Tecnologia é tudo

Jairo Marques

“Alô, tio? Olha, tô mais feliz que piolho na cabeça de roqueiro! A ‘firma’ acabou de comprar um equipamento ‘maraviwonderful’ para mim. Você não faz ideia”.

A ligação era da minha amiga cegona Ju Braga, a mãe do cão-guia Charlie boy. De princípio, confesso que não entendi aquele entusiasmo todo em torno de um trequinho tecnológico qualquer.

Imagem do aparelho dentro da bolsinha sobre a mesa

“Tio, esse scanner vai me dar muito mais agilidade e independência aqui no trabalho. Ele lê as superfícies de quase tudo, joga rapidinho no computador e já transforma em som pra eu saber direitinho do que se trata”.

Caraca, aos pouquinhos, minha ligação DDD foi sendo completada 😀 e fui entendendo a magnitude daquele equipamento para a Juju.

Imagem do aparelho sobre uma revista

No Brasil, a sociedade, de forma geral, ainda dá pouca importância (ou sabe a real dimensão) à tecnologia assistiva, aquela que é produzida para auxiliar o povo ‘malacabado’.

A nossa cultura ainda é de incentivar, esperar, torcer e vibrar com as promessas para reverter a condição sensorial ou física do povo. Em países como os EUA, por exemplo, há fortes investimentos naquilo que pode ajudar a vida do povão “estropiado” HOJE.

Juju Braga em sua mesa de trabalho usando o scanner

São cadeiras de rodas mais ninjas, mais leves, mais potentes, com mais autonomia. São aparelhos auditivos ultra pequenos e com muita capacidade de rastrear sons, são softwares que facilitam a vida dos prejudicados das vistas…

Calma, calma, ‘zimininos’, sou mega ultra blaster favorável aos investimentos em ciência que busca a cura para cegueira, surdez, ‘doençaiada’ que tira os movimentos do povo, só acho que é preciso, também, olhar com mais atenção para aquilo que pode ajudar AGORA.

Imagem do aparelho sobre a mesa

O equipamento que a Ju conquistou foi impactante para o dia a dia dela. Pensem vocês que ela pode, muito rapidamente, agora, ler uma bula de remédio ;), uma revista, um texto impresso qualquer.

Os scanners tradicionais são muito demorados e não fazem a leitura do objeto que foi jogado para o computador. E tem um detalhe a mais nessa história. Foi a empresa que a minha amiga trabalha que resolveu comprar o equipamento.

Juju Braga em sua mesa de trabalho usando o equipamento

É demais de legal quando o empresariado entende que, com mais equipamentos, a produtividade dos funcionários com deficiência pode aumentar, a inclusão pode se dar de maneira mais completa.

O scanner que a Juju está usando é super prático (ela pode transportá-lo com facilidade) e leve. Como no comecinho dessa conversa, em princípio, a gente demora a sacar em totalidade a dimensão disso na vida dela, mas é só pensar em algo que é básico para nossa própria vida para entender melhor!

Comentários

  1. desculpe o ‘delay’ (ui),mas sabia (talvez ja tenha lhe falado) que na minha universidade,os matrixianos que passaram no vestibular tem que ESPERAR a faculdade se adptar para começar as aulas? É! P. ex. um aluno cego passou em um curso e teve que esperar um semestre ou um ano para que a faculdade se adaptasse. Porque eles não fizeram isso antes?Tem coisas que não posso entender!

    Infelizmente tem que haver esses ‘bandeirantes desbravadores’ pra cortar o matagal e podar tudo,pra que o resto da tchurma possa acessar o ‘campus’. Mas espero que as coisas mudem…

    beijos e ao infinito e alem!

    1. Maria, qual é essa universidade?!? Isso é um absurdo… nunca ouvi falar…. e quem paga o atrasado do aluno?! Aff… bjoss

  2. Que gostoso ver o sorrisão da Ju! Rendo minhas homenagens à empresa, que demonstrou não só respeito à pessoa, mas uma visão empresarial moderna que deveria nortear todo o mundo corporativo: dê instrumentos a seus funcionários, quaisquer que sejam, dadas as especificidades e necessidades de cada um, e os resultados surgirão naturalmente maiores e mais consistentes. É uma coisa tão óbvia que nem deveria ser notícia de destaque.

  3. Genial, Jairo. Agora, é tempo de implantar todas estas tecnologias nos locais de trabalho e nas escolas. Grande exemplo!

  4. Puxa como muito contente com estas coisinhas tecnológicas que aparecem pra ajudar a gente. Uma idéia super bem bolada.

  5. Tecnologia assistiva deveria ter isenção de impostos seja de importação, seja qualquer imposto. E também fica caro porque o comércio desses equipamentos fica nas mãos de empresas que visam lucros e se aproveitam da escassez de oferta para meter a faca na gente!
    A cara de alegria da Ju diz tudo!

  6. Não conhecia esse aparelho, que legal!! Como já disseram, devia ter ao menos um ou dois desses em cada escola.. já pensou um aparelho desses em cada biblioteca pública ou faculdade? Só espero que a empresa da Ju não desconte do salário dela depois e perceba o quão grande é a importância da iniciativa que tiveram ( sim, eu pensei nisso). Abraço!

    1. kkkkkkk….. acho que não vão descontar, Thiago… o aparelho, afinal, é da empresa e não exclusivo dela.. abrasss

  7. Eita que a Tia Jú tá com tudo…agora só falta arrumar um parelho pra traduzir pro humanê os latidos do Charlie.
    Tiooooooooo vortei cum tudu…CUidado na quarta heim….kkkkk

    1. Um charlie tradutor seria excelente mesmo kkkkkkkkkk… Voltou, coisa fofa?! Que magavilha!!!! Vc tá falando de futebol?! Não tô acompanhando kkkkkkkkkk

  8. Aê tiooooo! Foi exatamente assim mesmo como me senti ao receber nas mãos o novo “brinquedinho”. É muito importante e bacana quando a empresa reconhece que para termos condições iguais a todos os profissionais é preciso investir e nos possibilitar com estes equipamentos tecnológicos. Também fico feliz que cada vez mais coisas estão sendo feitas para que a gente tenha acesso ao básico. Me lembro que ao iniciar a faculdade era uma peleja só. Eu chegava mais cedo e os bibliotecários liam o texto para eu estudar ou gravavam em fita k7. Nossa, sem revelar a idade, rsrsrsrs. Tudo o que sei dizer é que era uma peleja só. computadores com menos recurso, scaners ainda limitados, falta de textos em braille, enfim, uma disgraceira só, rsrsrsrs. Hoje temos muitas coisas ao nosso favor. é o aparelhinho que lê a cor das roupas, conta gotas que fala, balança de cozinha e de banheiro que também fala entre outros produtos como aparelho de pressão, termômetro e por aí vai. Tudo seria resolvido caso não fosse tudo tão caro, porque não basta termos estes recursos se para ter um mísero acesso é um valor absurdo. Este material por exemplo na época (que faz pouco tempo), rendeu aos cofres da empresa em torno de 3 mil reais. Para uma empresa do porte da que trabalho pode não ser nada, mas imagine para uma assalariada como eu que tem que vender muitos amendoins e ter que fazer um investimento deste tamanho. Infelizmente é assim. temos o recurso, mas o acesso por conta da grana ainda é limitada.

    1. Ju, eu viajei no tempo com esse coments… caraca… aos pouquinhos, o mundo tá mudando mesmo, né?! kkkk… obrigado maaaaaais uma vez, querida!

  9. Que sensacional esse equipamento… Tá mais que explicado o sorrisão gigantesco da Ju na foto hehehe
    Sou mega fã da tecnologia como forma de compensação de um sentido ou de facilitação de acessibilidade pra nós.
    Uma pena que tenha gente que ache que tecnologia é dispensavel…
    Beijos

  10. Muito legal esse scaner da Ju e a atitude da empresa onde ela trabalha. As°scolas tb. deveriam investir em tecnologias alternativas para os q não conseguem enxergar, para os surdos e para os q não falam e nem mexem os membros. bjs

    1. Para as escolas, isso deveria ser obrigação, né, Su?! Mas são raras as que têm tecnologia assistiva de fato…

  11. que seria do mundo sem a tecnologia e sem pessoas persistentes. E sem um jairo em nossas vidas nos abrilhantando sempre com materias lindas!!!!

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