A arte de dançar

Jairo Marques

Meu povo, agora que o ano começou :D, vamos botar para quebrar neste blog que está no coraçãozinho de cinco ou seis pessoas! Aêêêêê

Pra começar, vamos puxar as cadeiras de lado e limpar o salão porque a história de hoje é sobre dança!

“Ixi, tio, ferrou-se, a gente vive sobre as danadas das cadeiras”… 😕 Tenho visto ultimamente muitos grupos que se dispõem a botar o povo ‘malacabado’ pra bailar. Em princípio, isso me parece bacana, mas tenho uma opinião que, talvez, desagrade alguns de vocês….

Cadeirantes e andantes formam espécie de corrente no palco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acho que a arte da dança precisa ser necessariamente bonita, bem coreografada, fazer sentido em seus movimentos, ter uma mensagem para passar ao espectador.

Noto, porém, que alguns grupos que colocam cadeirantes para dançar fazem algo que não tem A MENOR GRAÇA.

Bailarina cadeirante ensaia movimento ao lado de parceiro andante

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Zente, para que um ‘malacabado’ possa participar de uma peça artística, a meu ver, não basta colocá-lo entre os seres “normais” levantando e baixando a mãozinha. É preciso planejar como os movimentos de um tetraplégico, por exemplo, podem se encaixar de forma harmoniosa e bacana em um espetáculo.

Digo isso porque acho o ó do borogodó quando uma pessoa com deficiência ganha aplausos e “parabeeeens” somente pelo fato de estar ali, na visão dos outros, se “superando”. Isso pra mim é piedade, não incentivo a arte.

 

Imagem em preto e branco de ensaio no chão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sinceramente, acho que há formas muito positivas e verdadeiramente artísticas para que paralisados cerebrais, tetrões, cegos (com e sem cachorro), surdos e prejudicados no geral possam fazer grandes peças de dança se for bem orientado, bem conduzido.

E que fique claro aqui que não estou falando do lance de dançar por diversão em casa, na balada, na festa da tia. Não estou falando de quando cato minha “nega” e vamos brincar de ‘forrozar’, estou falando da dança como técnica, como manifestação de arte.

Foto em preto e branco de objetos de bailarinos, inclusive par de muletas

Pois não é que hoje (27/02), justamente, estão se abrindo as inscrições para uma oficina que pretende ensinar exaaaaatamente isso?! Fazer um ‘matrixiano’ dançar com elegância, ao lado dos não ungidos com cadeira de rodas, muletas, cães-guias e afins 😆 ?

Essa oficina, chamada de “DanceAbility” é um desbunde e é reconhecidamente uma das melhores do país. Todo ‘malacabado’ que curta mexer o esqueleto (ou parte dele, partezinha, que serja :P) tem uma excelente oportunidade agora!

Apresentação de Danceability

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“DanceAbility é um método de improvisação de movimento que promove expressão artística e interação entre pessoas com e sem deficiência. O método trabalha a capacidade de dançar de cada indivíduo a partir de sua própria presença, respeito ao tempo de cada um e da atmosfera criada pelo grupo.”

É isso o que explica a Neca Zarvos, idealizadora da oficina e professora certificada do método. Uma figura que tá na linha de frente pela inclusão!    

Foto em vermelho. No destaque, bailarina amputada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A oficina vai rolar entre 3 de abril e 29 de maio, na Pulsarte, região do Alto de Pinheiros, em São Paulo!!!

O patrocínio é da White Martins e o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo – Programa de Ação Cultural (ProAC), Centro Cultural São Paulo, Governo e Prefeitura do Estado de São Paulo.

 

Bailarina faz movimento com bailarino "mamulengo"

 

Inscrições, dúvidas ou informações adicionais: www.nucleodancaaberta.com

contato@nucleodancaaberta.com

Núcleo Dança Aberta – Rua Iucatan, 184 – Jardim América – São Paulo – SP, CEP 01439 040

Comentários

  1. Farmacie. I farmaci per mezzo di trucco resteranno esclusiva delle farmacie. Incarico e Aifa prepareranno una novello conto (maggiormente limitata dell’attuale) della benda C come cura http://compraviagraitalia.com (art. 32)
    Le norme sulle farmacie escono radicalmente cambiate nel ignaro libro approvato.
    Verso il ardito originale si stabilisce proprio così cosa i farmaci come servitù in antidoto, compresi quelli tra gruppo C, viagra generico potranno valere venduti unicamente a causa di farmacia. Fino a tanto che quelli a libera liquidazione saranno individuati una volta che il incarico della Benessere e l’Aifa (prima di 120 giorni) avranno stilato una linea specifica della gruppo C, nel luogo in cui saranno compresi i farmaci per caso i quali permane l’obbligo della cura e quale poi potranno stato venduti segregato nelle farmacie. Quelli né compresi nella conto saranno invece di liberalizzati.

  2. Eu participei dessa oficina em 2008 e recomendo. Adorei e é maravilhoso, equipe nota 1000! Estou até na fotinho ai no blog, a segunda foto de cima pra baixo, com o andante sou eu…kkk.
    beijos Jairo!

  3. Recomento a leitura de “Deficiência em Cena” lançado recentemente no país pela Editora Ideia, da pesquisadora e coreografa Carolina Teixeira.Esse livro é o primeiro no Brasil a abordar p tema Deficiência no campo da dança e das artes cênicas.

  4. Oi, Jairo, gostei muito do seu texto, pois concordo que arte tem que ser arte séria. Trabalhos apenas com a finalidade de reabilitação tem o seu valor, mas não do ponto de vista artístico. Mas tem muita gente boa fazendo dança em cadeira de rodas do jeito certo. Podemos citar o programa Arte sem Barreiras e a Confederação Brasileira de Dança Esportiva em Cadeira de rodas. Mas nem sempre a informação chega a todo mundo, então atividades como esta que você está divulgando são muito importantes. Permita-me somente colocar que uma pessoa com deficiência não deve ser chamada de “malacabada” mesmo que seja entre aspas. Demorou muito para conseguir que o mundo e o Brasil os respeitassem como pessoas, e isso agora é garantido por Lei. Com esse tipo de palavra você pode afastar da sua boa visão do assunto as pessoas que são engajadas na luta em prol das pessoas com deficiência. Parece um detalhe, mas para quem já foi chamado de tantos nomes pejorativos, é uma conquista. Obrigada por sua pronta resposta ao meu comentário no TT.

    1. Ana, muito obrigado por sua colaboração. O blog vai fazer quatro anos, em 2012. Um dos pontos de sucesso é a irreverência, é a falta de pudor diante do coitadismo…. Entendo o que vc levanta, mas é uma questão resolvida para mim: os termos não mudam o meu engajamento, a minha batalha, muito pelo contrário… um abraço

  5. Jairo, demais hein?
    Engraçado que a Sofia adora música e dança (preciso gravar as encenações dela, especialmente a interpretação de Adele, que é hilária), mas se recusa a participar de “certas” coisas.
    Na AACD, por exemplos, a musicoterapeuta chegou a dizer que ela não tinha concentração e memória, por isso não decorava as músicas.
    Mas eu percebi que o motivo era outro: se a nivelam por baixo, ela se recusa a participar. E eu concordo.
    Participar como árvore? Para né? Estar lá é um avanço? Pode até ser, mas, para mim, é muito pouco e me recuso a comemorar isso.
    Adorei a dica e vou dar uma olhada, para ver se eles tem programas infantis…
    Beijos, boa semana!

    1. Dê, é incrível como mesmo em iniciativas absolutamente voltadas para as pessoas com deficiência, em algumas situações, se esquece da diversidade, não é? Vai de pais, amigos, parentes repararem, como vc, e tomarem atitudes.. bjosss

  6. Jairoooooo, era tudo o que estavamos querendo, vou já entrar no site para saber detalhes. O engraçado é que aquela super professora de balé da Júlia vai iniciar agora em março um trabalho com ela diferente do que vinham fazendo, ela quer justamente isso, explorar com técnica tudo o que a Júlia é capaz de fazer. Legal, né? Por falar nisso, te mandei pelo face o video daquela apresentação de 2011 que você não pode ir, chegou a ver? bjs e obrigada pela dica da oficina

    1. Eu viiiii, mas era só um trechinho! Vc disse que mandaria o completo depois, num era?! Entre em contato com a Neca, sim, tenho certeza que vc e Júlia irão curtir muito.. bjosss

  7. Eu não sou cadeirante, mas mesmo assim vou discordar. Verdade que tem gente que apela pra “piedade” e as vezes aplaude só pelo fato da pessoa estar ali, e isso acontece até na faculdade, no trabalho..Mas quanto à dança, acho que a maioria tenta interagir com o cadeirante,muletante,etc da melhor forma que encontrou, nem que seja fazendo-o esticar os braços, empinando a cadeira,levantando o anão,enfim, matrixianos e “normais”, a meu ver, tentam trabalhar juntos da melhor forma que encontraram e querendo ou não, um cadeirante jamais vai sair dançando break se equilibrando nas perninhas, um cego jamais vai dirigir pra gravar cena de filme.. trabalham com as condições que tem. Acho que os que fazem papel de árvore existem, mas são minoria.

  8. Jairo eu sempre pensei isso,depois que assisti uma apresentação e a pessoa,como disse alguém,fez papel de arvore,não é por aí,essa proposta é excelente,então quem puder deve aproveitar,bjs

  9. olá Jairo!
    Agradeço em nome do Núcleo Dança Aberta a divulgação e a força da sua parte, que nos apoia desde a primeira Oficina que fizemos, em 2008!
    Sim, a gente realmente acredita que a dança é acessível a qualquer pessoa que queira se expressar através do corpo, e todo e cada corpo tem uma linguagem que merece ser escutada. E o foco do Danceability é justamente proporcionar a oportunidade de nos escutarmos e nos comunicarmos com nossos corpos, o que muitas vezes faz com que a gente entenda muito mais rápido e facilmente algo que com palavras nem sempre é fácil de entender: somos, mesmo por causa de todas as diferenças que todos temos, muito parecidos em nossas qualidades e defeitos: somos humanos e precisamos não só receber, mas principalmente dar o que temos para dar, e que isso seja recebido pela sociedade, para que todo mundo saia ganhando!
    Um grande abraço, e fica aqui o convite para vir dançar com a gente de novo!!

    1. Neca, vc se expressa de uma maneira tão gostosa, sem ser empolada ou abstrata demais…. sou seu fã, desde aquele comecinho, em 2008! Parabéns pela iniciativa visionária!!! Beijosss

  10. Tiooooo! bom dia! Saiba que estou cada vez mais me virando bem aqui dentro do novo cafofo, rsrsrs.
    seguinte, concordo com você em número, gênero e grau quando o assunto é mostrar a arte. Também não acho que é aplaudindo só porque somos deficientes, afinal, se é para fazer vamos fazer direeito!
    Me lembro de quando fazia balleth, (Siiim, eu já fui bailarina uma vez na vida, acredita? Rs), minha professora exigia ao máximo da gente e a gente sentia a maior responsa em mostrar um espetáculo perfeito para a galera. Eu sempre tive receio dos aplausos, aqueles que acham bonito só porque olha, são deficientes e estão no palco e ignoram que podemos sim ter feito uma péssima apresentação.
    Que saudaaades de dançar, adoro dançar e vou entrar em contato com esta oficina com certeza.
    Ah! e tenho orgulho de dizer que participei da primeira turma de balleth da Fernanda Bianchine, que hoje tem um corpo de balleth somente de malacabadas da visão.
    Beijinhos tio e ótima seeeeemanaaaa!

  11. Adorei como você descreveu, certíssimo..
    Sou de Curitiba e gostaria de saber se existe algo assim por aqui, uma oficina de DanceAbility, agradeço desde já.
    Parabéns pela matéria.
    Ana

    1. Querida Ana, sugiro que vc mande um email direto para a organização do Danceability. O contato está no post…. eles podem te informar sobre isso, tá bem?! bjoss

  12. Vc disse tudo, me rei! Muitas vezes colocam o cadeirante para fazer papel de árvore… Mas existem espetáculos lindos, a maioria felizmente! Poxa, genial o curso! Beijocas e boa semana!

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