, tiozinhos e tiazinhas acima de 65 anos os que compõem a maior fatia daqueles que declaram ter pelo menos uma deficiência.
Pensa comigo, ‘zimininos’, 67,2% da população de velhinhos desse país é estropiada de alguma maneira seja fisicamente, seja sensorialmente. Com isso, só pode-se deduzir que: ESTAMOS ENVELHECENDO MUUUUITO MAL.
E mais, a sociedade precisa entender que acessibilidade é algo que vai fazer a diferença direta na vida de seus pais, avós, tios que são mais velhos.
Que país está sendo construído para uma parcela maciça de seu povo que está ficando velhinha e tem limitações declaradas no esqueleto, nas vistas, nos ouvidos ou no geral???
“Aí, tio, que mais esses dados do IBGE relevaram, heim?!”
Que a maior parte dos ‘estropiados’ tem deficiência visual, depois motora, seguida por auditiva e por último intelectual.
Aí eu pergunto: Para que público de “nóistudo” é pensado em menos condições de interação social? Isso mesmo, exatamente os cegões ou quase cegões (aqueles que fingem que enxergam kkkkkkkk)
De uma vez por todos, é preciso disseminar as tecnologias de leitura de telas de computador, ampliar a distribuição de material em braile, sinais sonoros com URGÊNCIA nas ruas, programas de treinamento de cães-guias ampliados e levados com seriedade, sinalização tátil difundida para todos os locais.
Por último, um pouco sobre o raio-x do IBGE sobre a educação das pessoas com deficiência que, pelo senso comum, é ‘burralda’.
Bem, não dá para soltar foguete, mas também não dá para dizer estamos parados no tempo esperando a morte chegar. O índice pessoas que sabem juntar lé com crê, acima dos 15 anos, é de 81,7%. Na população ‘convencional’ é de 90,6%.
Sinceramente, com a dificuldade que o povo que tem deficiência encontra apenas para chegar até a escola, me parece um bom índice, mesmo com o número de “anarfas” (vulgo analfabetos) ainda alto.
Esse dado revela, para mim, um esforço sem igual de mães, de familiares e dos próprios ‘matrixianos’, essa gente de um mundo paralelo, para ir atrás de conhecimento, para não ficar parado no tempo, para tentar ter instrumentos de uma vida digna.
“Tio, e no ensino superior completo? Afinal, vivem dizendo que não tem vaga qualificada porque somos desqualificados”
Olha, crianças, atenção a esse dado, que bota ‘na chon’ o argumento de muuuitos empresários e chefes de RH.
Enquanto na população geral, o índice de pessoas que tem ensino superior é de 10,4%, no grupo dos estropiados o índice é de 6,7%. É gente pra dedéu. No Sudeste, o índice pula para 8,5%…. ou seja….
Jairo, desculpe-me pelo comentário atrasado. O seu post é super importante para desmistificar essa história de que não se preenchem as vagas porque os candidatos não estão devidamente habilitados. Isso é CONVERSA MOLE PARA BOI DORMIR e desculpa para departamentos de RH que não querem contratar pessoas com deficiência. O preconceito persiste e os diretores em altos cargos executivos dão outra desculpa esfarrapada quando dizem (eu já li muito isso por aí) que não estavam sabendo o que acontece em suas áreas de recrutamento. Os números do Censo são a prova de que isso continua acontecendo. Mil abraços, Paula.
Pois é, eu nem achei que esse censo ia trazer dados relevantes, já que optaram pela tal amostragem… Fico imaginando se tivessem abordado o tema na pesquisa geral. Isso eu gostaria de ver.
Também fico feliz em ver que a maioria está se virando para estudar, para desmentir o senso comum.
Só que ainda há muito a ser feito. Para envelhecermos melhor e também pelas crianças, pelo acesso à educação. Porque sem educação não tem como lutar por igualdade.
A educação hoje é o que mais me desanima, de verdade. Porque se as escolas ainda tem preconceito, imagine as pessoas que elas estão educando.
Abraços
Dê, e o dado que mostra crianças com deficiência que estão frequentado a escola é também super interessante, acima de 95%, acredita?! Bjoss
Estou de férias, mas sempre arrumo um tempinho para ler o Blog. Muito interessante esses dados. Essa desculpa de que o pessoal com alguma deficiência não é capacitado para o trabalho sempre foi balela, falta é boa vontade mesmo.
Um abraço
O bom é que agora temos dados oficiais para desmentir isso, não é?! Abrasss
Pois é tio, a gnt já tinha noção de que a “coisa tava feia”, mas com estes dados a sociedade deve ao menos se mostrar mais aberta às discussões sobre inclusão.
Legal este post. Eu mesma sofri muuuuiiiittaaaaaaaaaaaaa discriminação por ser paralisada cerebral. Até o tamanho de minha testa foi usado como desculpa! Acredito q tenha muitos defs. q tem curso superior q não estão sendo “utilizados” pela sociedade. bjs.
Sabe que eu perdi uma ‘amiga’ no Facebook numa discussão sobre o tema. Eu tinha colado um link de uma reportagem sobre PcDs x Mercado de Trabalho e a mulher veio com papo de que o marido trabalhava no RH de uma empresa e que era muito muito muito dificil contratar pq NINGUEM tinha qualificação.
Falei que isso não estava mais distante da verdade e citei amigos surdos oralizados com pós graduação e sem trabalho.
Ai ela tentou dizer que o problema era que não dava pra adaptar. Falei ‘pois bem, cite UMA adaptação pra surdo oralizado’… Ai ela ficou possessa com a minha descrença no marido dela e deixou de ser minha amiga.
O povo enxerga somente o que quer e fica tentando estar com a razão…
Sabado vou usar esses dados na palestra. Beijinhos
Realmente é bem complicado ser deficiente visual e a deficiencia nao ser aparente e dificil de explicar eheh mas fiquei feliz em saber que cai por terra esse lance de “ah eles nao tem escolaridade o suficiente”,ora,até em cidades pequenas como a minha sao vario os defs que estudam em escolas e em faculdade imagina nas grandes! Quanto ao “preparo” do país, voce sabe como é..vao fazer tudo na ultima horinha a toque de caixa, quando o problema estiver na cara de quem QUISER ver,como tudo neste país. E lembrando que se esse censo é de amostragem os numeros são umas 2 vezes maiores. Abraço!