Datafolha inédito revela a percepção dos brasileiros sobre a presença de cadeirantes na mídia
O que era uma mera percepção, embora legítima, de grupos de pessoas com deficiência e seus expoentes, agora, está comprovado em inédita pesquisa nacional: cadeirantes aparecem pouco e mal retratados na mídia brasileira.
A conclusão é de levantamento feito pelo Datafolha, instituto ligado à Folha, em parceria com a ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), que ouviu 2.080 pessoas em 149 municípios do país, entre 9 e 17 de maio deste ano.
Os filmes nacionais são, de acordo com a pesquisa, onde cadeirante menos aparecem (35%). Já os noticiários é onde, segundo os entrevistados, mais aparecem pessoas em cadeira de rodas (55%).
Particularmente, não me lembro de filme brasileiro com personagem em cadeira de rodas com algum grau de relevância. Normalmente, aparece em cenas de hospital ou em tragédias. Em noticiários, cadeirantes são vistos falando de inclusão, acessibidade, reclamando da vida…
As fatídicas novelas, históricas formadoras de esteriótipos e de conceitos equivocados em diversos sentidos sobre a deficiência física, foram apontadas por 48% dos entrevistados como meio em que aparecem cadeirantes.
Muito recentemente, houve um movimento por parte de algumas agências de publicidade de “incluir” diversidade em suas peças. Aos poucos, descobre-se que essas pessoas também consomem, tem predileção. A participação maior ainda é em comerciais de instituições de governo (até por pressões legais, de grupos, etc). Os resultados, porém, ainda não agradam a população.
Segundo o Datafolha, 38% das pessoas avaliam que cadeirantes aparecem menos do que deveriam em comerciais e apenas 23% veem alguma verdade com a realidade vivida por eles (nós) no dia a dia.
Para 71% dos entrevistados, ou o cadeirante tem sua imagem muuuuito positiva ou muuuuito negativa. O número diminui quando se trata dos noticiários (65%).
Esse dado também é muito próximo do pensamento que percorre os grupos de pessoas com deficiência. O retrato que tiram de nós, em geral, é distorcido: ora somos sofredores, dignos de pena, ora somos heróis que devem guiar toda a sociedade.
Ser representado como “herói” aparece em 73% dos entrevistados pela pesquisa, enquanto 62% aponta a representação como pessoas “doentes” e que precisam de atenção dos outros.
Por fim, o levantamento indica que 53% discordam que a imagem dos cadeirantes apareça como de pessoas comuns, sem necessidade de atenção especial.
O dado me abre dois caminhos: os pesquisados avaliam que a mídia tem lá um cuidado em mostrar que pessoas com deficiência tem demandas específicas, que devem ser respeitadas ou pode indicar ainda que o tratamento dado aos cadeirantes é diferente, sem pé de igualdade.
A pesquisa, evidentemente, tem algumas variações (nenhuma extremamente expressiva) de acordo com a faixa de renda, instrução ou região de moradia dos entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O segundo substrato do Datafolha/ESPM é sobre política e cadeirantes, também bastante interessante. Trago os dados ainda nesta semana!
Se você incluir os livros na mídia, o romance Graça Infinita, de Foster Wallace, traz uma quadrilha de cadeirantes anarquistas, que luta contra a política corrupta dos EUA de integrar o Canadá e dominar o mundo. Um dos principais personagens perdeu as pernas numa brincadeira infantil, esconde armas na cadeira de rodas e é um atirador de elite. O romance é maluco e muito engraçado. A imagem do deficiente físico é, em geral, positiva. Graça Infinita também fala de pessoas que ficaram enfermas devido ao abuso de drogas lícitas e ilícitas. Vale muito a pena conferir!
Muito obrigado pela dica!!! Vou já lá
Pesquisa estranha essa. Gostaria de ver as perguntas que foram feitas. A mídia não inventa nada, só reflete a sociedade. Então, acho que a pesquisa não faz sentido.
A situação de uma pessoa com deficiência é bem complicada porque sofre preconceito até por membros da família os quais tem vergonha dele. Infelizmente, isso incomoda muito. A vida real passa a ser igual no mar prevalece a espécie mais forte. Dessa forma, a humanização deve começar na família e continuar na escola.
O mais importante nisso tudo é conscientizar as pessoas acerca dos direitos dos cadeirantes que não são respeitados em estabelecimentos comerciais, bancários e públicos e também pelos serviços de transportes. Poucos deles se se preocupam com a questão da acessibilidade. E você que costuma a parar o seu carro “rapidinho” numa vaga reservada a cadeirantes???? O maior problema de todos é a fala consciência, respeito e educação por parte do povo brasileiro!
Melhorou mas ainda falta muita coisa aparentemente simples arrumar as ruas para os cadeirantes rampas nos mercado bares lojas.
Farol sonoro para os visuais
Tenho deficiência visual. Talvez não devemos nos preocupar apenas com a visibilidade; mas com uma real conscientização das pessoas sobre nossa realidade em sua justa medida.