10 dicas para se dar bem com um autista!

Jairo Marques

 

Sim, eu não tomo jeito! Embora tenho levado uma saraivada de pontapés quando me atrevi a falar sobre autismo aqui no blog (clica na florzinha e leia ), resolvi retomar o tema hoje, bem de leve (mentiiiiira 😛 ) para lembrar o Dia Internacional de Conscientização sobre o Autismo.

 A real, meu povo, é que embora o tema tenha se avolumado em sociedade, ninguém sabe, de modo geral, patavinas sobre como se relacionar com uma pessoa do espectro autista.

As evoluções desse grupo estão relacionadas muito mais a avanços de demandas próprias relativas à saúde, educação (não menos importantes), do que em aspectos de inclusão de verdade.

E é justamente no espírito de “conscientizar”, de envolver a todos na labuta de abraçar com mais propriedade os “zimininos tchubes”, que chamei o meu amigo Manuel Vazquez Gil, psicólogo, psicanalista e pai de um garoto com autismo para colaborar nessas dicas!

Não temos nenhuma pretensão minimamente científica e entendemos que há diferentes graus de autismo. O post trata apenas de “dicas” para pensar, de maneiras de agir e de mudar pensamentos.

O “Manu” tem larga experiência com o público autista e é um dos camaradas mais inteligentes que conheço, logo, estou bem assessorado! 😎 Caso tenham mais dicas ou dúvidas, manda ver nos comentários!

10 dicas para se dar bem com um autista! 

1 – O que eu faço quando meu “brodi” autista começa a bater a cabeça na parede?

 Explique que esse troço dói pra dedéu. Ao autista pode ser permitido quase tudo, menos se machucar ou machucar alguém. É preciso conte-lo, mas sempre buscando as razões desse comportamento para que não aconteça mais.

 2 – Eu vou entender o raciocínio dele ou devo fingir que tá todo mundo louco e beleza?

 O problema é que o raciocínio dele é mais lógico que o seu e é preciso se reprogramar para compreende-lo. Mas é preciso, porque a vida tem que ter lógica! 😉

pensamento

 3 – Quando um autista começa a fazer algo repetidas vezes, devo me afastar pra “não pegar”?

 Ao contrário, devo me aproximar e imitar. Assim ele tem certeza de que alguém entende sua linguagem ou que, pelo menos, tem alguém tão doidinho quanto ele. Ambas as hipóteses servem para estreitar o vínculo.

 4 – Dizem que há autistas inteligentíssimos, por que, então, alguns não falam com a gente?

 Inteligência é a capacidade de se adaptar ao meio. Autistas têm performances cognitivas altas, mas não inteligência alta. Alguns não falam, mas há “mudos” inteligentes, linguagem oral não é medida cognitiva.

 5 – Tenho um colega autista na escola, ele deve ser olhado como café-com-leite ou rola uma amizade?

 Tem que rolar amizade, ele é o cara que vai ensinar matemática, física e tolerância com as diferenças!

amigos

 6 – Autista é meio infantil? Devo falar com ele como se fosse criança?

 Autista é mais responsável que eu, e tem o vocabulário de adulto. Acho que é ele que me acha infantil.

 7 – Autista é meio na dele, né? Tenho que manter distância?

 Autista respeita distância, por isso não se aproxima. Se eu me aproximar com jeito, ele não me larga mais (no bom sentido! 😉 ).

 8 – Quando o autista tiver uma daquelas crises de novela, com os pensamentos girando, devo me mandar e chamar o Samu?

 Raramente autista tem crises de novela. Quando tem, é porque o ambiente está ruim pra ele, e vai ficar pior no Samu. Melhor achar o que incomoda e consertar.

ambulancia

 9 – Autista consegue estudar, trabalhar se relacionar ou deve ser guardado na geladeira?

 Autista é gente, ser humano. Pode estudar, trabalhar, namorar, se pintar compreensão do grupo social ao qual pertence.

 10 – É verdade que autista não saca nada de ironia e devo medir as palavras, tipo “tchube”, com ele?

 Se a ironia tiver lógica, autista pesca; se for uma frase com ironia, mas sem lógica, não pesca. Não é que ele tenha medo que vá chover canivetes, ele não sai para ver porque sabe que canivete não cai do céu.

* Imagens do Google Imagens

Comentários

  1. Caro Jairo gostei muito o que escreveu…. tenho um neto vai fazer 4 anos é autista começando falar agora, interagindo com os amiguinhos na escola para mim é uma emoção cada vez que O Leonardo vai entrando no mundinho nosso do dia dia, é alegria minha e do vovô um abraço.

  2. Olá , tenho uma neta de 4 anos autista e ela apesar de algumas dificuldades fala, abraça, da beijo, conta numeros e agora esta começando a desenhar, tudoisso conseguido com muito apoio de nós familia e de 2 terapeutas anjos que vão a escola , ensinam a prof como lidar com ela, portanto acho que AMOR+TRATAMENTO+COMPREENSÃO+PACIENCIA = MELHOR DESENVOLVIMENTO EM TODOS O SENTIDOS. UM BJ A TODOS

  3. Jairo Marques você sabe que sou pai de um jovem com paralisia cerebral. Entretanto algumas pessoas já o confundiram com autista…Minha técnica de relacionamento com ele é não forçá-lo vir a mim. Mas eu me esforçar para ir até ele, ou seja, eu sempre tento penetrar em seu mundo a fim de acompanhá-lo…Tem dado certo, quase sempre…

    1. Sinto ter que admitir que meu filho tem um retardo mental grave e enorme em decorrência da paralisia cerebral que o acometeu ao nascer. Entretanto percebo que não é totalmente ignorante…Não fala. Nunca falou…Mas nos entendemos muito através do olhar…E, às vêzes, me surpreende agindo de forma inteligente…Dá prá entender???…

      1. É bom que se tenha em mente que ao tentar ofender alguém xingando-o de forma depreciativa de retardado, está se ofendendo não somente os retardados ( que na verdade nem sabem da sua condição) mas também suas famílias…Trata-se de atitude covarde e pejorativa muito em moda nos dias atuais em locais públicos com restaurantes, etc, etc…Qualquer dia aparecerei morto por que toda vez que isso acontece, seja onde for, entro em conflito com a pessoa que assim se expressou causando enorme discussão…

        1. Tentar ofender alguém o chamando de retardado está muito em moda. Mas é grosseiro, depreciativo, pejorativo e politicamente incorreto com os retardados e suas famílias…Se neste planeta somos quase 7 bilhões de seres humanos qual seria o percentual de retardados? Vou consultar o IBGE, mas não é pouca gente não……

  4. O autista é antes de tudo um esteta: tudo tem ordem no mundo, nós, os “outros”, é que não conseguimos entender nem enxergar a logica absoluta que existe em cada ato, cada movimento, cada sequencia que se desenrola na vida dele. E temos muito o que aprender ainda, sobre o autismo e com o autista, Mas a lição é uma só:AMOR, CARINHO, COMPREENSAO, LIBERDADE, CONEXÂO. Amei o artigo e as dicas, um abraço fraterno, Fárida.

  5. Olá!

    Bom ler mais sobre o assunto. Meu filhos (casalzinho de gemêos, 9 anos) tem um colega e amiguinho, que me parece ter sindrome de Asperger, que sei ser um tipo de autismo.

    Ele é super gente boa, meus filhos adoram ele, vão na casa dele, brincam juntos.

    No niver dos meus babys fizemos uma noite do pijama na nossa casa, onde as cças ficaram das 16h de um dia até ás 11hs do dia seguinte.
    Pernoitaram meninas e meninos nos sues quartos, bagunçaram até e dormiram de madrugada.

    O amiguinho veio, participou, brincou, pulour e dividiu o quarto com outros 3 amiguinhos numa boa… pediu apenas para fechar a janela do quarto ante de dormir, que acho que poder ser um rotina na casa dele.

    Como tive um amigo autista na minha infância, dei dicas para meus filhotes, que sempre o trataram como tem que ser, ou seja, igual à eles e os demais.

    Bem legal essa postagem, passarei a ler você mais…

    Forte abraço!!

  6. Pessoal, mas a proteção legal para que tem o espectro autista. Eles deveriam ter cotas para ingresso em universidades e nos concursos públicos, não acham?

  7. A ideia do Jairo, Vanessa, foi fazer um texto leve e bem humorado, mas verdadeiro. Usando como exemplo a primeira pergunta: quando meu filho batia com a cabeça na parede, eu me colocava entre ele e a parede, dizia que doía mais em mim do que nele e aguentava até ele se acalmar. Concordamos que era algo muito particular. Não cabe aqui a discussão sobre os diversos tipos de autismo, ou se realmente existem, como não cabe a discussão sobre a diversidade humana, que existe. Porém, independentemente do que se creia, uma característica de todo autista é o pensamento concreto e o raciocínio lógico, o que o torna candidato às ciências exatas. A professora do meu filho aproveita essa característica, e hoje ele é monitor de matemática da classe. Ele tem dificuldades de fazer amizades, mas agora nem precisa: os colegas o procuram, vêm aqui na nossa casa e chegam a dormir em vésperas de provas. É o dom servindo para superar obstáculos.

    1. mas as respostas não foram específicas ao meu filho. Coordeno um projeto de inclusão com dezenas de autistas, e essa é a nossa maneira de trabalhar. Se puder me estender, diria o seguinte: por algum motivo, o movimento autista segue o caminho inverso de todas as demais deficiências. Enquanto cegos, surdos, mudos, cadeirantes e outros compreendem que a deficiência está no meio, e que basta um ambiente acessível para que a deficiência desapareça e ele possam competir em igualdade de condições com os demais, familiares de autistas insistem em focar a deficiência na criança, investindo em terapias e tratamentos individuais e não no meio ambiente (que, logicamente, engloba também as pessoas).

  8. Jairo, boa sacada, pois quase ninguém sabe explicar quem é o autista. Eu também não sabia direito, embora soubesse de algumas coisas.
    Mudando de assunto e indo no comentário do Manuel, no texto anterior, eu penso que o termo “encefalopatia crônica não progressiva da infância” também não é bom, porque patia quer dizer doença e o pc ÑÃO é doente! Dai que a ideia do hereditário e contagioso vai lá pras estratosferas e também não é legal. Por enquanto a coisa da nomenclatura da pc está difícil.

    1. Su, mas existem outros nomes sendo cogitados? Eu acho interessante a discussão sobre a mudança da nomenclatura… e vc? O que pensa? bjoss

      1. Eu também gostaria de entrar na discussão sobre a nomenclatura, porque também interessa a mim. Existe uma proposta de 02 franceses em chamar a pc de “Incapacidade motora cerebral”, massa também não acho uma boa. Sinceramente, está muito difícil pensar numa nomenclatura boa para a pc. Culpa do Freud, pois foi ele quem nos denominou assim.

        1. Há 38 anos atrás,atendendo meu filho, ainda recém-nascido, o neurologista Carlos Bacelar me disse que meu filho sofria de encefalopatia crônica da infância. E quem curava esta doença era Deus.Ele foi sutil como um rinoceronte… Nunca me esqueci disso. Acho que usou essa denominação para não me chocar muito com o termo, contundente demais, Paralisia Cerebral…

    2. Embora o PC não seja doente, Suely, a encefalopatia crônica (chamemos assim enquanto não tivermos um melhor) é uma patologia causada no encéfalo pela falta de oxigênio no cérebro antes ou durante o parto e que deixa sequelas nos sistemas nervosos central e periférico. O nome não caracteriza o sujeito, mas a condição inata. Com a mudança, ele deixaria de SER PC e passaria a TER encefalopatia ( que é um nome feio, eu concordo). O que estamos reivindicando é a extinção do termo ‘paralisia cerebral”: o cérebro pode ter ficado com sequelas, mas paralisado jamais.

      1. Por isso mesmo, Manoel. A deficiência é sequela, é acidente e não é doença, como as deficiências físicas causadas por acidente de automóveis, armas brancas e de fogo, quedas etc. Tenho medo de que, como já escrevi, que os preconceitos que sofremos de que a deficiência que temos seja hereditário ou contagioso seja exacerbado, pois já temos estes preconceitos nas cabeças da sociedade em geral.

        1. Então, penso que precisamos continuar pensando e debatendo sobre o assunto. O termo paralisia cerebral é horrível e concordo com você. Mas a encefalopatia também o é. Não sei qual deles é o pior, pois a encefalopatia afasta as pessoas e não irá nos aproximar mais delas. É o que penso, pela vivência de 61 anos que tenho e pesquisas que fiz.

  9. Oi Jairo! Tudo bem?
    Lendo seu texto me veio uma curiosidade: os comentários (ex do 5 “ensinar matemática, física”, mas não restrito a esse item), por vezes, me pareceram ser “específicos” a certo(s) “tipos de autismo” (me refiro a baixo, médio ou alto funcionamento, se assim pudermos ainda colocar no TEA). Foram relatos abrangentes ou específicos à vivência, talvez, do filho do Dr Manuel Vazquez Gil?
    Bjo Vanessa Romanelli

    1. Vanessa, vc tem razão. O Manuel fez uma brincadeira para manter o nível de “bagunça” do post. Não é uma regra, embora a habilidade “lógica” esteja presente nos autistas… vou pedir para ele explicar um pouco mais isso! beijocas e bom te ler

      1. Legal Jairo! É sempre bom esclarecermos e passarmos a informação à população toda! Estou aprendendo cada dia mais sobre o assunto. Bjo =)

  10. Tenho um filho autista de 3 anos, que é super popular na crechê, não gosta de bater papo, e adora números…ele morde quando se sente ameaçado, mais é o carinha mais beijoqueiro que eu conheço na vida…

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