“Concurseiros mal-acabados”!

Jairo Marques

Na semana passada, recebi um informativo da Defensoria Pública de São Paulo que achei ‘inacreditível’…

O órgão, que é responsável por fazer a defesa dos ‘pessoais’ mais pobrinhos diante de pendengas judiciais, vai fazer, em maio, um concurso para selecionar novos defensores.

Como estabelecido por lei, 5% das vagas estão reservadas pro povo ‘malacabado’ (em qualquer nível, desde que esteja apto para desenvolver a função).

Pois bem, até aí, tudo normal. Acontece, porém que a Defensoria está disposta a fazer um concurso absolutamente acessível (como deveriam ser todos) para deficiências físicas e sensoriais quaisquer.

Dessa forma, o candidato que requisitar terá direito a:

– Candidatos com deficiência auditiva (os surdões E:???: ) poderão realizar provas com auxílio de gravações em vídeo (com legendas) e ou traduções em libras.

– Se necessário, os surdos também poderão contar com o apoio de intérpretes

– Os prejudicados das vistas terão provas em braile ou com auxílio de tecnologia de computação – podendo optar por softwares de sintetizadores de voz, leitores de tela ou de ampliação de leitura

– Os cadeirantes e demais estragados do esqueleto podem solicitar mobiliário adaptado e espaços adequados à realização da prova, além da designação de um fiscal para auxiliar em seu manuseio

O edital também prevê acessibilidade aos locais de prova e eventual tempo adicional para realização dos exames, caso necessário e justificado por parecer médico.

Todos os recursos estarão disponíveis desde que o candidato, na hora da inscrição, que pode ser feita pelas internets até o dia 11 de abril …

(para saber mais, clica no bozo ) requeira aquilo que necessita.

Claro, ‘zente’, tudo isso parece óbvio para um mundo que respeita o básico da diferença entre as pessoas, mas eu mesmo coleciono diversos relatos de leitores que enfrentaram o cão chupando manga na hora de fazer uma prova. 😯

Carreiras públicas é um caminho ‘bacanudo’ a ser seguido, também, por pessoas com deficiência. Como o que conta, neste caso, é conhecimento para ir bem nas provas, o risco de ser barrado por um preconceito estúpido de recrutador desaparece.

A reserva de vagas também é uma vantagem imensa pros ‘matrixianos’. Contudo, não adianta achar que, como a concorrência é menor, a vaga tá no papo…. Todo concurso público tem uma exigência mínima de pontuação para ser aprovado… loooogo.

Antes de escolher um cargo para concorrer, os ‘dificientes’ também precisam analisar com atenção quais as exigências que o edital coloca para o desenvolvimento de uma função.

Mesmo aprovado nas provas, um candidato pode ser barrado no momento da análise médica. Nesse caso, o médico pode concluir que o sujeito com paralisia cerebral, por exemplo, não tem condições para desempenhar a função xyz.

Óbvio, minha gente, que isso é um tanto questionável, que há casos em que a avaliação é feita de uma maneira porca, sem levar em conta a realidade do candidato ‘malacabado’ e como ele se adaptou ao longo da vida para fazer tudo…

E isso a gente combate, a meu ver, não fazendo jamais drama ou papel de vítima. É preciso deixar muito claro para o avaliador suas capacidades de fazer aquilo que é exigido. Em último caso, o negócio é acionar a Justiça.

 O serviço público costuma pagar bem, dá estabilidade e benefícios. Então, bora avançar por mais esse campo de ação, meu povo!!!

Comentários

  1. e para as doenças degenerativa que causam deficiência fisíca ou visual e são beneficiadas com possível aposentadoria, por não terem cura, como é o caso de esclerose máultipla, vc tem alguma informação?

  2. Excelente notícia, sinal de que as coisas estão melhorando e os deficientes cada vez mais sendo vistos como são, pessoas capazes de muitas coisas como qualquer um de nós, basta dar condições e oportunidades como esta. Valeu!!!

  3. Sei que as iniciativas da galera que promove o concurso da Defensoria Pública não extrapolam o exigível, ou seja, não são mais do que obrigação. Mas, convenhamos, com tanta otoridade neste país precisando de um chute na bunda, confesso que me emocionei com o cuidado e a preocupação com detalhes que foram demonstrados.
    Não sei se é só impressão, mas ultimamente venho passando menos raiva com os deficientes morais de sempre. E tenho a certeza de que não abri a guarda, o que me dá uma sensação gostosa de que algo está mudando.

  4. Oh, concurso é um negócio danado de sério! Quem pensa que só porque tem vaga pra malacabados em geral, o concurso tá no papo, precisa rever seus conceitos. Fiz um concurso há pouco tempo e quando liberaram a lista das pessoas cujos laudos haviam sido deferidos, minha vontade foi de sumir. Acho que tinha um zilhão de matrixianos inscritos! O nível das provas está cada vez mais alto e o número de candidatos cada vez maior. Tem que estudar até fazer calo nos dedos de tanto passar folha! Bjos…

  5. Na minha universidade é assim tio,tem edital em LIBRAS e tudo! Até aí tudo bem,mas os prédios (muitos) não tem acessibilidade, o que faz com que o povo aprovado tenha que ESPERAR a faculdade se adaptar para começarem!
    Entrementes, olha que notícia bacanuda!
    Jovem com Síndrome de Down é aprovado em universidade do RS
    http://m.g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2012/03/jovem-com-sindrome-de-down-e-aprovado-em-universidade-do-rs.html
    vô volta pra ver se tu colocou aqui :[!

    Beijos e ao infinito e além!!!!

  6. Jairo, óbvio que a notícia é ótima, mostra avanços e mesmo que as coisas ñ aconteçam no ritmo que gostaríamos, na minha opinião de nd adianta ficar de beiço, reclamando o tempo todo… Mas tem uma demanda esquecida nos concursos públicos que tb fazem parte da Matrix: as pessoas com deficiência intelectual. Elas funcionam num ritmo diferente, aprendem de uma forma diferenciada, mas produzem MUITO no mercado de trabalho quando COMPREENDIDAS E RESPEITADAS. As provas para estas pessoas deveriam ser preparadas por profissionais que entendem ou trabalham com esta deficiência. É uma pena que as pessoas com DI ainda ñ podem participar de um concurso público de acordo com suas potencialidades e limitações, como vai acontecer neste com os cadeirudos e os surdos, por exemplo. A caminhada rumo a dominação é bastante complexa né tio? Beijocas lindeza!!

  7. Como já falamos tanto aqui é preciso preparo,como qualquer pessoa,e deixar claro o que precisa para realizar a prova,nada de choramingar as pitangas o negócio é arregaçar as mangas e vambora virar “funcionário público”….Jairo cada postagem vejo sempre gente nova,aquela meia dúzia de 7,já está longe….bjsssss

  8. Oi tioooo!

    Será que agora dá para comprar uns avelãs, nozes ao invés só de amendoins? RSRSRSRS.
    Beijão e o senhor já conferiu o novo visu da garota?

  9. Bora botar esse povo pra fazer concurso, tio, aqui no TRT p. ex. tem um monte de matrixianos. Mas vc já sabe disso né?

  10. A cada texto seu, a cada carinho em forma de ensinamentos que faz o Jairo Marques, fico mais e mais encantada com a sua capacidade de traduzir com clareza tudo aquilo que é importante para todos, “normaiszinhos”ou “malacabadinhos”! Esse texto deveria correr o Brasil! É perfeito ! E, que venham muitos e muitos Jairos Marques para explicar e tantas outras Defensorias Públicas conscientes do seu dever, como esta do Estado de São Paulo! Parabéns! Emocionada!

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