Labuta pela dignidade

Jairo Marques

Uma porção de gente se identificou comigo em um texto publicado ontem (28/02), na Folha, no qual eu contava um bocadinho da minha aflição em ver minha mãe, que por tantos e tantos quilômetros me empurrou por essa vida, envelhecendo e perdendo, aos poucos, sua presteza, suas habilidades (para assinantes Uol e Folha que quiserem ler, é só clicar na carinha) 🙂

Pois hoje, mais uma vez, tenho de colocar a mãe na roda… 😀 A razão não poderia ser mais nobre, mais legítima. A luta braçal, dolorosa, corajosa e indignante de Maria Elvira para que o filho João, “malacabadinho”, consiga estudar….

As cenas que vocês poderão ver (menos os cegões, evidentemente, que vão apenas ouvir) me remeteram direeeeto para a dureza da minha própria infância, lá na Trelagoa….

Me entristece conhecer o fato que crianças com deficiência ainda precisam penar para conseguir um direto dos mais básicos, mais universal: acesso à educação.

O relato da mãe dá conta que João, que tem uma síndrome rara chamada “Artrogripose Congênita” (má formação que atinge as articulações), não conseguiu vaga em uma escola próxima de casa e, por isso, é preciso padecer até ficar com a língua de fora para levá-lo ao encontro do conhecimento.

Neste caso, a  meu ver, a proteção à criança teria de ser incondicional. Não se trata de dar a ela um privilégio, trata-se de dar ao menino e a mãe um pouco de dignidade.

Não sei se Maria Elvira procurou a Justiça, se ela tentou todos os meios legais antes de botar na rede esse apelo, só sei que a mim, cada pedacinho dessa caminhada dolorosa, me deixou com um amargor na boca.

Peço que me ajudem a espalhar esse vídeo até que ele chegue para alguém da administração pública que se sinta envergonhado ou minimamente comovido para alterar essa realidade…

Comentários

  1. Já disseram tudo, é uma vergonha ter que acionar a justiça para fazer cumprir o básico do básico, falta de educação, falta de cultura , falta de vontade política e olhe que estamos em ano eleitoral… a luta é difícil mas temos que continuar e seu blog é instrumento muito importante para dar voz a casos como esse. Parabéns Jairo, voce aborda de a a z sem tendencias ou pudores tendo o único comprometimento com seus leitores, adoro. abçs

  2. pois é dependo da minha mãe pra posta, pra mim pq nunca fui a uma escola sempre morei em monte verde nunca tive o tratamemento adequado por falta de condições, hoje vivo em camanducaia onde a assistente social se nega a assinar medicamentos pra mim e fraldas ela diz que tenho direito a tres pacotes por mes isso tudo pq recebo auxilio saúde as vezes não entendo como pode ter gente assim afinal onde esta nossos direitos ass: elza gomes de oliveira mãe de ana paula de oliveira moraes!

    1. Elza, Paula… imagino o tamanho da batalha de vcs… conheço bem essa região.. deve ser muito difícil de uma cadeirante se deslocar com tantas montanhas.. Sobre o direito de vcs, a lei não prevê restrições de quantidades.. Alguma coisa está errada por aí… é preciso orientação jurídica para vcs!

  3. É impressionante como mães de deficientes ainda tem que sair “gritando” por ai suas dificuldades. Vale lembrar que este vídeo mostra APENAS a criança indo pra escola, não mostra indo à terapia, médico, dentista etc

  4. Nossa! Fiquei feliz com a nova notícia sobre o problema escolar daquele garotinho, a união realmente faz a força, né Jairinho? Bj.

  5. Que absurdo esse tipo de situação, mas infelizmente é a dura realidade de nosso país. Dizem que o Brasil tem a melhor legislação de proteção e amparo para pessoas com deficiência. Grande coisa! O que adianta se isso só está no papel?
    O vídeo mostra toda a dificuldade do percurso e transporte, mas será que essa escola tem acessibilidade para o garoto?

  6. Jairo, é vergonhoso que no nosso país até os direitos garantidos na constituição sejam cotidianamente negados a todos.
    É com certeza estarei compartiilhando, um forte abraço.

  7. Tio, depois que recusaram a minha matrícula recentemente numa escola de inglês que se diz moderna, não espero mais nada mesmo. eu sinceramente espero que um dia tudo isto se acabe, que as pessoas consigam compreender de uma vez por todas que somos gente, pessoas de carne e osso que pensa, sente, toma decisões, enfim, que mesmo com as nossas limitações vivemos as nossas vidas como qualquer ser mortal deste planeta.
    Sabe, esta semana coincidetemente ando refletindo estas questões que quando penso que já acabou ou está melhor, vem alguém e supera o preconceito do outro.
    Acho que por hoje é só tio. fiz minha parte de pessoa indignada, compartilhei em minha página e sinceramente espero que algo seja feito e que um dia não exista um blog para falar destes assuntos, pois eles não mais existirão. Num futuro bem próximo, assim espero, vamos ter apenas blogs com boas notícias e promoções de atitudes inclusivas e humanitárias.
    Beeeeijo!

  8. Em que cidade moram o João e sua mãe? O MP tem obrigação de ver esse calvário! Aqui na minha cidade ( Bento Gonçalves,RS) os malacabadinhos,especialmente cadeirantes, são impedidos de estudar em escolas particulares com a desculpa de que elas “nao estao preparadas”. Ora, se não se prepararem nunca vão receber ninguém! Isto acontece inclusive naquelas de freira e afins..cade a bondade dessa gente, o senso de dignidade? Sei que particular e pública são coisas diferentes, mas escola é escola e o acesso à educação tem de ser em todas as escolas para todos! Abraço!

    1. Thiago isso é em todo lado… Ninguém vê a riqueza na troca de vivências de uma criança deficiente com seus colegas na escola. Só acham que será mais trabalho para a escola… Os pais não podem abaixar a cabeça e simplesmente aceitarem… Existe a lei que nos protegem, recorram ao Ministério Público. Muitas vezes só de mostrarem que conhecem seus direitos, a escola particular já volta atrás. Foi o que aconteceu na matrícula do meu filho neste ano.
      O caso do João chega a ser maldade! Penso que não é apenas descaso do governo. É também omissão da diretora da escola próxima à casa dele!
      É muito triste tudo isso!

  9. Compartilhei esse video no meu FACEBOOK, e aproveito a oportunidade para felicitá-lo pela maravilhosa crônica sobre as mães, continuo sendo sua fã de carteirinha. Beijão.

  10. Jairo, existe vários casos assim como a de João e as autoridades não fazem nada. Penso q é preciso mudar o pensamento da sociedade inteira, pois os políticos saem dela, né? Outra coisa; é lei q o malacabadinho estude o mais perto de casa. Tb tem a lei das calçadas, mas estas não são cumpridas. Qto ao transporte, existe o Atende, cujas explicações de como proceder está no site do Portal da prefeitura. Esta mãe me lembrou da minha mãe tb. Ela fazia de tudo para me levar à escola e outros lugares, qdo necessário. Ela lutou mto para a minha melhoria tto fisica qto de formação academica. Bjs Suely
    Ps: não compareci nos coments anteriores porque torci o pulso qdo caí em casa.

    1. Su, mas agora vc já está bem?! Senti sua falta, é claro…. Realmente, vc tem razão, a lei desse país ampara para tudo.. o duro é que para fazer valê-las a gente tem de suar taaaanto…. bjos

  11. Oi Jairo! Isto q ví é mais uma prova de que as leis não estão sendo cumpridas. É preciso mexer com a sociedade em geral, não só com os políticos, pois eles saem do povo, concorda? Quanto ao transporte existe o Atende, q ela pode pedir. No site do Portal da prefeitura de S. Paulo existe uma explicação de como proceder para requisitar o transporte acima citado. E existe vários casos assim como o de João. Ainda existe uma lei sobre as calçadas e como arrumá-las. Se nós dermos o endereço dessas calçadas, os proprietários dos imóveis poderão sofrer uma multa pesada. bjs Suely

    1. Silvio, quem é vc para vir aqui apontar o dedo na cara de uma criança e sua mãe? Espero que seja uma autoridade ou alguém que resolva, não aguém que só queria mostrar que sabe caminhos burocráticos.. grato.

  12. Dizer o que não é Jairo,não só o bom senso,mas a moral,a capacidade de ver as necessidades dos outros,a integridade de carater não existe na grande maioria dos politicos,em qualquer esfera,do vereador ao senador,mas nós estamos aqui,unidos,e somente assim para que eles vejam o quanto somos capazes em dizer e cobrar nossas necessidades que são dever do Estado em todos os ambitos!

  13. Jairets, simplesmente soberba sua coluna de ontem.
    Aqui do trabalho não tenho acesso ao vídeo, então só vou poder assistí-lo à noite. De qualquer forma, vou procurar saber o que pode ser feito nesse caso. Não sei se é otimismo exagerado mas, pelo pouco que pude ‘pescar’, trata-se de algo simples de conseguir para o João.
    Oremos.
    Estou escrevendo para um jornal vinculado à Rádio São Francisco de Anápolis, e o assunto atualmente recorrente é acessibilidade. Já publiquei uma matéria e tenho outra pronta esta específica para os povo projudicado do escutador de novela. Atendendo a pedidos da galera que sabe de nossa relação amorosa (ui!), repasso a você o convite para participar (digratis como eu, oficorsi) com uma matéria ou crônica sobre o assunto. Não sei se seu contrato com a Folha o impede de publicar em outros veículos, ainda que não concorrentes, mas, se puder, será não só de grande valia, como também uma enorme honra.

      1. O jornal é recém-nascido e tem circulação semanal. O nome (Jornal 670) é uma alusão à frequência da rádio AM, vinculada a uma instituição católica. Existe também em meio papel, mas o endereço eletrônico é http://www.portal670.com.br/folha67. Na edição No. 5, a partir da página 10, há uma matéria muito interessante e aprofundada sobre acessibilidade. Já na edição No. 6, página 15, tem a matéria do bonitão aqui.

  14. Apenas cotinuando….

    Fazem que o povo fiquem refem, para depois de alguma maneira, usem medidas politicas, como renda minima, salario famiia para demosntrar OLHA POVO pensamos e ajudamos vcs, sendo que é uma verdadeira mentira, e estrategica politica.

    Vergonha !

    Abs,

    O Fê !

  15. Caro, Jairo parabéns pela materia !
    Este e outros assuntos fazem parte do cotiadiano de muitos brasileiros.Triste é ter de cobrar dos orgãos responsaveis, e da classe magnata um direito que todos tem.O DIREITO DE IR E VIR.
    Me fez pensar… além do sofrimento diario para simplesmente ir ESTUDAR EM DIA QUE NÃO ESTAVA CHOVENDO, ou frio.
    Nossa classe de governantes desejam, que a população fique cada vez menos sem cultura ou ensino de qualidade, para que hoje os que são “burros” desculpe o termo, não precisem indagar eles “governantes” de seus direitos.
    João estimo pelo seu sucesso, para ajudar a reveter este quadro sujo que hoje infelismente convivemos.

    Desculpem o desabafo….

    Abs,

    O Fê !

    1. Fê, acho que ainda teremos grandes notícias desse menino João… Tomara que seja um cidadão atuante, vibrante e que conquista mais e mais espaço para quem precise!

  16. . Grande Jairo, um exemplo de duas situações extremas, ausência do estado , que é lamentável (para dizer o mínimo) e o exemplo de mais uma mãe guerreira como a nossa!!!

    Abraço fraterno

  17. Jairo, nossas mães, como a mãe do João é uma mulher de muita fibra. Me emocionei ao ver o vídeo e relembrar a labuta que a minha mãe tinha ao me levar para a escola, muitas vezes grávida, para que eu pudesse conhecer um pouco da nossa cultura/educação. Uma colocação verdadeira: se uma comunidade não é acessível, ela é que é deficiente.
    Abraços a todos.

  18. Fico indignada com esta situação…
    Ele só quer ESTUDAR!!!
    E essa mãe, uma heroína… me senti muito mal em ser conivente com esta situação, por não fazer nada, exceto votar e esperar…
    Enquanto isto acontece na vida de milhares de meninos, as escolas de samba de São Paulo recebem 700 mil reais – CADA UMA – para fazer a palhaçada que fizeram…

  19. Eu sou a mãe do João, e fiquei imensamente grata por tudo que vc disse e sua divulgação sobre o caso, que é no cerne pura desinformação e falta de interesse público e politico em resolver a questão, que parece ir se encaminhando para uma resolução, mas minha luta continua, pois os entraves são enormes e ninguém melhor do que vc mesmo pra saber disso. Obrigada!

    1. Maria, aqui a gente se une qual uma fortaleza para defender o que é de direito, o que é certo, o que é humano. Juntos a gente tem uma força capaz de mudar qualquer realidade… E nós estamos com vc… beijos

      1. Hj o meu dia ficou mais feliz em saber que um elo de grande importância foi criado. Obrigada Jairo, e obrigada Maria Elvira e vamos a luta!

  20. Estamos compartilhando também. Falamos tanto em inclusão, acessibilidade, desenho universal e todos dias escuto famílias relatando essa situação em nosso Laboratório. E ainda a imensa luta dos pessoas com doenças raras para conseguirem os remédios, as tecnologias, etc… Abraço grande

  21. Jairão, como bem dito no final do vídeo, quantas pessoas passam pelo mesmo dilema todo dia? O que fazer para sensibilizar o poder público? É incrível como destratamos nosso semelhante. Tanta tecnologia disponível infelizmente para poucos… mundinho besta!! O que vale são pessoas como essas mães abnegadas e como você, na luta incondicional e constante!!Abraço,
    Ednilson.

  22. Prezado Jairo,

    Realmente, a Vida real esta muito longe de ser como a teoria.
    Na última semana, no “Seminário Internacional sobre o Relatório Mundial sobre Deficiência” – Organizado pela Secretaria de estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência de SP, e neste compondo as discussões, o Sr. Secretario Municipal de Educação de São Paulo. E que dentro de suas palavras, este tipo de sena do vídeo acima, NÃO EXISTE.
    Por favor, preciso de dados desta criança: nome completo, data de nascimento, contatos da mãe.
    Sou Clarice, e faço parte dos Conselhos de Direitos das pessoas com deficiência. Conselho municipal e estadual de São Paulo. Nossa função é fiscalizar e buscar uma resposta de política pública.

    Fico no aguardo.
    Clarice
    clarakammer@gmail.com

  23. Jairo, também me identifiquei com o video, hoje o meu filho já esta com 19 anos, cursando faculdade, mas passamos por varias barreiras. Ele também é portador de artrogripose. Aqui em uberlândia temos uma cidade, como posso dizer, um pouco adptada. Mas quando ele foi pro ensino médio na rede estadual tivemos que recorrer a justiça pra ele ter pelo o menos uma escola, onde ele poderia usar o banheiro com dignidade. Talvez este seja o meio, para essa mãe.

    1. Sandra, é triste pensar que é preciso acionar a justiça num caso flagrante com esse, não é?! Parece que o bom-senso morreu mesmo e não nos convidaram para o enterro… beijos

  24. Acho que todos nós um dia na vida passamos por isso Mas devemos lutar para que menos pessoas passem por isso. Acho que ela tem que tentar nas escolas mais próximas com todos os argumentos possíveis para que ele estude lá. Comigo foi assim a mais de 15 anos atrás onde a situação era a pior possível, onde a diretora ñ queria que eu estudasse lá e mesmo assim eu consegui, hoje dou palestras no mesmo lugar sobre a inclusão e me sinto muito feliz por isso. Quanto a essa situação , ela tem que pedir o Atende sim , ela deve ir na subprefeitura mais próxima e fazer o pedido, faça uma carta , anexe o vídeo ao pedido. Tenho certeza que eles vão ler e ver e vão fazer com que o pedido sai mais rápido. Estou torcendo. Um beijo

  25. Esta realidade tem que mudar. Os governantes tem que se comprometer com melhoria da condição de vida dos cidadãos. De alguma forma, a situação das pessoas com dificuldades extras de sobrevivência precisa ser cobrada dos candidatos à prefeitura de SP.Prá começar.

  26. Jairo, não consegui ver o vídeo!!! Quero divulgar, compartilhar, por a boca no trombone, colaborar para acabar com esses e outros descasos. Mãe de deficiente é assim, mexeu com uma mexeu com todas! “Tamo junto”

  27. Adorei o texto, professor. Me emocionei e vou compartilhar esta história. E adorei o texto sobre a sua mamis também. Um abraço, Thais

  28. Tem algumas mães que não são apenas mães, são anjos encarnados!!
    Mas, pelamordezeus essa situação, heim? A gente trabalha 4 meses por ano para pagar impostos, paga outros trocentos impostos e não tem calçada decente?
    Toda vez que saio com um amigo cadeirante, fico arrepiada com as coisas que eles precisam fazer conseguir se locomover. Andar no meio da rua, simplesmente porque a calçada não permite que a cadeira passe de maneria decente, é inevitável!
    Fiquei chocada de ver a situação do João. Acho que quando os mais simples direitos de dignidade são negados, ainda mais pra uma criança, a sociedade inteira se torna vergonhosa!
    Beijocas

  29. Chega a dar agonia a nossa falta de estrutura, não só para cadeirantes como o João, mas para toda a população. Essa não é uma luta de pessoas com deficiência, é algo que deixa todos nós, cidadãos, indignados. Vou compartilhar.

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