Normas técnicas
Tudo o que existe de equipamento reconhecido de acessibilidade (elevadores, plataformas elevatórias, barras de apoio, pisos etc) é regulado por um “diaxo” chamado “norma técnica”.
Essas normas foram criadas por engenheiros, arquitetos e demais especialistas que “acham” que sabem como facilitar a vida de um ‘malacabado’. 😎
Na real, meu povo, parte do que é aprovado nessa convenção de deveres para tornar um local plenamente acessível é puro LOBBY! Sabem o que isso quer dizer?
Que empresas conseguem colocar entre as regras seus próprios produtos que não necessariamente vão ser aqueles que, realmente, vão facilitar a vida de um tetrão, de um cegão ou de um surdão.
Imaginem vocês a montanha de dinheiro que ganha uma indústria de um tipo “x” de barra de apoio que consta na norma técnica. Toda construção de uso público, que será amplamente fiscalizada, irá fazer uso desse equipamento e alguém irá encher o bolso de $.
Claro que não há nenhum problema em ficar rico às custas dos “dificientes” 👿 , o problema mora na questão da utilidade ou não que um equipamento de acessibilidade vai ter.
“Tio, por que raios você tá falando disso?”
É que na sexta-feira, vulgo amanhã (29/6) vai rolar aqui em São Paulo uma “revisão” das normas, algo que acontece de tempos em tempos no sentido de aprimorar as regras.
Seria importantíssimo que quem pudesse ir desse as caras por lá para mostrar a visão de quem, de fato, usa esses equipamentos de acessibilidade. Será que o que os técnicos estão palpitando é mesmo aquilo que facilita a vida da gente?
Um dos pontos que sei que será discutido é a ampliação do uso das “plataformas elevatórias”. Sabem o que é isso? Aquela espécie de elevadorzinho que vai devagarrrrrrr quase parando, usada para vencer poucos degraus.
Acontece que expandir o uso daquilo me parece totalmente equivocado. A plataforma, muitas vezes, exige um operador (tira total a autonomia), só pode ser usada por um cadeirante por vez e não é nada usual para prédios, por exemplo.
O que está sendo analisado, neste caso, me parece muito mais um interesse comercial do que algo prático para a acessibilidade.
Bem, então, #ficadica para quem puder dar as caras, a partir das 9h30 da manhã até às 16h, no Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal), para palpitar sobre as normas.
O endereço é Avenida Professor Lineu Prestes, 913, Butantã. Fone (11) 3811-0300
Também no setor de surdez, aparelhos auditivos e ajudas técnicas para surdos existe um lobby fortíssimo…a força desse eu conheço bem. Exemplo um telefone de teclado que ninguém usa porque caro e ineficiente. Acredito sim que haja tubarões em tudo quanto é lugar…e quando se trata de saúde é muito sério. Acabamos sendo vítimas do poder econômico quando nos negam soluções simples e baratas para impor trambolhos nem sempre eficientes. Rampinhas suaves servem não somente a cadeirantes, carrinhos de bebê e até mancantes como eu cuja artrose não aceita escadas. Essas plataformas são trambolhos e deveriam ser instaladas somente onde outras soluções não tivessem espaço. Tá na hora da gente batalhar por soluções para nossas necessidades e não para o bolso dos investidores.
Oi Jairo! Eu acompanhei de longe os trabalhos da ABNT sobre as acessibilidades. Sei q um de meus amigos foi em todas as reuniões de 1992 ou 93 até 2001, qdo ele morreu. Sei q agora um outro amigo meu, cadeirante e militante dos nossos direitos e deveres desde 1979, está lá no grupo agora. Qto ao lobby, deve existir mesmo, afinal existe em tudo, né? Mas tem uma coisinha: eles nem dão bola aos defs q andam e tem desiquilíbrio, como os pcs, os muletantes e os q sofrem de outras defs decorrentes de osteosenese inperfecta. E esses elevadores não ajudam em nada para nós, se pudermos usar, é claro. Dia 01 à tarde vamos ter uma reunião na PUC-SP à partir das 15:00 para falarmos sobre isto. Bjs.
Pode parecer ingenuidade minha, mas jamais imaginei que pudesse haver lobby desse tipo. Mas não me espanto, porque na área de medicamentos existe também. Não gostei desse lance de plataformas elevatórias em tudo que é lugar. Se pra entrar num ônibus os cadeirantes dependem de alguem pra operar esse equipamento ( que geralmente é alguem que nao sabe operar e ainda vive dando defeito), imagine isso em prédios e afins? E rampas beneficiariam a muito mais pessoas: idosos, cadeirantes, gravidas.. Fora o fato de que isso “tira” um pouco da autonomia da própria pessoa, afinal acessibilidade significa “quanto mais a pessoa puder se virar sozinha melhor, ser acessivel é proporcionar autonomia”. Aliás, se puderes mencionar esta frase em aspas durante o evento, te agradeço de coração. Abraço!
Thiagão, o lobby é fortíssimo, pode acreditar… é muuuito dinheiro que rola… Abraço
Bem falado Jairo, Normas Tecnicas muitas vezes só promovem lobby de certos produtos de uso universal altamente questionaval. Um clássico exemplo é o famoso vaso sanitario com recorte frontal. Ja escrevi para DECCA que alegou que tal recorte favorece pessoas OSTOMIZADAS. Não satisfeita falei com o presidente da ABRASO que nao compartilha dessa opiniao e ainda me mandou o que seria um sanitario adequado para pessoas que usam bolsas de colostomia. Ainda bem que alguns shoppings ja aboliram essa armadilha nos banheiros para pessoas com deficiência.
Betinha, seria fantástico se vc conseguisse ir lá, heim?! bjoss