Epílogo

Jairo Marques

Eu estava devendo a muitos leitores (três ou quatro :-)) um desfecho para a história que contei no finalziiiinho do ano passado, sobre a minha aluninha Rivka Lopes.

A moça havia sofrido um acidente gravíssimo durante uma viagem para curtir o Réveillon na praia, logo após de concluir o curso de jornalismo em que fui seu professor e orientador do trabalho de conclusão.

A história da Rivka foi tão forte que mobilizou milhares de pessoas que se uniram em uma corrente poderosa de energias. Para saber mais, é só clicar no bozo!

Pois o rumo da história da garota subverteu a uma lógica “certa” de morte, de vida vegetativa e ela está ótima. Se recuperou de uma maneira que um médico dos mais gabaritados ficaria de queixo caído.

Imagem em preto em branca, em close, do rosto de Rivka

Rivka está tão bem, que participou, há pouco mais de uma semana, da cerimônia de colação de grau, lá na facul. Como a turma em que ela estudou já havia passado pelo ritual, ela foi convidada a participar da festa com os alunos da manhã….

Então, pra acabar com o coraçãozinho desse tio véio cadeirante e motorista de uma Kombi, fui chamado para entregar a ela, exclusivamente a ela, o canudo de colega jornalista….

Bem, o resto?! O resto a minha eterna “aluninha” conta ‘proceis’ tudo, nessa entrevista emocionante e cheia de significados para quem tem fé, tem esperanças, tem amigos e tem vontade de viver…

Blog – Por que acha que juntou tanta comoção e atenção das pessoas para a sua recuperação?

Rivka Lopes – Acredito que minha mãe e amigos próximos foram fundamentais nisso. Em todos os lugares que ia, próximos ao hospital em que eu estava internada e redondezas de Pariquera-Açu, minha mãe comentava sobre meu caso e o desespero que ela estava.

Já meus amigos se assustaram com a gravidade do acidente e meu estado também. Então, a história foi passando de pessoa a pessoa, deixando todos atentos à minha melhora. Afinal, acidentes graves chocam muito, porque são coisas que todos correm o risco. O meu coma sensibilizou muita gente. Além disso, essa solidariedade das pessoas ajudava minha mãe e amigos a sentirem-se fortes para acreditar que tudo iria melhorar. Essa esperança toda que promoveu a comoção. É lindo sentir a esperança de alguém.

Blog – Você chegou muito perto de entrar pro meu time, o time dos quebrados. Pensou sobre isso? Quais sensações tinha nos momentos mais difíceis?

Rivka – Quando acordei, pensava bastante nisso, mesmo depois da possibilidade ser descartada em três membros. Ao longo de dois meses que estive internada não levantei da cama por conta das cirurgias na perna esquerda e a no tornozelo direito. Assim que tive alta fiquei numa cadeira de rodas, porque ainda não andava e não podia movimentar a perna.

Durante esse tempo tive diversas dificuldades, desde a dependência dos outros até locomoção muito limitada. Me coloquei no lugar, muitas vezes, Pensava: ‘como fazer isso sem a ajuda de ninguém?’. Sofri o que a falta da conscientização alheia traz também, como quando subi na calçada e um carro estava estacionado em frente à rampa de acesso para deficientes. Coisas que as pessoas fazem sem notar, ou até mesmo notando, mas que trazem muitos problemas a quem precisa daquilo. Percebi que se nos colocarmos no lugar do outro, a vida ganha outro sentido e é muito mais válida, porque enxergamos as dificuldades além de nós mesmos.

Blog – Experiências de vida ou morte, dizem, promovem grandes mudanças nas pessoas. Com você foi assim?

Rivka – Muita coisa mudou. A sensação de estar entre a vida e a morte traz uma coisa maluca na cabeça. Pensei em tudo que havia feito até ali, desde a ginástica rítmica que praticava quando criança até meu primeiro dia no primeiro estágio em jornalismo, num jornal aquiem São Bernardo.

Pensei nas pessoas que conheci ao longo da vida, muitas delas eu poderia ter visto pela última vez e, sequer, ter dado a atenção merecida. Pensei nas pessoas que tratei bem, nas que briguei e pedi desculpas por pensamento, pedindo que um dia possam me perdoar.

Depois que voltei pra casa, conversei com muitas delas e falei tudo isso. Não podemos saber quando será nosso último dia aqui, não pensamos nisso, mas pode ser qualquer momento, atravessando a rua, trabalhando ou em uma festa. Pode ser num bom momento da vida ou em um ruim.

Blog – Os relatos médicos, no início da sua jornada, eram dramáticos. Você tem alguma explicação própria de ter revertido tudo?

Rivka – Não sei muito bem, mas acho que a força das pessoas e toda a corrente que meus amigos fizeram, que reverteram o quadro. Quando o médico disse
à minha mãe e meus amigos que podiam se preparar porque eu tinha apenas 5% de chance de sobreviver – isso por conta do traumatismo craniano grave, que ainda trazia muitos riscos além dos politraumatismos e desluvamento na perna – eles mantiveram as esperanças nos 5% e deixaram o resto para lá.

O Diego e a Janna (pessoas próximas à ela) foram essenciais nisso e ajudaram a manter minha mãe ali, firma e forte como eles, além de muitos outros amigos que estiveram lá. Agradeço muito por ter por perto pessoas tão queridas, amorosas e preocupadas como eles e, ainda mais, agradeço por serem meus amigos e terem entrado em minha vida um dia. Foi por causa disso que meu quadro se reverteu e que sai sem sequelas, pela torcida e pela força!

Rivka recebe um abraço e um beijo de Diego

Blog – As pessoas se moveram em uma corrente ‘por meio da internet’, para te ajudar. Isso é muito louco, não é?! Acredita nesse poder tão ‘modernozo’?

 Rivka – Não só acredito como sei que foi o que me ajudou muito. Quando acordei e a Janna me mostrou os vídeos e as mensagens, comecei a chorar muito de emoção. Muitas pessoas que já não eram tão próximas ficaram sabendo dessa forma, e mandaram todas as energias positivas, que de alguma maneira eu sentia.

Quando estava em coma sonhava com muitas coisas, sempre relacionadas ao hospital, e várias pessoas estavam presentes lá. Inclusive você! (Adendo meu: Ahhhhh, que amoooor)

Blog – Quem será a Rivka Lopes depois de tudo isso?

Rivka – Essa é uma pergunta que não sei responder muito bem ainda. Mas com certeza estou mais atenta às coisas, às pessoas e à vida. Agora tenho na cabeça a realidade de que todo dia pode ser o último, por isso tenho que dar o melhor em tudo que fizer, tratar bem e com respeito todos que cruzarem meu caminho. É meio louca essa sensação, mas é inevitável.

Rivka e a mãe, Elaine, abraçadas no baile de formatura

 Blog – Você está completamente bem. Diante da gravidade do seu acidente, como isso foi possível na sua opinião?

Rivka – Eu estava em um bom momento da minha vida. Tinha acabado a faculdade e conseguido um novo emprego havia quinze dias. Estava me dado superbem com o trabalho e com as pessoas.

Além disso, as energias positivas e toda força que me passavam me fizeram muito bem, eu sentia isso. Enquanto estava em coma só sonhava coisas boas e, assim que acordei, meu quadro foi melhorando cada vez mais e por causa disso.

Todos os dias recebia visitas com bom astral. Minha mãe, a Janaína e a Larissa, que estavam em Pariquera quando eu acordei, principalmente. Eu sabia que meu estado era grave, mas se todos a minha volta acreditavam tanto que seria revertido, quem era eu para não acreditar?

A esperança de que tudo ficaria bem mexia muito comigo, até me fazia chorar, às vezes, quando eu estava sozinha na UTI. Mas assim como meus amigos e minha mãe, eu me sustentava forte, toda aquela esperança me dava muita força para querer melhorar.

Comentários

  1. Jairo, lembro q fiquei sabendo do acidente da Rivka aki no seu blog, c alguns dias d atrazo, é claro. hehehe. Lembro q fiquei um tempão procurando por notícias dela pela net. Fiquei angustiada. d vez em qd eu procurava por notícias dela, principalmente pelo face dela msm. Até q vi a notícia q ela estava se recuperando bem. E ver essa entrevista me traz mais alegria ainda. É incrível o q amigos e corrente d oração fazem. Através d vc muitos amigos seus, oraram por ela (q não a conheciam, como eu). E graças a Deus tudo deu certo. beijos.

  2. Trabalho na afiliada da Record no Rio Grande do Norte e tive a oportunidade de conhecer a Rivka em uma visita à Record SP, quando ela estagiava por lá. As meninas que trabalham na produção também a conhecem por telefone. Quando soubemos do acidente ficamos muito tristes… Podemos dizer com tranqüilidade que a corrente de energia pela recuperação dela chegou até o RN. Fico muito feliz em saber que ela está bem.

  3. Jairão, meu querido, quanto tempo, né? rsrs…
    Bom, como vc diz, “é claro que eu só podia achar este post maraviwonderful, né?”
    Me lembro do seu post no Facebook, contando sobre a gravidade do caso e sua preocupação com a saúde da Rivka.
    Mesmo não conhecendo a Rivka, torci muito por sua recuperação e fico feliz em ver como ela está bem!

    Abração!

  4. Jairim
    Também não conheço a Rivka, mas torci muito por ela e pela mãe dela, que eu posso imaginar o desespero em que estava naqueles dias tenebrosos após o acidente. Mas que bom que tudo acabou bem e a moça tá aí, pronta pra levar a vida adiante. Sorte e felicidades pra ela e pra você um beijão, feliz encontro do pessoal do blog no sábado.

  5. Jairo, mesmo sem conhecê-la, torci muito por sua recuperação. Que bom, a torcida valeu!!!! Rivka, tenha ótimos momentos, você merece!

  6. Se a história toda é real e emocionante o desfecho entao nem se fala. Só posso desejar à Rivka uma nova vida, que ela aproveite bem essa segunda chance, essa nova vida 🙂

  7. Professor Jairo, parabéns pelo post, pela entrevista e por dar valor e espaço no nosso jornalismo para histórias tão mágicas como esta.
    Rivka, parabéns pelo sucesso do seu tratamento, da sua recuperação e por ser a Rivka. Não eramos muito próximos na faculdade, mas seu sorriso era único para todo mundo, e tenho certeza q Diego concorda comigo.
    Sucesso e mais sucesso na sua vida e na sua carreira.
    Jana e Diego, não preciso falar nada para vocês neh? Amo vocês!

    Beijos e abraços,
    Vini Ferreira

  8. Que bela homenagem o prof. Jairo faz a todos nós que valorizamos a vida e acreditamos no homem como capaz de vencer todos os obstáculos. A vontade, o desejo e a alegria da Rivka pela vida nos mostram que somos capazes sim de ultrapassar os vários desafios que a vida nos impõe.
    Parabéns Rivka pela volta por cima e pela garra de lutar pela vida e parabéns Jairo pela oportunidade de nos emocionarmos como pequenas coisas como uma entrevista como essa, acima de tudo feita com e pelo coração.
    Abraços,

    Rodolfo Bonventti

    1. Rodolfo, é isso mesmo. Aqui não tem muita técnica, não tem lide… aqui eu deixo minha razão um pouco de lado e aposto no coração! Grande abraço… ótimo te receber novamente por aqui…

  9. Todo dia eu acordava e imaginava o dia no qual a Rivka iria voltar para casa e se arrumaria para o baile de formatura. O dia em que falei com ela pelo telefone foi inesquecível, foi como o fim de um pesadelo. O dia em que me chamou no bate-papo do Facebook parecia mentira. Fico feliz por conhecê-la e por ter certeza que força de vontade realiza tudo!
    =)

  10. Quem ainda não acredita em boas energias,em Fé verdadeira não aprendeu nada nessa vida;começar a semana lendo esse post foi td de bom e atentar bem as palavras:a hora é agora,logo mais será td diferente,muitos beijos carinhosos pra Rivka

  11. Eu estava fazendo um mochilão quando tudo aconteceu. Foi lá em Cusco, que parei e pensei – como está o pessoal no Brasil?

    Me deparei com a notícia e tremi, tive medo, torci e mandei energias positivas, pedindo que a história acabasse bem.

    Esses dias, fui num restaurante japonês em SBC. Na fila de espera olho para trás e vejo o sorriso mais bonito. Mesmo sabendo que ela estava se recuperando, foi muito bom vê-la. Abracei e não parava de olhá-la. Feliz, devolvi o sorriso.

  12. que feliz esse post de hoje! mesmo sem conhecê-la eu me identificava muito com ela, recém formada, cheia de sonhos, agora vi que também fazia ginástica rítmica rss fico muito feliz que se recuperou tão bem, espero que saiba aproveitar a nova ‘chance’ que Deus deu, se é que podemos falar assim. acredito muito em Deus, e creio que as vezes coisas como essa acontecem para nos mostrar o verdadeiro sentido da vida. parabéns Rivka, muita saúde daqui pra frente e obrigada Jairo por compartilhar conosco 🙂

    1. É, ‘dotora’, ter uma nova chance me parece algo muito precioso, muito divino…. e vai da sensibilidade de cada um saber valorizar isso, não é?! Bjoss

  13. É linda toda a história… arrepia, comove e nos faz feliz com o desfecho… nos mostra que as coisas acontecem porque tem que acontecer, mesmo que não possamos, na hora, entender o seu real significado… nos mostra também que, enquanto não chega a nossa hora, não existe fatalidade, do tamanho que seja, para nos tirar da nossa trajetória… e, finalmente nos mostra como Deus existe e está presente, desde as diversas sutilezas que nos aparece no dia-a-dia ou nos assuntos mais delicados como o que a Rivka passou… basta acreditar (e falo isso independente de crença ou religião) que existe uma força superior que nos cobre de proteção, amor e carinho!!! Seja feliz Rivka com o seu renascimento!!! Sejamos todos felizes com a possibilidade de brindar a vida, todos os dias!!! Bjins

  14. A alegria de viver da Rivka sempre contagiou as pessoas ao redor dela, inclusive a mim, nada mais justo que isso fosse revertido para ela no momento em que mais precisava. E deu certo. Estou muito feliz! =D

  15. Acho difícil ler sobre o que aconteceu e as lágrimas não aguarem meus olhos. Toda essa torcida, de pessoas conhecidas e as que fizeram por pura solidariedade, me enche de emoção e chega a me arrepiar. Isso me motiva, cada dia mais, a seguir em frente e repassar todo esse amor adiante. Agradeço a todos que, de perto ou longe, mandaram essa força pra mim. Eu realmente a sentia, e um dia vou trazer de volta tudo isso a vocês, porque o mundo é cíclico…=)

    1. Coisa querida…. é isso… é exatamente isso… passe para a frente…. Obrigado por dividir seu carisma, mais uma vez, comigo e com esses leitores tão prestativos! Beijos e sucesso sempre

  16. Meus olhos enchem de lágrimas cada vez que eu vejo você, minha flor mais linda, falar do acidente.
    É como eu sempre te disse… você é luz, é raio, estrela e luar… Manhã de sol, meu iaia, meu iôiô!

    Eu te amo e agora mais do que nunca, agradeço todos os dias por te ter na minha vida.

  17. Q bom começar a semana com uma noticia tão boa; Para mim essa história prova o quanto Deus é bom e poderoso .

  18. Como é bom começar uma semana lendo estas palavras. Até deixei de me irritar com a gritaria que está na redação neste momento.
    A Rivka é um exemplo, que sempre estará na minha memória. E creio que não só na minha, mas de todos que a conhecem; todos que, de alguma forma, ficaram sabendo da sua história; os amigos dos amigos dos amigos dos nossos amigos, seus leitores…
    Muito sucesso pra ti, Rivs!
    Beijos.

    1. Nivia, querida, vai ficar… não tem jeito… vou lembrar disso a minha vida toda… sobretudo daquele abraço na hora da entrega do diploma, que foi demais, né?! Beijos, querida

  19. Se Páscoa é renascimento, não poderia haver post melhor para este dia. Que o renascimento da Rivka e a comovente entrevista nos sirva de alerta para nos lembrarmos de renascer cada dia melhor. Querida, celebre muito a maravilhosa vida que você teve a chance de retomar e seja muito feliz, sempre, a cada minuto. Beijos

  20. Bom dia tio e todos. Fiquei bem feliz com a ótima notícia!
    A voz do povo é a voz de Deus e que bom que Ele nos ouviu!
    Em tempo, está chegaaaaando! é sábado o grande encontro!
    Iup!!!!!
    Manda um um lembrete tio para o povo não esquecer. Aliás, a rivka devia ir bné?
    Beijinhos um pouco mais gordinhos de tanto comer chocolate, kkk.

  21. Diante de tantas tragédias noticiadas, é sempre maravilhoso ler o relato de um verdadeiro milagre. Adorei o texto, mas detestei ficar de maquiagem borrada hihi
    Beijocas e feliz pelo desfecho da história da Rivka!! Que tenha sido um ‘renascimento’ pra uma vida ainda melhor.

  22. Impressionante, só quem acompanhou a corrente sabe do que estamos falando! Parabéns guria, muita vida pra vc!! Grande beijo!!

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