Antecipe-se!

Jairo Marques

Meu povo, por mais que a gente esteja na peleja para fazer virar esse mundo, para tentar construir uma sociedade que tenha mais noção sobre a diversidade, sobre a necessidade de condições diferentes para pessoas que fugiram da escola do padrão 😉 , ainda faltam um queijo e uma rapadura para que todos tenham essa plena noção.

Dessa forma, surpresas de deixar a gente desacorçoado estão sempre na espreita. É o cegão que não acha um livro em braile na maior biblioteca do mundo, é o surdo que não consegue uma informação escrita naquele evento de comunicação, é o cadeirante que não entra na cerimônia porque a igreja é cheia de escadas.

‘Evidentchimentchi’ que quem tá vivo é pra se lascar 😕 e é impossível prever o que iremos enfrentar pela frente o tempo todo, contudo, penso que a gente se dá melhor quando se antecipa às situações, quando a gente se cerca de informações, fica menos exposto a entrar em roubadas.

 

Na imagem, um cartoon em que há um cinto de segurança na boca da mulher do motorista

 

Por exemplo, todas as vezes que vou a um show, e sei que as casas de espetáculos aproveitam seus espaços ao máximo possível (isso significa corredores bem estreitos e mobilidade muito restrita para cadeirante), eu mando email para a organização do show, para a casa falando que comprei ingresso e que vou ficar no lugar x, y ou z.

Quando a gente faz isso está se cercando para que, se der xabu na hora do ‘vamo vê’, termos um documento para provar que estamos certos, que avisamos de nossa situação e que houve negligência por parte de alguém da organização.

Comigo tem dado certo. Nos último show que fui, a casa de show colocou até um bombeirão lindo 😳 , no finalzinho do espetáculo, para me cercar e evitar que a multidão que ia para frente do palco esmaga-se o tio.. 8)

 

Na imagem, uma carona do tio e, atrás, um bombeiro de braços cruzados..

 

Isso sem falar que os corredores até a minha mesa estavam livres e não enfrentei muvuca. Claro, chegar um pouco mais cedo também é fundamental para evitar transtornos.

Eu sei, meu povo, eu sei e desejo que um dia possamos atuar como qualquer cidadão e não fiquemos ai, que nem adolescente na balada loka, sempre prevenidos! E também tenho ciência de que nosso direito não diminui no caso de querer resolver ‘na hora’, mas que nos poupa de desarranjos no estômago, isso eu garanto…

O tempo todo eu procuro me antecipar. Se vou viajar, além de escolher o hotel pelas internets, eu ligo, pergunto o tamanho das portas, os detalhes das instalações e, mesmo depois disso, ainda peço, por email, o compromisso de que se trata de um lugar com acessibilidade.

Vai viajar de urubuzão voador? Avise a companhia aérea que você faz uso de cadeira elétrica 😆 e precisa de uma atenção diferenciada pra não sair dando choque no povo. Tá certo que o setor aéreo neste país é broca, mas não custa insistirmos.

“Ahhh, tio, você quer é burocratizar tudo a vida dos malacabados desse jeito”.

Nem é, minha zente…. é uma maneira de a gente fazer um bom uso das ferramentas de comunicação e nos garantir para ter mais força de argumentação nos casos em que a coisa desgringolar pras Justiça…

‘Proceis’ terem uma ideia de como sou prevenido, às vezes, antes de ir a um local eu entro nos Google Street View para saber como é a calçada da rua por onde vou passar… ! 😯

Enfim, #ficadica para que tentemos passar menos perrengue quando o que a gente quer é diversão, é se descontrair, aproveitar a vida!

Comentários

  1. É, Jairo! Muitas vezes eu vou na raça mesmo, acabo encontrando lugares inacessíveis, barreiras arquitetônicas e falta de preocupação com o povo malacabado. Outras vezes faço como vc disse e me antecipo pra facilitar as coisas. Concordo que é nosso direito ter acessibilidade em todos os lugares, mas pra evitar ficar de cabelo em pé, é sempre bom dar uma planejada. Abraaaço

    1. E preserva um pouco da nossa saúde, né?! Haja adrenalina pra ficar nelvoso com quem não promove o acesso…. abrasss

  2. Jairo, gostei demais deste post pois agora sei que sou normal. Achava que era um pouco de neura minha procurar ver no Google Street View a acessibilidade de onde eu tenho que ir. Gostei da dica de mandar e-mail para os organizadores dos shows, já que nos sites de venda de ingressos as informções para PNEs praticamente não existem (uma surpresa é a FAQ do site do festival Lollapalooza). Espero que você escreva sobre show em estádios antes da volta do U2 ao Brasil! Beijoss.

  3. Esses dias mesmo tinha amigos tetras reclamando do qto nossa vida exige programação. Isto é a mais pura verdade, gostando ou ñ. Sou cadeirante há 11 anos, no começo me metia em qualquer indiada, agora só vou com a certeza de que está td ok, cheguei a me achar enjoada por isso, mas vamos combinar… Evitar transtornos e constrangimentos me faz mto bem. Só acho INACEITÁVEL qdo ligo para um lugar que vai rolar um show e ninguém sabe me dizer onde é o espaço para cadeirantes, infelizmente isto acontece bastante. Beijão!!

    1. Acontece… mas percebo que, muitas vezes, uma ligação nossa acaba ajudando outras diversas pessoas, né?! bjosss

  4. Oi, Jairo! Sou uma malacabada aqui de Minas, moradora de “Belzonte” (daqui a pouco levo uma pedrada) e já passei perrengues mil por causa da falta de acessibilidade de vários locais. Em algumas vezes, me dei bem, como ao comprar ingresso mais barato para um lugar e fui obrigada a ficar no lugar mais bacanudo do Palácio das Artes aqui em BH, só pra assistir ao Chico Buarque. Maaassss, sorte de malacabado não dura para sempre. Ano passado, fui com meu irmão assistir a um dos jogos das semifinais da Super Liga de Vôlei (mineiro adora vôlei), no ginásio do tradicionalíssimo Minas Tênis Clube e até fiquei felizinha quando vi uma rampa bonitona na entrada. E lá fui eu nessa rampa, me achando. Ao final dela, para que eu conseguisse ter acesso às arquibancadas, adivinhe só o que tinha? Uma escada! Bão, mas aí um segurança muito solícito, mandou que a gente voltasse na rampa e atravessasse para o outro lado. Foi o que nós fizemos. Fiquei felicíssima, mas aí eu não podia ficar lá porque aquela era a torcida do pessoal com camisa da operadora Vivo, então tinha que ir para o outro lado. Colega, você precisava ter visto a burocracia para que pudesse ser aberto um portãozinho da quadra só para atravessar uma malacabada! Atravessei e se quisesse assistir a um jogo de vôlei, seria melhor ter ficado em casa, porque onde me colocaram eu não tinha visão nenhuma dos pernões dos jogadores, digo, do jogo. Aí meu irmão, que tinha ido buscar um lugar pra estacionar o carro, chegou e ficou tiririca da vida com o negócio e começamos a buscar um elevador. Um segurança indicou pra gente onde ficava o danado e nós fomos felizes da vida. Mas aí tinha uma porta trancada e tivemos que esperar alguém para destrancá-la. Quando a porta foi destrancada, surpresa, o elevador estava estragado. O desfecho disso foi que com a ajuda de um segurança, subimos uns dois ou três andares de escada, o Minas perdeu, eu mandei um e-mail reclamando e a única resposta que eu tive foi que o problema não era do ginásio, mas da CBV. Foda, né? Então sim, me antecipo sempre pra saber onde é que vou me meter, porque esse tipo de situação é muito desgastante e se não tomamos cuidado, acaba por nos convencer a não sairmos de casa e isso é um perigo. Bjão, Jairo!

    1. Gzuuuuis, Mariane, qdo vc conseguiu o lugar, o jogo já num tinha acabado?! ahahahhahahahahha…. Adorei suas mineirices… vou copiar tudo ahahhahaha…. beijos, darling… e comenta mais que o tio adora

  5. Gosto de prever os obstáculos q possam aparcer no meu caminho, mas, as vezes Me da um medo! Por exemplo, gostaria muito de ir ao show do André Rieu no Anhembi em SP, mas Nao conheço o local e como é o entorno, se tem escadas, se é muito longe, etc…E a multidão, então…
    Por isso entendo perfeitamente teu texto.

    1. Querida, se vc quer muito, não deixe de ir… mas se programe, se cerque de cuidados… vai dar tudo certim!

  6. Beleza de serviço, meu velho. Mesmo para quem não é malacabado, é sempre aconselhável uma investigação prévia para evitar que diversão se transforme em filme de terror.

    1. Mas como eu disse no texto, é muito mais legal viver livre, leve e solto… sem ter de ficar tão prevenido, né?! abrass

  7. Jairo infelizmente as vezes nem mandando e-mail resolve viu?
    Vou te contar um “causo” que me aconteceu:
    Eu sempre adorei Bon Jovi e quando teve show deles aqui é óbvio que tinha que ir… Juntei minha graninha, entrei no site da empresa que estava trazendo o show a Time For Fun (que pra mim deveria mudar pra time for stress rs) para comprar meu ingresso e ver se tinha alguma informação sobre se havia acesso em todos os setores ou qual era o setor destinado a nós. A única informação que eu encontrei no site é que haveria acesso, no estádio. Então mandei um e-mail pra eles explicando que era cadeirante, queria comprar a pista premium e se teria acesso na tal pista premium… a resposta deles foi: Ainda não temos essa informação, mas continue acompanhando as informações pelo nosso site.
    Continuei acompanhando e NADA! Quando as vendas abriram eu comprei o tal ingresso. No dia do show os seguranças simplesmente me impediram de ficar no lugar que eu comprei, alegando que não era seguro e que tinha que ficar em um lugar reservado para cadeirantes na arquibancada, um lugar muito mais longe e mais barato do que o lugar que havia comprado. Quis que eles me devolvessem a diferença do lugar que havia comprado p/ o que eles tavam me colocando, mostrei o e-mail que havia enviado… mas de nada adiantou não recebi a diferença e fui obrigada a assistir o show de um lugar pelo qual não paguei. Acabei nem vendo o show direito e o que era pra ser uma diversão se tornou um stress. Eu acho que em todos os shows já deveria sair no mapinha qual serão o setores que terão acesso. Aí a pessoa compra o lugar certo e não tem surpresas no dia do show 😉
    Depois ainda enviei um outro e-mail pra empresa relatando todo o ocorrido e nunca obtive resposta.

    1. Luana, querida.. acho que, no seu caso, é causa ganha caso acione o procon. É uma aberração completa a atitude dos tais organizadores. Acho também que vc “arriscou” indo ao show sem uma resposta (eu faria o mesmo, com certeza). Nessa situação, eu teria tentado acionar mais gente, envolver mais gente na sua demanda até que alguém que mande assumisse a parada! Beijoss

      1. Na hora da situação a gente fica tão passado que não toma as providências corretas, eu devia ter anotado os nomes das pessoas que não permitiram que eu ficasse no meu lugar, ter pego testemunhas e tal… Mas infelizmente essa empresa já tem vários processos do gênero e nunca dá em nada,
        por isso não levei o caso pra frente…

  8. Boa Jairo !!!

    É o que penso, pra que se desgastar com ‘perrengue’, se podemos evitar, além do mais, é tão chato ficar discutindo com os “normais” sobre nossas necessidades, eles ainda não conseguem entender!!!

    Beijos meu querido!

  9. embora para os surdos que usam próteses o fator acessicibilidade em shows, cinemas, etc é zero vale a dica pra todo malacabado. Ex, tenho alergia e se o lugar foi dedetizado não posso frequentar então tenho que perguntar antes. Assim evitamos problemas. Bjs.

      1. Jairo querido, gente com rinite alérgica e alergias em geral precisam tomar cuidado com locais onde há produtos químicos, pinturas e colas…se ficarem num ambiente fechado podem ter crises sérias.

          1. Deixa eu meter a colher? Quando viajo em família, procuro saber se o revestimento é de cerâmica ou carpete, porque Eliana tem a tal rinite alérgica e num guenta o batidão. Em ambientes como a Sô falou (produtos químicos, pinturas, colas, poeira), eu corro o risco de ficar viuvo.

          2. E a Sofia tem asma crônica, o que significa, todo cuidado é pouco: paredes recém-pintadas, carpete, dedetizações recentes e uma série de outros detalhes… Isso pode exigir que o nosso passeio tenha uma escala obrigatória no hospital… Por isso, precaução é sempre a saída. O problema é como a Ju falou, alguns lugares ficam com medo (especialmente escolas e buffets infantis) que acham que minha filha é um bicho de 7 cabeças, ou seja, tem que sondar, mas com cautela…

  10. Jairo: Concordo com vc e faço essas aferições e informações sempre que dou um rolé por outras bandas, mas acho que é triste que a sociedade na sua grande maioria só enxerga o próprio umbigo.Forte abraço.

    1. Renato, é triste, é meio humilhante e é pouco cidadão… o duro é que, no momento, é o que temos, né?! abrass

  11. é isso aí sobrinho, disse tudo. Aqui na Camiranga tem o tal do ADA (american with disabilities act)que é o estatuto que garante os direitos civis das pessoas com algum tipo de deficiência. Apesar de ter alcance federal e existir desde 1990, ainda hoje há lugares não adaptados para receber deficientes. A orientação das autoridades ( e organizadores de shows e eventos) é que os deficientes, quando quiserem ir a um desses lugares, liguem e avisem com antecedência para que alguma solução — ainda que incompleta e temporária — seja providenciada. Concordo que não é o ideal, mas já é alguma coisa. Ótimo texto e assunto, as usual. Beijim saudoso da tia que te adora ocê!

    1. Tia, a senhora tem esse tal de ADA? Achei super interessante… num topa fazer um post pra matar nossa curiosidade tudo?! bjosss

  12. Tio, bom dia, af, que bode das segundas, mas tamo aqui firme e forte para comentar em mais um post inteligentichi, porque eu faço exatamente assim para não ter qualquer surpresa desagradável. Todas às vezes que esejo passar uma temporada fora e se irei sozinha ou acompanhada do meu namorido, aí reforço mais ainda para não tornar o passeio romântico num pesadelo nada romântico. Tem dado certo, mas vou aproveitar o espaço para beter a boca, ui, (no bom sentido, rs), em dois lugares que um amigo fez exatamente isto e o local se negou a recebê-lo achando que ele precisaria de um babá. fiquei bem indignada e também espero um dia enfrentar condições iguais para não ter que pedir privilégios só porque ainda tem uma legião que não sabe que malacabados se divertem e tem todo direito!
    Agora para terminar quero compartilhar que fiquei animada com o post do carro e sábado lá fui eu andar de carrinho bate bate com o meu enteado, rsrsrs. ainda bem que tem estes brinquedos para a gente se realizar, mesmo que batendo em todos os carros e em todos os cantos, kkkk.
    Foi demais, muito bacana, hahaha.
    Bjos.

    1. Noooooosssa, queria taaaanto ter filmado essa cena de vc no bate-bate ahahhahahahahah… Ju, se quiser, coloque o nome dos lugares que o seu amigo não pode nem chegar perto… beijosss

  13. Jairo, como representante do sindicato dos pintores e pintoras de rodapé e atividades afins (juiz de partidas de futebol de botão, entre outras) não tenho do que me queixar das casas de espetáculo de São Paulo, pois procuro lugares próximos ao palco nas cadeiras. O problema acontece nos estádios. Não me atrevo a comprar ingressos para o setor de pistas, pois só enxergaria as regiões glúteas das pessoas à minha frente. Por isso, prefiro as cadeiras e arquibancadas. Mil abraços, Paula.

    1. Paula, eu estou devendo há séculos um post sobre estádios…. confesso que tenho um certo medinho de encarar uma arena muito lotada!!! bjoss

  14. Jairo, sempre fiz e faço tudo isso que você comentou, principalmente quando vou viajar. Porém, as cias aéreas devem rasgar o protocolo onde você avisa da condição de mal acabado. E toda vez que viajo tenho que brigar e muito para ser atendida com dignidade.
    Enfim, agua mole em pedra dura tanto bate até que fura né? Beijos e boa semana!

    1. Elas podem até rasgar, Betinha, mas o documento nos protege e nos ajuda em caso de a disputa parar na Justiça, não é?! Bjosss

      1. Certa vez a GOL foi multada pela ANAC em 7 mil reais, mas não é que a companhia recorreu e a multa foi cancelada? Mas eu continuo reclamando e registrando minhas queixas!

  15. Um belissimo manual, bem humorado, de sobrevivência nas cidades, mares, serras e ares.
    Deveria ser divulgado ad infinitum( é assim que se escreve?).
    Jairo Marques é “EDUCAÇÃO”!!!!
    Bom demais da conta, sô!

    1. ahahahhahahahhaha… desse jeito eu vou me candidar… a síndico do prédio, claro!!! hahhahahhaha.. bjosss

  16. Não tem nem o que comentar, você disse tudo!!!! Agindo dessa forma dá para evitar muitos transtornos.
    beijos e boa semana

  17. Jairo, parabéns pelo blog 🙂

    Os seus textos tratam-se sempre de assuntos sérios e até mesmo polêmicos, porém sempre com uma pitada de humor!#ReceitaPerfeita!
    Pois fala diretamente com todos os deficientes a ainda nos ensina como lidar com eles (para que não é)…Já que as vezes, mais atrapalhamos do que ajudamos :S; Sem contar que ainda por cima, nos ajuda a nos tornarmos mais solidários 😉
    Virei leitora assídua!!! 🙂
    Abraços ,
    Anna Rocha – http://www.atelieannarocha.wordpress.com

    1. Ahhhhh, Anna, que deli! Obrigado pelo carinho… e o povo ‘malacabado’ certamente vibra com sua adesão a essa causa tão justa! Beijos

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