Para as “Marias”

Jairo Marques

A primeira mãe cadeirante que tive um contato mais próximo nessa minha vida “malacabada” foi a consultora Carolina Ignarra, que gerou a pequena Clara.

Não vou esconder. Achei incrível total, ela conseguir manter a guria ‘firminha’ em seu colo ao mesmo tempo em que tocava a cadeira toda faceira.

Pezinhos de Clara e Carol

Porém, mais do que guardar na mente uma imagem de algo aparentemente inusitado, guardei uma expressão de segurança e de seriedade no trato da moça com sua cria.

E tem de ser assim mesmo. Mãe que tem deficiência está sempre “correndo o risco” de ser desacreditada pelos outros no trato de seus filhos.

Clara e Carol abraçadas

No senso comum seria uma pessoa “frágil” tentando cuidar de outra. Mas gente instruída e informada sabe do poder da natureza e da sapiência humana que jamais deixa a gente na mão. Usa-se caminhos diferentes para se chegar num mesmo objetivo, para atingir um mesmo sonho.

Somente mais tarde fui ter proximidade de outra mãe – ou outra Maria? – que tocava rodas. A jornalista Flávia Cintra, que bota para ‘nanar’ todos os dias o Matheus e a Mariana, irmãos gêmeos.

Mariana e Matheus correm em um parque

Se a Carol já havia me deixado biruta com meus pensamentos, Flávia enlouqueceu de vez. Tetraplégica e montada em uma “cadeira elétrica”, com várias funções do dia a dia auxiliada por outros, acomodava seus dois filhotes, cada um em uma perna, laçados com braços muito fortes, funcionais, mas parcialmente atrofiados.

Dela, eu “roubei” pra mim que parte do segredo está na variação e sedução da voz e nos movimentos firmes e bem desenhados dos olhos. As crianças dessa moça emocionam a gente com um carinho raro, com um respeito intrínseco às condições da mãe, com o aprendizado de berço.

Tatiana Rolim e Flávia Cintra com suas filhas Maria e Mariana

Atualmente, são muitas as mães cadeirantes que circulam por minha rota de existência e sigo aprendendo de maneira inspiradora, honesta e inteligente com elas.

Agora, mais do que nunca, essas experiências humanas tão profundas e valiosas vão estar ao alcance de todos.

Idealizado pela psicóloga Tatiana Rolim, chega às livrarias do Brasil nesta semana a obra “Maria de Rodas” – Delícias e desafios na maternidade de mulheres cadeirantes

Tatiana Rolim e sua filha Maria

Juntaram-se ao trio nessa aventura inédita de contar detalhes de algo que o grande público ainda desconhece como realidade factível, a jornalista Juliana Oliveira e a administradora Katya Hemelrijk.

Cada uma delas narra na obra, que será lançada na próxima quarta-feira (10), no Museu do Futebol, em São Paulo, suas experiências, aventuras e desventuras na arte de trocar fraudas … 😀

Convite para o lançamento do livro "Maria de Rodas"

Penso que uma leitura dessas eleva a vida de qualquer pessoa não pelo “exemplo”, mas pela inspiração, pela capacidade de amar, pelo incentivo a enfrentar o “difícil”, pela formidável gana de celebrar a vida.

Em breve, coloco aqui na aba do blog o livro “proceis tudo” terem em casa!!!!

Comentários

  1. Eu tbm sou cadeirante,há 15 anos atrás passei por muitos momentos dificies qdo engravidei.elo Hoje tenho duas filhas lindas e saudaveis,que me dão força p/viver,a minha vida tmb.daria um belo livro .

  2. Jairão, acho que vou dar uma ida até aí para prestigiar o lançamento do livro, se vc for a gente toma umas biritas.

  3. Um livro muito esperado!!! A Tatiana é uma pessoa maravilhosa e uma profissional e tanto!!! As autoras merecem muito sucesso e que espero que seja uma leitura que favoreça o repensar das ideias, concepções e dos sonhos!!! não vejo a hora de ter o livro em mãos!!!!

  4. Vendo essa chamada que antecede o livro não da para não ler, afinal sou também cadeirante e para mim elas vão ser lição de vida, e incentivo a quem ja desistiu de muita coisa por viver em uma cadeira e ser tão discriminada até mesmo dentro do prorprio seio familiar. Mais de minha parte particularmente nunca vi isso como motivo de para tudo e sim de mostrar que a vida é linda bela e que a força esta dentro de cada um e na confiança no de lá de cima. Jairo continue sempre assim, parabéns pela reportagem e as Marias parabéns por essa cartilha que com certeza será um manual de como aprender a lutar e não desanimar nunca pois os sonhos sempre vem pra quem sonhar.

  5. É uma linda homenagem a estas mulheres,que mesmo assim,contém em seus sorrisos a certeza de que fazem o melhor papel: o de mães…o colo de uma mãe é o melhor mimo que alguém pode ter…Vc conseguiu expressar a força, a meiguice e o amor destas mães..Parabéns!!

  6. Lindas as historias, Parabéns pelo Blog.
    São verdadeiras lições de vida, que a cada post seu, podemos aprender um pouco.
    Eu particularmente sou muita fã da Carol, e me lembro da gravidez dela. Já fiz alguns trabalhos com ela.
    Carol sua filha é linda, fazia tempo que não via uma foto dela. Parabéns pela sua vitoria !
    bjs a todas a “Marias”.
    Elaine

  7. Eu sei que você faz isso de propósito. Nós aqui, nesse marasmo de segunda-feira, essa vontade de brigar com o chefe e voltar pra casa, então toca pro blog do tio Zairo que segunda é dia de up. É batata.
    O simples fato de essas moças existirem já é uma dádiva, considerando a contribuição que dão á sociedade, cada uma dentro de sua especialidade. Agora, o fato de serem mães cadeirantes me remete a uma tia (que não se chama Filinha nem tinha deficiência) que teve uma dúzia de pimpolhos e dizia que ter filhos era uma ato de coragem. No tocante à minha tia, nunca entendi bem o que quis dizer com aquilo, mas entendo bem quando o assunto são essas jovens mães cadeirantes. Talvez nem tanto pelas dificuldades inerentes à sua condição, e mais por terem topado o risco de serem desacreditadas pelos outros no trato com seus filhos. Pelo visto, venceram a batalha. Das três, acho que só conheço pessoalmente a Flávia, e desejo todo sucesso do mundo, que o livro venda muito. As histórias que elas seguramente têm para contar precisam ser lidas por muitos e, quem sabe, podem até inspirar os indecisos.
    Belo post, tio.

    1. Negão, seus comentários nesse blog já são praticamente tão esperados como os próprios post, de verdade! kkkkkkkkk…. Vc, fraternalmente, divide comigo a “responsabilidade” de tocar o barco e sempre tem uma boa história, uma piada saborosa, uma recordação da própria história do “Assim como Você” que ajuda demais a dar sabor…. E eu só tenho que te agradecer muito por isso…

      1. Rogerio, o texto da Ju enriquece nosso trabalho, ela foi imediatamente umas as convidadas a escrever o livro assim que conclui o projeto e convidei as meninas!! um anrcs tatiana rolim

        1. Que legal, Tati. É que, obviamente, ainda não tive acesso ao livro e não sabia que contém um texto da Ju. Eu a citei porque sou meio ‘puxa-saco’ dela e do Charlie, sabe?

  8. eu tenho uma deficiencia e sonho em ser mãe já tina ouvido falar do projeto deste livro no blog da Tatiana Rolim(to louca pra ler o livro) acho q a Flavia eu sei da sua história q é ispiradora desde de 2008 quando ela foi tema de uma reportagem do fantastico e sempre tento acompanha-la em seu blog e também assisto muito a Juliana Oliveira no programa especial q acabou de ser mãe pela segunda vez alem da Isa agora ela tem outra menina a Liz.Essas histórias so provam q para ser mãe é preciso mesmo amor coragem e boa vontada porque as limitaçoes impostas pela deficiência a gente apesar do medo inicial de como sera a gente se adapta é se acostuma foi otimo começar essas semana das mães com um texto tão lindo abraços Jairo

  9. Se Deus criou esse mundo divino,nos deu Vida,que é uma dádiva,isto é,um presente,Ele jamais escolheria apenas os “normais” para receberem filhos,que são os maiores presentes,esse olhar de piedade,de desconforto é do homem que não consegue lidar com o diferente.mas eu acredito que essas crianças foram geradas com um amor imenso e portanto esse carinho que voce enxerga é o espelho:eles devolvem apenas o que receberam!!! É assim a vida,beijos para todas as mães,em suas diferenças e igualdades….vixe me empolguei

  10. Estas mulheres são verdadeiras heroinas.São sensacionais,vencedoras e imbatíveis

  11. Minha frase de sempre “E porque Deus não podia estar em todos os lugares ao mesmo instante, Ele criou as mães”. Se Deus nos fez à sua imagem e semelhança, não teria porque uma deficiência leve ou severa, física ou sensorial, nos tornar menos dignos da criação divina, menos capazes de trazer um anjinho ao mundo e cuidar dele tão bem quanto Ele cuida de nós.
    Falei pessoalmente pra Flavia, meio engasgada e sem graça, no dia do encontro, que eu achava ela uma mãe incrível, não por ser tetraplégica, mas pela poesia com a qual ela descreve essa experiência.
    Carolina idem. Tatiana idem….
    Não pela maneira como conduzem a maternidade, mas pela poesia em movimento que elas transformam esse papel que exercem, nos muitos papeis que uma mulher exerce ao longo da vida!!
    Feliz dia das mães pra elas e pra todas as outras mamães do blog.
    Beijos

  12. Imensa admiração por essas mães!
    Acredito totalmente na capacidade delas, não duvido disso…mas, se nós, que não somos deficientes, a luta é enorme, para elas, a luta é dobrada, além das dificuldades físicas do dia-a-dia, provavelmente essas mães tem que lutar todos os dias para mostrar o quanto são capazes…meus parabéns!!!!

      1. Não tenho dúvidas do número de exemplos que você ,ao longo da sua trajetória jornalistica, deve ter….
        Enquanto lia seu blog de hoje, fiquei pensando nas esposas(mães) de deficientes, me lembrei da esposa do Augusto(que conheci na reunião do blog), a esposa dele ,após o acidente teve que ser pai e mãe de duas crianças…., até o Augusto voltar para as atividades profissionais, atividades diárias, ela teve que fazer esse duplo papel!

  13. Diante a mulheres assim, a gente fica até tímida em comentar. A gente agradece pelo exemplo e espera que o livro chegue às mãos de todas as mulheres que, por qualquer razão, estejam na dúvida se vale a pena ou não ser mãe.
    (mas que elas são lindas e poderosas a gente pode dizer, mesmo correndo o risco de cair na banalidade, não é?)

  14. Tio, li uma frase de Flávia Cintra sobre dar luz, emocionante. Ela disse que os filhos é que deram luz a ela. É a pura verdade!
    Não duvido da capacidade de uma pessoa com deficiência de ser mãe. Afinal, toda mulher tem dentro de si uma força divina, que brota quando se torna mãe, quando tem um serzinho nos braços a depender dela. Com amor se consegue tudo.
    Outras grandes mães que admiro são Ju e Marli.
    O livro será um sucesso, com certeza!
    Beijocas e uma ótima semana a todos!

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